História Poção do Amor - Quando uma resolução é feita

KyuHyun acabou se convidando para ficar na casa de DongHae o resto do fim de semana, o que fez com que o mais velho ficasse meio rabugento. Eles ainda não eram amigos e KyuHyun continuava sendo irritante, mas ainda assim Hae apreciou a companhia. Mas ele nunca deixaria o Cho saber disso.

Depois de dois dias irritantes, onde KyuHyun ganhou de DongHae no PS4 vinte vezes seguidas e várias piadas sobre um certo urso, finalmente chegou a hora de Kyu voltar para a escola.

-Você ainda não me contou qual foi a sua decisão – KyuHyun lembrou Hae – Você vai ou não voltar para a escola?

-Decidir que é melhor voltar para a escola, porém ficarei até que descubram um jeito de acabar com a magia das trevas. Caso não consigam, vou embora.

-E para onde você vai?

-Eu mesmo irei encontrar um jeito de sumir com essa magia.

-Duvido que consiga – KyuHyun falou em voz baixa.

-O que você disse? – DongHae perguntou desconfiado.

-Nada não – o mais novo sorriu inocentemente – Você tomou a melhor decisão. Tenho certeza de que deve ter um jeito de separar a sua magia.

-Espero que sim.

-É melhor irmos agora. Se não, vamos chegar atrasados na primeira aula.

Assim que colocou os pés na escola, DongHae se arrependeu de ter voltado. Para começar, ele ficou sabendo que o diretor espalhou pela escola que ele se ausentou devido a uma crise de diarreia de origem desconhecida. O resultado foi as pessoas olharem para ele com um misto de pena e divertimento. Depois, algum fofoqueiro (RyeoWook) fez o favor de espalhar que KyuHyun e ele chegaram juntos, o que fez com que a pessoa que ele mais queria conversar, mal lhe olhasse.

Sinceramente, DongHae não conseguia entender as pessoas.

A única coisa boa foi que, aparentemente, ninguém ficou sabendo o que havia acontecido naquela fatídica noite. DongHae tinha medo que as pessoas lhe rejeitassem ainda mais.

Depois da primeira aula, ele correu atrás de SungMin. Seu plano era conversar primeiro com o amigo e, finalmente, com HyukJae.

Após rodar praticamente a escola inteira, DongHae encontrou SungMin sentado em um banco no jardim, perdido em pensamentos.

-Oi – DongHae falou, hesitante, quando chegou perto.

-Finalmente se lembrou que eu existo? – SungMin perguntou friamente – Tem ideia de quantas mensagens eu mandei essa semana?

-Me desculpe – Hae murmurou e sentou ao lado de SungMin no banco – Eu não queria falar com ninguém.

-Eu sou seu melhor amigo.

-Eu sei, me desculpe.

-Você simplesmente sumiu. O que diabos aconteceu com você? E não me diga que estava com diarreia por que eu não vou acreditar.

-Eu fui suspenso.

-O que? Como assim suspenso?

DongHae contou tudo o que havia acontecido. Obviamente ele deixou de lado a verdade que lhe foi revelada pelo diretor naquela noite.

-Então foi você.

-Eu o que?

-Acho que todos na escola sentiram algo naquela noite. Pelo menos RyeoWook e eu sentimos. Foi uma coisa muito estranha.

-Estranha como? – DongHae perguntou rapidamente, mas temendo a resposta.

-Foi uma sensação estranha, não sei explicar. Mas, de onde esses poderes surgiram?

-E-eu não sei – Hae gaguejou, nervoso – Acho que foi coisa do momento.

-Bem, eu sei que crianças bruxas, antes de entrarem na escola, tem surtos de magia. Mas nunca ouvi falar que isso acontecesse com adolescentes na Academia – SungMin falou pensativamente -Porém, você nunca foi muito normal.

-Obrigado – Hae resmungou ironicamente e Min riu.

-E HyukJae? – ele perguntou depois de algum tempo – Sério mesmo que você não percebeu que era uma armação?

-O que? Você sabia o tempo todo e nem me avisou? Que espécie de amigo você é?

-A vida não teria graça se tudo fosse bem explicado. Eu queria que você percebesse sozinho, por isso dei todas as dicas quando falei sobre poções do amor.

DongHae sentiu sua cabeça doer. Por que sua vida era tão complicada?

-Então você sabia que ele gostava de mim?

-Sim - SungMin acenou com a cabeça - Percebi isso quando ele surtou, no primeiro dia de aula, ao saber que nós seríamos companheiros de quarto.

Hae havia esquecido esse acontecimento. No primeiro dia de aula, quando os quartos foram distribuídos, DongHae inicialmente ficou triste ao saber que não iria dividir o quarto com HyukJae. Mas, quando conheceu SungMin, sua opinião mudou por que Min não era o idiota que DongHae pensava. Foi assim que os dois se tornaram grandes amigos. Porém, um acidente no segundo ano, envolvendo SungMin, uma professora idosa e, estranhamente um gato de chifres, fez com que SungMin fosse suspenso e HyukJae se tornasse seu companheiro de quarto. DongHae nunca soube como isso aconteceu.

-Você poderia ter me avisado - DongHae resmungou emburrado.

-Eu não ia ajudar o imbecil que quase fez com que eu fosse expulso - SungMin falou com raiva - Sei muito bem que foi HyukJae que enfeitiçou aquele gato para perseguir a professora. Pra completar o inútil colocou a culpa em mim.

-Ok. Isso foi terrível, mas eu tinha o direito de saber - Hae suspirou.

-Eu esperava que você mesmo percebesse.

-Você sempre fala que eu sou lento.

-E agora você sabe o motivo - o mais velho sorriu ironicamente. 

DongHae achou melhor não responder. Ele não queria admitir que SungMin sempre esteve certo.

Depois de alguns minutos em silêncio, SungMin resolveu quebrá-lo.

-E o que você vai fazer a respeito do HyukJae?

-E-Eu não sei - Hae sentiu seu rosto esquentar - É uma situação estranha.

-Só é estranha pra você - o mais velho suspirou e seu olhar se perdeu na floresta ao longe - Existem coisas ainda mais estranhas por aí.

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DongHae voltou para o seu quarto tarde da noite, já passando do toque de recolher. Ele havia se escondido na biblioteca para pensar, porém, quanto mais ele pensava, mais confuso ele ficava. Por fim ele desistiu de pensar e acabou caindo no sono, encostado em uma estante. Quando acordou, horas depois, seu corpo inteiro doía. 

Antes de entrar no quarto Hae respirou profundamente, tentando controlar o martelar de seu coração. Ele sabia que precisava conversar com HyukJae e esclarecer as coisas, mas ele não tinha ideia de como começar.

Hae abriu a porta do quarto e, para seu alívio e decepção, HyukJae já estava dormindo.

Porém, assim que ele entrou e fechou a porta, HyukJae abriu os olhos e sentou na cama.

-Onde você estava? - ele perguntou em um tom acusatório.

-N-na biblioteca estudando.

-Me conta outra - Hyuk pulou da cama e andou até onde Hae estava pregado no chão, parando a poucos centímetros dele - Você estava com KyuHyun?

-Por que eu estaria com KyuHyun? - o menor perguntou confuso.

-Ele estava na sua casa nesse fim de semana. Estou errado? 

-Sobre isso...

-Você tem ideia do quanto eu me preocupei com você? – HyukJae se afastou e voltou a se sentar na cama – Eu pensei que você tinha sido expulso. Você simplesmente sumiu! Nem apareceu na enfermaria para ver se eu estava vivo ou morto.

-Como você queria que eu te encarasse depois que eu fiz? Eu quase matei você!

-Mas não matou. E eu mereci o que aconteceu.

-O que? – DongHae perguntou surpreso e Hyuk o encarou.

-Eu não deveria ter fingido. Foi uma tremenda estupidez e só fiz por que queria ficar ao seu lado outra vez. Mesmo que fosse por semana apenas – o mais velho suspirou tristemente – Eu tentei falar a verdade várias vezes. Escrevi tudo em uma daquelas cartas que eu enviei, mas você nem se deu ao trabalho de lê-las. Também tentei falar depois que nós nos beijamos, mas você fugiu. E, novamente, quando tentei explicar naquela mesma noite, você ouviu tudo e surtou.

-Por que você tem que complicar tanto as coisas? – Hae se jogou em sua própria cama, sentindo seus músculos reclamarem pelas horas na biblioteca – Por que você não falou comigo diretamente ao invés de recorrer a esses truques idiotas?

-Eu queria, mas você estava sempre com aquele ser desprezível do lado. Pensei que vocês fossem namorados. Inclusive toda a escola suspeitava de vocês.

-SungMin é apenas um bom amigo.

-Eu sei disso agora – HyukJae murmurou e, para a surpresa de DongHae, se ajoelhou perto dele e segurou sua mão – Eu confesso que fui um completo idiota todo esse tempo e me arrependo de tudo o que eu falei todos esses anos. Eu estava com raiva, com ciúmes e me sentia trocado. Sei muito bem que você não tem motivos para me perdoar, mas eu quero que você saiba que o que eu sinto por você é real.

-Eu também falei coisas horríveis para você. E ataquei você mesmo sem querer – Hae estremeceu com a lembrança – Eu me senti horrível quando me dei conta do que eu havia feito.

-Não foi culpa sua – Hyuk tocou o rosto do mais novo suavemente com as pontas dos dedos – DongHae, preciso que você me diga o que você realmente sente por mim. Me diga apenas isso e. dependendo do que você disser, eu prometo que nunca mais irei perturbá-lo.

DongHae engoliu em seco com a intensidade do olhar do outro. O que ele realmente sentia por HyukJae? A resposta era simples e Hae já havia se conformado com ela. O problema era o medo sufocante de machucar Hyuk novamente. Mas Hae teria forças para tirá-lo da sua vida apenas para protege-lo?

HyukJae estava ficando ligeiramente desesperado com a falta de resposta de DongHae. Na verdade, o menor parecia que havia sido atingido por um feitiço de paralisia. Quando ele abriu a boca para falar alguma coisa, DongHae foi mais rápido.

-Desculpe, mas eu realmente não sinto nada por você.

-Eu não acredito em você.

-Ótimo. Não acredite – DongHae empurrou Hyuk e sentou do outro lado da cama.

-Eu sei o que você está pensando – HyukJae suspirou – Sei quem você é na verdade e nada disso me importa.

DongHae congelou. Seria possível que HyukJae descobriu seu segredo tão facilmente?

-Eu não sei do que você está falando – o mais novo sussurrou.

-Eu ouvi a conversa do diretor com KyuHyun quando eles pensaram que eu estava desmaiado – HyukJae contou como se não fosse nada – Eu sei que você tem os poderes do Bruxo Supremo, mas eu não me importo. Você continua sendo o mesmo Lee DongHae por quem eu me apaixonei.

-Como assim não importa? – DongHae gritou – Eu quase matei você e teria matado KyuHyun se ele não distraísse falando coisas estranhas. Eu não sei se eu consigo me controlar.

-Você viveu dezessete anos sem se dar conta desses poderes, por que está surtando com isso só agora?

-Antes eu não tinha motivos para ter tanta raiva – DongHae resmungou.

-E a culpa foi toda minha. Se eu fosse mais corajoso e conversasse direito com você, nada disso teria acontecido.

-Não é hora de apontar culpados – o mais novo suspirou – O temos que fazer é garantir que isso nunca mais aconteça.

-Sim. Eu concordo.

-HyukJae – DongHae falou, escolhendo suas palavras com cuidado – Eu acho que é melhor para nós sermos apenas amigos.

-O que?

-Aqueles poderes podem aparecer a qualquer momento e, caso você fique muito próximo, pode se machucar novamente e eu não saberia como lidar com isso.

-Você tem medo de me machucar?

-Claro que sim!

-E você não acha que falando que quer apenas ser meu amigo não está me machucando?

-E-eu...

-Eu não quero apenas ser seu amigo. Não depois do jeito que você me beijou naquele dia – HyukJae falou, ferozmente – Eu quero ser muito mais que um mero amigo. Quero ser aquele por quem você se apaixona totalmente. Quero ser aquele que você aceita, por inteiro em sua vida e em sua cama. Quero ser aquele que memoriza cada pedaço de seu corpo – Hyuk levantou do chão e sentou ao lado de Hae na cama – Quero saber onde tocá-lo e quando tocá-lo.

HyukJae diminuiu a distância entre os dois e depositou um beijo simples nos lábios de DongHae, que estava congelado no mesmo lugar.

-Quero ser aquele que ganha todos os seus sorrisos. Quero ser o único para você. DongHae, eu estou tão, tão desesperadamente apaixonado por você.

DongHae ficou completamente sem palavras. Nunca alguém havia dito coisas tão... intensas para ele. Aquilo sim parecia com o efeito de uma poção do amor.

Apesar de Hyuk afirmar não se importar com seus poderes, Hae ainda temia perder o controle. Por outro lado, DongHae não queria que um bruxo morto a séculos lhe impedisse de viver.

Novamente, Hyuk estava ficando agoniado com a falta de resposta do mais novo. Ele tinha certeza de que Hae tinha sentimentos por ele, mas HyukJae nunca iria forçar o outro a fazer algo que ele não quisesse. DongHae já tinha muito estresse em sua vida.

Hyuk estava a um passo de desistir e abriu a boca para fala isso, quando DongHae foi mais rápido e o puxou pela gola da camisa para que seus lábios se encontrassem.

De início, HyukJae ficou congelado pela surpresa, mas logo ele se recuperou e retribuiu o beijo. Os braços de Hae o envolveram pelo pescoço e ele segurou a cintura do menor com força.

DongHae ainda estava confuso e ainda tinha medo, mas talvez HyukJae fosse aquele que o salvaria de si mesmo. Pelo menos era nisso que Hae acreditava.

~~Fim da parte 1~~