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História Please, be mine! BAKUDEKU, ABO, BNHA - Pela esperança disso tudo


Escrita por: BAKUBRO

Capítulo 7 - Pela esperança disso tudo


/ Katsuki / 

Lembranças de alguns anos antes

As  mãos que me abraçavam eram as mesmas mãos que machucavam a minha mãe. Eu não entendia que tipo de amor era aquele. 

A mesma voz que dizia me amar, gritava coisas tão ruins pela casa. Palavras ditas nunca mudavam nada. Elas só viravam o jogo. 

O homem que me dava os melhores presentes do mundo foi o mesmo homem que tirou tudo que eu mais gostava. Era doloroso. 

Vendo os dias de agonia da minha mãe sendo afogados em bebidas caras e a satisfação se tornar uma lembrança distante no casamento, meu pai fazia coisas cada vez mais difíceis de perdoar. 

Ele urrava "você é uma mãe horrível para o meu filho" e quebrava coisas quando eu tirava notas ruins - mas sempre que ele falava comigo, sua voz era calma, como se eu tivesse imaginado a cena aterrorizante sozinho. 

Qualquer que fosse o motivo da raiva, sempre era direcionado para minha mãe como se ela estivesse pagando seus pecados. Como se ela tivesse feito algo de errado.

Se a infidelidade fosse a pior parte do casamento da família Bakugo, eu tinha certeza que havia uma forma de não transformar aquilo em um desastre ainda pior - porque não havia perdão. Mas talvez uma forma de conviver ou um ponto onde ambos pudessem simplesmente sair bem. 

Eu demorei alguns anos para então perceber que minha mãe não tinha mais em si o que era necessário para ir em paz. 

A lembrança mais clara que eu tinha sobre o trauma das agressões do meu pai contra minha mãe não era exatamente o que se esperaria. Eu não tinha nenhuma imagem do homem tão parecido comigo batendo nela. 

Muito pelo contrário. 

Eu me lembrava do dia. Foi uma semana antes de ela ter o colapso nervoso. Era Natal. Uma sexta-feira. Significava que meu pai estaria em casa e que nós ficaríamos felizes - eu pensava.

 Nós não nos reunimos com o resto da família porque a notícia de que minha mãe havia se tornado instável e irritada de espalhou muito rápido. Então éramos só nós três.

Minha mãe estava muito bonita. Usava um vestido cor de perola e sapatilhas. Ela costumava ser bailarina antes de conhecer o meu pai. Ela adorava sapatilhas. Seu cabelo loiro estava preso em um coque na nuca tão bonito que eu nem quis abraçá-la com medo de bagunçar. 

Eu também estava bem vestido, usando uma das minhas roupas favoritas; naquela época minha mãe ainda penteava meu cabelo, então ele estava bem arrumado também. 

Mas por algum motivo minha mãe estava chorando

Em algum momento ela começou a chorar tanto que o movimento constante dos ombros dela sacudindo fez as alças do vestido perfeito dela cairem e por algum motivo aquilo me deixou tão triste que eu comecei a chorar também. 

Eu cheguei perto dela e passei meus braços ao redor de seus ombros. Quando minha mãe sentiu meu toque seus olhos se abriram em pânico e a primeira coisa que ela viu foram os meus olhos vermelhos e ela gritou.

Eu pulei assustado e a encarei e ela finalmente entendeu que era eu e não meu pai. 

- Por que você está chorando, mãe? - eu perguntei assustado e ela balançou a cabeça depressa, limpando o rosto. 

As alças finas do vestido ainda estavam caídas. Eu estendi uma mão para arrumá-las e voltei a deixar alguns beijos pelo cabelo dela. 

Ela murmurava o tempo todo "Desculpe, filho. Eu não queria ter confundido vocês" e aquela percepção de que eu me parecia tanto com alguém tão ruim partiu meu coração. 

E aquilo continuou me perseguindo onde quer que eu fosse. 
 

De volta aos dias atuais 

Minha mãe me encarava com curiosidade enquanto eu mostrava a mão para ela.

- Quantos dedos tem aqui? - perguntei e ela os contou devagar.

- Três - ela respondeu, contando na própria mão.

- Isso mesmo! Perfeito! - eu elogiei e ela sorriu. 

Os olhos azuis estavam cada dia mais espertos. 

Já havia se passado alguns dias desde o ocorrido na casa de Sarem. Eu continuava tomando os remédios para inibir meu cio; relatei a minha médica que o cio havia finalmente acontecido e ela me passou uma lista de instruções  para que ficasse tudo bem comigo. 

Felizmente os remédios de Sarem eram fortes o suficiente para cobrir a maioria dos sintomas que aquele estado horrível causava. A única coisa que eu não conseguia controlar era a sensibilidade do meu corpo e a forma como ele reagiu quando cheguei em casa e descobri que mesmo depois de tantos dias minha cama ainda tinha o cheiro de Izuku. 

Eu suspirei ao pensar nele. 

Acho que triste era muito pouco para descrever o que eu sentia. Eu estava magoado. Shoto estava sempre transformando Izuku em algo "só para transar uma vez" ou qualquer que fosse o desejo sexual estranho e desrespeitoso dele e aquilo me deixava horrorizado - até perceber que Izuku pensava a mesma coisa de mim. 

Quando eu comentei esse pensamento com Sarem e Diaval ambos disseram que não, Izuku não pensava aquilo. Mas não havia uma explicação melhor. Ele simplesmente brigou comigo porque eu não estava pronto para fazer sexo. 

Eu me sentia meio que um idiota. 

Pensando nisso, meu celular vibrou com uma ligação de Diaval.

- Fala, Einstein. 

- Nós já estamos chegando - Diaval disse animado. - Você tem certeza que sua mãe vai ficar legal? Sarem passou um perfume muito doce. Está cheirando como um ômega.

Eu ri comigo mesmo.

- Está tudo bem, sim. Minha mãe está ansiosa para ver vocês. Não é, linda? - eu perguntei com um sorriso e ela concordou com a cabeça.

- Amigos! - ela bateu palmas e eu estendi uma mão para ela bater. Ela entrelaçou nossos dedos. - Katsuki.

- Oi, mãe? 

- Podemos... Sair? - ela perguntou e apontou para a janela. - Quero andar. 

Eu parei para pensar. Depois de quase uma semana sem tomar nenhum dos remédios que na verdade eram sedativos pesados, minha mãe parecia bem. Ela ainda parecia meio devagar, como se estivesse acordando, mas ela estava falando. E ela disse que queria voltar a dançar. E ela definitivamente me fez colocá-la para dormir e ler uma história. 

- Podemos, sim - eu disse e ela sorriu de novo, os olhos azuis brilhando. - Vamos esperar nossos amigos chegarem e vamos descer para passear. Tá bom? 

Minha mãe concordou; ela se levantou e segurou um dos meus braços e eu me levantei rindo, acompanhando-a até seu quarto. 

Um detalhe sobre a vida com minha mãe era que ela era uma pessoa estranhamente viva. As janelas estavam abertas e as plantas que antes estavam do lado de fora na varanda, agora estavam enfeitando o peitoril da janela dela. 

Ela me levou até a cama e eu me sentei, assistindo curioso enquanto ela abria o armário e parava na frente dele. 

- O que é isso? Você quer ajuda para escolher uma roupa? 

Ela balaçou a cabeça. Eu ri baixinho. 

- Por que não usa um vestido? Você gosta de vestidos, não é? 

Ela concordou com a cabeça e entrou no closet para procurar algo. Enquanto ela estava ali a campainha tocou. 

- Ei, eu já volto. Os amigos chegaram - eu disse e me levantei depressa para ir atender a porta. 

Sarem e Diaval estavam engraçados. Os dois estavam usando as roupas normais de fora da escola - Sarem com suas costumeiras camisas escuras de bandas que eu gostava e calça de moletom. Havia uma corrente prateada e fina enfeitando seu pescoço e ele sorriu ansioso. 

- Eu estou cagado de medo da sua mãe ficar nervosa - ele disse entredentes, arrumando a mochila no ombro.

- Ela não vai - eu o confortei. 

Diaval respirou fundo. Ele vestia uma blusa branca e jeans azul. Estava todo bonitinho e eu tinha certeza que o cabelo ondulado e ruivo estava mais arrumado que o normal.

- Caramba, vocês são tão dramáticos - eu ri e dei espaço para eles entrarem. - Olhem, não façam muito barulho, tá? Ela não é muito acostumada com bar-

- Amigos! - a voz doce da minha mãe soou e nós três nos viramos para vê-la. 

Ela estava vestida em um vestido florido vermelho; usava sapatilhas; o cabelo loiro solto estava tão bonito e brilhante - ela parecia um raio de sol, sorrindo com os olhos brilhantes. 

- Oi, tia! - Diaval disse imediatamente e ela se aproximou dele para apertar sua mão.

- Lindinho - ela elogiou o cabelo dele, tocando os cachos. 

Minha mãe se virou para Sarem e seus olhos piscaram algumas vezes. Ele parecia paralisado, mas sua expressão estava longe do pânico de segundos atrás. O leve tom de rosa nas bochechas de Sarem demonstrava encanto

- Vamos descer para passear, mãe? - perguntei e ela se virou para mim com surpresa, a boca entreaberta. 

O rosto dela estava completamente vermelho. Que porra?!, pensei comigo mesmo. 

- Espere aqui, linda - eu pedi e chamei os meninos para conhecerem meu quarto.

- Sua casa é tão bonita! - Diaval disse animado. 

- Só perde pra sua, fala sério - Sarem comentou rindo. - Você precisa ir na casa do Diaval, Katsu. É imensa! 

- Aposto que sim. Os pais dele são diretores  da Chapels, não é? 

- Diretores? São donos. 

- Ui, ui - eu brinquei e abri a porta. - Podem deixar as mochilas aí. 

- Ah, que bonitinho - Sarem comentou. - O capitão é todo organizado. Ei, o que é aquela porta ali?

- Meu closet.

- E aquela? 

- Meu banheiro.

- E essa aqui? - Diaval perguntou e abriu. - Um... Armário. 

- Para bagunça.

- Bagunça - Sarem riu com desdém. - Fala sério. Seu armário da bagunça tá mais arrumado que o meu quarto todo. 

- Ah, para - eu disse e o empurrei de leve. - Seu quarto nem é bagunçado. 

Sarem balançou a cabeça e enfiou a cabeça no armário. 

- Cara acho que nós dois cabemos aqui. Sério. Entra cá - ele chamou e me puxou pela camisa. Eu gargalhei enquanto entrava no armário.

- Diaval, meu filho, acho que ainda cabe você - Sarem gargalhou ainda mais. - Cara, seu quarto é muito grande!

- Puxa vida, é mesmo - Diaval comentou rindo enquanto nós saíamos. 

- Katsu está saindo do armário - Sarem riu.

- De novo - Diaval gargalhou em seguida. 

- Engraçadinho você, Einstein - eu resmunguei e fechei a porta. - Está aprendendo essas piadinhas de merda com o Sarem?

- Claro que sim -Sarem riu. - E a ser um boca suja com você. O menino me exclamou um "puta merda" só porque eu fechei a porta no dedo dele! 

- Sorte sua que ele não desceu a mão em você - comentei e Diaval concordou. 

De volta a sala, minha mãe estava na varanda, olhando a vista e fazendo carinho em Fanny, nossa gatinha preta. Ela se virou quando nos ouviu.

- Vamos descer para passear? 

/

- E aí, Izuku ainda não falou com você? - Sarem perguntou enquanto nós andávamos um pouco mais atrás de minha mãe e Diaval. 

Eles dois haviam se dado bem muito rápido. Talvez por Diaval ser ômega ou ser quase uma criança; minha mãe parecia mais do que feliz em tentar ensinar ele a dar piruetas e ele estava ensinando a ela a pular as rachaduras na calçada. 

- Não, ele não falou - respondi e enfiei as mãos nos bolsos. - Mas eu não estou mais esperando.

Sarem coçou o próprio queixo. 

- Duvido que não. Eu acho que vocês dois só precisam ter uma conversa. Você sabe, a coisa toda é complicada para você. Mas acho que Izuku só se sente... Não sei. Como se você estivesse rejeitando ele, talvez.

- Você andou conversando com ele, vira folha desgraçado? 

Sarem deu uma risada e chutou uma pedra no caminho.

- Eu sou padrinho de vocês. Claro que conversei com o garoto. Ele está puto da vida porque não entende o que está rolando.

Balancei a cabeça.

- Acho que ele só quer transar - eu disse meio chateado. - Devem ser os hormônios ou sei lá.

- Você é todo gostosão e ainda culpa o garoto por ficar atiçado. Fala sério.

Nós dois gargalhamos. Sarem parou e tirou umas duas flores de um arbusto. Ele as examinou com curiosidade enquanto falava:

- De jeito nenhum estou dizendo que você está sendo covarde. Mas você tem que encarar esse... Bem, vou chamar de problema por falta de uma palavra melhor. Condição também serve. É uma droga toda essa coisa de ter que lidar com seus medos. Mas você tem que tentar um pouquinho.

Por algum motivo  eu não me sentia tão envergonhado de ter aquela conversa com Sarem. Talvez porque ele também fosse um alfa ou porque tendo duas irmãs mais novas e a mãe, todas ômegas, ele sabia exatamente o sentimento de preocupação que eu sentia 

- Eu estou tentando - eu disse com frustração. - Eu só queria que ele entendesse que é difícil. 

- Você já disse isso pro baixinho?

Resmunguei comigo mesmo. Claro que não. Sarem nem precisou de uma resposta. Minha mãe e Diaval haviam parado para nos esperar e estavam rindo de alguma coisa.

- Para vocês - Sarem murmurou e estendeu as flores. 

Minha mãe pegou uma delas e a prendeu no cabelo de Diaval. 

- Lindinho! - ela elogiou cheia de sorriso. Ela se virou de volta para Sarem e ele afastou o cabelo dela do rosto enquanto prendia a flor contra sua orelha. - Gosto de flores.

- Flores ficam bem em você - Sarem elogiou e apontou para o vestido. Ela riu e agradeceu e depois se virou e pegou a mão de Diaval e disse "Vamos ver as rosas". 

Sarem e eu nos ocupamos por um tempo em assistir eles dois. Por fim, ele se virou e disse:

- Você deveria conversar com o Izuku.

- Por que?

- Se lembra do que você me disse sobre... Ter medo de todas aquelas coisas ruins acontecerem? Não vão. Você tem que confiar mais em si mesmo e dar uma chance para o que vocês sentem um pelo outro.

/ Izuku /

- Você fez o que?! 

Eu estava zangado! - rebati e cruzei os braços.

Steph me encarou como se eu fosse maluco. Os olhos verdes estavam arregalados e ela ergueu as sobrancelhas:

- Você disse que foi o primeiro cio dele, certo? Com dezenove anos! E se ele tem uma mãe ômega doente, provavelmente o subconsciente dele deveria estar inibindo o cio por causa de algum trauma. 

Eu ergui uma sobrancelha.

- Trauma, Izuku! O garoto tem um trauma! 

- Tudo bem, eu entendi essa parte. Mas ainda assim não faz sentido. Por que ele iria simplesmente esquecer desse trauma e  fazer tudo aquilo comigo e depois desistir?

Steph suspirou. Ela se sentou na cadeira de frente para mim e estendeu uma das mãos para mim :

- Amor, só porque parece não ter sentido ou ser fácil para você, não quer dizer que também é para ele. Você pode um acaso tentou conversar com ele? 

- Tentei! Quer dizer, mais ou menos. Mas ele não me disse nada! Eu só sei de tudo isso por causa dos amigos dele que me contaram. Ele não deveria confiar em mim e me falar essas coisas?

- Bom, eu não te contaria nada se fosse ele - Steph disse, brava. - Você brigou com ele. Esperava o que? Que ele saísse pedindo para você sentar e escutar porque ele não consegue transar?

Estreitei os olhos. 

- Era exatamente isso que eu esperava. 

Steph bateu uma mão na própria testa.

- Não, Izu! Não é assim que funciona. Isso é um trauma, não um machucado que você simplesmente aponta onde fica e mostra como dói para o outro. É difícil falar disso. Onde está sua sensibilidade? 

Eu pisquei ao ouvir o que ela dizia. Insensível, eu? 

- Olhe, você deveria procurá-lo e tentar conversar. E nem adianta fazer essa cara, você está errado. Se ele vivia cuidando de você e dizendo todas aquelas coisas sobre o Shoto, aposto que ele não é esse tipo de cara. Além do mais, homens que só querem contar conquista te levariam para a cama na primeira oportunidade. Como o Shoto estava tentando fazer.

Dizendo aquilo, Steph se levantou e pegou a bolsa que estava jogada em cima do balcão. Ela gritou um "até mais tarde" e de repente eu me sentia péssimo. 

Subi as escadas para procurar meu celular no quarto, pensando se deveria ou não mandar uma mensagem. Assim que finalmente achei meu celular, perdido na minha cama, notei algumas mensagens não lidas de Sarem.

(Sarem): precisamos conversar 

(Sarem): muito sério mesmo

(Sarem): você pode me encontrar na lanchonete perto do colégio? Tenho aula daqui a pouco.

Olhei as mensagens. Foram encaminhadas cerca de dez minutos antes. Eu suspirei.

(Izu): posso sim

(Izu): vou me arrumar

(Sarem): tá bem

Eu corri para me arrumar; tomei um banho rápido e troquei de roupa em tempo recorde e desci as escadas enquanto mandava uma mensagem dizendo que já estava saindo. Apesar de eu não ser exatamente vizinho da escola, como Katsuki ou Diaval, eu morava teoricamente perto. Meia hora, normalmente. Mas a sorte estava do meu lado e logo que cheguei no ponto encontrei um ônibus para me levar. 

Eu já estava quase chegando e mandei mais uma mensagem para Sarem. 

(Sarem): ótimo

(Sarem): estou na parte de dentro 

Desci do ônibus ansioso e parte de mim já estava teorizando sobre o que Sarem queria falar. Será que havia acontecido alguma coisa com Katsuki? Talvez ele estivesse tão zangado comigo que houvesse mandado Sarem me dar recado. 

Bem, eu pensei comigo mesmo, você meio que merece.

Suspirei enquanto entrava na lanchonete. Ela estava completamente vazia, não fosse por um rapaz loiro sentado na mesa perto da janela. Katsuki ergueu os olhos quando escutou a porta abrindo.

Ele abriu e fechou a boca.

- Onde está o Sarem? - perguntei timidamente, fechando a porta.

- Não sei. Ele me pediu para esperá-lo aqui.

- E ele me disse que precisava conversar comigo aqui.

Ah! Eu iria matar o Sarem. Ele tinha armado de novo.

- Sarem é um idiota - eu disse e ri incrédulo. 

Katsuki deu um sorrisinho. 

- Ele é, completamente. 

- Ah, bem, eu... Acho que vou...

- Você quer comer alguma coisa? - Katsuki perguntou. - Eu acabei de pedir pizza.

Minha boca tremeu. Eu concordei e me aproximei, sentando-me na cadeira em frente a ele. Katsuki parecia incrivelmente mais bonito. Como se algo que estava pesando nele houvesse desaparecido - ele parecia radiante. 

Eu abri a boca depressa para falar, mas ele disse ao mesmo tempo:

- Me desculpe! 

Nós nos encaramos surpresos. Ele estava pedindo desculpas?

- Por que você está se desculpando? - ele perguntou.

- Por que você está se desculpando? 

- Bom, eu... Acho que te deixei magoado. E-eu não conversei com você, não... Não te disse as coisas que... - ele engoliu em seco. - Eu não fui totalmente sincero com você. 

- Kacchan...

Ele deu um sorriso ao ouvir o apelido. Ele estendeu uma mão para mim e afagou meu cabelo, afastando-o do meu rosto. 

- Eu fiquei completamente encantado por você no momento em que te vi - ele murmurou em voz baixa. - Quando você apareceu e entrou no meu carro eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse querer você para mim. E eu via você passando por todas aquelas coisas horríveis com o Shoto e... Você deixava. Eu não entendia como ele tinha alguém como você.

Ele fez uma pausa e respirou fundo.

- Eu sinto muito se fiz você achar que... Eu não queria você de verdade ou... Ou que eu estava brincando com você. Não era nada disso - Kacchan fez outra pausa. Logo naquele momento o garçom da lanchonete chegou e trouxe a pizza que ele havia pedido. Ele também trouxe dois copos cheios do refrigerante favorito de Kacchan e ele agradeceu. 

- Você... Não precisa falar disso tudo se não quiser - eu disse ao notar como ele parecia pálido de repente. - E-eu entendo e...

- Não, não - Kacchan balançou a cabeça. - Eu quero falar com você. Preciso. 

Eu estendi uma das mãos para ele. Kacchan entrelaçou nossos dedos e suspirou. E então ele começou a falar descontroladamente. 

Ele me contou sobre os pais dele. E como o pai dele maltratava a mãe dele e sobre como ele tinha medo de ter um cio e ser a mesma pessoa. Depois ele me contou sobre os remédios e eu fiquei completamente horrorizado quando ele me disse que, na verdade, a mãe dele conseguia falar quase perfeitamente desde que parou com a medicação. 

Como se não bastasse, Kacchan me contou sobre o último dia que eu o vi, uma semana e meia atrás, sobre como foi horrível ter o primeiro cio e como ele pensou que estava morrendo quando sentia o cheiro de Diaval, que era um ômega - ele simplesmente entrava em um estado de pânico tão grande pensando que iria virar um animal descontrolado que sua única reação era aquela. 

- ... E aí - ele ia terminando. - Eu estou tomando todos os remédios que preciso e acho que está tudo em ordem. Quer dizer, eu estou me sentindo bem.

- Eu realmente sinto muito por ter brigado com você - eu disse depressa, sentindo que poderia chorar. - Eu... Não fazia ideia de que era assim pra você. 

- Não precisa se desculpar! 

- Claro que preciso - eu insisti. - Caramba, eu fui um idiota. Um completo idiota. Agi como se só quisesse transar com você e... Puxa vida, eu nem tentei entender você! 

Kacchan deu uma risada e voltou a afagar meu cabelo. 

- Você me desculpa, Kacchan? - perguntei realmente triste. 

- Só se você for assistir o meu treino - ele respondeu. - É daqui a pouco.

- Eu assisto! - eu disse animado. - E... Antes de nós irmos eu também quero te contar uma coisa.

- Que foi? 

Então foi a minha vez de falar. Eu contei sobre a aparição de Shoto na minha aula de piano e das coisas que ele me falou e Kacchan abriu a boca e não conseguia fechá-la.

- Eu sei que devia ter falado com você! - eu disse irritado, pensando em como eu fui idiota. - Mas acabei deixando para lá porque pensei que não tinha sentido. E depois aconteceu tudo aquilo e eu fiquei preocupado com você, mas... Ah, eu fui tão idiota mesmo! Não deveria ter deixado aquilo entrar na minha cabeça. 

Kacchan balançou a cabeça.

- Você não foi idiota. Pare de falar assim de você mesmo - ele pediu com a voz calma e cheia de carinho. - Você só não sabia o que estava acontecendo. Está tudo bem agora. Vamos para o treino. 

Kacchan se levantou e abriu a porta da lanchonete para mim. Assim que nós terminamos de sair ele se inclinou e deixou um beijo rápido nos meus lábios. 

- Senti sua falta - eu disse.

- Ah! Vocês estão aqui! 

Nós vimos Sarem atravessando a rua. Ele nos deu um sorrisinho e passou a língua pelo lábio inferior:

- Meu casal está de volta, finalmente! 

- Você armou pra gente - Kacchan resmungou e deu um empurrão nele. Sarem gargalhou quando viu meu rosto vermelho.

- Eu não fiz nada. Chamei meus dois amigos para conversar. Só que eu me atrasei e vocês chegaram. Que legal - ele disse com a maior cara de pau do mundo e eu balancei a cabeça.

- Cadê o Diaval? - perguntei curioso. 

- Ele está lá no salão de treino. Está cheio de papo com uma menina do primeiro ano. E está numa animação que só.

- Ah - Kacchan se virou para mim. - Diaval e Sarem vão dormir lá em casa hoje. 

- Que?! E a sua mãe?

- Ela está bem. Nós saímos para passear hoje. 

Sarem concordou com a cabeça e eu notei o rosto dele completamente corado.

- Você gostou da Dorothea, Sarem? - perguntei curioso e ele desviou o olhar.

- Ela é muito legal. 

Eu e Kacchan nos entreolhamos. Sarem estava envergonhado? 

Antes que nós pudéssemos dizer qualquer coisa, Sarem bateu em um dos meus ombros:

- Você também vai, não é? 

- Eu espero que sim - Kacchan respondeu e eu dei uma risadinha. 

- Tudo bem então.

/ Katsuki /

- Boa tarde, pessoal - eu cumprimentei enquanto deslizava no gelo até o centro da  pista. - Vamos começar os treinos do pessoal do time e fazer alguns testes para preencher a nossa vaga. Eu sou o seu capitão, Katsuki. 

Os vários pares de olhos me encararam e murmuraram "boa tarde, capitão" de volta. Sentado em uma arquibancada, Sarem terminava de trocar os tênis pelos patins. Deku e Diaval estavam sentados perto dele. A tal garota com quem Diaval estivera conversando já não estava mais lá, então ele estava todo empolgado conversando com Deku. 

- Primeiro, vocês vão testar o checking com o Sarem - eu voltei a dizer. - Cada etapa será feita com um dos integrantes do time. Vocês vão treinar o arremesso do disco com o Drake e por fim vão tentar fazer pontos, passando pela defesa do Tate. Entenderam?

- Sim, capitão.

- Perfeito. Eu vou assistir vocês junto com nosso treinador, Mark. Estamos na arquibancada e eu vou analisar o desempenho de vocês. Boa sorte. 

Voltei a deslizar para fora da pista e dei um tapinha de boa sorte no ombro esquerdo de Sarem enquanto ele entrava. 

Sentado na arquibancada, Deku estava tremendo de frio. 

- Quer minha jaqueta? - perguntei enquanto me segurava nas grades para andar com os patins. Eu me sentei perto dele e comecei a desamarrá-los dos meus pés.

Deku concordou e eu tirei a jaqueta de dentro da bolsa de esportes. Ele sorriu ao ver a jaqueta escura e a vestiu, enrolando-se nela. Distraído com o dever de casa, Diaval estava sentado ao lado de Deku, lendo com concentração. 

- Odeio essa matéria idiota - ele reclamou. - Odeio física.

- Um saco - eu concordei e dei uma olhada no caderno dele. - Deixe para fazer isso mais tarde, o Sarem te ajuda. Ele é bom nessa coisa de exatas. 

- Sério? 

- É. Mas e porque o pai dele é professor de matemática em uma faculdade. Se ele não fosse bom, também... 

Nós três rimos. Na pista de gelo, Sarem estava acabando com a vida do pessoal dos testes, roubando o disco e deixando-os confusos e desnorteados. 

Soelen, venha cá! - Mark berrou, chamando Sarem pelo sobrenome. 

- O que? - ele perguntou confuso, subindo a viseira do capacete. 

- Pega leve com os garotos. Eles estão fazendo um teste, não é um jogo de final, porra! 

- Eu estou pegando leve - Sarem reclamou. - Eles é que parecem que estão dormindo. Eu nem estou precisando me mexer rápido.

- É mesmo - Pen concordou. Ele afastou o cabelo branco do rosto e apontou para o pessoal na pista. - O que está indo melhor é o Gueich. 

- Eu disse - Sarem murmurou e eu revirei os olhos. 

- Que seja, continue os testes e seja mais gentil

Sarem saiu resmungando e voltou para o treino. 

- Vamos lá, cambadinha - ele gritou. - Todo mundo com o stick em posição. Por favor!

Eu gargalhei. Sarem era ridículo. 

- Ei, Deku - me virei para o baixinho. - Você vai na festa de encerramento do bimestre? 

Ele parecer pensar por um momento. 

- Não sei - ele disse por fim. - Você vai? 

- Vou, sim. O time de hockey foi convidado especial. Então tenho que ir. Às vezes eu queria desistir de ser capitão do time só por isso - resmunguei irritado. Diaval ergueu os olhos:

- Não diga isso - ele pediu. - As festas são legais! 

- Você só foi em uma festa, Einstein.

- É, mas foi legal. E além do mais, foi por causa dessa festa que nós viramos amigos do Sarem. 

- Eu já era amigo do Sarem antes - eu o lembrei. - Só não era tão próximo. 

- Ora, graças a festa! Não tem porque você não querer ir - Diaval concluiu. - Agora me ajuda aqui com essa parte...

A volta para minha casa foi divertida. Nós tivemos que passar na casa de Deku primeiro e logo que chegamos lá ele perguntou se queríamos entrar enquanto ele ia arrumar a mochila. 

Mas quando chegamos lá havia uma moça de cabelo escuro e olhos verdes na sala, mexendo em um notebook

- Ah! - Izuku exclamou surpreso. - Steph, esses aqui são Sarem e Diaval, meus amigos do colégio. E esse é o Kac- Katsuki. 

- Katsuki - ela repetiu curiosa e ergueu as sobrancelhas. - Um prazer conhecer vocês. Para onde vão?

- Vamos dormir na casa do Katsu - Sarem respondeu. 

- Ah, que legal! 

- Vai ser divertido - Diaval murmurou e a tia de Deku ergueu as sobrancelhas.

- Quantos anos você tem?

- Vou fazer quinze - Diaval respondeu. Steph fez um barulho engraçadinho.

- E já está no ensino médio?

- Ele é nosso pequeno Einstein - eu disse e baguncei o cabelo dele. Diaval bateu na minha mão. 

- Eu já volto, pessoal - Deku disse. - Kacchan, você me ajuda?

Senti meu rosto ficar completamente vermelho e concordei. Segui Deku pela casa e nós subimos uma escada. O andar de cima tinha algumas portas e um corredor bonitinho com uma estante cheia de livros. 

- Meu quarto não é nem de longe tão bonito quanto o seu - ele brincou e abriu a porta. 

O quarto de Deku era fofo

Com uma cama de solteiro grande em um canto, o outro lado do quarto tinha um espelho, uma poltrona e uma mesinha com um computador. Ele ligou as luzes do quarto e começou a procurar algumas roupas para guardar na mochila. 

- O que é isso? - perguntei curioso, apontando para o quadro enorme na parede.

- Um mural. Eu penduro algumas recordações aí. Tem ingressos de shows, de filmes de cinema, selos de cartas...

- Você envia cartas? 

- Sim! Faço parte de um projeto onde eu converso com outros órfãos por cartas. 

Eu dei uma olhada no mural dele. Havia uma foto com uma mulher de cabelos esverdeados como os dele e um homem moreno. A tia dele também estava na foto e parecia bem mais nova.

- São seus pais? - eu apontei para a foto.

- São. Antes de... Ah, morrerem. 

Epa.

- Caramba. Desculpa!

- Não tem problema - Deku deu uma risada meio triste. - Eu... Já acostumei. Era bem novo quando eles morreram. Minha mochila está pronta. Vamos descer. 

Concordei com a cabeça. Deku desligou a luz do quarto e passou na minha frente. Ele estendeu uma das mãos para mim e eu a segurei, puxando-o de volta. 

- Eu quero beijar você - sussurrei no escuro. 

- Você sempre pode - ele respondeu e eu me abaixei um pouco para juntar nossas bocas. 

Ele respirou pesadamente enquanto nossas línguas massageavam uma a outra; as mãos dele encontraram meus braços e os apertaram enquanto eu o encostava na parede e perdia o fôlego com aquele beijo. 

Quando Deku suspirou contra minha boca, eu deixei. Respirei fundo e deixei ele continuar, as mãos saindo dos meus braços e se encaixando no meu quadril - e quando as pontas dos dedos dele afundaram na minha pele eu grunhi, satisfeito com o arrepio que correu meu corpo.

- Isso é tão bom - eu ofeguei contra a boca dele e ele concordou com a cabeça, puxando-me para outro beijo.

Não, aquilo não era apenas bom. Era espetacular. 

- Nós temos - ele arfou. - Temos que descer.

Concordei depressa com a cabeça e pela milésima vez na vida fiquei contente por usar caças folgadas. Nós dois descemos as escadas em silêncio e voltamos para a sala. Diaval e Sarem estavam esperando, sentados em um sofá.

- Vamos? - chamei. 

Eles se levantaram e nós nos despedimos da tia de Deku. Ela nos desejou uma noite divertida e "Juízo, meninos!". Nós saímos rindo e entramos no carro. Deixei Diaval ir no banco da frente com Sarem, que iria dirigir, e fui no bando de trás com Deku. Ele encostou a cabeça no meu peito e me abraçou de lado. 

- O que é que nós vamos fazer lá? - Diaval perguntou quando Sarem deu partida no carro.

- O que vocês quiserem - eu disse com uma risada. - Tem uma piscina na minha cobertura. Nós podemos tomar um banho lá e pedir alguma coisa para comer. Ou jogar vídeo game. 

- Ainda está bem cedo - Diaval comentou. - Vai dar cinco da tarde agora. Nós podíamos tomar banho de piscina e depois assistir filme. 

- Diaval tem as melhores ideias - Deku concordou. 

Sarem entrou no meu condomínio e seguiu até meu prédio para estacionar meu carro. Nós pegamos o elevador e eu fiz sinal de silêncio para não assustarmos minha mãe. 

Assim que abri a porta, no entanto, a cena na sala me deixou de queixo caído. 

Meroh estava sentada no sofá, que estava fora do lugar, na outra parede da sala. A TV estava ligada e tocando uma música calma. Sentada no chão, minha mãe estava se alongando. Ela usava sapatilhas. E uma daquelas saias leves de ballet. 

- Ei, princesa - eu chamei enquanto nós entravamos. Ela ergueu os olhos e sorriu, os olhos brilhando imediatamente. 

- Katsuki! - ela exclamou e levantou depressa, vindo na minha direção e abraçando um dos meus braços. Eu ri e a abracei de volta. 

- O que você está fazendo? - perguntei curioso.

- Dançando!

- Uau, você é tão talentosa! - Deku elogiou e ela riu. 

- Nós vamos tomar banho de piscina - eu disse e arrumei uma mechinha de cabelo que escapava do coque dela. - Quer vir com a gente? 

Minha mãe concordou. Eu estava realmente surpreso. Ela nunca havia tomado banho de piscina desde que nos mudamos para aquele apartamento depois que ela teve o colapso. E agora ela estava dançando e animada para subir para a piscina. 

- Venha, Thea - Meroh chamou animada. - Vamos trocar sua roupa. 

Minha mãe concordou e acenou para nós enquanto saía da sala. 

- Ela está tão bem! - Deku elogiou. - Parece muito melhor.

- Claro. O Katsu tirou aquelas porcarias dela - Sarem comentou. 

Nós seguimos pela casa em direção ao meu quarto. Diaval estava olhando curioso as janelas da casa. 

Nós revezamos o banheiro para tomar banho e trocar de roupa. Sarem foi o primeiro, saindo do banheiro com shorts de banho pretos que eram folgados, mas deixavam as pernas fortes dele aparentes. 

Eu fui o segundo e escolhi um daqueles shorts folgados também, apesar do meu ser um pouco maior que o de Sarem e carmim. Deku nem estava piscando enquanto me encarava sem camisa e eu estava inacreditavelmente vermelho por aquilo. 

Nós fomos para a cozinha, os quatro, esperar Meroh e minha mãe. 

- Alguém quer bolo? - perguntei abrindo uma das geladeiras.

- Vocês ainda conseguem comer? - Deku questionou.

- Claro! Eu já estou ficando lerdo de fome. - Sarem disse rindo e aceitou o prato com metade de um bolo que eu ofereci para ele. 

Pegamos duas colheres e ficamos juntos em uma das bancadas para comer. Deku e Diaval se entreolharam surpresos.

- Alfas e os buracos no estôm- UAU! - Diaval exclamou quando minha mãe apareceu na cozinha.

Tudo bem, eu estava surpreso. 

Por ela estar usando um biquíni? Talvez.

Ou por ela ainda ter o corpo lindo de uma garota de vinte anos? Provavelmente. 

O biquíni era branco e florido, as estampas de delicadas rosas enfeitando o tecido. Não era um biquíni ousado nem nada, mas era um biquíni. Ela se parecia a mesma coisa de quando era mais nova - e quando eu pensava nisso, lembrava que minha mãe não era velha. 

Ela engravidou do meu pai quando tinha apenas dezessete anos e ele vinte e oito. Minha mãe ainda ia completar trinta e seis anos. 

E estava radiante. 

- Você está tão bonita! - eu elogiei e ela riu. 

- Dá uma voltinha! - Deku brincou e nós gargalhamos quando eu estendi uma mão e ela a aceitou e deu uma pirueta. 

Nós subimos para a piscina. Meroh disse que iria nos acompanhar logo e iria preparar uns lanches. Minha mãe estava só sorrisos com o cabelo ondulado e brilhante solto nas costas enquanto ela ia correndo ver suas rosas. 

Ela parou no meio do caminho e se virou para nós, os olhos fitando Sarem e ela segurou um dos braços dele.

- Você quer ver as minhas rosas? - ela perguntou e eu arregalei os olhos.

- C-claro... Ah, Katsu...

- Vai lá - eu disse com uma risada, incrédulo. - Ajuda ela a regar as flores. 

Então o restante da nossa tarde se seguiu enquanto assistíamos Sarem ajudando minha mãe com as rosas. Ele parecia entretido enquanto ela mostrava como cortar os espinhos dos caules - e quando ele cortou um dedo com um dos espinhos e limpou o sangue na própria roupa, minha mãe segurou a mão dele e deixou um beijo na palma. 

- Eles estão flertando? - Diaval perguntou curioso, sentado em uma das cadeiras de sol enquanto lia um livro. 

Com as pernas descansadas sobre as minhas Deku ergueu os olhos.

- Eu acho que sim - ele disse.

- Nem sei o que pensar - eu disse. 

- Sarem vai ser seu padrasto - Diaval disse rindo. - Ele tem a sua idade!

Deku gargalhou e eu dei risada antes de dar um tapa na cabeça de Diaval e mandar ele voltar a prestar atenção na vida dele. Deku voltou a mexer no meu cabelo, as mãos macias afagando-o devagar. 

Ele chegou perto de mim e roçou o nariz contra o meu. Eu sorri antes de beijá-lo.

Eu nunca pensei que iria ter uma tarde como aquela - vendo minha mãe rindo e se divertindo; tendo amigos e alguém que eu gostava perto de mim. Sendo feliz de verdade. 

"Você tem que confiar mais em si mesmo e dar uma chance para o que vocês sentem um pelo outro."

No final da noite, depois de termos comido mais um monte de coisas, fui deixar Meroh em casa, garantindo a ela que estava tudo bem e eu podia ficar de olho na minha mãe naquela noite. Então Deku e eu estávamos voltando de carro juntos. 

- Será que sua mãe ainda está dormindo? - ele perguntou curioso e eu concordei.

- Acho que sim. Ela não costuma acordar durante a noite - eu expliquei enquanto terminada de estacionar o carro. - E isso também é bom.

- Por que?

- Nos dá um tempo a mais para ficar sozinhos - eu respondi e Deku ergueu os olhos com um sorriso. 

Houve um instante - um instante que pareceu durar para sempre enquanto ele me fitava com admiração e eu chegava perto dele, respirando seu cheiro doce e intenso, sentindo como aquilo definitivamente podia ser algo para se viciar. 

Eu apertei o botão para trancar as portas do carro e Deku sorriu. 

No instante seguinte nós já estávamos nos beijando devagar. Eu segurava o rosto dele com as duas mãos e ele agarrou meu cabelo. Deku se inclinou para chegar mais perto de mim e apoiou uma das mãos na minha coxa; eu pude sentir quando ele enterrou as pontas dos dedos contra minha perna e aquilo definitivamente fez meu pau pulsar. 

Uma das minhas mãos se encaixou no quadril dele e adentrou a blusa devagar, tocando centímetro por centímetro timidamente, explorando o corpo dele. Quando meus beijos deixaram a boca de Deku e passaram para seu pescoço, um gemido suave deixou a boca dele. 

- Katsuki - ele suspirou quando segurei o pescoço dele e o inclinei para trás, mordendo e beijando a pele clara. Quando minha boca deixava de encostar nele era como se estivesse formigando, uma sensação que só passava depois que eu voltava a tocar a pele com a boca. E era bom. 

- Pro meu colo - eu pedi e ele retirou o cinto depressa. Puxei o banco do carro para trás e segurei o quadril dele, guiando-o para sentar no meu colo. 

Quando eu finalmente senti a bunda redonda dele contra meu colo, minha mente saiu de foco por alguns instantes com o quanto a sensação dele se esfregando contra mim era boa. 

- V-você está tão duro - ele sussurrou contra meu ouvido e eu arrepiei inteiramente. - Eu posso tocar você aqui? 

Respirei fundo. Está tudo bem, eu garanti para mim mesmo.

- Só se você quiser - ele prometeu. - Quero fazer você se sentir bem também. 

Meu ollhos rolaram quando ele beijou meu rosto e mordeu meu ombro, o aparelho roçando contra minha pele. Eu gostava quando ele fazia aquilo. Eu gostava da sensação dele. 

- Pode - eu disse por fim. - Mas se você quiser parar ou... Ou se eu estiver fazendo algo que você não queira é- é só me dizer.

Deku concordou. Ele voltou a me beijar e eu arrepiei inteiramente ao sentir as pontas dos dedos tocarem meu peito por cima da camisa, descendo pelo meu abdômen e parando na barra da minha calça; Deku voltou a me beijar quando sentiu meu corpo tenso e eu imediatamente relaxei enquanto deixava minha língua explorar a boca dele. 

Eu senti uma das mãos dele tocando meu pau por cima da calça e meu rosto esquentou. Deku parou por um instante e olhou para baixo.

- Que foi? - perguntei envergonhado. 

- É grande - ele disse com uma risada. - Será que isso caberia dentro de mim? 

Eu gemi quando ele moveu a mão. Podia sentir a ereção dele pressionada contra meu abdômen enquanto ele estava tocando meu pau por cima da calça. De repente ele se afastou e eu pensei que ele estava arrependido, mas Deku apenas se sentou no outro banco e abaixou o rosto.

Minha respiração parou quando entendi o que ele ia fazer. 

- Se você não quiser é só me dizer - ele sussurrou enquanto deixava um beijo contra minha barriga.

Eu queria. Queria. Queria muito. Queria tanto. Eu quase abri a boca, mas a única coisa que conseguiu sair foi um gemido quando ele puxou meu short para baixo e segurou meu membro. A mão dele nem fechava ao redor. 

Ele era tão pequeno. Eu estava derretendo lentamente, virando um monte de sentimentos surreais quando o vi lambendo os próprios lábios.

Deku estendeu a língua para fora e lambeu meu pau devagar; minha cabeça encostou no banco no mesmo instante enquanto eu sentia meu corpo pegar fogo. Tudo bem, eu não era virgem. Nem exatamente inexperiente. Mas todas as minhas relações foram com garotos betas e algumas garotas alfas. 

Um ômega era completamente diferente. 

Tudo nele era melhor. A boca dele era tão quente e gentil que eu queria chorar de prazer. Estava hipnotizado observando como ele parecia determinado em fazer pelo menos metade do meu pau caber na própria boca e não conseguia. Eu não conseguia desviar o olhar de como meu pau enchia a boca dele ou de como ele estava engasgando e lágrimas escorriam dos olhos dele toda vez que ele forçava muito a cabeça para baixo.

- Devagar - eu pedi arfando. - Cuidado para não eng-gasgar.  

Deku gemeu quando sentiu uma das minhas mãos afagando o cabelo dele, tirando-o do rosto para que eu pudesse ver melhor a expressão linda dele. As bochechas dele estavam completamente rosadas - ele estava uma bagunça.

- Você é bom nisso - eu elogiei com a voz arrastada, suspirando com o quão bom aquilo era. - Você é tão bom em me fazer sentir bem. 

Deku gemeu satisfeito e continuou me chupando. Ele era cuidadoso e suave, passando a língua quente contra minha glande fazendo arrepios percorrerem meu corpo. Eu me virei para olhar o corpo dele. Ele estava se masturbando enquanto me chupava e aquela imagem fez meus olhos rolarem para trás - eu gozei exatamente naquele mesmo instante, as mãos apertando o banco com força. 

- D-desculpe - eu ofeguei enquanto respirava fundo. - E-eu não...

Deku se ergueu e lambeu os lábios, um sorriso satisfeito no rosto rosado. 

- Foi bom? - ele perguntou timido.

- Incrível - eu disse. - Venha aqui.

Eu o guiei para o banco de trás do carro e voltei a beijá-lo. Deku suspirou contra minha boca enquanto eu subia a camisa dele até seu peito. Eu o encarei enquanto lambia um dos mamilos dele - a ação fez os olhos verdes rolarem e eu sorri satisfeito, achando o ponto fraco dele. Movi uma das minhas mãos para o pau dele.

- Quero que você toque aqui - eu disse e levei uma das mãos dele até o outro mamilo. - Eu vou cuidar de você agora, amor. 

Deku gemeu com a boca apertada e apertou as pernas ao redor da minha cintura. Eu experimentei tocá-lo devagar, subindo e descendo a mão delo pau dele. Deku era realmente a coisa mais bonita que eu já havia visto. 

- Você quer mais? Foi tão bonzinho para mim, merece uma recompensa, não acha? - perguntei e ele concordou animado.

- O que você quer? Hm?

Deku mordeu o lábio inferior, mas não disse nenhuma palavra. Eu sorri comigo mesmo enquanto o masturbava e baixava minha cabeça em direção ao pau dele, chupando devagar, esfregando minha língua na ponta. Ele subiu o quadril em um movimento involuntário e segurou meu cabelo com força. 

O peito dele estava subindo e descendo tão depressa que eu levei alguns instantes para perceber que ele estava chorando. Deku estava soluçando de prazer "isso é muito para mim, Kacchan", os olhos rolando e as lágrimas escorrendo enquanto ele gozava na minha língua estendida. 

Era a imagem mais bonita que eu já havia visto na vida. 

Lambi os cantos da boca e me endireitei até estar deitado por cima dele. Estava tudo bem, pensei comigo mesmo, ele está se sentindo bem.

- Isso é tão bom - ele suspirou e meu corpo relaxou ainda mais. - Eu gosto de sentir você por cima de mim. 

Eu sorri e beijei as lágrimas que manchavam as sardas nas bochechas dele.

- Você está bem? - perguntei só para ter certeza.

- Estou - ele concordou depressa e se ergueu nos cotovelos. Ele estava encarando... O meu pau.

- Que foi? - perguntei envergonhado e ele sorriu:

- Eu só estava pensando.

- Pensando no que? 

- Eu gostaria de sentir você dentro de mim - ele sussurrou contra meu ouvido e deixou um beijo na minha bochecha. - Mas eu posso esperar o quanto você quiser. Eu nunca me senti tão bem. 

Sorri feliz e o beijei de novo. 

- Nós podemos resolver isso num outro dia. Vamos subir. Caramba, eu nãoa credito que nós fizemos uma coisa dessas no estacionamento.

- Foi bom! - Deku disse animado enquanto arrumava a própria roupa. 

Nós saímos do carro e eu notei que ele estava cheio da névoa da nossa respiração por dentro. Aquilo me fez rir um pouco. 

- O cheiro dos seus feromônios é tão bom - eu disse para ele e o abracei por trás. - É tão doce. 

- Os seus são perfeitos! Fazem minhas pernas tremerem. 

Eu gargalhei enquanto nós entrávamos no elevador. Antes que abríssemos a porta da sala escutei vozes. 

Sentada no sofá, minha mãe fazia carinho em Fanny enquanto descansava a cabeça perto do braço de Sarem, que dizia algo para ela.

- ... Ela então encarou a maçã nas próprias mãos e contemplou seu brilho. Era como um rubi, ela pensou. Seus lábios se separaram antes que ela percebesse o que estava fazendo e a Rainha Má sorriu, vitoriosa e-

Ele se interrompeu quando nós entramos na sala. Eu acenei para eles dois e as bochechas de Sarem ficaram tão rosadas quanto o pijama da minha mãe.

- O que você está fazendo acordada, linda?

- Tive um pesadelo - ela contou chateada. 

- AH! - exclamei e fui depressa me sentar perto dela. - Está tudo bem?

Minha mãe concordou e abraçou meu braço. Deku se sentou na poltrona perto de nós dois. Minha mãe ficou quietinha ali por um tempo; Sarem coçou o próprio queixo:

- Eu estava aqui na sala jogando e escutei ela chorando no quarto. E-ela disse que teve um pesadelo e me pediu para ler alguma coisa enquanto você não voltava. 

- Tá tudo bem - eu garanti e estendi uma das mãos para ele bater. - Obrigado por cuidar dela. 

Ele deu um meio sorriso, os olhos negros com aquela expressão que eu normalmente via quando ele estava mostrando fotos das irmãs - repletos de um carinho e cuidado incríveis. 

O tipo de coisa que minha mãe sempre mereceu. 

Eu me lembrei da piadinha boba de Diaval e a pergunta de Deku se "eles estavam flertando". Eu preferia não pensar naquilo. Não porque me incomodasse, mas porque... Bem, minha mãe merecia alguma coisa boa na vida dela.  

- Você gostou do Sarem lendo? 

Minha mãe concordou com a cabeça e deu uma risadinha. 

- Ele me contou uma história.

- Sério? Sobre o que? - Deku perguntou e minha mãe ergueu os olhos:

- Branca de Neve. 

Sarem riu.

- Ela me fez trocar de livro umas três vezes - ele riu. - Por fim me pediu uma história de princesas. 

- É, ela gosta de princesas - eu disse com uma risada e afaguei o cabelo loiro e comprido. 

- Eu queria ser uma - ela disse, os olhos azuis sonhadores.

- Você é! - nós três dissemos ao mesmo tempo e demos risada. 

- Queria dançar como uma princesa - minha mãe murmurou. 

- Você pode fazer isso exatamente agora. Vamos dançar com você - eu disse e ela riu enquanto eu me levantava. - Você pode  nos ensinar a dançar? 

Minha mãe concordou com a cabeça. Então eu e Sarem nos levantamos e afastamos o sofá enquanto Deku ligava a TV e colocava uma música intitulada "Lago dos Cisnes". Minha mãe fez sinal para que nós dois nos juntássemos.

Ela parou na frente de Sarem e segurou uma das mãos dele, levando-a até o meio das costas dela, o que fez o rosto dele ficar terrivelmente vermelho. Deku e eu caímos na gargalhada ao assistir Sarem tropeçando nos próprios pés e como minha mãe era paciente com ele.

Sarem era uma fera jogando, mas seus pés imensos eram um desastre como dançarino.

Eu ainda estava rindo até chorar quando escutei alguém bater na porta.

- Será que nós fizemos muito barulho? - eu perguntei enquanto abria a porta.

O par de olhos vermelhos me encarou como se visse através de mim.

- O que está acontecendo aqui? - meu pai perguntou.


Notas Finais


Eita, eu adoro parar o capítulo na hora boa, né.

Mas e aí, alguém tem palpites? O que acharam do capitulo de hoje?


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