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História O Poderoso Schunemann - A volta do poderoso


Escrita por: Dreams_Giardini

Notas do Autor


Oiiee voltei, desculpe a demora.

Boa leitura 💕

Capítulo 26 - A volta do poderoso


Narrado por Diego

Eu não acreditava em tudo o que estava acontecendo. Esse mundo estava mesmo de cabeça virada. Onde é que o doido do meu irmão foi se meter? Que mulher maluca era essa? E pior... que bando de bundões nós somos? Ela mandava e desmandava e nós simplesmente obedecíamos. Ah... meu pai... Cameron ia comer meu fígado. Podia dar adeus à minha vida.

O engraçado era que a diaba levava mesmo jeito pra coisa. Era brava, topetuda... e forte. Mas meu cérebro ainda não conseguia processar aquela cena. O vagabundo do Chris amarrado à cama naquele quarto mal iluminado, cercado por três seguranças. E ao seu lado... a toda poderosa Laura. Com uma toalha molhada nas mãos e batendo sem dó no próprio irmão.

Nem tinha como fingir. Ela estava vingando meu irmão. Vingando o seu homem. Fiquei um bom tempo olhando aquela criatura minúscula que logo após aquela tragédia se mostrou gigante. Cameron ficaria furioso... mas ao mesmo tempo orgulhoso. Ele gostava de mulheres fortes, ousadas. Não era a toa que estava apaixonado por Laura. E nem adiantava negar.

— Laura.... sou seu irmão.

— Cala a boca. – Desceu a toalha em suas pernas com uma força inacreditável, fazendo Chris berrar. — Vou fazer você rezar, Chris. E implorar pela volta do Cameron. – Eu segurei um riso.

Se os seguranças, que nem apanhavam, já sonhavam com a volta dele... nem queria imaginar o Christian. Mas resolvi intervir, afinal ela estava grávida.

— Laura... por favor, os bebês. Já chega. – Graças ao céus, ultimamente ela vinha se cuidando mais. E me ouviu mais uma vez.

— Chega porra nenhuma.

— Epa... – Entregou a toalha a um dos seguranças.

— Você... termine o serviço. – E quase cai pra trás quando ela parou já prestes a sair. — Ah... e não se esqueça. Ele é um estuprador. Já sabem o que devem fazer.

— NÃO... LAURA... POR FAVOR. – Não havia um único traço de emoção em seu rosto quando olhou para o irmão. Senti pena dele. Cameron precisava voltar logo, ou não iria sobrar Chris nem para os urubus.

— Vamos, Laura. Ou iremos perder o horário de visitas.

Ultimamente eu ia com Laura sempre que ia visitar Cameron. Ela voltava sempre tão arrasada que achei melhor acompanhá-la sempre.

— De jeito nenhum. Chegaremos a tempo. Dei um jeitinho de conseguir estender um pouco nossas visitas. – Revirei meus olhos. Claro... por que não imaginei isso?

Assim que entramos no quarto de Cameron eu me sentei em um canto, deixando Laura um pouco mais à vontade. Mas era impossível não ouvir seu choro. A poderosa cedeu lugar à mulher apaixonada.

— Meu amor... onde você está, heim? Está fazendo tanta falta, Cameron. Quando irá voltar pra mim? Pra nós. – Suspirou profundamente e depois me chamou. — Diego?

— Sim?

— Acha que ele pode me ouvir?

— Sinceramente? Não sei. – Ela suspirou novamente, as mãos sobre as dele.

Era uma cena triste de se ver. Vendo Cameron assim... tão imóvel, eu me perguntava se ele realmente voltaria um dia.

— Está na hora de irmos, Laura.

— Estou indo, Cameron. Eu volto amanhã, meu amor. – Beijou seu rosto e falou um pouco mais baixo. — Christian eu já peguei, Cameron. E agora eu irei atrás de Dom Mattie. Irei acabar com um por um. Todos que ousaram machucar você. Eu amo você.

Segurei a porta para que ela passasse e nos afastamos. Raul já tinha ido pra casa então não nos demoramos no hospital.

— Vê se descansa um pouco agora, Laura. Isso tudo não faz bem a você e nem aos bebês.

— Você está certo, Diego. Farei isso. – Voltamos pra casa e Alice subiu com Laura.

Resolvi ir ver como Chris estava, mas o toque do meu celular me impediu. Atendi sem ao menos olhar o visor.

— Diego Schunemann falando.

— Diego? É o Raul.

Comecei a rezar... só podia ser alguma coisa com o Cameron.

— Algum problema?

— Venha até o hospital... e sozinho. – Ah... meu Deus... meu Deus. E agora? Como eu diria a Laura?

Praticamente voei ate o hospital e quase atropelei Raul que saía do quarto de Cameron.

— O que aconteceu?

— Diego.... eu nem sei o que dizer.

— Ele... ele morreu?

— Venha ver você mesmo.

Entrei no quarto e quase cai para trás ao ver Cameron recostado na cama... e de olhos bem abertos. E devo acrescentar esses olhos me encaravam com fúria. Olhei para Raul, assombrado.

— Esse homem é um demônio, Diego. Nunca vi um caso assim. Ele acordou sem que diminuíssemos a quantidade de medicamentos que estávamos administrando.

Aproximei-me da cama, mas antes que chegasse muito perto, Cameron sibilou.

— Você ficou maluco? Perdeu o amor à vida? Era sua obrigação cuidar da Laura. – Engoli em seco. Merda. Ele ouviu tudo o que Laura disse.

— Mano... cara... você ta bem?

— Conte-me tudo. O que aquela maluca fez?

Eu nem ousei esconder qualquer coisa. Já estava ferrada mesmo. Na medida em que ia falando os olhos de Cameron se arregalavam e seu rosto ficava ainda mais pálido.

— Deus... eu vou matar a Laura. E os bebês?

— Estão ótimos. – Raul se aproximou de nós.

— Preciso fazer alguns exames nele, Diego.

— Tudo bem.

— Diego? Traga a Laura. – Assenti, mas antes que eu saísse a voz de Raul me fez parar.

— Diego? Conte a ela. É melhor que ver logo que chegar aqui. A emoção...

— Sim, sim... eu sei. – Novamente disparei pelas ruas da cidade até a casa de Cameron. Subi correndo até o quarto e bati à porta.

— Laura?

— Entre, Diego.

Ela provavelmente notou algo estranho em meu rosto. Sentou-se imediatamente na cama, as mãos no peito.

— Cameron... – Corri até ela.

— Calma... calma. Está tudo bem... sua maluca.

— Por que está falando isso?

— Sabe o que você fez? – Ela engoliu em seco, negando. — Foi falar aquele monte de coisa lá no hospital... – Sorri. — Acabou acordando a fera.

Parecia que um dilúvio desaguava dos olhos dela.

— Não brinque comigo.

— É a verdade, Laura. Cameron acordou e está chamando você. – Laura me abraçou com força, aos prantos, soluçando alto.

— Cameron... meu Cameron. – Sorri e peguei-a pela mão.

Eu sabia que Laura era apaixonada por Cameron. Só não imaginei que ela fez dele, a sua própria vida.

Narrado por Laura

Meu dia tinha sido atribulado. Mas eu precisava extravasar toda minha raiva, todo meu ódio pelo meu irmão. Ele iria sofrer... e sofrer muito. Eu o faria desejar estar nas mãos de Cameron. Ele com certeza o mataria rapidamente. Mas eu não. Eu queria ver o sofrimento dele. O mesmo sofrimento que ele imputou à garota que estuprou e matou, e a Alice. O mesmo que imputou a Cameron e a mim.

Entretanto Diego estava certo. Eu precisava descansar. Foi muita coisa para um dia só. Meus bebês tinham que estar bem. Eu precisava controlar minhas emoções.

Mas como controlá-las agora, se meu coração parecia pertencer a uma bateria de escola de samba?

Eu não conseguia acreditar no que a Diego me dizia. Cameron... meu Cameron... meu Todo Poderoso, meu marido, amor da minha vida estava de volta. E queria me ver.

Eu chorava feito um bebezinho nos braços da Diego. Não sei se meu coração suportaria tamanha emoção. Minhas pernas tremiam ao me levantar.

— Espere, Diego. Preciso me arrumar. – Ele riu e saiu do quarto.

Troquei-me rapidamente e passei uma maquiagem leve. Coloquei um vestido azul de alças finas e sai com a Diego. Alice tinha ido até a casa da Sofia com Vinícius. Pra mim já estavam planejando o casamento. Diego serviu de apoio durante todo o caminho. Eu não conseguiria sozinha.

Assim que paramos à porta do quarto eu tremia tanto que sentia até meus dentes baterem.

— Hey... – Diego segurou meu rosto. — Calma... ele está perfeito.

— Vai entrar comigo?

— Não, Laur... esse é o momento de vocês. – Diego apenas conferiu se havia mais alguém no quarto e fez sinal para que eu entrasse.

Assim que ultrapassei a barreira da porta, meus joelhos fraquejaram novamente. A porta fechou-se silenciosamente atrás de mim.

Um soluço me escapou ao ver Cameron recostado na cama, os olhos fixos em mim. E... ele estava bravo. Merda... ele já sabia de tudo.

Fui andando devagar, mordendo meus lábios. Quando estava mais próxima, minha emoção era tanta que levei minhas unhas à boca. Cameron apenas me olhava ainda com raiva.

— Cameron... – Foi apenas um sussurro.

De repente, do nada... sua expressão suavizou-se.

— Ah... merda... venha aqui. – Aproximei-me um pouco mais da cama.

Com o braço que estava livre dos aparelhos Cameron enlaçou minha cintura e puxou-me para junto dele. Imediatamente sua boca buscou a minha num beijo cheio de amor e saudade. Deslizei minhas mãos pelos seus cabelos e mesmo beijando-o loucamente, não conseguia segurar minhas lágrimas.

— Ah... Cameron... meu Cameron. – Deslizei minhas mãos pelo seu rosto como se quisesse gravar cada pedaço do homem perfeito à minha frente.

Sua voz soou ainda mais rouca aos meus ouvidos.

— Senti tanta falta disso. Acho que minha memória não é muito boa. – Limpei minhas lágrimas com as costas das mãos.

— Por que diz isso?

— Porque eu não me lembrava do quanto você é linda. – Eu ri, chorando novamente.

— Nunca... nunca mais faça isso comigo.

Puxou-me novamente deitando minha cabeça em seu peito. Senti seu coração disparado, a respiração acelerada.

— Você está bem? – Ergui minha cabeça encontrando seu olhar penetrante.

— Agora posso dizer que sim.

— E os bebês?

— Estão perfeitos. – Seu olhar estreitou-se um pouco e suas narinas inflaram.

— Por sorte, não é? – Afastei-me um pouco, sentando-me à beira da cama.

— Cameron... – Ele passou a mão pelo rosto.

— Laura... eu juro que só não vou te dar umas boas palmadas pura e simplesmente por causa dos bebês. Onde já se viu? Você ficou maluca?

— Cameron...

— E o pior de tudo é que meus irmãos são um bando de frouxos. Como deixaram você aprontar tanto em minha ausência? Laura... Laura... o que eu faço com você?

— Me ame, Cameron. Apenas isso... me ame.

Novamente seu braço enlaçou minha cintura. Colou sua testa na minha, mas nossos olhos estavam conectados.

Você não tem noção do quanto eu te amo, Laura. – Fechei meus olhos tentando absorver aquelas palavras.

Da primeira vez em que ele disse estava tão transtornado de dor que cheguei a pensar que ele não estava racionalizando muito bem. Mas vendo-o hoje, parecendo relativamente bem, eu podia apreciar aquelas palavras.

— Repita isso, por favor...

Eu amo você, Laura. E não é a primeira vez que digo isso.

— Eu sei. Mas aquele dia... soou como uma despedida e eu... – Solucei alto e nova cascata de lágrimas já transbordava. Eu odiava ser tão fraca, às vezes.

— Laura... sei que demorei a dizer isso. E aquele não era o momento. Mas eu tive medo sim, de morrer e você jamais ouvir de minha boca.

— Às vezes é bom ouvir isso. Mesmo que você já tenha demonstrado de outras formas.

— Eu sei. Só não queria parecer tão frágil. O amor nos deixa fracos, vulneráveis, Laura. E eu não posso ser assim. Principalmente porque eu já sou completamente fraco quando se trata de você. Eu sempre estive em suas mãos, você que é maluquinha demais pra perceber isso.

— Não faça isso comigo. – Levei minha mão ao peito e ele riu.

— Por quê? Vai me dizer que é frágil e sensível agora? Não é o que ouvi. Sei que meus homens estão loucos para que eu volte. O que andou aprontando, hã?

— N... nada.

— Laura...

— Verdade. Só coloquei... ordem. Eles estavam muito folgados, Cameron. Faço a inspeção neles todos os dias. – Ele suspirou pesadamente.

— E fica perambulando no meio daquele monte de homens? – Ele falou, indignado.

— Alguém tinha que tomar a frente, Cameron.

— Que fosse o Diego ou o Vinícius, porra. Ou meu pai. Não você. Pelo menos tem se vestido decentemente?

— Eu sempre me visto decentemente, Cameron.

— Ah... claro. Lembro-me perfeitamente do vestido e do biquíni. Aliás... não anda usando aquela piscina não é? – Eu ri disfarçadamente.

— Não.

— Laura, falando sério. Que loucura foi essa? Você não pensou nos bebês ao ir atrás do Christian? Que merda... você poderia... estar morta agora.

— Eu precisava... me vingar. De tudo o que ele me fez passar.

— Eu não gostei disso. Você foi no mínimo irresponsável.

— Eu sei. Mas ele tinha que pagar. E está pagando.

— Diego me disse certas coisas. – Sorri largamente, sem me conter.

— Eu bati nele, Cameron. Bati... bati... bati... – Ele ficou um tempo me encarando. Um longo tempo.

Mordi meus lábios, apreensiva, esperando a fúria explodir. Mas ela não veio. Sua mão tocou meu rosto com carinho.

— Eu sempre soube que você era poderosa. Não foi por acaso que me apaixonei. Tenho orgulho em tê-la como minha esposa. – A felicidade, orgulho e sei lá mais o que explodiram em mim.

Abracei-o com força, louca de amor, de saudades dele. Mas logo me afastei. Ele ainda deveria sentir dor.

— Desculpe, Cameron. Sei que deve estar dolorido.

— Estou. Mas essa dor é infinitamente menor se comparada à dor que senti quando pensei que nunca mais veria você.

— Ah... meu Deus... vai me matar desse jeito.

— Eu penso sinceramente em te matar de várias formas. Uma delas já passou... afinal não quero ficar viúvo. O jeito será castigar você.

Aquele homem era incrível. Eu sabia que ele ainda estava fraco. Mas ainda emanava força e poder. Principalmente o poder das palavras. Porque bastou dizer isso, e da forma como disse, para meu corpo inteiro ser dominado pelas chamas.

— Cameron... – Agarrei-me a ele novamente, esquecendo-me do lugar, da sua dor, e me entreguei ao seu beijo voraz.

 Sua mão apertava a carne da minha coxa, erguendo um pouco meu vestido. Ele gemeu ao tocar minha calcinha e sentir meu sexo pulsando em seus dedos.

Uma batida na porta me fez afastar rapidamente. Seus olhos estavam escuros, em brasas, quase me engolindo.

— Merda. – A porta se abriu e uma enfermeira alta e loira entrou no quarto.

— Com licença, senhor Schunemann. Precisamos verificar sua pressão agora. – Ele resmungou qualquer coisa que não entendi.

Entretanto eu estava ligada na enfermeira com um decote pronunciado que se curvava diante de Cameron.

Peguei uma almofada e coloquei, por acaso, sobre o colo dele. Sabia como deveria estar a situação lá e não ia permitir que aquela mulher pensasse que era por causa dos seus seios enormes que quase pulavam para fora.

Cruzei meus braços sobre o peito ao ver Cameron olhar fixamente para o decote da mulher. Uma fúria tão grande me subiu e mesmo sabendo do seu estado, minha vontade foi de estapear a cara de Cameron. E a piranha estava fazendo de propósito. Já tinha aferido a pressão duas vezes e quando ia para a terceira, eu impedi.

— Chega. Ou você é tão incompetente que precisa do dia inteiro para aferir essa merda dessa pressão?

— Senhora, eu estou fazendo meu trabalho.

— Acho que está no lugar errado, então. Uma boate ou um puteiro seriam mais adequados às suas atitudes. – Ela ficou vermelha e abriu a boca, mas eu falei antes dela. — Agora saia daqui. E pode chamar outra para seu lugar. Ou as coisas ficarão feias por aqui. – Ela saiu com o rabo entre as pernas. Olhei para Cameron com ódio e ele sorria. — Cameron... não faça isso comigo. Se o Chris não conseguiu, eu consigo. Posso te matar com minhas próprias mãos.

— Eu tinha que ver isso. – Com um único puxão, meu corpo foi para cima do dele, fazendo-o gemer de dor. Mesmo assim manteve seu braço em volta da minha cintura. — Precisava ver minha poderosa em ação. Estava louco de saudade desse seu jeito. Gosto de você meio dengosa, quase frágil. Mas amo você assim... atrevida. – Estreitei meu olhos.

— Fez de propósito?

— Já te falei que mulher nenhuma é páreo pra você, Laura. É única... e é minha.

Quase não esperei que ele terminasse de falar e invadi sua boca, minha língua buscando urgentemente pela dele. Desci minha mão e senti seu pau latejando sob o lençol que cobria seu corpo. Uma coisa era certa. Ou Cameron voltava logo para casa ou a falta de sexo com ele ia subir para meu cérebro e eu iria parar de funcionar de vez.

— Desculpe interromper o momento do casal, mas é preciso. – Afastei-me dele mais uma vez ao ouvir a voz de Raul.

— Não se usa mais bater à porta?

— Cameron, deixe de ser mal educado. Terão muito tempo para matar as saudades depois que eu tiver certeza que está realmente bem. – Levantei-me da cama para não atrapalhar. Raul riu ao notar o estado em que Cameron se encontrava.

— Pelo que vejo algumas partes estão intactas.

Mas Cameron permaneceu carrancudo. Olhava para Raul com raiva. Pensei que fosse pela interrupção, mas me enganei.

— Que idéia estapafúrdia foi essa de me induzir ao coma?

— Estapafúrdia o cacete, Cameron. Acha que eu iria colocar sua vida em risco?

— E o que fez? Colocou a da minha mulher em risco. Tem idéia do que essa louca andou aprontando? – Fiquei num canto apenas olhando a discussão dos dois. Eu nunca imaginei uma cena assim num hospital.

— Eu fiquei sabendo. Damon me contou. Arrumou uma mulher porreta, hein?

— Pare de falar essas besteiras na frente dela. Ela está grávida, entendeu? Grá.vi.da.

— Eu sei. E gravidez não é doença.

— E bater no irmão com uma toalha molhada é o que? Loucura?

— Epa... disso eu não sabia. – Raul virou-se para mim sorrindo abertamente. — Você é demais, garota.

— Puta que pariu... pare com isso.

— Cameron... eu não duvido nada que qualquer dia desses irei atendê-lo cheio de hematomas. Vai ser espancado pela Laura. – Raul falou e gargalhou. Cameron estreitou ainda mais os olhos.

— Os únicos hematomas e arranhões que ela deixa em mim são consequência do que eu iria fazer com ela se não tivesse entrado aqui. – Senti meu rosto pegar fogo.

Como Cameron podia falar uma coisa dessas com Raul? Na minha frente?

— Hanhã... nada de sexo, Cameron. Tá pensando o que? É forte mas não é Deus. Aliás até agora eu me pergunto como você saiu dessa de forma tão atrevida. – Aproximei-me ao ouvir isso.

— O que disse, Raul?

— Laura, eu te avisei que iríamos começar a diminuir as doses dos medicamentos para tirá-lo do coma aos poucos. Nunca imaginei que esse louco iria acordar assim... do nada e ainda botando banca.

— Você queria que eu fizesse o que? Ouvindo essa biruta falar que ia atrás do Dom Mattie? Fiquei desesperado. Eu... eu... – Raul e eu encaramos Cameron. Ele também nos encarou.

— Você o que, Cameron?

Eu não posso perder essa mulher, Raul. – Ele falava com o Raul, mas seus olhos estavam fixos em mim.

— Meu Deus... obrigado por me deixar viver para ver isso. – Ao contrário do que imaginei, Cameron não lançou um monte de impropérios. Continuou me olhando como se ali existisse apenas nós dois.

— Bem... depois dessa só me resta terminar os exames que começamos mais cedo... e mandá-lo sumir daqui.

— Terei alta hoje?

— Claro que não. Ficou maluco?

— Raul... nem vem com palhaçada.

— Cala a boca que eu sou o médico aqui. Você só obedece. Eu deixo a poderosa segurar sua mão. – Cameron ergueu a sobrancelha cinicamente.

— Quero que ela segure outra coisa.

-— Cameron! – Eu esbravejei indignada. Raul por sua vez, segurava o riso.

Entretanto eu não estava nem um pouco brava com ele. Jamais estaria. A felicidade que eu sentia por vê-lo “vivo” novamente era tão intensa que eu tive medo que fosse apenas um sonho. Tinha medo de acordar e ver que ele ainda permanecia com os olhos fechados para mim. Fechei e abri meus olhos várias e em todas elas, eu encontrei seu olhar fixo em mim.

Sim. Ele estava de volta. Falei muito baixo, mas Cameron pareceu ouvir pois fez um gesto com a cabeça, concordando com minhas palavras.

— Obrigada por isso, meu Deus. Por trazer meu marido de volta.

****

Não sei quanto tempo permaneci naquela poltrona esperando enquanto Raul fazia exames em Cameron em outra sala. Agora sim eu poderia me considerar plenamente feliz. Meu marido de volta, meus filhos bem... finalmente livre daquela nuvem negra que pairava sobre minha cabeça. Sorri ao me lembrar das palavras de Cameron.

Quando soube que ele tinha acordado sequer imaginei que ele voltaria tão apaixonado e ainda dizendo que me amava. Pensei que voltaria o mesmo cavalo de sempre, e que diga-se de passagem, eu amava. Amava tudo naquele homem. Todas as qualidades, todos os defeitos, até as pintas que eu conhecia de cor no corpo perfeito.

Abri meus olhos ao ouvir a porta se abrir. Cameron estava com um aspecto bem melhor. Ainda cansado, mas mesmo assim impactante.

— Então Raul?

— Sabe... eu estava pensando. Essa vida de vocês deve ser uma queda de braço constante.

— Como assim?

— Dois ossos duros de roer. Esse homem tá mais forte que eu.

— Então já posso ir pra casa?

— Também não é assim, Cameron. Depois de amanhã terá alta. – Cameron rosnou, mas fechou os olhos encostando-se na cabeceira da cama.

Eu também fiquei frustrada, mas entendi a posição do Raul. Assim que ele saiu do quarto fui até a cama e coloquei a cabeça no ombro de Cameron.

— Vou dormir mais duas noites sem você.

— Aproveite e durma mesmo. Porque quando eu voltar... já sabe. – Estremeci. Eu sabia. E como ansiava por isso.

*****

Fui quase expulsa do hospital. Será que ninguém percebia que quase um mês era tempo demais para uma mulher apaixonada ficar longe do seu homem? Caramba... eu sentia tanta falta dele.

Mas fui obrigada e convencida por Cameron a voltar pra casa. No dia seguinte, à tarde, eu iria vê-lo novamente. Agora era rezar para que a noite passasse depressa.

— Laura? – Abri meus olhos e encontrei Alice transbordando de felicidade. — Nossa... estou tão feliz. Cameron está tão bem.

— Conseguiu vê-lo?

— Sim. Vinícius conseguiu que nos deixassem entrar.

— Quase não acredito, Alice.

— Pois eu acredito. O tanto que ele me xingou por não ter cuidado bem de você.

— Ele fez isso?

— Sim. Falou que era minha obrigação proteger você e não deixar que cometesse loucuras. Falou... falou... falou.

— E você?

— Dei um abraço apertado nele e disse que nesse aspecto vocês eram bem parecidos. Dois turrões atrevidos que pouco se lixavam para o que a gente diz.

— Não acredito que fez isso. E ele? – Alice rodopiou pelo quarto e depois fez uma pose.

— Beijou minha cabeça e disse que me amava.

— Ah... meu Deus. Será que Cameron teve algum problema na cabeça?

— Deixa de ser idiota, Laura. Cameron tem sentimentos, apesar de não parecer. E acho que ver a morte de perto fez com que ele percebesse o quanto é bom dizer às pessoas o quanto são importantes pra nós.

— Acho que tem razão. E nem posso reclamar também. Cameron sabe ser carinhoso quando quer.

— Pois é. Mas agora deixe-me fazer o que ele mandou. Vigiar você até que durma. E durma muito. Nada de olheiras amanhã.

— Obrigada, Alice. É como uma irmã pra mim.

— Sabe que te amo, maluquete. – Sorri e fechei meus olhos.

Mergulhei num sono gostoso, sem pesadelos, quase sem sonhos. Eu digo quase porque Cameron e nossos bebês estavam sempre presentes em meus sonhos.

Quando acordei o sol já ia alto. Estava de frente para a varanda e via a manhã quase chegando ao fim. Estava quase chegando a hora de ir ver meu amor novamente.

Mas de repente meu cérebro ficou alerta. Percebi uma presença em meu quarto. Girei meu corpo e meu coração disparou no peito quase me fazendo enfartar.

O que ele estava fazendo aqui?

Narrado por Cameron

Eu nunca entendi muito bem como funcionavam as coisas quando se está quase morto. Eu não conseguia captar realmente o que se passava comigo. Sabia que estava num hospital. E sabia também que estava numa espécie de coma induzido. Ouvi Raul falar que iriam aplicar medicamentos para que meu estado não se agravasse. Mas eu estava bem, não estava? Sei que fui operado. Sentia dores insuportáveis no peito, na barriga... na cabeça.

Mas nenhuma delas se comparava à dor em meu coração. Dor por não ver o rosto lindo que eu amava. Tentava a todo custo segurar sua imagem em minha mente, para que, se eu me fosse, levasse-a comigo.

Mas eu não podia morrer agora, podia? Como dizem, todos temos uma missão aqui na terra. Nunca acreditei nessa baboseira, mas agora eu precisava crer. Eu não tinha cumprido minha missão, tinha? O que eu fiz nessa minha porra de vida até hoje, além de matar e traficar? Nada. Que droga de missão eu tinha, então? A única coisa que eu tinha em mente era que minha missão era amar Laur. Amar e protegê-la do imbecil do irmão.

Então... eu tinha que ficar. Além disso tinha meus filhos. Deus iria permitir que eu me fosse sem ao menos conhecê-los? Não... era injusto.

Em meu estado mental deprimente eu rezei pela primeira vez em muitos anos. Eu tinha que ficar bem. Minha família não estava completa. Eu não vivi minha vida de casado, de marido apaixonado como eu deveria. Implorei a Deus que me deixasse voltar, embora eu soubesse, não merecia isso. Já matei, torturei, fiz horrores. E sabia que se continuasse a viver, eu voltaria a fazer isso.

Em certo momento eu não tive certeza se estava em coma, se estava realmente morto. Até começar a ouvir a voz dela. Todos os dias ouvia sua voz sofrida dizendo que me amava e me pedindo para voltar. E por que, merda, eu não reagia? Tentei por várias vezes erguer meu braço e abraçá-la, mas nada. Só ouvia seu choro e o pedido angustiado.

Deus... como eu amava essa mulher. O que eu tinha que fazer? Onde estava aquele que intitularam O Poderoso? Eu não era ninguém. Pelo menos longe dela. Por dias ou meses, sei lá, eu tentei reagir ao seu toque, à sua voz, mas nada. Até ouvir aquele absurdo.

— Christian eu já peguei, Cameron. E agora eu irei atrás de Don Matteo. Irei acabar com um por um. Todos que ousaram machucar você. Eu amo você.

O QUE? O que aquela maluca estava dizendo? Não... não...

Desesperei. Ouvi o som da porta se fechando, mas não consegui reagir. Laura ia atrás de Dom Mattie. Ele iria acabar com ela. Iria matar minha mulher e meus filhos.

— NÃO... – Eu berrei abrindo meus olhos, a pulsação disparando,fazendo com que o bip do aparelho disparasse também. Respirei com dificuldade, como alguém que acabava de se afogar, buscando oxigênio. — NÃO... – Berrei novamente e no instante seguinte várias pessoas entraram no quarto, correndo alvoroçadas falando coisas que eu não ouvia. Apenas falava desesperado. — Chame a Diego... Laura... ela não pode.

— Calma, senhor Schunemann. Chamem o doutor Raul.

— Nãoooo... porra... chamem a Diego. – Não entendia muito bem o que faziam. Só sei que falavam sem parar, examinando-me até Raul entrar e me olhar completamente incrédulo.

— Caralho.... como você fez isso?

— Fez o que? Foda-se... chame o Diego. – Com muito custo, algum asno filho da mãe fez o que pedi. E quando Diego entrou no quarto eu tive vontade de esganá-lo. — O que você anda fazendo, hã? Por que Laura foi atrás do irmão? Vocês são frouxos ou o que?

— Cameron... que bom vê-lo de volta.

— Merda, Diego... da pra me explicar o que está acontecendo? – Quando Diego começou a falar pensei que teria um AVC.

Como assim, Laura assumiu os negócios?

Tudo bem que eu sabia que se eu deixasse ela faria isso. Mas... cacete... ela está grávida. Eu quase ri quando Diego me disse que os seguranças estavam assombrados e até rezaram para que eu voltasse. Minha baixinha era fogo. Depois a raiva me assaltou novamente. E assim fiquei até Diego voltar com ela. Quando a vi entrar com aquela carinha de santa me deu vontade de bater e bater muito. Mas eu consegui enxergar além disso.

Consegui ver o medo, apreensão e principalmente felicidade em seus olhos. E eu estava a ponto de explodir também, só por poder ver seu rosto novamente. Não resisti e abracei-a, beijando-a quase com desespero. Meu amor por ela falava mais alto que tudo nesse momento. E precisei dizer isso a ela ou acabaria me afogando em meus próprios sentimentos.

Claro que tive que dar um pequeno sermão. Mas no fundo eu sentia um puta orgulho da minha mulher. Mesmo carregando dois bebês, sofrendo, esmigalhada por dentro, ela teve peito. Encarou mais de trinta homens e... putz... bateu no próprio irmão.

Ela era a Poderosa. A poderosa Schunemann... a mulher da minha vida. Percebi nesse momento, que minha história não teria sentido sem ela. Ela era minha história... minha vida.

Só faltei implorar ao Raul para me deixar ir embora com ela. Eu precisava dormir abraçado ao corpo dela, sentir seu calor a noite toda, como antes. Infelizmente não foi possível e tive que deixá-la ir.

Entretanto na manhã seguinte eu quase matei o Raul do coração quando ele entrou no quarto. Me encontrou de pé, já vestido, pronto para ir embora.

— Ai... meu Deus... pare com isso, homem. Você não vai a lugar nenhum. Onde estão as enfermeiras?

— Expulsei todas daqui. Raul... eu irei embora agora... ou então eu enfio uma faca no meu peito de uma vez, mas não ficarei mais nenhuma porra de um minuto nesse hospital.

— Tão dramático... olha... é por sua conta e risco. Você vai assinar pra mim... você me coagiu.

— Foda-se... assino qualquer coisa, mas me deixe ir agora. – Esperei com a paciência que eu não tinha, até Raul liberar tudo. Chamei um táxi e mandei que seguisse até minha casa.

E nem acreditei quando parei nos jardins. Todos os meus seguranças a postos, de terno e gravata naquele calor infernal. Um deles quase caiu pra trás ao me barrar na entrada.

— Oh... meu Deus... senhor Schunemann. Desculpe-me. Seja muito bem vindo de volta.

— Obrigado. – Continuei olhando todos que mesmo me vendo não saíram de suas posições.

Fui até cada um deles e quase ri, ao ver o alívio com que me cumprimentavam. Estava impressionado com Laura, admito. Quando entrei na sala Alice e Vinícius estavam aos beijos. Pigarreei.

— Ah... Cristo... Cameron. – Alice correu e me abraçou. — Você voltou.

— Para sua infelicidade, voltei.

— Seu imbecil.

— Cameron... er... não sabíamos que...

— Ninguém sabia, Vinícius. E não se incomode. Não irei brigar por causa do sexo quase explícito. Tenho outras preocupações agora. Onde está Laura?

— Ainda dormindo, Cameron. – Eram quase onze horas da manhã. Deixei o casal na sala e segui até meu quarto, sem reparar muito em algumas mudanças na decoração.

Abri a porta lentamente e imediatamente a paz encheu meu corpo e minha alma. Laura dormia feito um anjo, um meio sorriso nos lábios. Perdi a noção do tempo observando-a até que abriu os olhos, olhando para a varanda. Depois de alguns segundos, como se sentisse minha presença, ela se virou. Notei como sua respiração ficou alterada e seus olhos verdes lindos se arregalaram.

— Cameron? – Continuei parado, sem dizer palavra alguma. Fechou os olhos novamente e suspirou. — Idiota. Dormindo ainda, Laura? – Ela falou consigo mesmo.

— Por quê? Sou um pesadelo? – Ela abriu os olhos novamente, me encarando.

Caminhei até ela. Laura se levantou ficando de joelhos na cama, já começando a chorar.

— Você é meu melhor sonho, Cameron. – Com duas passadas largas eu a alcancei erguendo seu corpo da cama, abraçando-a. — Não era amanhã?

— Não conseguia mais ficar longe, Laura. Já aguentei tudo o que podia. – Suas mãos seguravam meu rosto com força.

— Bem vindo de volta, meu amor.

Eu não iria conseguir falar muita coisa. Por isso mesmo apenas devorei sua boca, apertando seu corpo contra o meu, mesmo ainda um pouco dolorido. Minha língua explorava cada canto de sua boca, quase engolindo-a por inteiro. Apertei minhas mãos em seu corpo, queimando de desejo por ela.

— Não me deixe mais, Cameron. Nunca mais.

— Nunca. Não vivo sem você, Laur. – Abaixei-me a sua frente, tocando e beijando seu ventre. — Meus amores. Que saudades de vocês... – Laura sorriu e entre lágrimas colocou suas mãos sobre as minhas ainda em seu ventre. — Papai está de volta, anjinhos.

Gentilmente eu empurrei seu corpo de volta à cama, minha mão descendo até a barra da camisola.

— Descansou bem?

— Muito bem. – Meu olhar guloso percorreu seu corpo.

— Então acho que está na hora de cansá-la de novo. – Puxei seu corpo sobre o meu e me esqueci do mundo.

Esqueci-me que ainda tinha milhares de assuntos a resolver. Esqueci-me que um bandido que quase me matou estava preso em minha casa.

Nesse momento nada disso me importava. O importante era viver o meu amor em toda sua plenitude. Era viver o homem no qual Laur me transformou: um ser apaixonado.

Mais uma vez, com certeza pela força do nosso amor, eu venci. Dessa vez eu venci a morte.

E tudo por ela: Minha Laura, minha poderosa.

Dois poderosos juntos só podia resultar num amor ainda mais poderoso. E eterno.




Notas Finais


Até o próximo!😘😘


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