História Poemas de Uma Alma Mórbida - Sapatinho de Cristal

Como eu me sinto?

Sabe quando todas as suas esperanças desaparecem

E elas dão lugar a tristeza

Quando você não aguenta mais ser forte

E só quer chorar

Até se afogar em suas próprias lágrimas

Quando você cogita a idéia de suicídio mais vezes do que deveria

Se é que deveria cogitá-la alguma vez

Quando sente que é o amigo menos importante

E que seus amigos escondem segredos de você

Quando você só quer que tudo acabe

Mas ao mesmo tempo tem medo do fim

Quando o mundo começa a pesar nas suas costas

E você começa a achar que tudo é culpa sua

E como se já não bastasse os problemas que sua conflituosa mente cria

O mundo vem, e te joga uma bomba

A realidade é que eu sou frágil

Como o mais delicado sapatinho de cristal

O qual já caiu tantas vezes e nunca quebrou

Por isso todos acreditam que esse sapatinho é resistente

Mas se eles soubessem que cada vez

Cada mísera vez

Que esse sapitinho cai

Uma pequena, singela 

Rachadura se forma

E a cada nova queda ela vai aumentando

Até que chega uma hora que o sapatinho quebra

E todos ficam surpresos 

Pois o sapatinho sempre pareceu forte

Sempre foi forte

Ou era nisso que vocês acreditavam

Então os poucos que ainda se importam com o sapatinho

Vão lá e o colam

Pedacinho por pedacinho

Podem ocorrer de pequenos a grandes cortes nesse processo

Alguns podem desistir de concertar esse sapatinho

Achar que não vale a pena todo esse esforço

E talvez

Só talvez

Realmente não valha

Afinal não seria mais fácil arranjar um novo sapato?

Ou simplesmente jogá-lo fora ao quebrar?

Agora já restaurado o sapatinho volta a sua postura

Com sua pose de forte e inquebrável

Mas por melhores que sejam os remendos

O sapatinho já não é tão forte como antes

E é tudo uma questão de tempo

Até que o sapatinho se quebre novamente

Só que dessa vez definitivamente

É assim que me sinto

Quebrada

Culpada

Triste

Perdida

Esperando que alguém venha para colar os meus pedaços

Ou que me jogue fora

Por não ser tão boa quanto eles esperavam

Por não ser tão forte quanto eles achavam

Ou talvez eu só fingisse tão bem

Que eles nunca iriam desconfiar

Então espero que escolham bem

Quem são os sapatinhos que valem a pena concertar

E ao concertarem-nos não desistam deles

Eles valem apenas

Você sabe disso

Nao importa os danos

Só não o deixe quebrar novamente

Eu o imploro

Afinal até o mais resistente cristal

Uma hora quebra