Certa vez, um amigo meu chamado Jules, falou sobre a importância de enaltecermos nossa cultura brasileira e mudarmos certos costumes, como por exemplo árvores de natal e toda a estética de inverno europeia e americana, que não condiz com a nossa, pois estamos num país tropical e geralmente não neva aqui como neva lá.
Pois bem, a época natalina estava chegando em certo tempo e eu lembrei de um acontecido que me fez refletir sobre essa fala dele:
Eu moro num sítio no nordeste e meu curso da faculdade era a tarde, e estava em época de chuva, chuvas fortes que vinham nesse horário e desde o começo do dia me fazia ficar preocupada com a possibilidade de eu tomar uma chuva daquelas e chegar em casa toda ensopada, como já aconteceu algumas vezes, e que não era uma sensação boa de se ter.
Nesse dia, o aguaceiro começou a cair do céu desde cedo da tarde, e eu já pensei que certamente iria passar pela chuva durante os alguns quilômetros que eu precisava ir de van da cidade do meu curso para a cidade onde eu moro. Isso foi dito e feito, pois ao sair do horário acadêmico, a tempestade ainda estava a todo vapor enquanto eu observava as gotas passando pela janela de vidro da van que andava rapidamente.
Ao chegar na minha cidade, parei num posto de gasolina para esperar o meu pai para ir de moto para casa, era uma sexta feira e tudo o que eu queria era terminar meu dia sossegada para aproveitar o fim de semana, torcendo com todo o meu ser para que a tempestade passasse logo e tivesse um tempo limpo para a noite que já estava presente, mas tudo o que acontecia era que o tempo continuava o mesmo, sem chance de mudança.
Meu pai chega, mas tudo o que eu não queria era que ele tivesse passado por essa situação por mim, mas era a única opção, visto que o tempo não mudaria durante toda a noite. Os faróis brilhantes da moto na noite iluminavam os pingos de chuva que mais pareciam gelo que caía, e o que mais me preocupava era se a lama do caminho iria atrapalhar muito ou não.
Durante certo momento da estrada, reparei em algo: A água nos cactos que cresciam na beira da cerca refletia a luz e fazia com que parecessem que eram reluzentes por luzes natalinas, era um brilho muito bonito que me encantava, e isso me faz perceber que essa seria uma perfeita representação de uma árvore de natal brasileira.
Um cacto nos representaria muito melhor do que um pinheiro, pois um cacto resiste a todo tipo de clima e sabe se adaptar com qualquer dificuldade para sobreviver, e assim é o povo brasileiro e o povo nordestino, que está resistindo bem e sempre está repleto de luz, não importa o quão diferente esteja o tempo.
O cacto também pode ser um símbolo de resistência e de esperança de dias melhores pelo conceito de armazenarem dos nutrientes e da água que precisam para passar por épocas difíceis de estiagem e voltam vivos logo depois. Além disso, é bem mais fácil manter um cacto por bastante tempo além das datas comemorativas e durante as mesmas, pois o que quer que queira danificar uma árvore de natal comum, não se atreveria a correr o risco de se espetar em uma planta desse tipo
Só tenho de agradecer a Jules por essa reflexão que me fez chegar distraída do vento cortante do temporal e me fazer ignorar o fato de que eu tinha me encharcado da cabeça aos pés, com a água fazendo córregos pelo meu cabelo enquanto eu passava pela estrada para chegar na minha casa, onde imediatamente fiz um café para agraciar minha alma.
Talvez deveríamos realmente adotar cactos como a nossa própria árvore natalina.
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