História Pleasures All Mine This Time - I've had enough, it's time for something real

“Já estava tensa só de imaginar como serão esses dias aqui com a Maria me cercando, e acabando com uma viagem que tinha tudo para ser maravilhosa.”

 

Acordei tão cansada, que parece que apanhei. Zachary tinha dormido sentado na poltrona. Deu pena, mas ao mesmo tempo é fofo.

 

-Buongiorno! –Uma mulher entrou toda sorridente.               

 

Ela vai achar que sou mal-educada, pois não respondi, sorri de volta foi o máximo que fiz. Mostrou-me uma bandeja pequena que trazia, provavelmente ia colocar mais medicamento no soro, ou trocar, eu não entendi nada do que disse. A sorte foi que o barulho acordou o Zacky.

 

-Zacky, ela falou alguma coisa, mas não entendi nada.

 

Ele perguntou a ela, a voz de sono. Os dois conversaram por uns dois minutos e ela veio tirar o soro do meu braço.

 

-Você vai receber alta, ela veio tirar seu soro.

 

-Ah! Que ótimo.

 

A enfermeira tirou o sorto, limpou meu braço e saiu. O que Zacky me disse é que logo o médico viria me examinar uma última vez e liberar minha alta. Não vejo a hora disso.

...

-Matthew está vindo buscar a gente.

 

-Ok! –Terminei de me vestir. –Zacky!

 

-Oi amor. O que?

 

-Não...nada, não é nada. –Eu ia contar sobre a conversa, mas acho melhor não. - A gente pode esperar ele na recepção?

 

-Não prefere ficar deitada?

 

-Não, não aguento mais ficar aqui.

 

Fomos para recepção esperar o irmão dele, enquanto isso, assistíamos o jornal local. Zachary, obviamente, estava compenetrado, claro, entende a língua, eu estava era entediada.

 

-Desculpa, tive que resolver algumas coisas do jantar.

 

-Sem problemas Matt.

 

-Melhor cunhada?

 

-Sim, estou, só quero sair daqui.

 

POV’S ZACHARY

 

Na chegada em casa, quase todo mundo foi para cima da Kris, preocupados, querendo saber como ela estava. Maria foi uma das que não se dignou nem a olhar para ela, não que a gente precise disso.

 

-Deixem a Kris ir descansar um pouco.

 

-Não, eu fiquei a noite toda deitada em uma cama, tudo que menos quero agora é deitar de novo. Vocês não iam andar a cavalo hoje? Quero ir andar pela casa, que tal?

 

-Kris?!

 

-Eu vou de carroça, você não disse que podia ir de carroça? Ou charrete.

 

-Tem charrete aqui ainda pai?

 

-Tem, tanto quanto duas, faço questão de ir com você Kris.

 

-Pronto, eu só quero trocar de roupa, e vamos.  - Ela subiu com a Gianna.

 

-Pelo jeito, Graças a Deus, ela está bem.

 

-Está, os dois estão papai, foi só um susto. Meio estranho, mas foi um susto. –Fomos para sala, sentando no sofá. –Você vai ficar hospedada aqui, Maria?

 

-Por quê? Sua noiva não me quer aqui? Ela já quer tomar conta da casa?

 

-A Kristen não sabe que a casa é minha, Maria.

 

-Filho!

 

Papai me olhou com expressão de desaprovação, o que me fez não falar mais nada. Kristen desceu alguns minutos depois e parece estar bem melhor, pelo menos está animada.

 

-Tem certeza que quer ir? –Colocava um casaco nela. –Não vão faltar oportunidades para voltarmos aqui.

 

-Eu quero ir, estou bem Zacky, prometo.  Eu trouxe minha câmera. –Me mostrou a bolsa, toda sorridente. –Estou animada!

 

-Ok, então vamos lá!

 

Decidimos não ficar muito tempo na propriedade. Como é a primeira viagem das crianças também, eles foram os maiores apoiadores da Kristen quando começou a insistir que fossemos visitar o centro turístico de Roma. E devo dizer que foi revigorante visitar tudo que já conheço com ela.

 

Kris ficou apaixonada, encantada com tudo que via. Papai contava para ela tudo que sabia sobre a importância histórica de cada lugar que visitamos, mas acabou que ela já conhecia muitas coisas. Os dois estavam se divertindo muito juntos.

 

-Estamos andando há umas duas horas, não acham bom parar? Hum?!

 

-Zacky, não me olhe assim, estou bem, sério.

 

-Agora, mas quando pararmos você vai sentir como está cansada.

 

-Ei! –Ela me abraçou pela cintura. –Eu já disse, está tudo bem comigo. Você pode tentar se divertir?

 

-Eu estou me divertindo, só estou preocupado. Você dormiu no hospital em observação, não era para no outro dia estar andando para cima e para baixo. Não sei por que concordei com isso.

 

-Aqui não tem nada pra me irritar e....-Ela parou de falar.

 

-O que? O que te irritou?

 

-Eu não disse...eu não...

 

-Tio, a gente pode comer? Estou morrendo de fome.

 

POV’S KRISTEN

 

Gianna me salvou da merda de uma confusão que eu criei agora. Ele não vai esquecer o que eu disse, conheço meu “gado”.

 

-Isso, vamos comer, é hora.

 

Soltei Zachary, abraçando Gianna e andando em direção ao primeiro restaurante que vi na frente. Senhor James pediu uma mesa do lado de fora, sentamos o cinco. As crianças empolgadas, tentando comer e conversar sobre o passeio, enquanto eu fingia estar realmente prestando atenção, quando na verdade só estava desviando do olhar do Zacky para mim.

 

-Mais uma hora e voltamos para casa. O jantar é as 20h00minh, e você ainda precisa descansar antes dele. –Falou em seu esquecido tom de autoritário e voltou a beber.

 

-Sim, ok!

...

-Eu adorei tudo, mas visitar o Coliseu e a Fontana di Trevi foi o ápice, é...indescritível.

 

-Que bom filha, fico feliz. E vocês? Estão bem?

 

-Sim, o bebê mexeu mais hoje, tudo bem com ele, graças a Deus. Mãe vou desligar, preciso tomar banho, me arrumar para o jantar.

 

-Claro, me ligue depois. Te amo!

 

-Vou demorar um pouco para ligar, estou ligando do celular do Zacky, o meu não quer pegar aqui de jeito nenhum. Te amo, bye!

 

Zachary tinha ido tomar banho enquanto falava com mamãe. Pegamos tráfico na volta e chegamos as 19h00minh. Ele já chegou aqui puto da vida, porque eu não vou ter como descansar, como ele queria.

 

-Você vai continuar a frase?

 

-Não com você andando só de toalha e tirando meu foco. –Tentei fazer piada, mas não rolou. –Zacky?!

 

-Estou esperando! –Ele parou, encostando-se a porta. –Nós não somos indispensáveis no jantar.

 

-Eu falei sem pensar, não foi nada.

 

-Mentira! Você é péssima mentirosa.

 

-Sua...mãe veio aqui ontem depois que eu subi e...

 

-Você não precisa terminar! –Ele ficou vermelho. –Ela vai para o inferno, mas essa noite ela não dorme aqui.

 

-Zachary, eu sei que é insuportável aguentar, mas é a casa do seu pai e...

 

-A casa é minha, não do meu pai, é minha. E eu não a comprei para ter que suportar quem não quero dentro dela.

 

-Zacky, por favor, não vamos estragar nada, por favor. Pense no seu irmão, por favor.

 

-Vai tomar banho, por favor!

 

E foi o que fiz, não demorando muito, nem me arrumando demais. Só vesti o suficiente para me aquecer bem, e me maquiei o suficiente para não parecer cansada ou abatida. Estava me sentindo péssima em ter acabado com o bom humor do Zachary.

 

-Está com frio?

 

-Não, não, estou bem.

 

-Usa essas. –Ele tirou as luvas. – Elas se ajustam ao tamanho da mão. Eu não sinto frio nas mãos, já me acostumei. –Ele as colocou para mim.

 

-Obrigada, e Zacky. – O segurei antes que entrasse no carro. – Eu não queria estragar a sua noite. Desculpa!

 

Ele virou, me olhando, a expressão de tensão se desfez por alguns segundos, e me beijou.

 

-Vamos, já estamos atrasados, e todo mundo aqui é muito pontual.

 

Peggy Lee - Alright, Okay, You Win

 

Estava me sentindo uma estranha, e não só por as mulheres da festa tão bem vestidas que parecia uma festa de premiação de cinema. Pelo jeito, o que dizem da beleza de mulheres e homens na Itália é real, muito real.

 

-Se você tivesse me dito que era um jantar de gala, eu tinha vindo com outro vestido.

 

-Mas esse, embaixo dos três casacos que você está usando, é lindo. –Me entregou uma garrafa de água. –Você está ótima Kristen, nem comece.

 

-Olha, se não é o sumido Zachary Baker?!

 

Uma loira, com um vestido rosa que eu mataria para conseguir usar agora, se aproximou. Zachary largou o copo e ficou em pé com uma rapidez perceptível.

 

-Eu não sou sumido, você voltou correndo para Roma.

 

Ele abraçou a mulher e os dois conversavam assim, abraçados por alguns segundos. Ou um minuto, não sei, mas não era muito confortável de ver. E para completar, em italiano. Aí é que fudeu para mim mesmo, não ia entender nada.

 

-Olá! –Ela se direcionou para mim.

 

-Ah sim, já ia esquecer! Kristen, essa é a Mona, Mona essa é a Kristen, minh... Kristen!

 

Ele não me apresentou como sua noiva, é isso? Eu forcei um sorriso e estendi a mão para ela, que apertou, gentilmente.

 

-Juro, achei que você não viria Zacky.

 

-Para o Matthew fazer drama pelo resto da vida? De jeito nenhum.

 

-Bem, vou voltar para o meu posto, você devia estar lá, do meu lado.

 

-Eu...vou, em breve.

 

A estonteante mulher sorridente saiu, ela anda como se flutuasse. Era impossível ignorar quando os olhares se voltam para ela por onde passava. Parece brincadeira, todas as mulheres que cercam ou são próximas do Zachary são assim, estonteantes? Depois eu fico parecendo uma lunática com ciúmes, mas dá um pouco de insegurança, é irracional.

 

-É uma das melhores amigas da Cloe. –Ele sentou ao meu lado.

 

-É modelo?

 

-Não, na verdade ela é engenheira mecânica, das melhores, posso te garantir. –Ele colocou o copo na boca, mas não escondeu um sorriso.

 

-Kris, querida, preciso te apresentar a algumas pessoas.  Tudo bem rouba sua noiva Zachary?

 

-Claro tia Paola, fique a vontade.

 

Levantei, tirando os casacos que usava, na verdade eram dois, mas pesavam como 5. Dei as luvas para ele, que estava me encarando com surpresa.

 

-Eu não vou ser apresentada a ninguém da sua família parecendo um boneco de neve cheio de roupa. Licença!

 

A tia do Zachary me fez andar pela festa toda. Me apresentou aos primos, primas, conhecidos, vizinhos, enfim, a todo mundo que achou necessário. E falando empolgada: “Essa é a noiva do Zachary, e eles vão ter um menino muito em breve”. A euforia dela estava me deixando lisonjeada, de verdade. Algumas pessoas me receberam normal, mas em outras deu para notar uma leve surpresa ao ver quem é a nova noiva dele, fisicamente o oposto da anterior.

 

Paramos em uma roda de conversa em dado momento, e olhei para nossa mesa. A tal Mona estava lá, rindo como se o Zachary tivesse contado a piada mais engraçada do universo. Sabe o que era aquilo? FLERTE! E ele, claro, estava sendo charmoso, do jeito que odeio. Sei, é natural dele, mas as vezes me deixa tão irritada.

 

-Absorve isso Kris. –Sussurrei para mim mesma. - A senhora se importa se eu for sentar tia Paola?

 

-As pernas né querida? Sei como é, tive quatro filhos, era o que mais me derrubava. Vou com você até lá.

 

-Não precisa. E muito obrigada pela hospitalidade, de verdade. Conhecer a família do namorado é sempre tenso, imagina quando já é estando noiva e grávida?!

 

-Por nada querida! E olha, não deixe nada do que minha irmã diz te afetar. O menino nunca esteve tão bem, e ele é uma pessoa maravilhosa, ele merece. Metade dessas pessoas não estaria aqui se não fosse por ele.

 

-Como assim?

 

-Temos uma família grande, e como em toda família, nem todo mundo é tão afortunado como ele. Eles são o pedaço da família Baker que deu certo, que souberam prosperar, multiplicar o que conseguiram com trabalho, muito trabalho. Eu vou te contar uma coisa.

 

-Sim, ok! - Sentamos em uma mesa vazia.

 

- Minha irmã casou bem. James é um dos homens mais íntegros que conheci na vida, ele não merecia metade das coisas que passou. E ser mais velho do que ela não é uma desculpa para nada que Maria tenha feito. Zachary já deve ter dito algo sobre a família materna, certo?

 

-Não muito senhora. Sei que as duas famílias têm uma coisa de tradição muito forte, brasão, tradicionalismo, essas coisas.

 

-Sim, temos. Nós crescemos no luxo, nossos avós, depois meus pais trabalharam muito para manter o que herdaram, mas nada se comparava ao que a Maria teve quando casou com o James. Papai acabou falindo, eventualmente, então o luxo com que crescemos se foi, e hoje cada um vive do que ganha com trabalho. O James nunca dependeu da herança do pai, ele estudou bem como era de se espera, para o que podiam pagar. E com sua inteligência e competência para o trabalho, ficou milionário, e isso não é fácil.

 

-Sim, acredito que não seja.

 

- E meu Zacky tem feito a mesma coisa que o pai, ele sempre teve potencial, mesmo na sua fase de farras e uma namorada para cada dia da semana. –Ela puxou a cadeira mais para perto. - Não diz que eu te contei o que vou falar agora, ok?!

 

-Sim, claro.

 

-Lembra-se da Alba e o filho, que te perguntou o nome do bebê, aqueles que moram em Nova Iorque?

 

-Sim, sim, lembro.

 

-Então, ela foi babá do Zachary.

 

-Sério?

 

-Sim, foi a que ficou mais tempo cuidando dele e do Matt. Eles são apaixonados por ela, ajudam até hoje. Você deve imaginar que é por ajuda dele que ela está aqui. E não só ela, alguns primos também.

 

-O que ele fez? Pagou as passagens?

 

-E também hospedagem de quem não podia. Ele e o Matthew, afinal é por causa dele que viemos para cá.

 

Naquele momento ela fez com que a irritação e o ciúme que estava sentindo minutos atrás sumisse. Nessas horas eu me pergunto: O quão rico o Zachary é? E por que ele não gosta de parece generoso?

 

-Querida, seu noivo tem um coração igual ao do pai, mas ele prefere que pensem que parece mais com a Maria. E por mais que ame minha irmã, ela não merece metade das coisas que os filhos fazem por ela.

 

-Eu não entendo porque senhora, não entendo porque ele faz tanta questão de ser distante.

 

-Acho que tem medo de quererem se aproveitar disso, como foi com o pai. Minha irmã tripudiou e não foi pouco da bondade do James, e do próprio filho.

 

-Desculpa incomodar a festa, a alegria de vocês, mas, queria dizer umas palavras. Mas antes, cadê meu bestman? Irmão, não te vejo!

 

Olhei para mesa e Zachary levantou, seguindo até a frente do palco, mas Matthew fazia sinal para que ele subisse.

 

-Esse cara! –Ele abraçou o irmão pelo pescoço. –É o cara mais bonito dessa festa, man, você é sexy. –As pessoas começaram a rir. –Mas esse cara é meu melhor amigo.

 

Zachary olhou para ele rapidamente, voltando a olhar para o chão. Estava claramente tímido, embaraçado. Matthew agradeceu a presença de todos, falou sobre o casamento, sobre a Cloe e entregou o microfone para o irmão.

 

-Meu pequeno irmão vai casar antes de mim, estou feito mesmo. Uma piada para aliviar a tensão, estou um pouco...bem... – Ele tossiu duas vezes. -Cloe e Matthew, eu não gosto de falar muito em público, mas quero dizer, aqui, na frente de todos o quanto desejo felicidade a vocês. Que essa nova oportunidade, essa nova chance que estão se dando seja a melhor, a mais completa e verdadeira. Felicidades!

 

POV’S ZACKY

Abracei meu irmão e minha cunhada, entregando o microfone a uma amiga da Cloe enquanto isso.

 

-Desculpa, eu sou péssimo em falar assim, espontaneamente.

 

-Eu sei irmão, tudo seu é planejado, mas você foi bem.

 

-Sim, foi sim Zacky, muito obrigada. Pelas palavras e sua generosidade em nos ajudar com o casamento.

 

-Presente de padrinho, não precisa agradecer Cloe.

 

Tratei de descer do palco e voltar para minha mesa. Nela Kristen estava sozinha, me olhando, calada, e ficou assim até que eu resolvesse saber o por que disso.

 

Tony Bennett - When Joanna Loved Me

 

-O que foi?

 

-Você, ainda é um mistério para mim.

 

-Por quê?

 

-Às vezes acho que você se sufoca, dando duro para manter um personagem que criou, que, por mais que eu consiga decifrar, não consigo totalmente. É frustrante.

 

-Não estou entendendo nada Kristen. Se você tivesse ingerindo álcool, diria que está bêbada.

 

Ela levantou, deu a volta na mesa, sentando em meu colo. E de novo ficou me encarando sem dizer nada por uns minutos, dessa vez, fazendo carinho em minha cabeça.

 

-Não tenha medo de ser você, com medo de que as pessoas se aproveitem, ou não entendam isso.

 

-Kris, você pode não ter ideia, mas eu nunca fui tão espontâneo como tenho sido desde que você entrou na minha vida. Há muito tempo não me permitia isso.

 

-Eu te amo, do jeito que você é, ok? Eu te amo!

 

Ela me abraçou forte, retribuí. Realmente não estou entendendo o que motivou essa conversa. Mas o que eu disse é verdade, há tempos e com quase ninguém que convivo ajo sem precisar calcular cada palavra ou cada ação. E ainda mais, sem precisar ser distante, colocar limites.

 

-A gente pode dançar? –Ela levantou de repente.

 

-Podemos, se você aguentar.

 

-Eu não entendi o que quis dizer, mas vou ignorar, vem!

 

Kristen circulou meu pescoço com os braços, minhas mãos seguravam cada lado da sua cintura, com a barriga enorme encostando-se à minha. Encostei meu rosto ao dela, inalando o perfume que usava, e eu adoro esse cheiro. Às vezes sinto o perfume dela em alguma camisa minha e é engraçado como isso me faz bem.

 

-Me lembre de depois falar com o fotógrafo da festa.

 

-Por quê?

 

-Por que eu quero todas essas fotos que ele está tirando da gente.

 

Ela dizer isso foi como me deixar envergonhado, eu odeio ser o centro das atenções. Acabei afastando meu rosto do dela.

 

-Que foi?

 

-Eu não gosto de tanta atenção em mim, você sabe.

 

-São só fotos Zachary, eu já tirei várias de você e nem notou.

 

-Agora?

 

-Não, durante o passeio hoje à tarde, e estão lindas, vou mandar fazer pelo menos dois quadros com elas. Sinto falta de fotografar.

 

-Deveria voltar.

 

-É, eu vou. Agora, volte como estávamos, as fotos vão ficar mais bonitas com você perto de mim.

...

-E a Kris? –Matthew sentou do meu lado.

 

-Foi para casa com o velho, os dois estavam quase dormindo na cadeira. Tadinha, só vive com sono.

 

-Baker, você vai ser pai! Isso é assustador para caralho.

 

-Nem me fale cara, às vezes eu fico a ponto de surtar só de imaginar ser pai, o futuro. Se.... Eu não souber criar esse menino?

 

-Acho que ninguém nasce sabendo ser pai ou ser mãe né cara?! Aprende ué. Você está feliz, não está?

 

-Demais! Vou te dizer, eu amo a Kristen de verdade. –Enchi minha taça de champanhe. –Você me viu esses anos todos, todas as namoradas, casos, aventuras, tudo. Diz, alguma era como ela?

 

-Não! Nem a Gena, que eu gostava para caramba, que conseguiu te fazer se comprometer de alguma forma, nem ela. Eu gosto da Kris, ela é diferente mesmo, especial.

 

-Ela é Matt, ela é.

 

- Você meio que vivia em um ciclo vicioso. Começava casual, daí elas queriam algo mais, você não, ou quando tinham, não era o suficiente e virava um peso. A Gena quebrou esse ciclo, por um tempo, logo a relação passou a não o suficiente para você.

 

- Mas grande parte disso é culpa minha, eu sei disso. Sei assumir quando faço merda, e eu fiz merda muitas vezes. E é por isso!

 

-O que é por isso?

 

-Eu tenho...um medo imenso de não ser o cara para ela. E pior, que a Kris acorde um dia e chegue a essa conclusão. Eu nunca quis ter família, filhos, ser um, sabe aqueles...

 

-Homem de família.

 

-Isso, um homem de família, digamos assim. Que planeja viagem, que vai ao parquinho brincar com o filho, essas coisas todas. E agora, em pouco tempo, tudo isso vai entrar na minha vida de vez.

 

-Vocês começaram de trás para frente.

 

-Exato! Eu sou tão fudido que até isso comigo tem que ser confuso.

 

-Mas você quer isso, você quer tentar?

 

-Quero, eu quero! Foda-se, eu quero.

 

-Então é isso, boa sorte meu irmão. –Ele levantou, se jogando em mim. – Não digo isso sempre, mas eu te amo muito cara, muito.

 

-Eu te amo muito também.

 

-Obrigado, por tudo, por tudo que você aguentou por mim, por nós. Você se nega a acreditar nisso. –Ele se ajoelhou, olhando para mim. –Mas você é como nosso pai, não como ela, você não tem nada dela. Você é o cara! –Ele bateu no meu peito.

 

 Minha relação com Matthew sempre foi infinitamente melhor do que com a Zina. Coisa que só aumentou quando ficamos maiores e a diferença de idade não era mais tão evidente. Fora o papai, ele é uma das pessoas que mais me lembro de ter compartilhado momentos de afeto, de carinho, minha infância e adolescência toda. Quando as coisas estavam péssimas em casa, tudo que eu queria era que chegasse o fim de semana, para que pudesse vê-lo, era minha renovação.

 

-Achei meu noivo, bêbado, quase caindo no chão. –Cloe se aproximou. –Você leva ele para hotel?

 

-O Giosephe vai levá-lo, vou para casa.

 

-Ok, olha lá hein? Quero meu noivo amanhã na igreja.

 

-EU TE AMO CLOE!

 

Ele virou, se ajoelhando na frente da noiva, que ria. Giosephe apareceu levantando o Matthew.

 

-Zachary, estou bêbado, mas eu sei o que te disse. Acredite!

 

-Ok, ok!

 

A festa já estava vazia, além dos garçons e garçonetes limpando a sujeira, achei que só tinha eu, até ela aparecer.

 

-Sem carona para casa?

 

-Vamos dormir com a noiva, em um hotel. Você não vai dormir com seu irmão?

 

-Não, vou voltar para casa, provavelmente a Kris não vai conseguir dormir bem sem mim.

 

-Ela é sua namorada?!

 

-Noiva, a Kristen é minha noiva.

 

-E eu achando que ia ser muito divertido, já que você não está mais com a Gena, que te roubou de mim.

 

-A Gena não me roubou de você, porque você não era minha dona. Achei que você não era dessa idiotice de rivalidade feminina, ou mudou?

 

-Aí! Essa doeu. -Ela se fingiu de ofendida. –Mas era bom o que tínhamos.

 

-Não disse que não era bom, só não era um compromisso, monogâmico, certo. Eu conheci a Gena, gostei dela, não vi porque não seguir adiante.

 

-Entendi Zachary. Eu só estava na expectativa de mais uma vez fazer um sexo maravilhoso, no casamento da minha melhor amiga.

 

-Espero que você faça, mas não comigo. –Levantei, pegando meu blazer. –Por que você nunca mais voltou para os Estados Unidos? Sempre quis saber.

 

-Para você não era um compromisso, para mim... –Ela deu de ombros. –Só era difícil demais, demorei a te superar Baker James. E pelo que senti hoje, você ainda causa efeitos em mim.

 

-Fiquei feliz em te rever Mona, eu gosto, sempre gostei de você. E sinto se um ponto final doeu, não imaginei isso, você me pareceu bem na nossa conversa.

 

-Não ia te entregar o jogo querido. Bem, chega disso né? –Ela também levantou, chegando perto. –Hotel Roma Veneto, quarto 104. Se quiser, apareça. – Mona beijou meu rosto, saindo.

...

Chegando ao quarto, Kristen já estava dormindo e com o aquecedor ligado, está fazendo 2 graus essa noite. Tomei um banho quente, tentando deitar na cama sem acordá-la.

 

-Você demorou.

 

-Um pouco, fiquei conversando com o Matthew. - Virei, a abraçando pelas costas. –Tudo bem? Achei que não iria conseguir dormir sem mim.

 

-Agora que seu pai pediu que ligassem o aquecedor, sim, estava muito frio. O cansaço me abateu, mas o sono estava leve, agora durmo de verdade.

 

-Volte a dormir!

 

POV’S KRISTEN

 

O combinado era que o noivo sairia do hotel com os padrinhos, mas como Zachary preferiu passar a noite aqui comigo, acordou atrasado. Tomou um banho rápido e só não se arrumou de qualquer jeito, porque fiquei insistindo que não podia ir desleixado para o casamento do irmão.

 

-Precisa de ajuda Kristen? –Zina entrou no quarto.

 

-Na verdade, sim. Trouxe um vestido cheio de botões atrás, como se fosse capaz de qualquer atividade que requer elasticidade. Pode fechar?

 

-Claro que sim. –Ela deixou a bolsa na cama, vindo para trás de mim. –É muito bonito seu vestido.

 

-Obrigada Zina, o seu também.

 

-Parece que foi outro dia que o Matt era um bebê bochechudo, e ele já vai casar.

 

-Passa rápido não é? Meu irmão nasceu outro dia e já está indo para faculdade em breve. –A encarava pelo espelho.

 

-Pronto, terminei.

 

-Muito obrigada Zina.

 

-Por nada Kristen, te esperamos lá embaixo.

 

-Ok. –Ela foi em direção à porta. –Zina!

 

 

-Sim?

 

-Obrigada!

 

-Pelo quê?

 

-Por tentar me aceitar, por ser diferente da sua mãe.

 

-Eu só quero o melhor para o Zachary. Eu amo meu irmão, em algum momento a gente se perdeu e nos afastamos, mas o amo, só quero que ele seja feliz. E você o faz feliz, eu quem tenho que dizer obrigada Kris.

 

...

Sentei no meio da igreja, as primeiras fileiras eram reservadas as famílias. Conseguia ver mais a cabeça de uma convidada do que os noivos. Tinha que inclinar em direção ao corredor para conseguir assistir a cerimônia. E ver o Zachary, claro. Como eu sou uma boba agora, a cada dia o acho mais lindo.

 

Tem anos que não vou a um casamento dentro de uma igreja, ainda mais católica. Isso me fez lembrar que nunca conversei com Zacky sobre a criação religiosa do nosso filho. Se vamos escolher ou não induzir ele a nada, afinal de contas eu não sou religiosa. E, apesar da família dele ser tradicionalmente católica, isso já ficou claro, não o vejo sendo praticante de religião alguma.

 

-Acorda Kris!

 

-Dei uma viajada agora Edward. O que faz aqui?

 

-Uma prima chegou atrasada, Zina me pediu para dar o lugar a ela. Não que esteja triste por isso.

 

A cerimônia logo acabou e Matthew estava se destacando de tão sorridente. No caminho de saída para o corredor, Zacky me viu, acenando discretamente. Meu sorriso só não foi maior pela acompanhante dele ser a Mona. “Que ciuminho patético Kristen”.

 

-Vamos Kris, a multidão já saiu. Só cuidado para não sair no fundo das fotos.

 

-Ah! Eles vão tirar fotos na escadaria da igreja, é isso?

 

-Sim, padrinhos, madrinhas, essas coisas.

 

Fui seguindo o Edward para fugir da confusão, encontramos com as crianças e a Zina lá fora. Até que minha cunhada foi chamada para tirar foto com o noivo e sua família. Maria, propositalmente, só pode, segurou Zachary pelo braço. Agora ele terá que se esforçar para sair sorrindo na foto.

 

-Não é pessoal Kris, a Maria não gosta de ninguém.

 

-Ela gosta de você?

 

-Ela me tolera, me acha um palerma, mas me tolera. Ela é tóxica, dou graças pelas crianças não conviverem muito com ela.

 

-É triste imaginar que essa mulher é avó do meu filho.

 

-Acho difícil o Zachary concordar que ela conviva com seu filho.

 

Terminada a sessão de fotos, voltamos para casa, onde a grande festa estava pronta nos jardins.

 

-Aonde vai?

 

-Tirar esse vestido, colocar algo mais confortável. Você está lindo, a propósito.

 

-Obrigado noiva, você também está linda. Estou na mesa dos noivos, ok? Não demore!

 

Subi, troquei de roupa e antes de descer, resolvi mais uma vez tentar sinal no celular. E por milagre, consegui. Desci com ele, sentando ao lado do Zachary na mesa.

 

-Você não vai ficar no celular, não é?

 

-Não, peguei por que só agora consegui sinal, só ia ver as mensagens.

 

-Depois baby, depois.

 

-É, você tem razão. –Estendi para ele, que pegou da minha mão, guardando no smoking.

 

POV’S ZACHARY

 

Meu irmão estava tão feliz, de um jeito que não esperei, confesso. Pelo jeito não só eu estou satisfeito com a escolha de um casamento. Já tinha feito mais um discurso embaraçante, sincero, mas meio estranho. Comido demais, bebido um pouco mais que de costume, e dançado, me divertido como há um tempo não vazia e uma festa com minha família envolvida.

 

Kristen parecia estar se divertindo também, um pouco acanhada, mas tia Paola dedicou-se de fato desde que chegamos a fazê-la se sentir á vontade, e não foi diferente na festa. Sentou-se na nossa mesa, e ficou com a Kris, principalmente quando eu tinha que me afastar por algum motivo.

 

-Gia, você viu a Kris?

 

-Ela subiu para o quarto tio, correndo.

 

-Correndo? 

 

-Ela estava com o celular, acho que falava com alguém.

 

Subi para o quarto, já ouvindo a voz exaltada da Kristen das escadas. Entrei, sem saber o que encontrar.

 

-Miranda, por favor, me deixe.... Sim... Eu juro que.... Ok. Ok! –Ela encerrou a ligação, deixando o celular na cama.

 

-Kristen? O que houve?

 

-Eu perdi a coluna.

 

-O que? Como assim? Por quê?

 

-Por que ela não foi postada no prazo, não teve uma coluna essa semana.

 

-Mas você deixou a coluna pronta.

 

-Mas o Brooks não entregou. Na sexta-feira, as 18h00minh Miranda começou a me ligar, querendo saber da coluna, mas eu não vi as ligações, não tinha mais sinal e...

 

-Calma, tente ficar calma. –Sentei ao seu lado.

 

- Miranda estava furiosa, decepcionada. Ele só pode ter feito de propósito.

 

-Por que o Brooks faria isso de propósito?

 

-Eu não sei, eu não sei!

 

Ela começou a chorar, de soluçar, acabando comigo. Por não saber o que dizer para conforta-la, nem o que fazer.

 

-Ela quer me ver amanhã, as 17h00minh, no fim do meu turno.

 

-Chegaremos a Los Angeles as 12h00minh, você terá tempo. Apenas se acalme ok?! Tente se acalmar.

 

-Eu não quero mais voltar para festa.

 

-Tudo bem, ficamos aqui.

 

-Não, é casamento do seu irmão, você precisa voltar. Pode ir, vou aproveitar e ligar para mamãe, eu vou ficar bem.

 

Voltei para festa, mas não adiantava, minha cabeça estava lá em cima, preocupado com a Kristen.

 

-Sua noiva já cansou?

 

-Ela teve que resolver alguns imprevistos de trabalho.

 

-Ela se importa se eu te tirar para dançar?

 

-Acho que não. –Coloquei minha taça na mesa, segurando a mão dela. –Correu tudo bem, ao fim do dia.

 

Tony Bennett - The Good Life

 

-Sim, e foi uma cerimonia bonita. -Mona colocou os braços em volta do meu pescoço. –Não achou?

 

-Nada além do normal.

 

-Nossa Zachary! Cadê seu romantismo?

 

-Nunca tive, você bem sabe disso.

 

-Eu posso fazer uma pergunta?

 

-Não me lembro de você ser do tipo que pede autorização para perguntar nada. Claro que pode.

 

-Ela sabe quem é você?

 

-Como assim?

 

-Você é um “galinha” Zachary.

 

-Não, não sou.

 

-Você já traiu a Kristen?

 

-NÃO! –Quase, ou pela metade. –Não!

 

-Quantas mensagens você apagou sem responder, ou respondeu com “estou comprometido” desde que estão juntos?

 

-Algumas.

 

-Algumas milhares, não é? Qual é Zacky?! Ter mulheres interessadas em você nunca foi um problema.

 

-A gente vai falar sobre outra coisa? Senão, a dança acaba aqui.

 

-Esse é o Zachary que eu conheço. Não me leve a mal, só não estou acostumada com o Zachary light, monogâmico e futuro pai de família. Um filho?

 

-Eu vou falar isso com o máximo de calma que posso agora: Não deboche do meu filho.

 

-Calma Zacky, eu não estou debochando do seu filho, de jeito nenhum. Era uma piada.

 

-Que não tem graça alguma. Essa gravidez não foi planejada, por nenhum dos dois, e não tem sido fácil passar por ela, principalmente para a Kristen. Por tanto, eu agradeceria se você tivesse respeito por isso.

 

-Desculpa Zachary, desculpa!

 

-Você mesma disse que uma hora eu iria querer me aquietar, foram essas suas palavras. E eu fiz isso, duas vezes, só não foi com você. Agora, se me der licença, vou subir, eu nem devia ter descido de novo.

 

POV’S KRISTEN

Liguei para mamãe e não teve jeito, quando comecei a contar sobre o mal-entendido no jornal, voltei a chorar. Ainda não acredito que fiquei com fama de irresponsável por um erro que não foi meu. Na verdade, meu erro foi confiar no Brooks.

 

-Oi, achei que iria ficar lá embaixo até todos irem... Que foi Zachary? –Ele deitou na cama, me abraçando pela cintura. –Tudo bem?-Comecei a fazer carinho nos cabelos deles.  Zacky?

 

Ele não disse nada, eu também não quis insistir, apenas continuei acariciando seu cabelo por um tempo que ficou deitado ao meu lado.

 

-Me deu vontade de comer bolo, eu gosto de bolo de casamento.

 

-Vamos casar no inicio de Abril, ok para você? –Ele sentou na cama. –Não precisa ser nada grande, só não vejo porque esperar por isso. Será até melhor na hora de registrar o James, seu nome de casada já vai estar na certidão dele.

 

-Isso é repentino Zachary.

 

-Te pedir em casamento também foi e você aceitou.

 

-Ok Zacky, ok, mas eu não quero nada muito grande mesmo.

 

-Uma cerimônia pequena, tudo bem. A gente pode casar lá em casa.

 

-Eu pensei em Costa Mesa, perto da praia.

 

-A casa de Huntington Beach tem uma praia como quintal, digamos assim. Pronto, pode ser lá.

 

-Eu não faço a menor ideia de como organizar um casamento em um mês.

 

-Vou pedir ajuda a Karen, podemos contratar uma organizadora de casamento. Como não é nada muito elaborado, acho que dá tempo.

 

-E o vestido? Grávida, vai ser um drama achar um vestido e...

 

-Ei! –Ele se aproximou. –O que importa somos nós dois, casando, ok? Até de calça jeans eu caso.

 

-Tá aí, gostei disso. –Ele me deu um selinho. –Só isso para me animar depois de tudo. E claro, uma fatia de bolo de casamento.

 

-Ok Kristen, eu entendi a indireta, vou buscar.

 

E ele trouxe duas fatias, eu comi as duas. Sentada na cama com ele fazendo massagem nos meus pés que estavam inchados e que doeram o dia todo.

...

 

Zacky me acordou de um sono maravilhoso, mas nosso voo saia as 02h00minh. E de novo, consegui vim à viagem toda dormindo, mesmo estando nervosa com o que me espera hoje, no fim da tarde.

 

-Oi Liam!

 

-Olá senhorita, senhor Baker.

 

-Eu não vou conseguir esperar até as 17:00h, assim que chegar na empresa, vou atrás da Miranda.

 

-Você que sabe querida. Eu hoje não estou para nada, preciso dormir.

 

Subimos e eu fui tomar banho primeiro. Eram quase 13h00minh, meu objetivo é chegar antes da Miranda voltar do almoço, ela geralmente retorna as 14h00minh.

 

-Chama o Tomas para te levar, ok? Não vai de táxi.

 

-Ok, vou chamar. E você, aproveite o sono que eu adoraria poder aproveitar agora.

...

Cheguei e fui para minha mesa, nem o Brooks estava na sala dele. Preferi nem fazer meu login no sistema, apenas sentar e esperar o momento de subir.

 

-Oi Kris!

 

-Oi Renata. Brooks veio hoje?

 

-Não, está doente. E você, como foi a viagem?

 

-Ótima, na sua maior parte do tempo. Deu 14h00minh. –Levantei. –Desculpa, mas preciso falar com a Miranda.

 

-Ok!

 

Subi, batendo na porta da sala dela. Com o coração disparando.

 

-Ela ainda não voltou.

 

-Oi Blake.

 

-Ela está mais calma agora, não se preocupe.

 

-Todo mundo já sabe?

 

-Não, só quem estava aqui na hora: eu, somente. O que aconteceu afinal de contas?

 

-Eu deixei... –Antes de eu continuar, o elevador abriu. –Miranda!

 

-Kristen! –Ela entrou na sala, fui atrás.

 

-Sei que você me pediu para vim aqui no fim do expediente, mas eu não ia conseguir esperar. Precisava pedir desculpa e....

 

-Eu não vou mudar de ideia Kristen, pelo menos não agora, a coluna não é mais responsabilidade sua. E agradeça por ter parado por aí.

 

-Eu posso contar por que o material não foi entregue?

 

-Mas ele foi entregue, com horas e horas de atraso, mas foi.

 

-Eu achei que o Brooks não tivesse te entregado, você falou como se...

 

-Ele me entregou sim, no sábado, as 14h00minh. Disse que esqueceu que você tinha dado para ele ler e achou que fosse uma cópia.

 

-Mas eu...

 

-Kristen, você deixou seu trabalho sob a responsabilidade de outra pessoa, uma postura nada profissional. A coluna saiu atrasada e agora, ela terá que manter-se aos sábados, para que ninguém perceba que foi um erro. Eu geralmente não aposto tanto em jovens jornalistas, com pouca experiência, e você só me lembrou de que preciso continuar assim.

 

-Miranda, ele me pediu para ler e...

 

-Motivos, você vai achar vários para se defender, mas não vai mudar nada. Você tirasse outra cópia e trouxesse para mim, deixasse na minha mesa, e não entregasse a única copia a ele. Sabe como foi, ter que ligar para ele, para saber se por algum acaso tinha como solucionar isso? Por que você não atendia o celular de jeito nenhum?

 

-Eu falei, estava em Roma e perdi sinal de celular lá.

 

-Você está começando a reascender meu descontentamento, acho melhor  voltar para o seu lugar Kristen.

 

-Ok, ok. Eu sinto muito Miranda!

 

-É, eu também.

 

Saí da sala dela com uma vontade de chorar tão forte que me sentia sufocando. Fui ao banheiro quando cheguei ao meu andar e fiz isso.

 

-Oi, está tudo bem? –Alguém falou perto da cabine. –Precisa de ajuda?

 

Peguei mais papel higiênico, assonando o nariz e saí da cabine.

 

-Kristen, tudo bem?

 

-Fui falar com a Miranda e foi horrível. –Limpei o rosto com água. –Eu achei que ela fosse me demitir Renata.

 

-É, fiquei sabendo do lance da coluna. E sinto te dizer, o descuido do Brooks não foi por relapso.

 

-Você acha que ele fez de propósito?

 

-Não descartaria isso. Agora você está livre para ser capacho dele. Que por sinal, chegou agora.

 

-Ele não estava doente?

 

-Aquele ali vem trabalhar até como fantasma. Vem, vamos voltar para lá, vou comprar um chocolate quente para você.

 

Mal cheguei à minha mesa e tive que respirar fundo antes de ir atender o chamado do Brooks.

 

-Preciso que você compre uma agenda, você vai controlar meus compromissos de agora em diante. Reunião, edições, reportagens, essas coisas. Algo errado querida?

 

-Eu....Eu....

 

-Você? –A expressão de sarcasmo.

 

-Eu confiei em você Brooks, você me pediu para ler, eu confiei que...

 

-Entregar o texto da coluna era obrigação sua e não minha. Você me entregou a única cópia porque quis. Erro de amadora. Posso continuar ou vai me interromper de novo? Continuando...

 

...

-Oi! –Entrei, colocando minha bolsa na poltrona. –Perdi a coluna mesmo.

 

-Que pena baby. –Ele levantou, me abraçando. –Sinto muito!

 

-Vou tomar um banho e descemos para jantar, ok?

 

-Ok! –Zachary voltou para cama.

Resolvi tomar um banho quente de banheira, com velas aromatizantes e um som ambiente, tudo isso para tentar relaxar. E funcionou, fui sentindo os músculos relaxarem aos poucos, até que meus dedos foram ficando enrugados e era a hora de sair.

 

-Baker? Está no closet?

 

Nenhuma resposta, deduzi que tivesse descido. Peguei um vestido qualquer no guarda-roupa e desci, encontrando o Zachary na sala de jantar.

 

-Por que esse bolo com uma vela? É aniversário de quem?

 

-Do James. Feliz oitavo meses de gestação.

 

-Ai, é verdade! Com toda essa confusão do jornal, eu esqueci. –Senti uma pontada de remorso. –Filho, perdoa a mamãe. –Alisei a barriga. - Obrigada Zacky!

 

Ele puxou uma cadeira e eu sentei, acendeu a vela.

 

-Vamos soprar a velinha. 

 

-Espera! Liam, você pode tirar uma foto?

 

-Claro que sim senhorita.

Zachary deu o celular para o Liam registrar quando assopramos a velinha. Ele estava tão sorridente, e eu só podia achar essa surpresa, que parece boba, muito especial.

 

-Pronto amor, entramos no oitavo mês com uma comemoração digna.

 

-Zacky. –Puxei o braço dele, que se agachou do meu lado. –Obrigada!

 

-Ei, não tem porque chorar Kris. –Acariciava meu rosto. –Estamos cada dia mais perto de ver nosso filho.

 

-Meu dia foi tão ruim e você não tem ideia do quanto me fez bem isso, essa surpresa. Obrigada!

 

-Por nada!-Me deu um selinho. –Agora, vamos jantar e depois comer esse bolo todo.

 

POV’S ZACKY

 

Depois do jantar, Fay trouxe a torta e cortamos, separando metade para que os funcionários comessem.

 

-Obrigada Fay. E diga a o Dick que obrigada por fazer a torta.

 

-Digo sim senhora, com licença.

 

-Está maravilhosa essa torta, e ele fez tão rápido, já estava pensando em pedir em uma delicatesse, sei lá.

 

-Ixi! Não confirmamos o pré-natal desse mês.

 

-Eu liguei para lá, confirmando para sexta, as 17h00minh. Eu vou para Sacramento amanhã, mas sexta pela manhã já estarei aqui. Tenho reunião com o Tomas inclusive.

 

-Acho muito legal da sua parte, ajudar ele na criação da empresa.

 

-É uma oportunidade de ele começar o próprio negócio. Tomas é um cara que merece esse incentivo. Você vai comer ainda?

 

-Aff Zachary! Têm três pedaços cortados, você vai comer todos?

 

-Se você não for... –Dei de ombros, rindo.

 

-Depois eu que como demais. –Kristen sentou no meu colo, me dando um pedaço da torta. -A gente divide, guloso.

 

-Ah! E a gente precisa contar do casamento para sua mãe, a o papai.

 

-Para de falar de boca cheia. E sim, temos que contar.

...

 

Levei a Kris no trabalho e vim na empresa pegar na mão do Brian algumas coisas que preciso levar para Sacramento.

 

-Senhor Baker, a senhorita Mandy disse que o helicóptero está pronto.

 

-Diga a ela que estarei na pista em 30 minutos, obrigado Kayla.

 

-Por nada, com licença.

 

-Entregue a o arquiteto como está Baker, não mexe nem um centímetro.

 

-Ok, chato, já entendi. Tenho uma novidade.

 

-Sim, bem lembrado, novidade. Como foi tudo lá? Casamento do Matthew?

 

-Ótimo! Vocês deveriam ter vindo conosco, inclusive.

 

-Estamos economizando para a casa em Aspen, te falei. Agora, qual a sua novidade?

 

-Eu e Kristen nos casaremos no inicio de Abril.

 

-Em um mês? Rápido, não?

 

-Para que esperar? Nós já começamos de trás para frente mesmo.

 

-Realmente, não tem porque esperar.

 

-Por falar nisso, preciso falar com sua esposa, e você é meu bestman.

 

-Ok, e ok, e obrigado pelo convite. Isso não é porque você foi o meu né? Não tem problema escolher outro.

 

-Não Brian, isso é porque eu quero que seja você. Só terá que dividir o posto com meu irmão, Matt precisa se sentir parte disso, é importante.

 

-Claro, claro!

 

-Agora, deixe-me ir, tenho que estar em Sacramento antes do almoço.

...

-Volto para Los Angeles na sexta. Consegue estar aqui as 06h00minh? Sei que geralmente não te chamo tão cedo.

 

-Sem problema senhor Baker, só me mandar à localização de pouso e estarei a sua espera.

 

-Ok, obrigado.

 

Peguei um táxi até a filial da 7X aqui, pegando um “puta” engarrafamento no caminho, o que me fez mudar totalmente de humor. Mas não dava mais para ignorar meu celular tocando pela quinta vez.

 

-Lopez Haner!

 

-O Brian já me contou tudo, já liguei para Kris, já surtei, já gritei.

 

-Está fazendo isso de novo minha amiga.

 

-É porque estou feliz demais vocês. Vou ligar para a Jaqueline, que organizou meu casamento, e marcar uma hora para vocês. Na sexta, pode ser?

 

-Não, sexta tem pré-natal. Pode ser no sábado pela tarde, lá em casa.

 

-Pronto, vou marcar. Vou desligar, tenho que entrar em uma audiência.

 

-Ok, no falamos depois.

 

-Parabéns Baker!

 

-Obrigado Kah, bye! –Guardei o celular. –Alguma ideia do que está causando esse engarrafamento todo?

 

-Já começaram a desviar o trânsito por causa da obra no viaduto do centro.

 

-Verdade, esqueci que era essa semana. Estamos muito longe de onde vai ser a obra?

 

-Não, nem 5 minutos andando senhor.

 

-Então eu paro por aqui mesmo, obrigado.

 

Paguei o táxi, peguei minha mala média e fui a pé pelo engarrafamento. Se tiver a sorte de Megan estar por lá, será ótimo. Melhor do que só saber como andam as coisas é ver isso pessoalmente.

 

-Olá, bom dia!

 

-Bom dia senhor!

 

-Me chamo Zachary James Baker, posso falar com o chefe de obra? Ou arquiteta chefe.

 

-Só um momento senhor.

 

O segurança foi até uma tenda montada mais a frente, fazendo sinal para mim minutos depois. Chegando lá, não fui recebido pela Megan, como pensei.

 

-Senhor Baker, é um prazer finalmente conhecê-lo, sou Barney.

 

-Prazer Barney, Zachary. –Apertei a mão dele. –A Megan não vem para cá hoje?

 

-A senhorita Megan deve está na sede, ela ficou de aparecer aqui só depois das 14h00minh.

 

-Você pode me mostrar o andamento de tudo até agora? Já começou a fazer alguma intervenção?

 

Barney e o chefe dos empreiteiros, depois de me manter a par de tudo, me levaram para ver tudo.

 

Não tinham feito muito ainda, na verdade a obra só começa de fato na próxima segunda, mas eles já estão em processo de construção do canteiro de obras, digamos assim. Montando as estruturas, trazendo o maquinário necessário, distribuindo os kits de segurança dos empreiteiros, essas coisas.

 

-Eu preciso ir à filial, tem outro caminho sem ser pelo desvio que está sendo feito, por causa da obra?

 

-Tem senhor, e eu posso deixa-lo lá, se quiser.

 

-Eu quero sim, obrigado Barney.

...

-Já estava acionando a policia cara.

 

-Exagerado Matthew! Estava perto, então, resolvi ir ao canteiro de obras antes.

 

-Vem, a Megan está na sala nos esperando.

 

O prédio aqui não tem nem 60% do espaço da sede em Huntington Beach, nem da filial de Los Angeles, mas cresceu desde que a compramos.

 

-Quer dizer que você foi atrás de mim?

 

-Eu fui aventurar de encontrar lá senhorita, menos. –Sorri com a piada. –Bom te ver Megan. –Puxei a mão dela, dando um beijo. –Ficou linda com cabelos pretos.

 

-Obrigada pelo elogio, mas estou preocupada. Seu humor está muito elevado. –Ela sentou perto de mim. –A viagem foi tão boa?

 

-Foi ótima, deu tudo certo. Matthew e Cloe estão em Ibiza, melhor do que todos nós. E eu vou casar no inicio de Abril. –Falei como se não fosse nada demais, bebendo um pouco de água. –Que foi? Que cara de espanto Matthew.

 

-Mas já?

 

-Não vimos motivos para esperar.

 

-Vocês vão organizar um casamento em um mês?

 

-A cerimônia será simples Megs, e claro que vamos pagar a alguém para cuidar disso. Eu trabalho, a Kris também, seria impossível cuidar de tudo sem ajuda.

 

-E você pretende se envolver?

 

-Claro, é meu casamento. Bem, podemos começar essa reunião?

 

Matt sentou na cadeira de frente para mim, e ainda levou um bom tempo com cara de surpreso. Ou eu diria decepcionado?

 

TRÊS DIAS DEPOIS

-Bom dia senhor Baker!

 

-Boa madruga não é Mandy?! Há séculos não sei o que é acordar as 05h00minh por trabalho. Conseguimos chegar em L.A antes das 09h00minh?

 

-Sim, com certeza senhor.

 

Eu nunca durmo no helicóptero, mas dessa vez, fiz isso. Sendo acordado quando Mandy foi informada que o heliporto que íamos aterrissar não estava disponível.

 

-E a filial da 7X senhor?

 

-Eu não conversei sobre isso com os sócios ainda, em fazer um heliponto no terraço, quase não uso o helicóptero. No prédio em frente tem um, vou pedir a minha assistente que ligue para o proprietário. Enquanto isso, você vai ter que ficar voando sem destino.

 

Kayla não atendia nem o celular dela nem o da empresa, já me deixando impaciente. Consegui falar com o Brian depois de 20 minutos ligado, ele pessoalmente foi até o prédio falar com a recepção. Conseguindo autorização para que eu pousasse no terraço deles.

 

-Vou resolver isso em breve Mandy, obrigado pela paciência.

 

-Por nada senhor Baker, até breve.

 

Peguei o elevador, me tocando que eu não faço ideia de onde vou sair, nem sei o que funciona nesse prédio.

 

-Com licença! –Fui até a recepção. –Sou Zachary Baker, do edifício em frente. Meu sócio pediu autorização para que eu aterrissasse no terraço.

 

-Ah, claro, senhor. Olá!

 

-Quero agradecer a quem liberou o pouso, com quem eu devo falar?

 

-A doutora Jane, ela é uma das sócias do escritório.

 

-É um escritório de advocacia?

 

-Sim senhor, uma firma na verdade, são seis sócias.

 

-Só mulheres?

 

-Sim, só mulheres.

 

-E eu posso falar com ela?

 

-Claro, vou anunciar sua subida. 10º andar, é só falar com a recepcionista.

 

-Obrigado!

 

Peguei o elevador novamente, parando no 10º andar. Me anunciei a recepcionista e fui levado por ela até a sala, entrando.

 

-Com licença! –A mesa estava vazia. –Alguém?

 

-Sim? –Uma mulher apareceu. –Ah, olá.

 

-Eu sou Zacha...

 

-Zachary Baker, da 7X construtora Ltda. Sei quem você é, aliás, já nos vimos antes.

 

-Jura? Eu não me lembro.

 

-É que nos jantares beneficentes, geralmente advogados têm um circo bem fechado, não nos misturamos.

 

-Ah! - Deve ter ficado claro na minha cara que fiquei sem resposta.

 

-É uma brincadeira senhor Baker, desculpa, não sou muito engraçada. É um prazer recebê-lo. –Ela estendeu a mão. - Jane.

 

-É um prazer! Só vim agradecer pela gentileza de me deixar pousar aqui. Tenho helicóptero há quase três anos, mas como não uso muito, não cogitei fazer um heliponto no nosso prédio.

 

-Sem problemas! Quando precisar e se não tiver sendo usado por nenhuma das sócias, fique á vontade.

 

-Tem certeza que a gente já se conhece?

 

-Não, a gente não se conhece, eu sei quem é você, é diferente. Falei a verdade sobre jantares beneficentes, já estivemos em vários em comum.

 

-Da próxima vez, vou olhar melhor em volta. –Tentei ser simpático, mas soou estranho. –Bem, obrigado mais uma vez.

 

-Por nada senhor Baker.

 

-Só Zacky, por favor.

 

-Ok, só Jane então.

 

Acenei com a cabeça, meio desconcertado, e saí do escritório. Tratando de sair logo de lá. Fiquei meio desconcertado com ela, só não sei o motivo.

....

 

-Estou indo em casa almoçar e só saio para encontrar você na consulta.

 

POV’S KRISTEN

 

-Ok, eu vou sair daqui as 16h30minh, se não pegar tráfico, chego antes.

 

-KRISTEN!

 

-Vou desligar, Brooks está me chamando de novo.

 

Encerrei a ligação, colocando meu celular na gaveta, pegando a agenda e indo a sala dele.

 

-Confirmou as reservas para hoje á noite?

 

-Sim, as 21h00minh, seis lugares.

 

-E meu smoking?

 

-Já está no seu armário, aqui a chave. –Entreguei a ele.

 

-Segunda-feira começa a seleção do novo designer gráfico, preciso que você acompanhe isso.

 

-Ok!

 

-Preciso que chegue aqui as 07h00minh.

 

-Mas meu horário é as 09h00minh.

 

-É um problema? Se for, posso pedir a outra pessoa para fazer, daí você não será incomodada. –A corriqueira ironia no tom de voz.

 

-Não, eu chego as 07h00minh.

 

-Ótimo! Preciso que você veja as principais notícias do portal e poste no Twitter, você já sabe como é. Certo?

 

-Sim, criar um link curto para dar acesso a notícia, uma frase de destaque e uma foto, se for necessário.

 

-Sempre que a notícia postada tiver uma foto, você posta no Twitter também, entendeu?

 

-Sim, entendi.

 

-Só isso. Vou indo! –Ele levantou, pegando a maleta.

 

-Brooks, quem está cuidando da coluna?

 

-Eu!

 

Ele deu um sorriso que me deu arrepio, de verdade. Isso só me fez pensar de novo que ele só pode ter feito de propósito. E se foi, realmente está querendo me prejudicar?

 

Um trabalho que era promissor se tornou um peso desde que tudo aconteceu. Brooks me pede para fazer muito além do que acho que me cabe. Tudo bem que vim para cá como assistente dele, mas como vou me desenvolver como jornalista se ele nunca me der oportunidade de aprender?

 

-O demônio está sorridente hoje. –A mesa de Renata é de frente para minha agora. - Que foi Kris?

 

-Ele está cuidando da coluna, que era minha.

 

-Miranda deve ter dado a ele porque sabe que o filho da mãe escreve sobre qualquer coisa e com uma rapidez impressionante. Ela pessoalmente não gosta do Brooks, e é mútuo.

 

-Ele é... Difícil.

 

-Você está sendo gentil minha querida.

 

Como sempre, saí correndo para conseguir chegar na hora ao consultório. Eu só entrei e dez segundos a moça chamou meu nome. Zachary, que é extremamente pontual, já estava de cara feia me esperando.

 

-Olha mamãe. –O médico desligou o aparelho de ultrassom, virando para mim. - Chegamos ao oitavo mês e o momento da pergunta: Normal ou cesariana?

 

-Não conversamos sobre isso Drº. –Sentei, recostando a cabeceira da cama.

 

-É você quem decide Kris, a experiência não será minha, não é meu corpo.

 

-Mas eu quero saber sua opinião.

 

-Não me entenda mal. Não estou dizendo que não me interessa, ou algo assim. O que for melhor para você, para o bebê, vou apoiar. Minha opinião? Normal, por causa da recuperação.

 

-Isso, a recuperação do parto normal é muito....natural, mais rápida também. O James está com quase 3 kg, vai ser um bebê fortinho.

 

-Minha mãe teve os três de cesariana. A recuperação do Kenny foi complicada, ainda mais por ser gravidez de risco, ela já tinha 47 anos.

 

-É, realmente é delicado. Olha, temos um próximo encontro daqui a 15 dias.

 

-Verdade, a partir do oitavo mês são duas consultas. Pode ficar sexta, e esse horário, é melhor para mim. Zacky?

 

-Por mim também.

 

-No próximo encontro vocês me dizem o que decidiram ok?

 

Zacky ainda ficou conversando com o médico enquanto me trocava. Acho uma fofura como ele é todo interessado, estava perguntando sobre indução ao parto, e claro, sobre o que esperar nesse terceiro trimestre de gestação.

...

-Zachary, é punk o primeiro mês do bebê em casa.

 

-Você disse bem, em casa, ele e você têm que vim para casa.

 

-A minha mãe vai ajudar.

 

-Que ela venha para cá, vocês não vão para Costa Mesa quando saírem da maternidade, eu não vou abrir mão disso Kris. Não insista!

 

-Zachary, quando eu digo que é punk, é punk mesmo. –Parei na escada, impedindo que ele subisse. –Ele vai bagunçar nossa rotina, nossos horários de sono, tudo vai ser em função do bebê.

 

-Isso faz parte de ter um filho e quando eu me comprometi a assumir minha responsabilidade, foi com tudo. Quando te pedi em casamento, foi com tudo. Você pode me dar um crédito? O que você acha que vai acontecer?

 

-Que isso vai... Te sufocar, te fazer surtar e...

 

-Kristen, você ainda não consegue confiar que estou comprometido com tudo, é isso?

 

Eu não soube o que dizer, o que o irritou mais ainda. Zachary subiu para o quarto e ficou lá a noite toda, nem descendo para jantar. Pedi a Fay que levasse uma bandeja para ele, que se recusou a comer. Quando cheguei ao quarto, já estava dormindo.

...

Karen veio mais cedo que o horário marcado com a cerimonialista e fez a aula de pilates comigo. Zachary só saiu do quarto quando a mulher chegou, e não estava com cara de bom humor.

 

-Obrigada por aceitar essa loucura Jaqueline.

 

-Casamento com menos de um mês? É loucura mesmo, mas a cerimônia como vocês desejam não é muito complexa, então, não será um problema. Só não será barata, pois alguns lugares cobram a mais pelo curto prazo dos pedidos.

 

-Dinheiro não é um problema. –Ele ríspido, como foi a conversa toda. –Sobre o altar, eu sou dono de uma empresa de construção civil, o que não falta é carpinteiro para construí-lo. Até o fim da semana que vem está pronto.

 

-Ótimo! Vamos recapitular então? Dia 08 de Abril, as 16h00minh, em Huntington Beach, festa para 100 convidados. Altar, já tem construa e eu cuido da personalização, rosas brancas e vermelhas, o Buffet é com...

 

Ela foi lendo a checklist e meu foco estava no Zachary, emburrado e já bebendo a essa hora. Pedimos suco de fruta e ele colocou vodca em seu copo.

 

-Eu criei um grupo de WhatsApp, para que as informações cheguem a os três ao mesmo tempo. E madrinhas e padrinhos?

 

-Não fechamos os números ainda. E prefiro deixar que as madrinhas escolham seus vestidos. Zachary?

 

-É, vamos combinar e depois te falamos.

 

-Bem, eu vou indo, mantemos contato.

 

-Eu vou indo também. Brian já deve ter voltado da natação com a Luna, e ela volta morrendo de fome.

 

As duas foram e continuei tomando meu café. E eu achando que o Zacky ia entrar, mas não, ele preferiu ficar me encarando.

 

-Vai ficar com esse humor o dia todo?

 

-Você vai querer discutir de novo? Pelo que? As contas do casamento?

 

-Claro, afinal é meu casamento também. Eu não vou mais comprar o carro por agora.

 

-Você vai usar o dinheiro do carro para pagar o casamento?

 

-Sim Zachary, é o dinheiro que eu tenho.

 

-Kristen, não é necessário, você estava economizando para o carro.

 

-Eu faço questão.

 

-Que fique registrado que sou contra. Se eu não pudesse arcar sozinho, era uma coisa, mas eu posso.

 

-Eu quero!

 

-Ok! Olha, eu só não quero voltar a esse ciclo de ficar brigando por tudo. Tudo bem, você insiste em ajudar nas despesas, ok. Você quer a sua mãe por perto no primeiro mês, ok. Eu nunca fui contra a aceitar ajuda da sua mãe. Só sou contra a você ir para Costa Mesa e eu perder o primeiro mês de vida do meu filho por isso.

 

-Minha intenção não é de que você perca nada.

 

-Por favor, Kris, eu só estou pedindo gentilmente, esqueça isso.

 

-Certo, certo, damos um jeito, ok? Agora chega, não quero mais brigar.

 

-Nem eu! Agora, precisamos falar sobre os padrinhos e madrinhas.

 

...

 

-Obrigado por virem a essa jantar surpresa.

 

-Surpresa mesmo, sua sorte que eu não tinha nada para hoje. –Johnny, como sempre, debochado. –E só vim por que a Kristen pediu.

 

-Obrigada Johnny.

 

O jantar foi para anunciar a data do casamento, e o óbvio, os amigos dele como padrinho, Brian como bestman. Pedi a Karen para ser minha dama de honra, e me ajudar com as madrinhas.

 

-Kris, estou realmente surpresa por você ter me convidado para ser sua madrinha.

 

-Jura Lany? Você é uma das poucas amigas que fiz desde que saí de Costa Mesa. E a única no clube. –Essa parte sussurrei só para ela.

 

-Eu já sabia, eu mereço. –Michelle me abraçou de lado. –Mentira, fiquei surpresa também, mas honrada Kris, muito.

 

-Além de vocês, tem a Zina, irmã do Zachary. Ele não concordou muito, mas acho importante convida-la. O Matthew vai ser padrinho. E ele ainda não sabe, mas o Arin também.

 

-Kris! –Zachary nos chamou pela porta. –O Jantar está na mesa.

 

UMA SEMANA DEPOIS

 

Quase todo dia recebemos mensagem da Jaqueline no grupo, e as coisas têm andado depressa. Zacky foi rápido, e na segunda logo depois de acertamos com ela falou com o carpinteiro, o altar já está pronto. Só falta agora ser pintado e customizado, isso quem vai fazer é a própria Jaqueline. Karen está me ajudando com a lista de convidados, Zacky não tem paciência e ela conhece ele há tempos suficiente para saber quem será necessário convidar.

 

Dick vai “assinar” o cardápio do casamento, ele e o Zachary estão montando o menu de opções do jantar, e eu cuidando do que é doce. Inclusive o bolo, que minha avó quer me dar de presente. Só fico preocupada de não ser trabalho demais para ela, afinal, um bolo de casamento não é igual de aniversário. Mas ela insiste, assim como meus tios e tias que querem contribuir com algo, em nome das duas famílias. Zacky continua achando desnecessário, mas não brigamos por isso.

 

Lany e Michelle ficaram responsáveis pela decoração, e eu preciso mesmo de ajuda. É cadeira de madeira ou de vidro, mesa redonda ou quadrada, flores artificiais ou flores naturais conservadas em refrigeração. É tanta coisa que definitivamente começo a me preocupar de que não dê certo, é pouco tempo.

 

-Kristen, eu te chamei aqui porque ter tirado a coluna da sua responsabilidade não sai da minha cabeça. Você foi imatura, isso faz parte do processo de crescimento profissional.

 

-E eu já aprendi com esse erro Miranda.

 

-Pois então. Você vai continuar trabalhando com o portal, como assistente do Brooks. Mas também como criadora de conteúdo.

 

-Isso é sério Miranda?

 

-Sim, é. Será necessário, no começo pelo menos, que você seja acompanhante de alguém, para ver como a coisa acontece. Vou te deixar com o Blake, e ele inclusive já topou ser seu mentor. O Blake faz as matérias do jornal, você sabe disso, mas vai ajudar.

 

-Ok, ok!

 

-Você vai precisar ir para rua as vezes. E uma coisa, verificar fonte é indispensável, nunca postar nada sem confirmar no mínimo duas fontes sobre o assunto.

 

-Certo!

 

-Blake vai ter procurar quando for à hora, e por enquanto, não comente nada com ninguém daqui. Entendeu?

 

-Sim, claro que sim.  Muito obrigada Miranda!

 

-Não desperdice essa nova oportunidade Kristen, geralmente eu não dou segunda chance.

 

-Sim, não vou desperdiçar.

 

-E sobre a sua licença, já foi ao RH?

 

-A previsão de parto é a partir do meio de abril, pretendo continuar trabalhando até lá.

 

-Parto normal?

 

-Sim, eu quero normal.

 

-Não vai querer recesso para uma lua de mel, curta pelo menos?

 

-Vamos casar no sábado, se eu puder só voltar ao trabalho na quarta, seria ótimo.

 

-Vou conversar com a Catarina, ver se é possível, ela te avisa o que foi decidido.

 

-Muito obrigada Miranda, de verdade. Licença!

 

Mandei mensagem para o Zachary contando a novidade ainda dentro do elevador. Ao sair, dei de cara com o Brooks emburrado, tinha subido sem ele saber.

 

-Achei que tinha tirado uma pausa sem me avisar.

 

-A Miranda pediu para me ver.

 

-Para que?

 

-Falar da minha licença e sobre... Recesso, pelo casamento.

 

-Que seja! Preciso da agenda e itinerário da visita do presidente á França, para ontem.

 

Por falar em itinerário, me lembrei de que não falei com Lany, Michelle e mamãe que vamos amanhã escolher os vestidos. Preciso perguntar a o Zachary a loja que vai comprar os trajes, por que tem o do Kai e Kenny pa...

 

-Kris, está surda? O difícil está te gritando. –Renata balançava a cabeça, rindo. –Esse casamento vai te deixar doida mulher.

 

-Você não viu nada. O quarto do bebê chegou hoje cedo e eu ainda não arranjei quem vai montar. Estou doida já! –Peguei a agenda, indo na sala dele.

...

POV’S ZACHARY

 

O quarto do bebê chegou ontem, e como a Kristen vai passar o dia com coisas do casamento, coube a o papai providenciar sua montagem. A forma que encontrei? Abasteci minha geladeira de cervejas, comida e chamei meus amigos desocupados para vim montar. E a Luna que veio de junto, toda animada.

 

-Você tem que falar tio Z princesa, é mais bonito.

 

-Zebe. –Ela repetiu, me fazendo rir. –Zebe.

 

-Ok, ok, eu aceito Zebe, não sei quem te ensinou isso, mas ok. Johnny, você quer matar meu filho? Essa porra tá folgada, aperta isso.

 

-Você não quer vim montar o berço não?! Oh queridinho.

 

-Água papai, água!

 

-Já entendi mocinha. –Brian carregou a filha. - Vou pegar a água dela, falta parafusar a última porta Zacky.

 

O fraldário foi fácil de montar, o berço diz o Johnny que está armando certo. Brian e Jimmy tiveram um pouco de dificuldade com o guarda-roupa, mas isso porque ele é enorme mesmo.

 

-Legal a ideia da porta dando para o quarto de vocês.

 

-Coloquei hoje cedo. A gente achou melhor ter uma porta ligando os dois quartos do que colocar o berço dele no nosso, depois para desacostumar é complicado.

 

-É verdade! Pronto, terminei o berço. Arrasta para onde?

 

Eu não sei se a Kristen vai gostar de como organizei o quarto, mas fiz mesmo assim. Trazendo as coisas que o bebê já tem, colocando tudo no guarda-roupa.

 

-Agradeço pela ajuda, vocês ganharam o direito de comer.

 

-É um filho da puta mesmo!

 

-JAMES! –Brian gritou. –Essa menina está repetindo tudo que escuta, não faz isso cara.

 

-Ela não ouviu pelo jeito.

 

Johnny tinha levado a Luna para cadeira de amamentação e estava balançando a menina, que se divertia com isso.

 

-Senhor, o almoço já está na mesa.

 

-Obrigado Liam.

 

Descemos para almoçar, já eram quase 14h00minh, nem senti as horas passarem.

 

-Você deixa de ser escroto Zachary, que minha despedida de solteiro foi ótima.

 

-Filho da...-Luna não conseguiu terminar a frase.

 

-Eu não falei James?! É filho da.... Borboleta filha. –Ele carregou a Luna, olhando feio para James. –Xingar em casa agora só soletrando.

 

-Estou vendo que cheguei na hora certa. –Kristen e Karen entraram.

 

-Mamãe, mamãe!

 

-Oi meu amor! Oi gente. –Karen carregou a filha, sentando ao lado do Brian.

 

-Encontrou um vestido? –Abracei Kristen pela cintura.

 

-Não vendem vestido de noiva para baleia na loja.

 

-Ai Kris, sem isso! Ela escolheu um, mas vão ter que ajustar.

 

-Colocar 10 metros de tecido em cada lado para ver se eu vou caber nele.

 

-O vestido é lindo Zachary, ela só está um pouco chateada.

 

-Foi horrível, nunca me sentir tão horrorosa na vida.

 

-Ok, acho melhor você ir descansar um pouco. Já almoçou?

 

-Já! Gente desculpa, eu vou subir. E obrigada pela ajuda com o quarto do bebê, muito obrigada!

 

POV’S KRISTEN

 

Eu realmente fiquei muito frustrada com a prova do vestido. Não consegui entrar nem em três dos que gostei, e o que mais gostei ainda terá que ser reformado para ver se cabe melhor em mim. O dia estava sendo foda! Mas, ao passar pelo corredor e ver a porta do quarto aberta, meu humor mudaria um pouco.

 

-Ah, que lindo!

 

Não só todos os móveis que pedi pela internet estavam montados, como o quarto estava arrumando com o que já temos de decoração, as roupas, alguns brinquedos.

 

-Desculpa se ficou muito ruim, foi o melhor que conseguir. –Ele me abraçou pela barriga.

 

-Está lindo Zachary, obrigada! –Virei, abraçando ele pelo pescoço. –Muito obrigada por estar presente, se envolver em tudo. Eu já ouvi tanto minhas primas reclamando que os maridos se afastaram um pouco delas durante a gravidez, e até depois.

 

-Isso não vai acontecer com a gente. Tudo bem que sexo está suspenso por um tempo, mas eu sobrevivo. –Ele beijou meu nariz, me fazendo sorrir. - Você gostou mesmo?

 

-Claro, eu amei. –Fomos para perto do berço. –Logo nosso filhote vai estar deitadinho aqui. Não vejo a hora.

 

-Eu também Kris, eu também.