História Please Remember (Imagine Jungkook) - Segunda Chance?

POV (S/N)

 A lembrança sumiu de minha cabeça na mesma velocidade que a invadiu.

 Eu me sentia tonta e todos os meus sentidos pareciam estar embaralhados, mas eu podia sentir que algo sólido, porém quente e incrivelmente confortável, me mantinha em pé.

-(s/n) você tá bem? (s/n), por favor, me responde.

 Eu podia ouvir ao longe a voz preocupada de Jungkook, mas não consegui focar em absolutamente nada. Por causa disso, apenas balancei minha cabeça em negativa com a esperança de que Jungkook entendesse o recado.

 De repente, o chão embaixo de meus pés sumiu e eu me vi sendo carregada pelos braços fortes de Jungkook. Eu tentei protestar, mas força para falar ou para fazer qualquer outra coisa era algo que eu não possuía neste momento. Então apenas fechei os olhos para diminuir a dor de cabeça e permiti que ele me carregasse.

 Segundos depois, senti meu corpo entrar em contato com algo confortável, porém não tão acolhedor como os braços de Jungkook. Aish que merda eu estou falando? Acho que perdi a cabeça de vez.

 Ele me deitou em algo que provavelmente era minha cama e colocou o cobertor sobre meu corpo fraco.

-Fique aqui e não se mexa. – Ele disse rápido e em seguida ouvi seus passos se distanciarem. Quase ri dele, eu não tinha forças nem para falar, quem me dera conseguir me mexer.

  Levei minha mão devagar à cabeça e comecei a massageá-la de leve para ver se a dor aguda ia embora. Porém não obtive sucesso nenhum. Fechei meus olhos e tentei respirar fundo, mas isso só aumentou a dor. Mais que merda!

 Não sei quanto tempo se passou, mas apenas abri meus olhos novamente quando senti Jungkook se sentar ao meu lado na cama.

-Aqui, bebe isso. – Ele disse me estendendo uma pequena xícara de chá. O olhei desconfiada e ele sorriu fraco. – Prometo que vai te ajudar.

 Suspirei e, sem alternativas, me acomodei melhor na cama e peguei a pequena xícara fumegante de suas mãos.

-Obrigada. – Eu disse quase num sussurro.

-De nada.

 Enquanto eu bebia o chá que Jungkook havia preparado para mim, percebi que ele me olhava atentamente e que acompanhava cada um de meus mínimos movimentos. Era quase como se ele estivesse com medo que se desviasse sua atenção de mim, em um passe de magica eu desapareceria de sua frente.

 Coloquei a xícara com cuidado sobre minha cômoda e o encarei de volta agradecida, porém ainda um pouco irritada.

-Você vai ficar me encarando mesmo? Ninguém te ensinou que encarar os outros é falta de educação? – Perguntei um pouco brava.

-Eu só tô preocupado com você.

-Eu tô bem, não tá vendo? – Jungkook suspirou fundo e balançou a cabeça decepcionado.

-(s/n)... você se lembrou de mais alguma coisa?

 Senti meu estômago se embrulhar e tive que me controlar para não vomitar. Me encostei na cabeceira da cama e fechei os olhos com força.

 O acidente. Eu havia me lembrado do acidente.

Eu estava correndo para salvar Jungkook, mas fui eu a azarada que acabou sendo atropelada pelo carro desgovernado. Eu podia praticamente ouvir o barulho que o carro fez quando acertou o meu corpo de uma forma tão dolorosa. Esfreguei as mãos em meus olhos como se isso fosse capaz de apagar essa lembrança de minha cabeça, assim como a borracha apagava o grafite.

-Eu... eu.. – Tentei falar, mas não consegui achar as palavras certas.

-Você o que (s/n)? – Jungkook se aproximou de mim e seu delicioso perfume atenuou um pouco o meu nervosismo.

-Eu me lembrei do acidente Jungkook.

 Eu não sabia se eu devia contar isso a ele, mas nesse exato momento eu não me importava com mais nada. Eu precisava somente desabafar tudo que eu estava sentindo antes que eu enlouquecesse de vez.

 Como Jungkook ficou em completo silêncio, olhei para ele e confesso que fiquei surpreendida quando vi a tristeza em seu olhar e o horror em suas feições.

-Você se lembrou de tudo sobre o acidente? – Ele murmurou.

-Hum... acho que sim.

-Então você sabe que esse acidente aconteceu por minha causa.

-O quê?

-Se eu não estivesse distraído, o acidente nunca teria acontecido. Eu devia ter ouvido o carro, eu devia ter saído da frente, eu devia ter te salvado. – Ele abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro. – (s/n), por favor, não me odeie ainda mais por isso, eu sei que eu deveria ter feito algo, mas...  

-Jungkook para de falar besteiras, você não é culpado de nada. Fui eu que corri para te salvar, eu causei o meu próprio acidente.

-Não (s/n), você não entende! Eu sou um covarde, eu praticamente enterrei essa culpa dentro de mim mesmo para não ter que encarar a verdade, para eu não ter que encarar que eu sou o verdadeiro culpado desse acidente. Me desculpa (s/n), me desculpa mesmo.

-Jungkook há várias coisas pela qual você deve se culpar, mas esse acidente não é uma delas. Okay?

 Jungkook me olhou inseguro, mas mesmo assim ele assentiu. Acho que ele entendeu perfeitamente a profundidade e o significado de minhas palavras. Voltei a me deitar e ele começou a observar o meu quarto.

 Só percebi que seus os olhos pararam de correr pelo quarto e se focaram em algo em específico quando já era tarde demais. Ele se levantou da cama e andou decidido até o pequeno caderno preto que estava sobre minha escrivaninha. Ele me olhou surpreso, e eu inconscientemente apenas me escondi ainda mais debaixo da coberta como se ela fosse capaz de me proteger.

-O que o meu diário tá fazendo aqui (s/n)? – O olhei nervosa e a culpa me dominou.

-Jungkook me desculpa o Jimin me deu o seu diário mas eu não sabia que você não sabia que ele estava comigo eu não sabia eu juro eu não quis invadir a seu privac...

-Hey, hey, hey! Calma (s/n), você tá falando rápido demais, eu não tô te entendendo. – Ele se sentou novamente ao meu lado e me olhou carinhosamente.

-O Jimin me deu o seu diário, mas eu pensei que você sabia que ele havia feito isso. Me desculpa. – Eu disse com a cabeça baixa de vergonha.

-Você não precisa se desculpar, eu não tô com raiva. – Ele gentilmente levantou meu rosto com sua mão e nossos olhares se encontraram.

-Jungkook. – Seu próprio nome foi o aviso suficiente para alerta-lo. Ele rapidamente tirou a mão de meu queixo e suas bochechas ganharam um tom avermelhado.

-Desculpa.

-Tudo bem.

-Hum... você leu o diário? – Ele perguntou inseguro.

-Algumas partes.

-O-o que você achou?

-Jungkook, acho que já tá na hora de você ir embora. – Eu disse mudando de assunto.

-O quê? Não (s/n)! Se você não quer falar sobre isso nós podemos falar sobre outra coisa e...

-Jungkook. – Ele me olhou triste. – Já tá tarde, você realmente precisa ir, os meninos devem estar preocupados com você.

-Mais você quase desmaiou (s/n)! Como você quer que eu simplesmente ignore isso e vá embora?

-Eu sei me cuidar sozinha.

-É eu sei, o soco que você me deu foi prova suficiente disso. – Ele disse indignado e por algum motivo eu não consegui me controlar. Em um segundo eu estava séria e no outro… eu estava morrendo de rir.

 Fazia muito tempo que eu não ria desse jeito. Era por um motivo idiota que eu estava rindo, mas pelo menos eu me sentia verdadeiramente feliz. Minhas gargalhadas apenas aumentaram quando Jungkook começou a rir comigo.

 Nós dois ficamos rindo como loucos por vários segundos, até arrisco dizer que foram minutos. Por um mínimo instante eu me senti bem, senti que as coisas finalmente haviam voltando ao normal. Por um instante, eu havia me esquecido de todas as minhas preocupações e problemas.

 Mas tudo que é bom dura pouco, e coloca pouco nisso. A graça foi se perdendo, o riso foi diminuindo, o silêncio se fez presente e todas as minhas preocupações voltaram como um tsunami em minha cabeça.

 O mundo passou de colorido para preto e branco novamente.

-(s/n), posso te perguntar uma coisa?

-Já tá tarde, você tem que ir embora Jungkook. – Eu disse tentando recobrar a minha consciência.

-Eu prometo que eu vou embora, mas me deixe perguntar uma última coisa, por favor. – Suspirei cansada, mas mesmo assim afirmei com a cabeça. – Você ainda tá com raiva de mim?

-Jungkook, por favor, eu já disse que eu não quero falar sobre isso.

-(s/n), por favor, eu preciso saber isso.

 Abaixei minha cabeça e desviei minha atenção para os meus dedos, que de repente se tornaram a coisa mais interessante do mundo. Pensei em tudo que Jungkook fez comigo e pesei com o quanto ele estava arrependido.

-Não Jungkook, eu não estou mais com raiva de você, mas isso não significa que eu te perdoei.

-Eu sei, tudo isso deve ser bem difícil pra você. – Ele me lançou um sorriso triste. – Eu também sei que é pedir demais, mas será que você pode me dar uma segunda chance pra eu poder te mostrar o quanto eu tô arrependido?

-Jungkook, não me pede isso.

-Por favor, (s/n). A gente não precisa voltar a namorar, nós podemos ser apenas amigos ou nós podemos começar a nossa relação do zero de novo. Eu aceito qualquer coisa que você quiser, mas, por favor, pare de me afastar de você.

 Ponderei suas palavras. Será que vale a pena dar outra chance a Jungkook? Ele está arrependido e com certeza aprendeu a lição. Mas a dúvida que não sai de minha cabeça é: Será que eu vou ser capaz de conseguir o perdoar depois de tudo que ele fez?

-Eu tô confusa Jungkook, eu não sei se você merece outra chance.

-Por favor, (s/n)! Só me dá uma chance. – Ele implorou.

-Eu não sei. – Abaixei minha cabeça envergonhada comigo mesma por eu estar sendo tão indecisa.

 Porém, sai de meus pensamentos imediatamente quando Jungkook estendeu sua mão para mim. Levantei minha cabeça e o olhei confusa. Percebi que suas bochechas estavam um pouco vermelhas e que havia um pequeno sorriso tímido em seus lábios.

-Jungkook o que você tá fazendo?

-Olá! Meu nome é Jungkook. – Ele disse alegre.

-O quê? – Minha confusão era tanta, que eu podia jurar que havia um ponto de interrogação gigante em meu rosto.

-Qual é o seu nome senhorita?

-Jungkook..

-Você também se chama Jungkook? – Ele me olhou divertido, mas assim que viu a expressão em meu rosto, ele ficou sério novamente. – (s/n) vamos começar do zero novamente, vamos esquecer tudo o que aconteceu no passado e...

-JUNGKOOK PARA! – Ele me olhou assustado e eu respirei fundo para me acalmar. – Eu não consigo recomeçar tudo do zero, você não entende? Me desculpa, mas eu não consigo apagar tudo o que você me fez no passado!

-E-eu entendo. – Ele parecia estar tão triste, que eu não pude evitar ficar com um pouco de pena dele. – Eu vou embora, me desculpa por tudo mais uma vez.

-Eu te acompanho até a porta. – Eu disse já me preparando para levantar.

-Não. – Jungkook disse rápido. – Você tem que descansar. Pode deixar que eu sei onde fica a saída.

 Ele começou a se distanciar lentamente e a cada passo que ele dava para longe de mim, era como se facas cortassem o meu coração em pedaços. Ele estava tão triste, tão desanimado e tão melancólico, que eu de alguma forma podia sentir toda sua dor como se ela fosse minha.

 Algo está acontecendo comigo e eu acho que sei exatamente o que é. Eu havia recuperado a lembrança do acidente e junto com ela eu recuperei um forte instinto: O instinto de proteção. Eu, de alguma forma, queria proteger Jungkook e vê-lo tão triste desse jeito me machucava de uma maneira inexplicável.

-Jungkook espera.

-O que foi (s/n)? – Ele se virou e percebi que ele lutava para não deixar nenhuma lágrima escorrer por seu rosto.

-Eu não posso te prometer nada, mas... a gente pode tentar ser amigos de novo.

-Isso é serio? – Ele perguntou com os olhos brilhando, agora de pura felicidade.

-Sim.

-Obrigado (s/n), obrigado, obrigado, obrigado. Você não sabe o quanto isso é importante para mim.

  Jungkook se aproximou de mim e abriu os braços. Arregalei meus olhos quando notei que sua intenção era me abraçar, mas ele percebeu minha reação e rapidamente abaixou os braços de novo.

-Desculpa, eu só tô muito feliz. – Assenti tímida e ele esticou a mão. – Obrigado (s/n), prometo que não vou te desapontar de novo.

-E eu vou tentar não te afastar mais. – Demos as mãos e seu sorriso era tão grande, que chegava a iluminar o quarto inteiro.

-Acho que agora eu vou indo, eu não quero te incomodar... tchau (s/n), durma bem.

-Tchau Jungkook. – Ele saiu quase saltitando pela porta e eu bati minha mão contra minha testa.

 Será que eu havia feito a coisa certa?