História Polisipo - Imagine Tengen Uzui - Capítulo 6

Mais alguns dias se passaram e depois do dia em que Uzui havia me ajudado com o banho, eu não havia mais o visto, o que não era uma surpresa já que ele nunca estava ali. Hinatsuru costumava vir na parte da tarde para me visitar, mas ficava pouco tempo já que não queria atrapalhar com os afazeres das meninas da mansão.

- (S/N), pode me ajudar aqui? – Naho tentou alcançar um lençol na parte de cima do armário. Fui em sua direção e entreguei o tecido para a pequena garotinha. – Obrigada, já tomou seu remédio? Aoi vai ficar brava se você se esquecer.

- Ainda não, eles me deixam com muito sono, se eu tomar agora não vou poder terminar as tarefas. – A menina de apenas dez anos começou a me dar sermões, que era para mim me focar apenas na minha saúde por enquanto, não adiantaria nada eu fazer as tarefas agora se eu piorasse mais para frente.

- As meninas podem me ajudar com a limpeza, vá para seu quarto. – Ela deu as costas e correu em direção a um dos vários cômodos.

Fiquei ali parada mais alguns segundos antes de voltar para o meu quarto, eu já não aguentava ficar ali sem fazer nada. Sentei na cama macia e encarei um ponto aleatório da coberta até ouvir o barulho da porta se abrindo.

- Uzui? – Me surpreendi com o homem que estava prestes a entrar. Ele vestia um kimono vinho e um haori cinza, seus cabelos que antes eram presos estavam soltos caindo por seus ombros. Uma espécie de bandana cobria seu olho ferido. – Precisa de alguma coisa?

- Uh... – Ele me olhou espantado e colocou seu pé novamente para fora. – Eu pensei que fosse o quarto do Zenitsu.

- Ele saiu em uma missão, mas o quarto dele é o segundo da direita. – Devagar ele assentiu mas ficou ali parado. Ele deu algumas batidinhas na porta e pareceu constrangido.

- Deveriam colocar placas com os nomes. – Fiquei quieta e apenas concordei com a cabeça sem saber como responder aquilo. Sua voz era hesitante ao fazer a pergunta. – Sua ferida cicatrizou?

- Já está quase cem por cento. – Ficamos ali olhando um para o outro em silêncio.

- Tudo bem, eu vou indo então. Desculpe por entrar assim. – Devagar ele fechou a porta. Tá, isso foi bem estranho.

- Vou tocar suas costas, me avise se doer. – Shinobu tocou devagar toda a extensão da ferida, agora eu senti apenas um pequeno desconforto. – Está ótimo, você não precisa mais dos remédios.

Arrumei minha roupa enquanto ela guardava os objetos que usou para verificar minha saúde. Ela retirou um vestido branco da gaveta e me entregou.

- Esse é o uniforme que as meninas usam, você pode trabalhar mas sem exagero, se começar a se sentir cansada, descanse. – Agradeci a ela que em resposta disse que não era nada.

Rapidamente fui para o meu quarto trocar de roupa, o uniforme era bem fechado mas diferente do que parecia o tecido era leve, amarrei o avental também branco e prendi meu cabelo para que ele não atrapalhasse.

- Uau, ficou muito bom em você! – Sumi entrou no quarto e se sentou na cama. – Shinobu disse que você poderia ficar com as comidas, eu posso te ajudar.

- Seria ótimo, não sei cozinhar nada. – Falei constrangida, ela deu risada.

- Está tudo bem, aprendi algumas coisas recentemente também. – Ela segurou na minha mão e fomos para a cozinha, ela ficou falando o caminho todo que precisávamos de bastante comida pois os meninos logo estariam aqui. – Você definitivamente não pode deixar faltar comida para o Inosuke-san, ele fica muito bravo se não puder comer até se sentir satisfeito.

Guardei cada uma das suas palavras na minha mente, eu iria me empenhar em fazer meu melhor trabalho ali.

A cozinha era enorme, eu nunca havia visto uma tão grande assim.

- Podemos começar com o arroz, o que acha que deveríamos fazer de acompanhamentos? – Ela abriu a porta do que supus que fosse a dispensa.

No fim resolvemos fazer tempurá de camarão, missô com algas e tofu, e carne de porco com molho agridoce. Sumi me explicava como eu deveria temperar e como fritar a comida, olhei para todos os pratos e fiquei orgulhosa de mim mesma, por ser minha primeira vez cozinhando havia ficado muito bom.

Ela pegou um hashi e experimentou um pouco de cada, esperei ansiosa ela dizer como estava o tempero e ponto de tudo. Ela sorriu e ergueu o polegar em aprovação.

Tivemos tempo de arrumar toda a bagunça da cozinha antes deles chegarem causando tumulto. Resumindo tudo, o almoço foi uma confusão total, Inosuke constantemente roubava as misturas dos dois garotos, então tínhamos que ir levando mais até que ele se cansasse da brincadeira.

- Eu realmente tenho pena da futura mulher do Inosuke-san, isso se ele conseguir alguma. – Sumi suspirou sobre a bancada.

- Ele parece difícil de se lidar. – Olhei para o trio, Tanjirou tentava acalmar os outros dois que discutiam.

- Seria bom se eu conseguisse alguém bom, como você conseguiu. Ele tem uma boa aparência e parece ser gentil. – Olhei para a garota que suspirava. De quem ela estava falando afinal? – Mitsuri-san sempre diz que devemos encontrar alguém que nos trate bem.

- Uh... Sobre quem você está falando? – Suas bochechas coraram e seus olhos se arregalaram tanto que pareciam dois pratos.

- D-Desculpe, eu não queria me intrometer no seu relacionamento com o Uzui-san! É que eu e as meninas sempre achamos que era fofo o quanto ele se importava com você. – Devagar percebi que elas pensavam que nós éramos um casal.

- Não temos esse tipo de relacionamento – Abanei com as mãos. – Além do mais ele nem vem ver como eu estou.

Ela pareceu confusa e apoiou um dedo do queixo.

- Isso não é verdade, ele vem quase todos os dias ver você. Talvez você já estivesse dormindo já que era bem tarde. – A menina não parecia estar mentindo então fiquei sem reação. – Vocês brigaram? Não se preocupe, Mitsuri-san é o pilar do amor, e sempre diz que brigas podem ser normais em um relacionamento, basta você saber como transpassar isso!

- Não é esse o nosso caso, acabamos nos cruzando em uma das suas missões e Hinatsuru me ajudou a conseguir o emprego aqui. – Tentei explicar. Ela tapou a boca com as mãos.

- Vocês realmente não são casados? – Neguei. – Aoi sabe disso?

- Não tenho certeza, por que? – Ela parecia tão envergonhada que poderia ser confundida facilmente com um tomate cereja.

- Mas Uzui-san te ajudou com o banho outro dia, certo? Eu peço desculpas em nome dela, eu tenho certeza que ela não sabia que vocês não estavam relacionados. – Sumi se curvou em minha direção. Toquei seu cabelo e ela levantou a cabeça.

- Está tudo bem, ele não fez nada estranho. – Tranquilizei a garota que parecia alarmada. – Mas é estranho, vocês nunca viram as garotas, digo a esposas dele?

- Eles não vivem aqui, acho que a casa deles deve ser por perto, mas nunca vi nenhuma, além da Hinatsuru-san que vem te visitar. – Tanjirou trouxe a louça suja e ficou na cozinha enquanto lavávamos os pratos.

Ele contava sobre sua missão com os garotos mas quase não prestei atenção, minha mente teimava em pensar sobre Uzui e sua atitude estranha. Talvez ele tenha vindo me ver ontem? Eu provavelmente já estaria dormindo se tivesse tomado o remédio no horário certo.