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História Por trás da barreira - Seul, Coreia do Sul, 25 de Julho de 1950.


Escrita por: hongsewob

Notas do Autor


OI! DESCULPA A DEMORA.
COMO COMPENSAÇÃO, UM CAPÍTULO BEM GRANDE PRA VOCES, ADUSHUDXSAHDSA
ESPERO QUE GOSTEM <3
e me desculpem se o meio da história estiver meio confuso, eu tive de fazer um corte enorme pois havia errado uma coisa, e depois escrever de novo com outro fragmento ;-;

Capítulo 3 - Seul, Coreia do Sul, 25 de Julho de 1950.


Fanfic / Fanfiction Por trás da barreira - Seul, Coreia do Sul, 25 de Julho de 1950.

Seul, Coreia do Sul, 25 de Julho de 1950.

 

Querido diário,

Tive de ajudar a mamãe e Yerin a arrumar os preparativos para a festa de aniversário da vovó. Nós enfeitamos tudo, enquanto o papai e Yoongi saíram de casa de novo, porém desta vez, foram buscar comes e bebes para o evento. O local já inteiramente decorado, sentei-me na poltrona exausto enquanto a criada servia a mim e a mamãe um copo d’água. Ainda sentia-me um pouco ansioso e me mantinha inquieto. Com certeza ficaria enfornado no quarto enquanto a festa ocorria e só desceria para comer e felicitar a minha vó, como costumava fazer. Fui até a porta quando ouvi as chaves, ajudando meu pai e meu irmão com tantas compras e levando-os aos fundos, onde tudo aconteceria, logo subi as escadas apressadamente para que pudesse me arrumar. Até não entendia o porquê, se eu ficaria escondido de tudo e todos no meu canto. Após ficar pronto, debrucei na janela e observei os convidados chegarem pouco por pouco. Me surpreendia a enorme quantidade de parentes que eu tinha, alguns sequer tinha conhecimento de que faziam parte da mesma família que eu. Vestiam roupas elegantes, joias aparentemente caras e do mais puro ouro. Quanto luxo adentrava pela porta principal, e eu mal havia posto um paletó feito totalmente à mão. Era considerável tanta riqueza, o aniversário de 78 anos de minha avó com certeza era algo passível de se comemorar tão alegremente. Não era um marco de idade fácil de se conquistar.

De meu quarto era possível ouvir os músicos tocando, risadas e muitas conversas. Atrapalhava-me um pouco ler com tanto barulho, mas infelizmente não seria possível que eu arrumasse um local calmo para o fazer, apenas tentei manter a atenção na obra o máximo que poderia. Admito, vez ou outra prestava atenção nos diálogos, fiquei sabendo de muita coisa na qual havia me surpreendido, pois identificava a voz de alguns familiares na qual eu já conhecia bem. Ri comigo mesmo, besteira, não espalharia. Tinha essa mania de fidelidade e não era de hoje. Logo virei a última página, li a última palavra, e guardei o objeto de capa dura em minha estante. Checando as lombadas de tudo que eu tinha, cheguei à conclusão de que já havia devorado tudo ali, e se meu pai me pegasse indo até a biblioteca com certeza levaria uma bronca. Suspirei, agora só de madrugada conseguiria avoar novamente. E não faltou muito tempo, eu estava deitado na cama, coberto pelo tédio e acariciado pela falta do que fazer. Imaginando histórias na qual ainda não havia lido em minha mente, sorrindo pouco pela satisfação de pensá-las, fechei os olhos e comecei a sonhar, em coisas na qual gostaria que ocorressem. O tempo deve ter passado rápido, pois fui interrompido por Yoongi batendo na porta levemente para que eu fosse parabenizar minha avó e pudéssemos cortar o bolo. Me levantei e espreguicei, colocando novamente os sapatos pretos, brilhantes pelo engraxado.

– Dormindo, Jimin? Que falta de respeito. – Disse um pouco sério.

– Estava só imaginando umas coisas, não se preocupe. Estou bastante energético. – O respondi e sorri. Ele retribuiu o sorriso.

Chegamos até a sala de jantar principal, onde todos estavam reunidos ao redor da extensa mesa. Papai e mamãe me puxaram para trás desta, para que ficássemos na companhia de minha avó. Cantaram em comemoração e gritaram seu nome, na qual eu achava bonito.

Para falar a verdade, tudo em minha avó era passível de admiração. Ela sempre fora uma senhora de boa postura, tamanha elegância, de muitos talentos e bastante conhecimento. Antigamente, na época da escola, seus colegas a intitulavam como a mais bela do instituto. E é incrível a forma em como a vovó sorri ao lembrar desses tempos de jovem. Peguei um pedaço de bolo e fui até a poltrona da sala, lotada de pessoas. E era isso que eu odiava em festas, pessoas conversando, muito barulho e se estivesse sozinho comendo, não teriam tantas bundas roçando em mim ou gente tropeçando nos meus pés. Vi de longe, meu pai conversando com homens, de expressão séria e fechada, paletós elegantes e simples. Não entendia o que me preocupava na visão que tinha, com certeza, eram do exército, revirei os olhos ao confirmar esta hipótese em minha cabeça, e comi a primeira garfada, quando um estrondo fora ouvido lá fora. Todos saíram para ver o que se passava, quando vimos objetos metálicos desabando de aviões que passavam pelos céus e explodiam na terra. Bombas.

Yoongi, meu pai e todos aqueles homens correram para dentro de casa, ordenaram que todos se protegessem em abrigos secretos e logo prepararam-se com fardas e muitas armas. Enquanto eu procurava por minha mãe, passei ao lado de Yoongi, que marchava. Nossos olhares se encontraram, impactaram com o clima, e meu coração apertou. Yerin, mamãe e eu corremos para uma passagem secreta, que nem eu mesmo sabia que existia, e fomos para um porão. As duas mulheres estavam muito assustadas, pediram para que eu não fizesse barulho até que tudo lá fora cessasse. Em suas costas, mochilas. Despenquei no chão de madeira e tudo veio-me à cabeça, o que fez com que eu entendesse tudo o que estava se passando. Yoongi foi recrutado para o exército, porém não queria que eu soubesse, e estava ali para me proteger da guerra contra a Coreia do Norte. Chorei, chorei muito, mas em silêncio. As lágrimas não paravam de cair, eu não sabia se odiava meu irmão, ou se o amava por dar sua vida para nos proteger. Impossível imaginar positividade naquela hora, pois predominava em mim a preocupação para que Yoongi e meu pai retornassem bem. Deitei e me aconcheguei no  colo da minha mãe, que também deixava uma ou outra gota rolarem em seu rosto, antes, tão sorridente e alegre. Era incrível em como a ignorância destruía sonhos, como um cenário de filme. Como as guerras eram capazes de arruinar vidas para sempre. Em minha cabeça voltou a ideia, se todos tivessem um livro em suas mãos, com certeza a paz seria o maior bem do mundo.

Tinha sérias dúvidas se eu havia dormido no colo de minha mãe, ou desmaiei de preocupação, a única coisa que eu me recordava era que Yoongi e meu pai adentraram para o esconderijo e pediram rapidamente para que saíssemos dali, fugiríamos para um lugar seguro. Pegamos pertences importantes e evacuamos de modo ligeiro, pelos fundos. Em minha bolsa, First Love, um cantil com água, travesseiro e uma manta leve e pequena. Logo saímos sem rumo, Seul havia sido totalmente tomada pelos Norte-coreanos, sobreviver ali seria um desafio e com certeza a morte não era o nosso desejo agora. Fomos para qualquer caminho que nos aparecia, fugindo do atentado, do medo, e da guerra. A palavra na qual eu mais odeio, agora estava presente no meu cotidiano. Era algo surreal, e eu torcia muito para que fosse um pesadelo, no qual eu queria logo acordar. Tentei beliscar a mim mesmo, porém, rendeu-me apenas um machucado e uma leve dor. Aquilo nunca foi tão real pra mim.

Andamos por muito tempo, muitos dias. Estávamos há quase três dias caminhando, e quando a noite caiu, nos alojamos em uma barraca que haviam trago em uma das grandes mochilas e passamos o tempo ali, claro que a dificuldade para dormir era alta, mas conseguimos. Eu apenas me acalmei quando no meio da madrugada, enquanto eu ainda olhava assustado o céu, com medo de que mais um explosivo despencasse daquela infinidade de estrelas, Yoongi abraçou-me e disse baixo para que me acalmasse, estávamos a salvo. Claro que suas palavras, para mim, não tiveram muita eficácia, mas foram o bastante para que eu pudesse fechar os olhos lentamente e pegar no sono.

Fronteira, Coreia do Sul, 28 de Julho de 1950.

O Sol gritava lá fora, junto com o resto da família. Estávamos de saída, para mais quilômetros de terra que seriam percorridas por nós. Um novo ‘mundo’ que eu estava sendo obrigado a descobrir todo aquele território contra minha total vontade. Choraminguei quando fui obrigado a sair da barraca para que pudesse ser desmontada. Os raios estavam batendo na minha cara, eram fortes, eu tinha medo de queimar a minha pele, porém minha mãe fora esperta para trazer algo para que pudéssemos nos proteger. Era adorável da parte dela, que mesmo com a guerra a nossa volta, se preocupasse com nossa saúde e bem estar. Andamos embaixo daquele Sol escaldante, com risco de desidratação, durante horas e horas. Paramos em frente a um rio para que Yerin, papai e mamãe pudessem lavar alguns alimentos para preparar e pegar água, enquanto isso, sentei em um toco de árvore com Yoongi. Nós ficamos calados por um bom tempo.

– Jimin... Como está? – Sua voz baixa cortou o silêncio, assustei-me.

– ... Ainda pergunta?

– Me desculpa...

– Não é sua culpa, Yoongi.

– É só que eu sei que você odeia essas coisas. O pai não contava que eles iriam nos atacar tão de repente, e não queria que eu te contasse.

– Tá tudo bem, eu só... Tô muito assustado.

– Não tá com raiva? – Pude perceber que ele se virou para mim, e eu fiz o mesmo. Sorrimos um para o outro.

– Claro que não, é sua obrigação, como um maior de idade, proteger o nosso país.

– É como minha obrigação, como um maior de idade, proteger o meu irmãozinho, também. – Fui abraçado por ele e retribui rapidamente. Quando Yoongi aproximou seu rosto para dar-me um beijo, ele errou o local e acabou por beijar o canto dos meus lábios. O soltei rapidamente e senti meu rosto queimar como nunca. Meu irmão também rapidamente virou o rosto. – M-Me desculpa, eu não queria... – Eu estava tão constrangido que não consegui responde-lo, apenas assenti com a cabeça e o papai nos chamou para comer. Chegamos lá, eu ainda sentia que eu estava corado, então isolei-me um pouco após pegar minha refeição. Yoongi ficou lá com Yerin, o papai e a mamãe, e pareceu não se importar muito tanto quanto ao acidente e ao fato de eu ter me afastado. Fora tudo estranho e rápido, eu apenas senti-lhe os lábios um pouco sobre os meus. Estavam um pouco úmidos, então ainda era possível sentir a marca destes em mim. Não consegui comer direito, e acho que foi mais pelo constrangimento do que pelo mal preparo da comida. Obriguei a mim mesmo a esvaziar o prato, com muito esforço, consegui. Devolvi os pratos para a mamãe e voltei para o mesmo lugar, onde observava a minha volta e respirava o ar fresco. Calmaria, era isso que eu estava buscando, um lugar para pensar e me acalmar. Meu coração ainda estava um pouco em disparada apenas por lembrar do dia anterior. Ouvi passos a se aproximarem e pensei que pudesse ser Yoongi, quando uma lâmina foi posta a frente de meu pescoço. Eu tentei gritar, porém...

– Tente gritar e eu te decapito aqui mesmo. –  O homem misterioso disse e eu engoli seco. Outros dois desconhecidos vinham com cordas em suas mãos e tentaram me prender, quando ouvi disparos atrás de mim. Eles caíram mortos no chão, enquanto a poça de sangue formava-se em suas costas, na grama. O que estava mantendo a faca em meu pescoço também não teve um final feliz, caindo jorrando sangue pelo canto do abdômen. Olhei assustado para trás e Yoongi estava com sua arma e sua faca, suja. Ele me olhava um pouco bravo, mas jogou os corpos em um lugar bem longe e retornou até mim. Eu ainda me mantia assustado.

– Yaah, Jimin! Não pode ficar sozinho assim. Sabe que é perigoso. – Meu irmão estendeu sua mão e me auxiliou para que pudesse me levantar do chão. – Por favor, quando quiser se isolar, mesmo que queira ficar só, me avise. Nós nunca estamos seguros... – Suspirou e eu concordei, logo retornamos e voltamos a caminhar. Eu ainda estava do lado de Yoongi, receoso, apesar de tudo. Poderia ter sido sim um ato heroico, porém me assustou, muito.

Ele mesmo havia falado para mim, que me protegeria nem que custasse sua própria vida. Aquele líquido vermelho que sujava-lhe as vestimentas não eram de um ferimento em seu corpo, e sim de alheios. Sabe-se lá quanto esforço teve de dar para que pudesse marcar tanto sua farda. Seu facão guardado pingava, e eu fui ao lado de minha mãe, o que fez com que Yoongi desconfiasse um pouco, porém, acho que havia entendido o recado. Eu não ficaria perto daquilo nem que me pagassem. O aparelho que meu pai mantinha em seu bolso fez um barulho, e o homem o apanhou rapidamente. Uma voz falha saiu dali, o que fez com que todos parássemos para ouvir.

– Alfa, há uma casa pequena, porém habitável a poucos quilômetros de sua localização. Está próxima da barreira, porém o policiamento é reforçado. Câmbio.

– Entendido, Beta. Yoongi, localize a casa no radar. Estaremos lá, obrigado. Câmbio.

Meu irmão também apanhou um aparelho e conseguiu captar onde a residência ficava. Assim como o homem havia dito, era bem pequena, porém conseguiríamos morar ali e era muito melhor do que nada. Ao lado, um pequeno lago e uma horta. Entramos e organizamos o interior à nosso desejo. Meu novo quarto não era nada grande como o outro, apenas uma cama de casal grande e armário para guardar as roupas. Sentei-me no colchão e desabei em lágrimas, aquilo não podia ser real, mas era, e eu teria de lidar com isso para o resto da minha vida. Os sonhos e sorriso deixados para trás com toda a certeza fariam muita falta no meu dia-a-dia, e eu não seria a mesma pessoa. Coloquei meu travesseiro ali e deitei, minha cabeça doía pela confusão e Yoongi adentrou o quarto, ainda de farda e fedendo à sangue. Seu rosto de preocupação estava um pouco vermelho. O olhei, e nos encaramos por alguns segundos. Pegou uma muda de roupas limpas e saiu. Suspirei, o odor havia permanecido ali junto com o mofo, para que não passasse mal devido à alergia eu saí dali e avisei minha mãe, para que pudesse dar um jeito ali, ou eu não dormiria. A casa tinha uma televisão, mas preferi pegar uma fruta na cozinha e sair de casa, procurando me isolar. Ao lado tinha uma pequena floresta, que era bastante verde, e segui uma pequena trilha que ali tinha, não muito grande, poucos metros de distância, acabei dando de cara com uma parte sem grama, e logo à frente, uma barreira. Uma grade. Lembrei então do diálogo que meu pai havia tido em seu aparelho, a partir daqueles ferros emaranhados, era o território inimigo. Admito ter sentido um pouco de medo de estar ali, porém militares se encontraram em todos os lugares daquela floresta para proteger a nossa família, patrimônio importante do exército. Sentei-me ali mesmo e abri o livro que Yoongi havia me dado, no qual ele mesmo havia escrito. Com sua caligrafia caprichada e acessível, era possível ler todas as palavras e sentimentos que havia posto em sua própria obra. Fora satisfatório demais poder desfrutar daquilo, um sorriso apareceu em meu rosto de jeito involuntário. Passei alguns minutos lendo, quando ouvi uma voz, logo à minha frente. Levantei a cabeça rapidamente e deparei com um garoto pálido, cabelos bem escuros e rosto infantil, mas nem tanto. Ele era bem desenvolvido.

– Isso do seu lado é o que? – Perguntou, baixo e direto.

– Uma maçã...

– Eu estou morrendo de fome... – Pôs sua mão sobre a barriga e me olhou novamente. – Pode me dar? – Me levantei e levei a fruta até ele, que mordeu-a rapidamente e em poucos minutos só restavam o miolo. Sorriu satisfeito e depois me olhou. – Obrigado, mesmo.

– Não há de quê... – Retornei ao meu lugar e virei novamente minha atenção ao livro, ignorando o garoto.

– Isso aí na sua mão... É o que...? – Novamente, levantei a cabeça, porém dessa vez o olhei surpreso, ele me olhava curioso demais.

– Um... Livro...?

– E serve pra quê?

– ... Pra ler...? – Surpreendente. Como o garoto nunca havia visto um livro na vida?

– Nunca vi um. Na verdade até vi, mas faz muito tempo. – Sorriu um pouco, porém sem emoção. – Eu não sei ler.

– Como não?

– Ah, minha família nunca pode me por na escola...

– Mas... Por quê? – Eu sabia que fazia perguntas demais, porém a realidade do outro lado da grade era algo curioso demais para um garoto precoce como eu.

– Antes de eu sair de Kaesong, nós tínhamos tudo. Uma boa renda, éramos felizes. Mas depois que o atual governador pegou o poder... Perdemos tudo. – Seu ênfase no 'tudo' fora assustador. Era notável a miséria na qual vivia, por suas roupas pouco rasgadas e sujas. Aquilo fora estranho e diferente para mim. – Qual é o seu nome? Pode me trazer mais comida?

– J-Jimin... Meu nome é Jimin. E o seu?

– Jungkook. Você pode?

– Posso, mas... Se meus familiares vissem, não iriam gostar nem um pouco. É um pouco arriscado pra mim. – Falei suspirando. Realmente, adoraria ajudar meu novo conhecido. Porém seria difícil.

– Eu nunca te vi aqui.

– Eu acabei de chegar... Norte-coreanos invadiram Seul e eu tive de fugir com minha família... Foi o único lugar que eu consegui ficar ‘seguro’. – Entristeci lembrando da situação na qual estava, Jungkook também não parecia agradado de como nos encontrávamos. Agradeci-me por não estar do mesmo jeito que si. Pelo menos eu tinha moradia e comida.

– Sinto muito por tudo, Jimin. Eu entendo o quanto é horrível.

– É... Paz hoje em dia é apenas um dos meus sonhos, que nunca irão ocorrer...

– E isso aí do seu outro lado, é outro livro? – Pareceu tentar cortar o clima ruim que estava ali, ele apontava para outro bolo de páginas ao meu lado.

– Isso é meu diário.

– E o que é um diário?

– É um caderno onde você escreve como foi o seu dia, e também escreve os seus sentimentos. Serve meio que pra desabafar, sabe? – Falei, apanhando o objeto. – Só que é secreto, e ninguém pode vê-lo.

–  Que interessante... Eu teria um diário, se soubesse escrever. – Suspirei.

– Não é tão difícil...

– Eu entrei na escola ainda muito novinho, não ensinavam essas coisas.

– Jungkook, há quanto tempo está sem ir para a escola?

– Bom, eu tenho 15 anos... Se for parar pra pensar... – Tentou contar em seus dedos, e depois de várias tentativas, desistiu. – Não sei...

– Aish, você precisa aprender! Eu vou te ensinar a ler e escrever.

– Faria isso? – Seus olhos brilharam, talvez até mais que o Sol.

– Posso tentar, na verdade. – Sorri.

– Eba! – Jungkook bateu palmas animado, em comemoração. Ele parecia muito feliz com minha ideia. – Vou querer escrever o meu próprio diário, também.

– Você vai... Bom, vamos começar...

Passei a tarde inteira tentando ensinar hangul para Jungkook, que prestou muita atenção em todas as minhas explicações e em momento algum mostrou desinteresse. Ele parecia uma criança que havia acabado de ganhar um presente na qual sonhara. No fundo, eu senti bastante pena dele, pela sua simplicidade e passado sofrido. Por passar fome e talvez não ter uma moradia adequada, eu não sabia. Quando o Sol já se punha, conseguia ler poucas palavras sozinho. Tive sorte de que aprendia rápido, e foram horas que se passaram, bem divertidas.

– Vou demorar tanto para aprender. – Jungkook lamentou-se.

– Está indo muito bem. – Sorri para si. – Amanhã eu vou voltar e te ensinar mais ainda.

– E trazer mais comida?

– Sim, muito mais comida! – Respondi empolgado, e ele também se entusiasmou. Quando ouvi Yoongi chamar por meu nome, indiquei para que o mais novo corresse. Tive sorte de que entendera o recado e se retirasse. Logo, me posicionei como se estivesse lendo o livro, mas meu sangue percorria gelado dentro de meu corpo. Fora um susto e tanto.

– Jimin! Eu te falei pra não ficar sozinho.

– Desculpa, irmão. É que como disseram que essa área era policiada, pensei que fosse seguro. – Levantei um pouco intimidado, com meu livro e diário.

– Vamos para dentro, a mamãe conseguiu fazer chocolate-quente pra gente. – Yoongi sorriu gentil e eu também, retornamos para casa de mãos dadas, como dois irmãos. – E o que é isso aí com você?

– Meu livro e meu diário.

– Que livro, huh? – Perguntou sarcástico, como se não soubesse, e eu ri.

– Um livro que me deram. Um escritor muito bom que o fez.

– Ah é? e quem é? – Dizia, orgulhoso.

– Ahn Sookil!

– Aish, Jimin! Vá embora sozinho também. – Yoongi andou rápido para que se afastasse e eu ri.

– Aah! Me pegaram! – Fingi desespero e ele se virou rapidamente, apontando um revólver. Eu me assustei e parei na mesma hora.

– Irmão... Não brinque assim. – Suspirou aliviado e seus olhos mostravam espanto. – Por favor, não assim.

– Me desculpa, eu realmente te assustei.

– Venha cá, vamos andar juntos de novo. – Novamente, juntamos nossos palmos e fomos de volta para casa, onde a lareira de pedra estava ligada com um fogo baixo e todos se reuniram ao redor, relembrando histórias boas para espantar o cúpula de medo que se instalava ao nosso redor. Sorri e ri bastante, e na hora de dormir, como havia apenas uma cama, tive novamente de dormir junto com meu irmão, porém, isso não era um problema. Caímos junto no colchão totalmente mole enquanto as penas dos travesseiros no qual despencamos sobre voavam ao nosso redor, como se estivéssemos no céu.

Ah, Yoongi, talvez realmente estivéssemos, apenas pelo anjo que você é.

 

 


Notas Finais


e então amoras? gostaram? fjasdfhhdfa
será que aquele beijo do yoongi realmente foi um erro como o jiminzinho disse?
af, do jeito q esses dois são meio aviadados eu duvido mt DHSUAHAIUSH
espero q tenham gostado <3 <3 ate o proximo cap
imagens do cap estão aqui~
http://images6.fanpop.com/image/photos/39500000/Jungkook-Young-Forever-bts-39522409-500-223.gif
https://media.giphy.com/media/13gSEXIsMmqssU/giphy.gif


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