História Poeira em alto mar - A revelação

          Jo (Pov)

 Estávamos nós três, eu Hanson e a tenente na sala atrás do vidro falso observando Henry e seu psicólogo. Doutor Farber apenas se sentou calmamente enquanto Henry ainda o encarava.
 -O que o doc tem? -Pergunta Hanson.
 -Não sei...ele sempre fica estranho na presença dele. -Digo apontando para o psicólogo.
Reece que estava calada apenas semi serra os olhos.
 -Descobriu algo? -Pergunta Hanson a olhando com curiosidade.
 -É so um palpite. Apenas estejam preparados para entrar lá a qualquer momento. -Diz séria.
 Um calafrio me percorre ao pensar no que Reece poderia estar deduzindo que acontecesse ali. 
 -E então Henry...Pronto para começar? -Pergunta Farber animadamente.
 -Não tenho nada a lhe dizer! -Diz Henry sério.
 -Vamos lá! Não vai ser tão ruim assim...São só algumas perguntas. 
 Henry se senta mas sua expressão continua a mesma.
 -Isso...Já demos um passo. 
 Henry continua em silêncio.
 -A tenente Reece me disse que chegou um pen drive com um video de tortura e que você está agindo de forma estranha desde então. Você gostaria de me dizer o por quê? -Pergunta Farber.
 Henry dá uma olhada para o vidro e apenas chacoalha a cabeça negativamente.
 -Eu duvido que ele vá falar algo. -Diz Hanson dando de ombros.

             Narradora (Pov)

 
 Com o sono acumulado, horas de um interrogatório e agora mais Adam, Henry já estava prestes a explodir. Ele não aguentava mais esse joguinho de Adam. A única coisa que o estava mantendo em sã consciencia, era o fato dele saber que o estavam observando e qualquer deslize agora so agravaria o problema.
 -Vamos Henry pode dizer...Seja lá o que for que está te incomodando apenas ponha para fora. -Diz Adam levantando um sobrancelha.
 Henry suspira pesadamente e fecha os olhos em uma tentativa de se acalmar. Adam sabia que Henry iria se exaltar a qualquer momento e esse era seu plano.
 -Nada?! -Pergunta enquanto um sorriso brinca em seu rosto. -Não tem nada que realmente lhe incomode? Então  por qual razão você estava agindo estranho? -Continua mantendo seu personagem.
 Henry abre os olhos e o encara sério, como se o estivesse advertindo a parar.
 -Tenha coragem! Seja lá quem você esteja protegendo aposto que ficará a salvo. -Continua Adam provocando Henry.
 Do outro lado do vidro Reece olha para Hanson e Jo com uma cara de desconfiança.
 -O que foi? -Pergunta Jo já se preparando.
 -Eu não disse nada a ele sobre Henry estar protegendo alguém.
 Hanson olha para Jo e os dois já estão se preparando para entrar na sala do interrogatório quando ouvem Henry se pronunciar.
 -Você quer mesmo saber o que está me encomodando?! Pois bem... -Diz se levantando da cadeira e o encarando nos olhos. -Eu não aguento mais você se metendo na minha vida. Eu não aguento mais esses seus joguinhos. Eu não aguento mais você me manipulando. Essa sua perseguição é doentia! -Henry já estava alterado.
 -Ai está! -Diz Adam triunfante tirando os óculos e se levantando também. -Você é corajoso Henry...Jurei que você iria se acovardar mas, você realmente me surpreendeu. -Adam começa a rodear a mesa e Henry começa a se afastar. -Digamos que por sua atitude eu irei polpar Jo e seus coleguinhas. Agora é apenas com você. -Ao dizer isso Adam mexe em algo dentro de seu casaco que Jo e Hanson não consegue distinguir mas, logo sabem que é hora de entrar no local ao ver Henry levantando as mãos na altura do peito enquanto dava uma olhada no vidro com uma expressão de desespero.

              Jo (Pov)

 Corremos até a porta e logo percebemos que está trancada. Olho para Hanson com um olhar de urgência. Ele logo assenti com a cabeça e toma distância para arrombar. Se choca uma vez e nada acontece, toma distância novamente e se choca contra a porta pela segunda vez. Ela continua intacta. E então o tempo parece parar quando um som de disparo é audivel. Um calafrio percorre meu corpo e o desespero começa a vir. Aponto minha arma para a fechadura e atiro, logo com um chute de Hanson a porta é aberta.
 O tal psicólogo está com o braço esticado segurando um revólver e Henry está no chão. Farber apenas olha para nós e logo larga a arma ao cair no chão com um das mãos na perna. Hanson havia atirado nele. Sem pensar duas vezes corro para socorrer Henry enquanto Hanson liga para um hospital. 
 Henry está com a mão sobre o abdome e há sangue escorrendo do local.
 -Vai ficar tudo bem. -Digo mais para mim do que para ele.
 -Jo eu... -Ele para de falar ao fazer uma careta de dor.
 -Não force, a ajuda já está chegando. Apenas aguente firme. -Digo passando uma das mãos levemente sobre seus cabelos.
 -Eu apenas queria lhe preparar para caso eu não consiga...
 -Você vai conseguir. -O interrompo. -Apenas aguente mais alguns minutos.
 -Mas eu.. -Não deixo ele terminar a frase pois selo nossos lábios em um beijo rápido. Henry me encara com um olhar de surpresa e um sorriso começa a se formar nos cantos de sua boca mas logo é desfeito enquanto ele fecha os olhos perdendo consciência.
 -Henry? -O chamo. -Henry acorde! -Minha voz começa a ficar embargada.
 Alguem toca meu braço e ao olhar para o lado me levanto dando passagem para os paramédicos.
 Levo as mãos a boca tentando segurar o choro e Hanson passa um dos braços por cima do meu ombro.
 -Ele vai ficar bem. -Tenta me consolar. Não digo nada, apenas enterro minha cabeça no peito de Hanson.
 -Mas o que é isso? -Ouço ele dizer em tom assustado chamando minha atenção. Olho para Henry e uma expressão de espanto invade meu rosto. Os paramédicos haviam aberto a camisa de Henry para analisarem melhor o machucado revelando então, milhares de cortes recentes. Só então começo a analisar os fatos e tudo parece fazer sentindo. Olho para Farber que está sendo algemado por dois policiais e vou até ele.
 -Você fez aquilo com ele? -Pergunto séria apontando para o peito de Henry.
 -Talvez... -Diz com um sorriso debochado no rosto que não durou muito tempo. Logo vi seu nariz sangrando e Hanson estava me puxando para longe dele. Os policiais se apressaram para levá-lo antes que eu tivesse outro ataque. Tento me acalmar e vejo Reece vindo em minha direção.
 -Acho melhor você tirar o resto do dia de folga. -Diz gentilmente.
 -Obrigada. - agradeço.
 -E então o que está esperando?! -Diz cruzando os braços e apontando levemente a cabeça para a porta.
 Fico um instante a olhando confusa e só então entendo o que ela está querendo dizer.saio apressada atrás dos paramédicos e logo estou dentro da ambulância acompanhando Henry até o hospital. Um dos paramédico está administrando o oxigênio dele enquanto o outro tenta estancar o ferimento. Pego em uma de suas mãos e aperto levemente. 
 -Vai ficar tudo bem. -Sussurro.