História Poderes - Alucinações

Continuei meu caminho. Finalmente consegui achar o corredor que levava até a passagem secreta. Antes que eu pudesse entrar na sala ouvi uma voz atrás de mim.

- Espera! Rosa, o que está fazendo aqui? – Me virei e me deparei com a Suellen. – Está perdida?

- Rosa? – Perguntei confusa, só então percebi que ela achava que esse era o meu nome. Acabei revirando os olhos. – Meu nome é Jasmim, estava dando uma volta.

- Você estava com o Leonardo? – Ela perguntou com a cara séria. – Sei o que está tentando fazer. – Ela disse antes que eu pudesse responder. – Fique longe dele, isso é um aviso. – Ela disse dando um peteleco na minha testa, acabei batendo em sua mão por reflexo.

- O que pensa que está fazendo? Não quero nada com o seu namorado!

- Acho bom, não vai querer ser minha inimiga. – Ela disse com um sorriso nos lábios. – Sabe que sou poderosa, e não estou falando apenas de fama. – Ela disse tocando na minha testa, nesse momento tudo ficou escuro, achei que havia desmaiado de novo, mas conseguia ouvi-la rir, tentei manter a calma. Ela havia tirado a minha visão, como ela pode ter feito isso?

- Me faça voltar ao normal. – tentei dizer calmamente, mas minha voz estava trêmula. Não podia evitar de ficar com medo. – por favor! – Não conseguir enxergar era a pior sensação pela qual eu já havia passado, comecei a sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

- Que bebezona. – Ela disse e minha visão voltou. – Você é tão fraca. – Ela disse sorrindo. – sinta-se avisada. – Me sentei um pouco no chão pra poder me acalmar, o susto me fez perder o ar, adoraria ter uma das minhas bombinhas comigo.

Após alguns minutos, entrei na sala determinada a ir embora. Entretanto, quando abri a passagem, tudo que havia ali dentro era escuridão, eu não suportaria voltar para o escuro, eu não estava com nenhuma espécie de lanterna ou algo que pudesse clarear o caminho desejei com todas as forças que o John estivesse aqui.

De todos os medos que me atormentavam, o pior deles era a escuridão, eu não suportaria passar por isso. Fechei a porta da passagem e voltei para o meu quarto, determinada a encontrar alguma coisa que pudesse clarear o caminho no dia seguinte.

No dia seguinte, eu estava pronta para ir a sala de aula, para a aula de alucinações, quando encontrei com a Rafa, o Diego, o Leonardo e a Suellen conversando na frete da porta da sala de aula. Se houvesse qualquer outro caminho de entrada na sala eu o optaria.

- Jasmim? – O Leonardo disse o meu nome surpreso ao me ver. Não entendi o porquê da surpresa.

- bom dia – eu disse sem ânimo e entrei na sala.

Me sentei em uma cadeira vazia ao lado de um garoto gordinho que eu nunca havia visto antes, estava evitando ficar perto dos meus “novos amigos”.

- Bom dia, eu sou o professor Khalil Schoemberger, serei seu professor de alucinações nesse primeiro ano letivo. – Um homem de cabelos ruivos e porte atlético disse na frente da sala, não custou muito a perceber que a maioria das garotas prestou mais atenção na aula. O professor Schoemberger gostava muito de dar demostrações a seus alunos, fiquei feliz de não estar sentada a frente da sala. Ele explicou teoricamente tudo o que uma boa alucinação poderia fazer, sua performance era quase como um show de teatro, ele levava muito a sério. Por um segundo, tive a vontade de participar da aula e tentar fazer alguma daquelas alucinações junto com os outros alunos, até que me dei por mim e percebi que jamais seria capaz de fazer uma daquelas coisas. O desânimo me dominou a partir daí, só então percebi que era a pessoa mais desmotivada da sala, quero dizer, a segunda. A primeira era o meu colega de banca, que estava dormindo profundamente ao meu lado.

Depois da aula todos estavam ainda extremamente excitados, todos comprementavam o professor antes de sair. Quando estava preste a me retirar, ouvi uma voz me chamando.

- Senhorita? – o professor me chamou, fui envergonhada até a sua mesa.

- Sim, senhor?

- não precisa ser tão formal, pode me chamar de professor Schoemberger. Percebi que não está tão animada com a aula.

- Professor, receio que não saiba quem eu sou... – eu disse olhando para o chão

- Sei quem você é, você é a menina da segunda divisão, jasmim?

- isso. Dessa forma, imagino que entenda que não possa fazer nenhuma das alucinações...

- deixe disso, o conhecimento é muito mais importante que a prática. Tenha noção de todas as coisas que existem no mundo, mesmo que não possa alcança-las. Hora, anime-se!

- Obrigada, professor Schoemberger. – Eu disse começando a me retirar.

- Espere... Não diga isso a ninguém – ele disse começando a falar baixinho. – Eu sempre tive muito interesse sobre o estilo de vida na segunda divisão, como as pessoas agem e suas habilidades. Estaria interessada em tomar uma xícara de café em meus aposentos as seis? – ele disse olhando em meus olhos, não pude deixar de achar isso estranho. – Não se preocupe, pode chamar um amigo que esteja a par de sua situação, se isso lhe deixa mais à-vontade.

- Não sei o que dizer. – eu disse sem fala

- então nos vemos as seis.- ele disse apertando minha mão e se retirando.

 Esse lugar estava ficando a cada dia mais estranho.