Sempre haverá perguntas que talvez nunca sejam respondidas, sempre haverá respostas que nunca serão dadas.
Não há motivo, ou se quer uma razão para tudo que fazemos, para tudo que dizemos.
Não há motivos se quer para existirmos.
De qualquer forma, algum dia tudo isso vai acabar e nós seremos apenas pequenos pontos numa grande história do universo. Não importa o quão importante você seja, ou tenha sido, algum dia todos irão te esquecer.
Algum dia não vai ter diferença se você existiu ou não.
E para pessoas como eu, esse dia é todos os dias.
Você pode ter vivido no coração de várias pessoas, ter tido vários amigos. Algum dia todos eles irão morrer, algum dia você irá morrer. Então, nada mais vai ser importante. Vamos todos acabar nos tornando insignificantes em algum momento.
Afinal, a dimensão do Universo é infinita.
Só não é maior que a dimensão que o amor.
O amor e o ódio, isso guia os seres humanos, isso os move a fazerem tudo o que fazem. Amor e ódio, os dois sentimentos mais complexos que existem dentro de nós, ao mesmo tempo os dois sentimentos mais simples que existem dentro de nós.
Afinal, o que é algo complexo? O que é algo simples?
O que é amar? O que é odiar?
No final, tudo é insignificante de qualquer forma. O amor que sentimos por alguém, o ódio que sentimos por alguém. Isso pode muito bem ir e vir como um simples trem. Não adianta quantas vezes você tente, a sua capacidade de amar alguém é igual a sua capacidade de deixar de amar alguém.
Pessoas que amam fácil, desistem fácil.
Pessoas que demoram para amar, demoram para deixar de amar.
É o ciclo da vida, não sabemos se para onde vamos depois de tudo o que passamos na Terra nós vamos acabar levando algum desses sentimentos. Não sabemos se eles vão apenas se tornar mais uma coisa insignificante, mais uma coisa aleatória no meio de toda a confusão de sentimentos que todas as pessoas que já viveram na Terra tiveram.
Somos insignificantes, afinal.
E vamos ser esquecidos, não há nada que podemos fazer.
Não vou aprender a curtir a vida para depois ser jogado num imenso mar de escuridão lotado de várias outras pessoas que passaram pelas mesmas coisas que eu, que viveram no mesmo mundo que eu.
Se tudo vai acabar, por que eu deveria fazer algo?
Qual o sentido de curtir a vida se, de qualquer forma, isso vai ser só mais uma coisa inútil?
Eu apenas queria ser diferente, apenas queria ser um garoto que nasceu viveu e morreu, queria ter uma história diferente, sem ódio, sem amor, sem tristeza, sem felicidade, sem sentimentos, quase sem vida. Queria ser o famoso “garoto robô”.
Mas é impossível fugir do amor.
E eu aprendi isso dá pior maneira possível: amando.
Antes eu não pensava nessas coisas, não pensava em “o que é amor? O que é amar?” eu até pensava, mas eram mais coisas como “como as pessoas conseguem se apaixonar? Será que algum dia eu vou sentir isso?”. Agora eu quero saber o que é isso.
Quero saber o que é o amor.
E quero saber, por que meu coração escolheu justo ele para amar?
Sentimentos não fazem mesmo o menor sentido.
...
Ainda faltam dez dias para o Natal (não que eu ligue muito para isso). Todos estão bem animados, minha irmã ainda não quer falar comigo (não que isso me importe) e, como sempre, minha mãe está me perguntando o que eu quero de aniversário.
- Mas... Meu filho... Tem certeza de que não quer nada? Vamos. Pelo menos desta vez me peça alguma coisa.
- Está bem- suspirei, nunca vi minha mãe insistir tanto em alguma coisa em toda a minha vida- eu decidirei assim que faltarem exatamente dez dias.
- Okay- ela sorriu, parecia bem aliviada.
Agora vem a questão: O que pedir? Eu não quero nada.
Peguei meu celular e saí na rua ouvindo música, fui atrapalhado pela pessoa que eu menos esperava (e uma das que eu menos queria).
- Olá garoto robô- disse Bruno.
- Você de novo com esse papo?
- Mas é isso que você é.
- Não, eu não sou um robô. Sinto lhe decepcionar.
- Eu sei que não é- ele segurou o meu braço- nenhum robô seria tão molenga assim.
- Não faça isso! – Disse puxando meu braço, senti uma vontade de dar um soco naquele cara.
Bruno ficou me encarando com uma espécie de “sorriso” malicioso na cara. Ele está me assustando.
- Desculpe-me, então- ele disse se afastando e deixando o cabelo cor de ouro cair na cara. - Se é isso que quer, eu irei embora.
E assim ele se foi.
Continuei andando, o que ele estava tentando fazer? Por que ele ficou me olhando com aquela cara? Quero sumir deste mundo.
- T... Thomás?- Disse uma voz distante.
- Luka?
- Oi... – ele estava completamente corado- posso te fazer uma pergunta?
- Diga.
- O que você quis dizer com “Sim, pois, até hoje, você foi o único que conseguiu achar a senha para entrar no meu coração.”?
- É... – agora quem estava corando era eu. – Bem... Eu... – suspirei- não vou mentir, quis dizer que eu gosto de você.
- Também gosto de você- ele disse sorrindo- sou seu amigo.
- Não era esse gostar que eu queria dizer- eu corei mais ainda e voltei a andar. Não devia ter dito nada, para inicio de conversa.
- Thomás... THOMÁS!- Ele veio correndo até mim.
- O que foi?
- Não fuja depois de se declarar- ele cruzou os braços- não é assim que as coisas funcionam.
- Então como funcionam?
- Não sei... Que tal descobrirmos juntos?
- Então você também... Gosta de mim?
Ele fez que sim com a cabeça, pegou meus braços e colocou-os em sua cintura, depois colocou os seus braços em volta do meu pescoço.
- Gosto.
Meu coração pulou. Estávamos ali, no meio da rua, se declarando. Queria beija-lo, queria toca-lo, queria ama-lo, queria que ele me amasse também, que ele me beijasse também, que ele me tocasse também. Eu o queria. Queria apenas ele. Só ele me bastava, só ele me entendia... É errado de minha parte dizer isso sobre alguém que eu conheci há um mês? É errado eu, que sou um garoto, querer ele, que é outro garoto? Minhas respostas... Bem, o amor não se baseia no tempo que você conhece uma pessoa, mas sim na intensidade que ela toca seu coração. Sobre o gênero? Desde quando isso importa?
Bem lentamente, nossos lábios se tocaram, não foi nada além de um selinho... Mas foi o bastante para me fazer querer mais.
- Descobri o que eu quero de aniversário.
- O que?
- Você.
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