-Calma Julie, eu não vim terminar com você. -Erik sorrir da minha cara de desespero e eu acabo desferindo um leve tapa em seu braço.
-Mas como pretende manter nosso namoro se vamos estar em países diferentes?-Indago um tanto curiosa e apreensiva.
-Fiquei pensando muito nisto e pensei que poderiamos tentar um namoro a distância, nos comunicamos por telefone durante a semana e nos finais de semana você vai para a Inglaterra ficar comigo e nos feriados que eu não tiver que jogar eu venho para a Alemanha ficar contigo, mas eu sei que muitos namoros não sobrevivem assim, então tive outra ideia, que tal ir comigo para a Inglaterra? -Durm segura em minhas mãos e beija uma delas delicadamente.
-Eu não posso fazer isto Erik, você tem a certeza de um trabalho e de uma casa lá, já eu não, eu vou ter que procurar um apê para alugar, depois procurar um emprego e ainda terei que tentar uma transferência da faculdade e o meu inglês não é nada bom.Para mim nada é concreto. -Respondo olhando fixamente para seus belos olhos azuis.
-Acho que você não compreendeu bem a minha pergunta. Eu quero que vá morar comigo, na minha casa. Eu sei que não lhe agrada a ideia de ser dependente de outra pessoa, mas pelo tempo que esteja desempregada eu me responsabilizo pelo nosso sustento, e depois que estiver trabalhando e quiser ajudar nas despesas, eu não irei me opor. Mas eu quero que se mude comigo para a Inglaterra. -Durm abre um enorme sorriso e eu fico praticamente uma estátua, sem nenhuma reação.
Já mudei de país uma vez com uma proposta parecida, mas o canalha me abandonou em terras estrangeiras e novamente estou recebendo o mesmo convite, só que agora por uma pessoa diferente.
-Eu não sei tucano. -Separo nossas mãos e encaro o chão.
-Não precisa me responder agora, pense com calma.
-Quando você vai para a Inglaterra?
-Daqui duas semanas.
-E se eu não for contigo? Como vai ficar nosso namoro?
-Manteremos a distância, se percebemos que não vai dar certo, terminamos amigavelmente. -Responde Durm me olhando docemente.
-Isto é tão injusto, por que sempre tudo tem que dar errado na minha vida? Quando consigo um namorado decente ele vai se mudar para aonde o Judas perdeu as botas. Daqui a pouco a proprietária do apê pede ele de volta e a faculdade cancela minha bolsa por excesso de pessoas na sala. -Começo a andar nervosa de um lado para o outro, a ponto de roer as unhas, algo que não faço há anos.
-Calma, não faça tempestade em copo d'água, não é o fim do mundo. -Erik me acompanha com os olhos, mas não paro de andar em zigue-zague pelo cômodo.
-Para você é fácil, estar indo com a segurança que tudo vai dar certo. -Reviro os olhos e o encaro por alguns segundos antes de voltar a andar de um lado para o outro.
-Eu não tenho segurança que tudo vai dar certo. Nem ao menos sei se vou me acostumar lá e terei que batalhar para ser titular. Estou indo por que não tenho mais espaço aqui. -Durm se levanta e para de frente para mim, me impedindo de continuar andando pelo cômodo.
-Eu não quero terminar com você. -Me jogo em seus braços e escondo meu rosto em seu tronco, sinto meu abraço ser retribuido.
-Eu também não quero. -Sinto-o beijar o topo de minha cabeça e nos abraçamos mais forte.
Depois de alguns minutos assim, nos separamos e Erik se despede com um beijo dizendo que tem que ir para casa arrumar algumas coisas ainda para a sua mudança.
Sozinha em meu apartamento, me jogo na cama e encaro o teto, agora não sei se devo ir com ele ou ficar aqui. Penso em ligar para a Nastassja e conversar sobre isto com ela, mas já estar tarde e ela não vai atender.
Acabo pegando no sono e acordo atrasada para mais uma segunda tenebrosa. Saio praticamente correndo de casa e compro um donnuts na rua em direção a faculdade. Cheguei a tempo da primeira aula, por sorte. Ao final de todas as minhas aulas vou até o restaurante ao lado da faculdade e depois do almoço vou trabalhar.
Minha semana inteira foi assim, corrida, de casa para a faculdade do trabalho para casa. Ao chegar no final de semana eu já estava exausta e mau tinha me comunicado com Erik.
E devido a esta semana lotada não conseguir pensar direito na proposta feita pelo meu namorado e pretendo conversar um pouco hoje com a Nastassja sobre isto.
Depois de limpar toda a casa, lavar as roupas, a louça e guardar tudo, tomo um banho e me sento no sofá com meu celular em mãos para ligar para a Nastassja, mas antes que eu possa efetuar a ligação, a mãe de Bürki me liga.
-Oi tia, que milagre a senhora me ligar.-Digo assim que atendo a ligação.
-Oi Julie, estamos na Alemanha, em Dortmund, vem para cá.
-O que estão fazendo ai? -Pergunto curiosa.
-O Roman chamou a gente para assistirmos um jogo amanha, ai viemos hoje aproveitar um pouco, vem se divertir com a gente.
-A tia, eu não sei, tenho algumas coisas para resolver.
-Anda logo Julie, resolva isto depois. É final de semana tem que se divertir um pouco.
-Tia, responsabilidades me chamam. -Digo gargalhando.
Depois de tanta insistência por parte da minha tia, acabo me dando por vencida e pego meus documentos e um conjunto de roupa e vou em direção a estação de trem.
Algumas horas depois chego em Dortmund e ligo para minha tia perguntando aonde eles estão, os encontro numa chocolateria. Bürki e eu nos encaramos por alguns minutos em silêncio e depois que cumprimentei todos, Roman e eu saímos da chocolateria para conversamos com privacidade.
-Deixa eu falar primeiro. -Digo impedindo o ratinho de começar a falar. -Eu errei Roman, eu não devia me intrometer no seu relacionamento com a Nastassja, você sabe que sou impulsiva e faço muitas burradas, mas você e a Nastassja são importantes para mim e eu não queria que se separassem.
-Eu sei que é impulsiva e louca, isto que lhe faz única, mas tem que entender que não pode se envolver na vida dos outros, independente de quem seja. Mas eu também errei, fui grosseiro com você e sei que só queria o meu bem, mesmo me batendo diariamente. -Roman abre um enorme sorriso e eu reviro os olhos antes de abrir um sorriso singelo.
-Desculpa Roman por me intrometer em sua vida pessoal. -Digo o abraçando.
-Desculpa pela ignorância aquele dia. -Diz Bürki retribuindo o abraço.
Voltamos para a chocolateria e aproveitamos o sábado inteiro juntos. Já na casa do Bürki, em quanto todos já estão dormindo, meu primo e eu estamos assistindo a uma série e comendo pipoca.
-Erik me contou da proposta que fez para você. -Roman tira minha atenção da televisão.
-Eu ainda não conseguir me decidir sobre ela. -Digo sinceramente antes de encher a boca de pipoca.
-Engraçado, você não pensou duas vezes antes de adotar um pato como seu filho, nem pensou duas vezes quando pulou em um lago congelado em pleno inverno e muito menos quando inventou de montar um balanço numa árvore récem chamuscada de fogo e caiu de bunda no chão. -Roman começa a gargalhar e eu apenas acerto uma almofada nele.
-Aonde quer chegar com isto? -Reviro os olhos e volto a acertar a almofada em seu rosto.
-Que você aprende a usar o cérebro no momento em que um cara legal lhe faz um bom convite, mas para fazer burrada é a primeira a ir. -Responde Bürki como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
-Mas eu já aceitei uma proposta parecida e me dei mal. Não sei se quero correr o risco de novo. -Desabafo.
-É o que estou dizendo Julie, para fazer burrada você toma a frente, mas para fazer o certo você pensa um zilhão de vezes. -Bürki coloca pause na série e se vira para mim.
-E como pode ter certeza que com o Erik vai dar certo? -Viro em sua direção e ficamoa frente a frente.
-Aquele seu antigo namorado era um merda, ninguém gostava dele, só você. Te avisamos várias vezes que não ia dar certo e você não nos ouvia.
-Por que eu estava apaixonada e agi guiada pelo coração e não quero fazer isto de novo.
-Mas agora há uma diferença, aquele miserável não prestava. Mas com o Erik é diferente, ele te ama e se ele te magoar eu vou atrás dele e quebro a cara dele. -Roman dar um soco no ar e logo sorrir.
-Ele me ama? -Pergunto incrédula.
-Sim, só você não percebeu ainda. Ele te olha de uma maneira muito diferente do que seus ex-namorados. -Responde Bürki pegando em minha mão direita e apertando levemente.
-Você acha que devo ir com ele? -Pergunto olhando fixamente para os seus olhos.
-Acho. Mas a vida é sua e você faz o que bem entender com ela. -Roman beija minha testa, se levanta e segue em direção ao seu quarto, me deixando sozinha na sala com meus pensamentos.
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