Tinha tudo para ser uma manhã tranquila nos corredores do Falcão dos Mares, fora por água abaixo quando Tabitha decide tomar seu banho matinal. Esperava paz e calmaria: vai receber estresse. Estava há longos minutos esperando o único banheiro "público" da embarcação ficar disponível, a garota segurava impaciente sua toalha e nécessaire com produtos de banho, o cabelo se encontrava amarrado em um coque frouxo e trajava suas vestimentas de dormir.
— Clark, eu juro por Giratina que se não sair daí agora mesmo, Sharpedos terão comida para o resto do mês! – bradou raivosa dando várias porradas na porta amadeirada.
— Calma aí, já saí. – o detetive finalmente abre a porta, estava apenas de toalha e cabelos molhados, que ainda pingavam. – Se você continuar me olhando desse jeito, não vou nem precisar me secar.
Aquelas palavras faziam com que Tabitha corasse da cabeça aos pés, recuando alguns passos e desviasse o olhar, como se não estivesse vendo nada a sua frente. Mas logo seu estresse volta a tomar conta de si, empurra o castanho para fora do cômodo e bate a porta, fazendo um grande estrondo.
— Era só pedir com carinho. – Clark retruca, recompondo a pose.
— Tabitha? – uns cabelos roxeados ganhavam forma, saindo aos poucos de seus aposentos. Dominique tinha uma expressão levemente espantada, mas com todo aquela gritaria, era o mínimo.
— Quem mais seria? – o castanho da de ombros, entrando em seu quarto.
Estavam há apenas algumas horas de Hoenn, tirando esse acontecimento que acabará de acontecer, tudo ocorria tranquilamente. Connor, já evitando outro incidente com criaturas marítimas, resolveu ficar sempre no comando da embarcação e conseguiu alguns Pokémon aquáticos para acompanhar o caminho, tudo para o conforto da tripulação.
O vento balançava seu cabelo delicadamente, apreciava bem a brisa, o cheiro salgado das águas e a companhia de Wingull, sinal que estavam cada vez mais perto da região destinada. Abriu um sorriso, lembrou do quão bonito era e grato por ter feitos novos amigos. Seu olhar era fixo no horizonte, mas logo ganha a atenção de longos cabelos prateados se aproximando da ponta da proa, onde um treinador mais alto de cabelos avermelhados contemplava a vista. Connor abre um sorriso singelo com ao observar a cena de longe, a garota fica lado a lado com o rapaz, que logo a envolve em seus braços enquanto a menor deita a cabeça no ombro dele.
— Não esperava que você tivesse coragem de vir para proa. – Akai comenta curioso enquanto mexia nos cabelos da garota.
— Não tenho. Mas com você me sinto segura.
As maçãs do rosto do ruivo se contraem, ganhando um tom avermelhado, a resposta da garota havia lhe pegado de surpresa, mas já estavam bem próximos desde os últimos dias. Então abre um grande sorriso e volta a apreciar o horizonte.
Mais adentro da embarcação, o trio de Shiro, Nique e Elias se reuniam na grande cozinha moderna, aquilo era injusto, o capitão parecia ter investido mais naquele ambiente do que em todo o resto do navio, por um momento refletiram como deve ser a suíte principal. Os dois observavam Nique e Greninja mexerem concentrados as grande panelas metálicas que brilhavam de tão nova, o cômodo em si estava um brinco, mas não se sabe se é por conta de ser novo e Connor provavelmente usou pouquíssimas vezes, ou é devido a seu enorme cuidado com seus bens. Aquela cozinha era tomada pelo aroma doce do bolo de chocolate recém produzido e livre de produtos de origem Pokémon, este descansava mais ao canto da bancada, mas já podia notar sua textura molhadinha e fofa, o que deixava Shiro lambendo os beiços, doido para pegar uma fatia. Mas a obra ainda não estava pronta, Nique estava encarregado do toque final: a cobertura de ganache branco chocolate, firme, mas macia, deixaria o bolo com cara que havia saído direto de um mangá. Já com Greninja, o Pókemon mexia a panela de pipoca, fazendo o estômago de Elias roncar alto, haviam marcado uma última sessão de filmes antes de desembarcarem em Hoenn.
Em alguns minutos, tudo estava pronto, o bigodudo finalmente havia liberado seus aposentos para a tripulação. A temperatura agradável, vários lençóis macios e cheirosos espalhados pelo chão, junto das almofadas e um sofá super confortável. Aos poucos cada um vai se acomodando em seu lugar, agarrando o balde de pipoca e um prato do bolo que ainda estava quentinho, um momento bem cozy com amigos e seus Pokémon favoritos. Lincon, depois de passar quase quinze minutos escolhendo o filme, põe o play e a sessão finalmente começa.
TEAM OBSIDIAN.
Em contraparte, os rivais pegavam uma embarcação pública e lotada, mas que por sorte, Archie conseguiu de última hora um quarto minúsculo para a equipe. Composto por duas beliches de colchões tão finos que se deitassem na madeira, não faria diferença. A iluminação vinha de apenas uma única lâmpada centralizada e da pequena janela circular, que obviamente, tinha visão para o oceano. Se Archie estivesse de pé ali naquele momento, os outros três não teriam espaço para se movimentar.
— Aah, tão bom estar tão perto de retornar para minha terra natal. – o mais forte comenta se espreguiçando na cama de cima, o que fazia um grande estalo ecoar.
— Archie, se você se mexer assim novamente, esse beliche vai por água a baixo. Literalmente. – Taylor retruca se encolhendo no canto da parede. Se o marinheiro caísse, pelo menos não seria tão em cima dele. – Quem deixou ele ficar na cama de cima mesmo?
— E por "terra natal" você quer dizer aquela que quase inundou? Sem querer ofender, inclusive admiro muito o senhor mas sinceramente, que plano mais...
— Idiota. – Akira interrompe a fala Jonathas.
O capitão da uma pequena risada ao lembrar do acontecimento, nem ele teria palavras para rebater tamanha imbecilidade.
Ficaram alguns momentos em silêncio, Akira calado como habitual, difícil de diferenciar se estava refletindo sobre a vida ou apenas cochilando de olhos abertos. Taylor, ainda encolhido no canto, fingia ler um livro, acreditava que de alguma maneira aquilo faria o tempo passar mais rápido e quando terminasse de passar os olhos por uma única página, já estariam em Hoenn. Jonathas por sua vez, acariciava seu Chatot, que pela primeira vez, estava calado sem soltar alguma piadinha.
Mas claro, não ia ficar barato assim.
— Que futum de Mandibuzz. – o papagaio comenta cobrindo o bico com sua asa, fazendo seu treinador arquear a sombrancelha.
— Pode crer. – Jon concorda após dar uma fungada no ar.
— Será que é um vazamento de gás? Numa lomba errada dessas, não me surpreenderia. – o albino concorda levantando da cama.
— É bom irmos investigar, isso pode ser perigoso. – Taylor também se levanta, ele possuia um olhar preocupado em seu rosto.
Então os três se levantam, ficando quase cara a cara no meio daquele quarto apertado e sem ventilação, discutindo o que poderia ser a origem daquele vazamento.
Isso até quando Archie começa a rir descaradamente.
— EU NÃO ACREDITO NISSO! – o Bennett exclama ao entender o motivo da gargalhada do capitão. – Muito rafamé você, isso não se faz.
O trio logo levam a mão para o nariz, saidno as pressas daquele cômodo. Como era bom sentir um ar puro, mesmo que fosse numa embarcação caindo aos pedaços. Taylor e Jordan começam a dar algumas gargalhadas ao processar tudo o que aconteceu, Fuyu Akira dá de ombros, liberando seu Lucario e se distanciando da dupla com as mãos apoiadas na cabeça, como um bom persongem de anime.
— Qual é a daquele cara? Quase não fala nada. – Jordan se questiona levando a mão para o queixo. Solacidó em seu ombro imitava os movimentos do treinador.
— Chat-chat. Jonathan ta caidinho. – Solacidó provoca enquanto ria, fazendo o treinador arregalar os olhos e corar involuntariamente.
— Oxe!? Ai dento, cala o bico, idiota! Hoje a noite teremos Chatot assado!
— Chaaat!
O passarinho começa a voar pelo corredor amadeirado, ainda rindo do comentário que fez, Jon corria atrás do mesmo, também ria, mas constrangido com o comentário repentino feito por seu Pókemon. O castanho encarava toda aquela perseguição com um pequeno riso no rosto.
[>>>]
Finalmente o navio desembarca no porto de Slateport, o quarteto aguardava ansioso para enfim pisar em terra firme, mas primeiro teriam que enfrentar o alvoroço da multidão que descia pela ponte estreita. Já havia anoitecido, a cidade era iluminada completamente por luzes artificiais dos postes e varais com pequenas lâmpadas amareladas; as ruas estavam bem movimentadas, afinal possui um dos maiores pontos turísticos da região, aquela feira ao ar livre que parecia ter de tudo.
— É lindo! – Jonathan exclama com brilho nos olhos ao se deparar com toda aquela energia viva.
— Não é nada demais. – Archie retruca, sínico. – Era melhor ter ido ver o filme do Pelé.
— Está sentido porque fez merda na região? Medo de lhe reconhecerem e ser vaiado? – o albino questiona sem expressar nenhuma emoção.
— E-eu... vamos para a feira.
O marinheiro se sentia como o pai de três crianças mimadas, apesar de dois deles terem praticamente a mesma idade que si, um até mais velho, a experiência se mantinha a mesma, o que era até divertido, vilões também podem ter um pouco de diversão. Jon de fato parecia uma criança, andava pelas ruas ainda encantado com todos os brilhos e as bugigangas desnecessárias que encontrava pela feira, já os outros dois não tinham muita reação, principalmente o de cabelos brancos.
Vários vendedores tentavam puxar os capangas para suas armadilhas engana-turista, fazendo propagandas fajutas e prometendo absurdos com os produtos, mas Archie já sabia bem os velhos truques daquela feira, porém Jonathan não conseguiu resistir e comprou pelo menos alguma besteira.
O olhar de Archie se perde por um momento, enxergando tudo como se estivesse em câmera lenta, até que encontra Connor e sua tripulação mais ao fundo, estes que pareciam rir como nunca num momento bem íntimo. Ele deixa um quase sorriso escapar e os olhos tremulavam brevemente.
— Vontade de matar ele? – Taylor se aproxima repentinamente, acordando o maior do transe.
— Não, eu nunca machucaria o Con- – deixou as palavras escapar, mas logo corta seu raciocínio, desviando o olhar. – Pelo menos não de novo...
— Então se esse olhar não é de ódio, o que é? – arqueou a sombrancelha, encarando o outro rapaz.
— Eu não sei. Mas me sinto um pouco mal pelas coisas que fiz anos atrás.
— Quem diria que esse troglodita tem sentimentos.
— Não enche, Banette.
Os dois voltam a encarar o grupo, um tanto intrigados, mas assim que o Saffitz encontra o olhar do outro marinheiro perdido, Archie vira bruscamente, como se nada tivesse acontecido.
— Vamos logo jantar. Minha barriga vai se engolir se ficarmos enrolando mais tempo, aquelas barrinhas não serviam de nada, tô sedento por um hambúrguer mal passado.
— Você não tem jeito, Aogiri. – o detetive deixa uma risada escapar, pondo as mãos no bolso de sua jaqueta.
O quarteto então se reúne, deixando a feira para trás. Logo entram em uma grande hambúrgueria com um estilo bem retrô, o rosa e azul eram as cores predominantes; mais ao canto havia uma Jukebox tocando música de época, se acomodam em dois sofás que cervavam a mesa e, sem muita demora, uma garçonete sorridente se aproxima, distribuindo quatro cardápios. Antes de sair, manda uma piscadela pretensiosa para Archie, mas este faz questão de deixar claro que não gostava daquilo.
WISH MAKERS
Depois de visitarem a feira, que dessa vez cada um gastou do próprio dinheiro, se acomodaram em uma pousada local, nenhum da tripulação fez questão de algo sofisticado, apenas queriam deitar em uma cama instável que não ficasse balançando com o movimento das águas.
[>>>]
Os raios de sóis espreitavam pelas brechas da persiansa de madeira, mas o quarto já se encontrava vazio, a equipe havia acordado cedo para aproveitar a melhor parte do café da manhã, ouviram falar que se atrasassem muito, iriam ficar com as piores das sobras. Cada um com um prato, enchendo de pães, bolos e alimentos quentinhos que haviam acabado de serem postos no buffet.
— Bom dia! – Clem disse ao se juntar aos companheiros na mesa. Ela havia sido a última a acordar, vestia um vestido de cor azul-Bagon, junto de seu laço preto indispensável e o cabelo solto.
— Bom dia, Floette. – Akai responde com um sorriso meigo, fazendo-a sorrir também. Assim que ela senta ao seu lado, deposita um breve beijo na cabeça.
— O Connor ainda não acordou? – um tanto intrigado, Shiro questiona ao sentir falta do capitão, já que o mesmo sempre o primeiro a acordar.
— Aparentemente. Chamei por ele antes de sair, mas só recebi o silêncio em troca. – a prateada da de ombros, mordiscando uma rosquinha com cobertura de morango e granulados coloridos. – Mas encontrei com o Clark no corredor, ele foi buscar o telefone e disse que ia falar com o Cornnor.
— Problema é deles, tão perdendo essa maravilha de café da manhã. – Tabitha interrompe levando uma garfada de bolo a boca.
Ficam alguns minutos em silêncio, apreciando a comida, mas logo percebem o detetive voltando para a mesa, ele tinha um semblante levemente preocupado e um tanto confuso.
— Clark? – a caipira pergunta ao observar o garoto se sentar. Ele não diz nada, apenas desliza um bilhete até o centro da mesa.
— Certo, uma nota do Connor dizendo que foi dar uma volta na floresta e volta já. Pelo menos ele tem bons hábitos saudáveis, deve ser assim que ganha todo aquele bumbum. – o ruivo comenta ao ler o papel, mas aparentemente não havia entendido nada ainda.
— Sim. Mas ainda sinto que tem algo errado... e modéstia a parte, minha intuição nunca falha. – Clark responde quebrando a cabeça ao tentar ligar os pontos, mas ainda assim tinha um sorriso convencido.
— Pode ser mais umas das pegadinhas do capitão. Sabe, ele é cheio dessas coisas. – Nique conclui com transparência na voz, mas mesmo assim Clark sentia que algo não encaixava.
— Essa não é a letra do Connor. – inesperadamente, Elias anuncia deixando todos intrigados.
O detetive para, encarando o nada enquanto viajava pelo seu subconsciente de investigador, ninguém mais havia dito um piu até então, apenas esperavam o castanho revelar sua brilhante conclusão. Shiro e Akai se encaram por um momento, suando frio, mas não queriam sugerir aquilo.
— E o Lincon não estava lá também. – Clark anuncia, pondo uma mão no queixo, como se pensasse ainda mais profundamente. O albino e o ruivo soltam um suspiro aliviado, mas logo voltam a se preocupar, talvez sua tese estivesse certa. – Ele deve estar envolvido nisso de alguma forma.
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