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História Poison and Wine - Parte Oito


Escrita por: outlawqueenrx

Notas do Autor


Olá, pessoal! Estou de volta com mais um.
Eu pensei muito se postaria esse capítulo essa semana, mas decidi que sim. Eu não era próxima da Sara, mas ela sempre curtiu os tweets que eu postava anunciando um novo capítulo (não sei se ela já chegou a ler alguma coisa minhas, mas uma curtida já significa muito para nós escritores), então esse é uma homenagem para ela e para todos do fandom que eram amigos dela. Sinto muito pela sua perda, de coração.

Espero que gostem dele!
Beijoss

Capítulo 8 - Parte Oito


Mesmo tendo quatro dias para pensar em tudo que Tinker havia descoberto, Regina ainda não sabia o que fazer em relação àquela situação. Pior, ela não sabia sequer se queria fazer alguma coisa. Parte de si dizia que era o certo a se fazer, que investigar tudo e esclarecer as incógnitas era o melhor caminho. Porém, ainda existia uma outra parte que preferiria esquecer de tudo, fingir que nada daquilo tinha acontecido e continuar sua vida, tendo aquela mínima felicidade que tinha experimentado no último mês. Ela sabia que a segunda opção era egoísta e apenas beneficiaria ela mesma, mas não é isso que uma Rainha Má faria?

Regina também não havia procurado pela fada. A loira disse para que a procurasse quando estivesse pronta e a prefeita parecia estar longe de pronta. Portanto, decidiu apenas deixar as coisas acontecerem, quem sabe o tal Autor revelaria mais alguma coisa.

Vestindo uma calça social preta, uma blusa roxa de seda com alguns botões abertos, mostrando o sutiã rendado preto em alguns momentos, Mills foi até a casa de Robin buscar Roland para tomar sorvete. Se há alguns meses atrás alguém dissesse que ela estaria fazendo aquilo, Regina o chamaria de louco; mas lá estava ela, tocando a campainha e encarando o chão.

“Regina!” Ela ouviu Roland gritar de dentro da casa e logo passinhos apressados ficaram cada vez mais altos. “Você veio!” O pequeno disse animado quando abriu a porta e a encontrou do outro lado.

“Claro que vim!” Ela sorriu. “Não disse que viria?!” A morena arqueou a sobrancelha, ainda sorrindo e o menino assentiu freneticamente com a cabeça. “Já está pronto?”

“Sim, Gina.” Ele respondeu animado antes de se virar para dentro e gritar o pai, que respondeu dizendo para que ele convidasse Regina para entrar.

A prefeita sorriu quando Roland perguntou se ela queria entrar e o pequeno sumiu assim que a porta se fechou. No momento em que ela pisou na madeira do hall de entrada, sentiu o cheiro acolhedor de biscoitos recém-saídos do forno. Ela franziu a sobrancelha, lembrando que o loiro não cozinhava nenhum pouco bem. Em passos receosos, ela adentrou a casa e foi até a cozinha, encontrando Robin na companhia de um outro homem.

“Regina!” Locksley levantou-se levantou do banquinho e o homem moreno, antes de costa para ela, se virou para olhá-la. "John, essa é a Regina. Regina esse é o John, meu amigo.” Ele apresentou os dois, que apenas sorriram cordialmente um para o outro e trocaram um aperto de mão curto.

“O cheiro está muito bom.” A morena colocou as mãos nos bolsos da calça, sem saber o que fazer ali.

“John estava testando novas receitas de biscoitos. Às vezes ele ajuda Granny com as fornadas do restaurante.” Robin explicou.

“Se você quiser, posso guardar um pote para quando voltar do passeio com o pequeno.” John disse solícito.

“Eu não quero dar nenhum trabalho.” Ela sorriu sem graça. Não tinha ideia de como se portar em uma situação como aquela, afinal, o que deveria dizer para o melhor amigo da sua alma gêmea que também acontece de ser o único amigo que ela já teve?

“Não é nenhum trabalho, Prefeita. Não quando se tem alguém com uma torta de maçã melhor que a minha.” O moreno pisca para ela e ela arqueia a sobrancelha para ele. “Aliás, obrigado pelo elogio no outro dia. Robin me contou.”

E pelo jeito que John disse aquela frase, ela teve certeza que o loiro também havia deixado escapar a parte na qual ela dizia que a sua torta era melhor que a dele. Fuzilando Robin com os olhos, ele ergue as mãos para cima e faz cara de desentendido.

“Roland! Regina já está te esperando, filho.” Ele grita para o filho.

“Você não vai escapar dessa, Locksley.” Regina sussurra, estreitando os olhos para ele. Eles escutam a voz do pequeno chamar por ela e desviam o olhar um do outro.

Ela ouviu o loiro gargalhar e quando virou as costas para ir até Roland, um sorriso bobo enfeitava seus lábios. Quando percebeu, ela forçou uma cara séria, que não durou muito tempo pois Roland estava parado na entrada da casa, com uma mochila azul nas costas e agachado tentando amarrar os cadarços de seus tênis.

“O que foi, Roland?” Ela franziu a testa preocupada ao ver o semblante triste do menino.

“Eu não consigo amarrar meu tênis! Não lembro de como a professora Mary disse que tinha que fazer.” Ele solta os cadarços e a morena se abaixa.

“Posso te mostrar?” Ela perguntou, segurando os fios e Roland assentiu. “Primeiro você faz duas orelhas de coelho. Depois cruza as duas e passa uma no buraquinho entre elas. Viu?” Mills sorria e Roland a olhava como se fosse uma deusa grega que descobriu o mundo.

O pequeno fez o outro par do jeitinho que ela tinha ensinado e ao ver que conseguiu, pulou nos braços dela, abraçando-a. Os dois ouviram uma tosse forçada e Regina se virou para ver Robin parado no batente da porta, os observando.

“Eu vou sair com vocês, tenho que abrir o bar daqui a pouco.” Ele explicou e a morena segurou a mão do pequeno.

“Ok. Vamos, Roland?”

“Vamos!”

Os dois adultos trocaram um sorriso contido antes de se separarem, indo em direções contrárias.

 

XX

Ao chegarem na única sorveteria da cidade, Roland disparou até o freezer que os sorvetes ficavam. Ela sorriu e o seguiu, já sabendo que iria pedir.

“Do que você vai querer, querido?” A loja estava vazia, além da vendedora e ela se sentiu mais aliviada. Não suportava os olhares tortos que recebia quando estava com o pequeno ou com o pai dele.

“Vou querer chocolate e de...” Ele colocou o dedo no queixo enquanto analisava os sabores. “E cookie!” Ele sorriu orgulhoso e a moça colocou os sabores em uma casquinha. “E você, Regina?” O menino disse com o olhar fixado em seu sorvete.

“Uma de creme e cereja, por favor.” Ela pegou seu sorvete e foi se sentar em uma das mesas com Roland. O garoto já devorava a massa e se lambuzava todo.

Regina não conseguia evitar o sorriso que crescia em seu rosto. Estar com Roland a fazia esquecer de todos os problemas e preocupações que rondavam sua cabeça e ela era grata pelo menino por isso. A realização que a atingiu quando conversava com Maleficent ainda a deixava receosa. Se Roland era o filho que desejava ter, isso queria dizer que ela queria ter um filho? Mills nunca tinha pensado no assunto por ser doloroso demais e além do impossível. Mas o baque de suas palavras a deixaram pensando. Ela não sentia aquele vazio imenso quando estava com Roland, muito pelo contrário, ela sentia-se completa; do modo que ela achou que sentiria quando lançou a maldição.

Chacoalhando a cabeça e espantando os pensamentos, ela voltou sua atenção para Roland. Ele estava quase acabando o sorvete e completamente melecado. Toda a volta de seus lábios estava marrom, assim como as mãos e por um milagre, as roupas continuavam intactas.

“Você não gosta de sorvete, Gina?” Ele indagou curioso ao terminar o seu e ver o dela quase inteiro.

“Gosto, Roland.” Ela ri. “Você quer me ajudar a comer? Não acho que eu seja tão rápida igual você.”

“Quero!” A prefeita sorriu e entregou o sorvete para ele de bom gosto. “Obrigado, Gina.”

Seu coração amoleceu com o agradecimento e ela ficou apenas observando-o comer mais um sorvete. Quando ele acabou, o que não demorou muito tempo, Regina sugeriu que fossem ao parque e Roland não hesitou ao aceitar.

Ao chegarem no lugar, a prefeita sentiu os olhares dos outros adultos recaírem sobre si, mas não deixou que isso a abalasse. Ergueu o queixo e sentou-se em um dos bancos, incentivando Roland a ir brincar com as outras crianças ali presente. O sorriso em seus lábios já não era mais evidente e a paz que antes tomava seu coração havia se dissipado. Não queria prejudicar a vida de Robin e Roland na cidade, mas sabia que as pessoas iriam falar cada vez mais da relação entre eles. Ela só podia esperar que os cidadãos de Storybrooke guardassem todo o seu ódio para ela.

Suspirando, ela procurou Roland com os olhos e viu o exato instante no qual ele tropeçou em uma raiz sobressalente e caiu. Regina levantou rapidamente, indo correndo na direção do menino e vendo as lágrimas se acumularem nos olhos castanhos dele.

“Onde machucou, Roland?” Ela perguntou preocupada, procurando algum sinal ruim pelo corpo pequeno dele.

Incapaz de falar, o menino levantou a bermuda para mostrar o joelho ralado, com sangue vermelho. Mills respirou fundo antes de levantá-lo do chão em seu colo e levá-lo para o carro.

“Foi só o joelho, Roland? Se mais algum lugar tiver doendo, você tem que me falar, ok?” Ele assentiu e virou o cotovelo para ela, mostrando um corte pequeno e sujo de terra. “Eu vou te levar para a minha casa e lá ligamos para o seu pai, tudo bem?”

“Tudo, Gina.” Roland respondeu com uma voz de choro que a indicou que ele segurava as lágrimas.

Assim que chegou na mansão, Mills colocou o pequeno no sofá e pegou o kit de primeiros socorros e um copo de água para que ele se acalmasse.

“Vai ficar tudo bem, querido. Foi só um cortezinho e você é o menino mais forte que eu conheço!” Ela o encorajou, sentando do lado dele e pegando o antisséptico.

“Mais forte que o Papa?”

“Sim, mas não conta para ele! É o nosso segredo.” Ela sorriu e percebeu que havia conseguido distraí-lo.

A morena limpou o sangue do joelho, vendo Roland se contorcer e dizer que doía. Ela sentiu seu coração se apertar por ele e quando finalmente terminou e fez um curativo no ralado e um band-aid no cotovelo, suspirou aliviada.

“Vamos ligar para o seu pai agora?” Roland assentiu e ela digitou o número do loiro, esperando alguns segundos até que ele atendesse.

“Regina, oi! Como está o passeio?” Locksley perguntou, animado.

“Você pode vir aqui para casa?” Ela perguntou, hesitante. “Roland caiu no parque e se machucou, mas não foi nada sério!” A morena o tranquilizou antes mesmo que ele pudesse se desesperar.

“Estou indo! Daqui cinco minutos chego ai.” Ele desligou antes que ela pudesse responder, mas Mills percebeu a mudança no tom de voz preocupado dele.

Suspirando, ela avisou o pequeno que o pai estava a caminho, tentando sorrir, mas sentindo seu coração inquieto por um motivo que ainda não sabia.

 

XX

 

Do outro lado da cidade, no meio da floresta, Tinker Bell respirava fundo pela décima vez. Rumple tinha contado para ela onde seria a fonte de magia de StoryBrooke se ela existisse ali. Por isso, a loira estava parada do lado de um poço sujo e cheio de musgo, na esperança que conseguisse alguma coisa ali, mas estava começando a perder as esperanças. Tinha sua antiga varinha em mãos e apesar de saber estar parecendo uma idiota, ela tinha que pelo menos tentar fazer algo.

A ex-fada xingava no nome de Blue toda vez que nada acontecia, afinal aquilo ainda era culpa dela. Se não tivesse a expulsado todos aqueles anos atrás, Tinker poderia ter tentado impedir tudo isso ou então fazer alguma coisa agora, mas não, estava tão impotente como qualquer outro. Superando, ela tentou mais uma vez, fechando os olhos e focando sua atenção para dentro de si, procurando qualquer resto de poder que talvez tivesse sobrado.

Porém, nada aconteceu. Nenhuma folha sequer mexeu, nenhuma luz saiu da varinha e nada dentro dela se agitou. Sentando no chão coberto de folhas, a fada apoiou sua cabeça nos joelhos, frustrada por tudo aquilo. Sua vontade era jogar a varinha dentro do poço ou quebrá-la no meio, mas não tinha coragem de fazer tal coisa. Havia guardado o objeto por todos esses anos, mesmo sabendo que ele não serviria para mais nada.

Um barulho de galho chamou sua atenção e ela sentiu seu coração acelerar. Será que alguém tinha visto ela ali, fazendo toda aquela loucura no meio do mato? Seus olhos azuis percorreram todo o local, em busca de algum sinal, mas não achou nada. Ainda em alerta, Tinker começou a se afastar do poço, sempre olhando para trás. Nada apareceu a não ser um pequeno esquilo e ela preferiu acreditar que ele era o culpado do barulho.

 

XX

 

Robin ainda não havia chegado e Regina tentava distrair Roland, perguntando coisas de sua escola e tendo que ouvir sobre Mary Margaret sem revirar os olhos. Ela percebeu que aquele assunto havia sido uma péssima escolha, mas ele falava tão animadamente que a prefeita não teve coragem de interrompê-lo. Quando o pequeno terminou, seus olhos curiosos pousaram sobre um livro na mesa de centro.

“O que é isso, Gina?” Ele apontou para o livro, com as sobrancelhas franzidas.

“É um livro, Roland.” A morena engoliu seco, torcendo para que ele não se interessasse.

“Sobre o que?” Seus olhos marrons curiosos se voltaram para ela, que ficou alguns segundos em silêncio, tentando pensar no que responderia.

“Contos de Fadas!” Mills respondeu, sentindo um alívio em seu peito. Aquilo seria aceitável.

“Você pode ler para mim, Gina?” O mais novo perguntou, esperançoso e com os olhinhos brilhando.

“Hum... Posso.” Ela forçou um sorriso e abriu o livro em seu colo.

Ela sabia que não precisava do livro para contar as histórias que tinham ali. Já havia lido tantas vezes que naquele ponto ela sabia de cor todas as palavras escritas ali. Respirando fundo, ela começou a narrar a história para ele, mas não conseguiu sair da primeira página antes que a campainha tocasse. Estava tão aliviada que pensou que poderia beijar Robin naquele momento. Arregalando os olhos com o próprio pensamento, ela se forçou a esquecer qualquer imagem que fosse dela e Robin fazendo coisas que não fossem apenas relacionadas à amizade.

“Como ele está?” Foi a primeira coisa que o loiro disse quando Mills abriu a porta.

“Ele está bem, Robin. Eu prometo!” Ela o assegurou enquanto iam para a sala.

“Papa!” O pequeno disse sorrindo quando viu a imagem do pai e Regina percebeu os ombros do homem relaxarem ao ver a expressão feliz do pequeno.

“Então quer dizer que o rapazinho aqui aprontou enquanto eu estava fora?” Ele tentou parecer bravo, mas tanto o filho como Regina sabiam que estava brincando, além do sorriso que o entregava.

“Eu caí lá no parque, Papa, mas a Gina cuidou de mim.” Ele diz inocentemente, encolhendo os ombros.

“Foi só um ralado no joelho e um corte superficial no braço, não achei que fosse preciso levá-lo ao hospital, mas se você preferir...” A morena tenta explicar, sem olhar para ele. Locksley tinha confiado seu filho a ela e na primeira oportunidade ela deixa ele se machucar. Ótima impressão, Mills.

“Regina, eu confio em você.” Ele diz baixinho, a interrompendo para assegurar que estava tudo bem.

Os olhos castanhos surpresos com a declaração finalmente o encararam e o sorriso nos lábios dele fizeram a tensão esvair de seu corpo. Ela apenas engoliu seco e assentiu, sem conseguir responder o que ele tinha dito.

“Acho que está na hora de irmos para a casa, Roland. Seu tio John está te esperando para provar os biscoitos.” Os olhos do menino brilham com a menção do biscoito e Robin pisca para a prefeita.

“A Regina pode vir também, Papa? Ela tava lendo uma história para mim.” Ao ouvir isso, a morena fechou os olhos momentaneamente, sem que os dois percebessem. Mills esperava que Roland esquecesse do maldito livro, mas ao que parece ele realmente tinha se interessado.

“Se ela quiser, será sempre bem-vinda.” Ele respondeu o filho, mas olhava para ela.

“Eu...” Regina tentou pensar em uma desculpa. Não porque não queria passar mais tempo com eles, mas sim porque não queria ler a sua história para Roland. Ele com certeza odiaria a Rainha Má e ela não sabia se suportaria aquilo. Os olhinhos de Roland pediam por favor e ela não foi capaz de negar. “Claro, eu tenho mesmo que buscar os biscoitos que John deixou para mim.” Ela deu um sorriso forçado. Precisaria aprender a negar as coisas para Roland.

XX

 

Quando os três chegaram na casa dos Locksley, Robin percebeu que Roland precisaria de um banho e que já estava no horário do pequeno jantar e logo ir dormir. Regina se sentiu um pouco deslocada ali, diferente da última vez que o visitou. Daquela vez, ela havia traçado a linha da amizade entre eles e ele a respeitou. Engolindo seco, ela pousou seus olhos no violão e lembrou dele dizer que não tocava mais, o que ela achava uma pena mas deduziu ter a ver com alguma memória criada pela maldição que o ligava a esposa. Esposa, ele já fora casado e pelo visto a amou de verdade, tendo um filho com a moça. Ela também amara, mas seu destino tomou um rumo muito diferente do dele. No entanto, aquela reflexão a fez perceber algo e deixar mais perguntas não resolvidas. Se ambos amaram antes, como poderiam eles dois serem alma gêmeas? Ela sempre esteve destinada a perder Daniel? Roland sempre teve em seu destino perder a própria mãe? Eles ainda podiam ser alma gêmeas depois de tudo que aconteceu?

Regina sentiu sua cabeça pesar com a quantidade de coisas que pensava ao mesmo tempo. Massageando as têmporas, ela voltou para a cozinha, encontrando-a tão vazia quanto o outro cômodo. Tentando clarear sua mente dos inúmeros questionamentos que a rondavam, a prefeita nunca se arrependeu tanto de ter escolhido deixar a cidade livre de qualquer magia.

Ouvindo passos se aproximarem, ela disfarçou as angústias estampadas em seu rosto e sorriu fraco quando viu a figura de Robin se aproximar.

“Acho que você acabou vindo aqui à toa, milady.” Ela franziu a testa, confusa. “Roland dormiu antes mesmo que eu pudesse lembrá-lo da história.”

“Ah! Não tem problema, pelo menos ganhei um pote de biscoitos.” Ela força um sorriso. Não conseguia espantar as incertezas que cresciam em sua cabeça.

“Obrigado, Regina. Por levar ele para se distrair hoje. Eu tento o melhor para ser presente e não deixar que nada falte, mas eu sei que ele sente falta de uma figura mater... feminina.” Robin diz, sincero, com o olhar carregado de bondade e agradecimento.

“Eu... eu que agradeço, ficar com ele me faz esquecer de certos problemas.” Ela decide ser sincera, apesar de ter ficado mexida com o que o loiro quase tinha dito. “E me desculpe, quando eu vi ele já tinha caído e...”

“Regina.” Ele a chamou, interrompendo-a. “Crianças caem e se machucam, é normal. Você não tem que se desculpar por nada.” Locksley se aproxima.

“Obrigada.” Os dois ficaram em silêncio, presos nos olhares um do outro. A respiração dela começou a falhar com a proximidade e a intensidade dos oceanos azuis e ele sentiu seu coração acelerar ao perceber como ela também sentia aquilo.

“Eu acho que deveria ir.” Regina sussurra, mas não se mexe.

“Tem certeza?” A voz rouca dele fez os pelos da nuca dela se arrepiarem. Robin não queria pressioná-la, então permaneceu no mesmo lugar.

“Tenho.” Ela confirmou, mas novamente não se moveu e nem desviou o olhar.

“Regina...” O loiro sussurrou. “Eu estou tentando ser só seu amigo, lembra?” A morena fechou os olhos ao ouvi-lo dizer aquilo.

“Você está certo.” Ela respira fundo e começa a andar para longe dele.

“Espera!” Ele segura o pulso dela com delicadeza, fazendo-a parar. “Eu quero te mostrar uma coisa.”

Regina arqueia uma sobrancelha para ele, sentindo os dedos ásperos dele em sua pele e se lembrando de quando eles a tocaram em outros lugares.

“Locksley, o que você está fazendo?”

“Eu vou me comportar, Mills.” Um sorriso provocador surgiu nos lábios finos dele, fazendo-a sorrir também.

“Ok.” Ela se desvencilhou dele e voltou a se aproximar do balcão, enquanto o observava pegar algumas coisas nos armários.

“Eu percebi o quanto você gosta dos seus Appletinis e de maçã.” Ela arqueia a sobrancelha para ele e uma pergunta silenciosa. “Eu reparo em você, milady.” Robin responde depois de olhá-la rapidamente. “Bom, como eu estava dizendo, eu percebi que você gosta de maçã e um dia eu estava fazendo a lista de compras para o bar e achei isso aqui.” Ele levanta uma garrafa de uísque para ela que lê o rótulo da bebida.

“Uísque aromatizado com maçã e especiarias.” Regina sussurrou.

“Então eu decidi comprar e esses dias eu estava testando umas misturas novas e achei que você pudesse gostar dessa aqui.” Enquanto ele contava para ela, misturava na coqueteleira alguns ingredientes como o rum, suco de maçã, gelo e outras coisas que ela não identificou.

“Locksley, eu... não sei o que te dizer.” O barman apenas sorriu e chacoalhou a coqueteleira, fazendo os músculos de seu bíceps se contraírem contra a manga da camisa branca. Regina se segurou para não suspirar.

“Só me diga o que acha.” Ele serviu uma taça para ela, deslizando-a pelo balcão.

Mills tomou um gole da bebida, saboreando os diferentes sabores em sua língua. Ela sentia os olhos dele queimarem em sua pele, esperando algum tipo de reação dela. Sorrindo atrás da borda do copo, ela encarou os oceanos azuis.

“Eu acho que vou ter que deixar meus Appletinis de lado.” Mills tomou outro gole da bebida enquanto o observava. O sorriso nos lábios dele começou a crescer e logo as covinhas em suas bochechas apareceram.

“Gostou mesmo?” Ela apenas assentiu com a cabeça, pois aquele sorriso havia a deixado sem rumo. Regina achou que ele não poderia ficar mais bonito, mas aquele sorriso havia iluminado todo o rosto dele e ela sentiu suas pernas fraquejarem.

“Você se superou, Locksley.” Ela voltou com a sua pose provocativa, na esperança que ele não percebesse o quanto havia ficado afetada. “Ou eu vou a falência bebendo esse drink no Nottingham’s ou você vai ter que me ensinar a fazer.”

“Mas se eu te ensinar você nunca mais vai pisar no meu bar. Acho que esse é um segredo que vou guardar para mim.” Os olhos azuis dele desviaram dos castanhos dela, fixando nos lábios carnudos por alguns segundos enquanto ela os umedecia com a ponta de língua.

Ao ouvi-lo falar de segredos, ela se lembrou do próprio segredo e abaixou a cabeça, olhando o fundo do copo.

“Obrigada por hoje, Robin.” Ela sorriu fraco para ele antes de voltar a pegar sua bolsa. “Boa noite, Locksley.”

“Boa noite, Mills.” O loiro percebeu que algo havia mudado nela, mas não perguntou nada. Ela o contaria quando estivesse pronta e enquanto isso ele esperaria. “Regina!” Ele a chamou antes que ela saísse pela porta.

“Sim?” A morena se virou para ele, olhando-o de longe.

“Se você quiser conversar, eu estou aqui, ok?” Robin disse sincero, vendo-a assentir com a cabeça.

“Ok.” Regina respondeu baixo, mas ele conseguiu ouvir.

Segurando suas emoções, ela fechou a porta e quase correu até seu carro.

 

Na pressa, um certo livro acabou ficando para trás.

 


Notas Finais


Twitter: @outlawqueenrx
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