1. Spirit Fanfics >
  2. Por Trás da Frieza Saiyajin >
  3. Angústia

História Por Trás da Frieza Saiyajin - Angústia


Escrita por: Son_Kelly

Notas do Autor


Olá, pessoal! Desculpem a demora em postar o capítulo, mas é que eu estava em um sério dilema se postava agora do jeito que está ou se escrevia mais até o ponto onde eu queria e demorasse mais para postar... bem, deu nisto. Espero que gostem! Este capítulo não tem tanta ação quanto os últimos, então será bem mais light... mas realmente espero que apreciem e que esperem pelo próximo!
Boa leitura!

Capítulo 15 - Angústia


Fanfic / Fanfiction Por Trás da Frieza Saiyajin - Angústia

Provavelmente ninguém acreditaria se fosse dito, mas, naquele momento, o semblante sempre sério do guerreiro frio e cauteloso, estava contorcido com espanto e angustia. Ele nem mesmo pensava em como suas emoções estavam predominando perante seu orgulho, e não se importava. Enquanto fitava o cadáver de um de seus tripulantes mais irritantes, ele, curiosamente, só pôde lembrar de momentos não-tão-ruins que compartilharam. Nem mesmo pensava que havia algum... até aquele momento.

Todos os pensamentos negativos sobre Hiburan sumiram de sua mente e extensas memórias jorraram em seus pensamentos. Memórias distantes, esquecidas. Como quando ele o parabenizara na primeira luta que vencera, ou quando o salvara em sua primeira missão... Hiburan não era a pessoa mais agradável do mundo, muito menos a mais suportável, mas Kakarotto percebia agora que ele tivera uma contribuição muito grande para a construção da pessoa que se tornara.

 

O jovem saiyajin sentiu o estômago apertar ao pousar naquela área escura do planeta seco e mortificado. O scouter não captava nenhuma energia próxima, mas sua mente começava a ficar paranoica com apenas o zumbido silencioso do vento nos ouvidos. Não deveria temer tanto em uma missão, mas era a sua primeira e não tinha certeza se sairia bem o bastante – ainda mais quando a espécie predominante naquele lugar era tão poderosa quanto ele.

– Kakarotto, você já encontrou algum oponente? – perguntou Bardock, pelo scouter. Kakarotto por um segundo desejou que o pai estivesse ao seu lado para dar apoio, mas se repreendeu pelo pensamento inadequado. Já era demais o pai tê-lo colocado na missão por conta própria, perder tempo protegendo-o quando ele podia muito bem cuidar de si mesmo era inaceitável.

– Não. E o scouter não indica ninguém próximo.

– Ok. Mas mantenha a guarda, eles devem estar escondidos.

– Eu já sei – bufou.

– Vou desativar a comunicação do scouter agora, não quero ninguém me atrapalhando. Você vai ficar pela própria conta, ouviu garoto?

– Dá um tempo, velho. Eu posso cuidar de mim mesmo.

– É, espero que sim. Não faça eu me arrepender por tê-lo trazido.

– Obrigado pelo voto de confiança, pai. – murmurou ironicamente, vagando os olhos inquietos à sua volta sem cessar, a procura de um adversário, ou uma ameaça.

Kakarotto ouviu ao fundo o “tsc” de seu pai antes que ele desligasse a comunicação e rolou os olhos – eles tinham um relacionamento tão bom. Queria que sua mãe estivesse ali ao invés de Bardock. Ela ficaria ao seu lado, mesmo que não se atrevesse a salvá-lo. Hanasia era rígida, mas ao menos não o abandonaria sem companhia e apoio.

O scouter apitou de repente à sua esquerda. Inexperiente com o aparelho, ele tentou verificar – ao mesmo tempo – a força de seu oponente e a direção indicada, então não tomou cuidados suficientes quando a criatura o atacou. Ela lançou a cauda numa chicotada em sua cara e ele foi lançado longe, com o scouter caindo do rosto e pousando distante de seu corpo.

Ele rosnou, bravo por ter sido atingido na face, mas se levantou rápido, pronto para revidar. Um filete de sangue escorreu pela linha da têmpora até o maxilar, do ferimento que a criatura causara. Ela soltou um som gutural ao ver e Kakarotto podia jurar que parecia uma gargalhada zombeteira. Talvez fosse paranoia da sua cabeça para ferir seu orgulho, mas isso conseguiu irritá-lo. Ele pensou em atacá-la para compensar o ataque que recebera, mas decidiu manter a cautela.

A criatura podia parecer que não estava em postura, ele percebeu, mas seus olhos observavam atentamente cada movimento seu. Se ele se afastasse para pegar o scouter ou atacá-la, poderia ser acertado novamente e em cheio. Bem, teria que trabalhar sem qualquer tecnologia – como nos tempos primordiais.

Observando-a bem, Kakarotto analisou seu físico. A criatura era alta e sua coluna era levemente curvada para a frente, com uma barriga funda que exibia as costelas gigantes sob a pele. Ela não possuía muitos músculos nos braços alargados, mas as garras em seus três dedos – que se estendiam até a altura das pernas curvadas – pareciam suficientes para compensar. Sua pele era um casco branco, com furos rasos que davam a visão de uma camada negra e úmida de pele. Ela não possuía orelhas e seu nariz se reduzia a apenas dois furos abaixo dos olhos, com um brilho úmido contornando-os sobre a pelagem óssea. Seus quatro olhos eram estreitos e pequenos, mas Kakarotto sabia por sua pesquisa que a espécie enxergava tão bem quanto ele e não a subestimou.

Não conseguia deduzir a força da criatura na base da observação, mas estava certo de que poderia vencê-la. Era um saiyajin, afinal. Uma outra gota de sangue escorregou formigando por seu corte e ele tocou o ferimento, trincando os dentes. Mas certamente a cauda gigante e afiada seria um problema.

Aumentando a energia, Kakarotto desapareceu da onde estava. Seu corpo reapareceu um segundo depois, em frente ao da criatura. Ele dirigiu um confiante e poderoso chute com a lateral da perna, mas foi agarrado no mesmo instante – antes que pudesse concretizar o golpe.

Kakarotto empalideceu com a velocidade e tentou pensar tão rápido quanto, lançando um improvisado, porém poderoso, ataque de energia para explodir a cabeça da criatura. Ela rosnou quando a fumaça abaixou, mas não o soltou, mesmo com o impacto do ataque. Suas garras afiadas fincaram na carne da coxa dele em vingança e atravessaram para o outro lado, rasgando um caminho sangrento através dos músculos e ossos.

Kakarotto urrou de dor e fúria.

Por que aquela criatura era tão poderosa? Não, não importava. Ele a venceria mesmo que ultrapassasse seu nível de poder. Já havia feito isso. Não uma, mas várias vezes. Não perderia desta vez. Não se atreveria a perder em sua primeira missão!

Deixando a fúria ordenar seus ataques, Kakarotto cerrou o punho da mão e golpeou a criatura com quase toda a energia concentrada nos nós dos dedos. Ela foi lançada longe com o impacto e o soltou. Kakarotto caiu no chão e gemeu ao tentar levantar com agilidade. Não conseguiria usar aquela perna ferida tão cedo.

Flutuando para o ar, ele rasgou um pedaço de sua camisa – dando graças aos céus por não estar usando o terrivelmente resistente uniforme saiyajin – e amarrou o pequeno tecido ao redor do ferimento com firmeza, para que contivesse o sangue por enquanto. Ele focou o olhar na criatura se levantando lentamente do chão e trincou os dentes, ignorando completamente a dor que seu corpo insistia para que sentisse. O ferimento podia ser considerado razoavelmente grave, mas, com toda aquela adrenalina, podia fazer com que a dor não passasse da de um simples arranhão.

Com um rosnado animalesco, a criatura se lançou em sua direção no céu, sua cauda serpenteando feito uma cobra, pronta para um bote fatal. Kakarotto desviou quando ela chicoteou em sua direção e começou a atacar com tudo que podia. Socos, chutes, giros, cotoveladas, joelhadas... mas por mais que ele considerasse seus ataques absolutamente rápidos e precisos, a criatura desviava com uma facilidade tão latente que parecia zombá-lo.

Tentando se focar na defesa então, Kakarotto desviou das garras que de repente começaram a atacá-lo – com mais ferocidade do que antes, e com ânsia em acertá-lo. Percebendo sua inferioridade na velocidade, Kakarotto afastou-se alguns metros de distância e trincou os dentes. Aquela criatura era poderosa demais, tinha que pensar em alguma estratégia.

Mas antes que pudesse perceber, seu oponente tinha avançado até ele novamente. Kakarotto tentou levantar seus braços a tempo de bloquear o ataque, mas foi tarde demais. Toda a extensão de seu estômago tinha sido atravessada pelas três garras afiadas da mão da criatura. Kakarotto soltou uma golfada de sangue pelos lábios e olhou para baixo. O sangue escorria para fora de seu corpo feito uma fonte, enquanto a criatura remexia as garras dentro dele para intensificar a dor. Ele não conseguiu segurar um grito de dor, mas o sangue que subia por sua garganta fez parecer um gargarejo engasgado.

A criatura soltou mais uma de suas gargalhadas grotescas e circulou a cauda ao redor de seu pescoço. Kakarotto lhe deu uma joelhada no estômago com a perna boa, mas isso apenas fez com que ela recolhesse as garras de seu ferimento, e com que mais sangue deixasse seu corpo. Kakarotto fechou os olhos, sufocando com o aperto em seu pescoço, e sentindo o sangue preso na garganta descer queimando até os pulmões. Ele queria ter forças suficientes para tentar arrancar a cabeça de seu adversário, mesmo que isso custasse sua vida, mas tudo que podia se concentrar era na dor. Parecia impossível ignorá-la agora.

A criatura apertou mais a cauda em seu pescoço e o casco afiado dela rastejou pela pele feito aço, cortando-a impiedosamente. Kakarotto podia sentir que suas roupas já estavam quase que completamente encharcadas com o sangue que deveria continuar em seu organismo, mas não se atrevia a perder a consciência. Estava com uma energia quase inexistente no corpo, mas não desistia.

O aperto em seu pescoço se firmou mais e ele percebeu que já não teria muito mais tempo com sua traqueia sendo esmagada daquele jeito. Reprimindo a vontade de agarrar a cauda e tentar livrá-la de seu pescoço, ele reuniu suas últimas energias nos punhos, na técnica que vinha aperfeiçoando sozinho nos últimos anos. Custaria sua vida, mas pelo menos tinha certeza de que a levaria junto.

Kakarotto se preparou para lançar o poder na criatura, mas, no segundo seguinte, sentiu seu corpo caindo em um baque na terra. O alivio em seu pescoço foi instantâneo e ele sugou o ar com urgência e vomitou o sangue que subia pela garganta. Estava tão fraco, que tudo que viu, antes de ceder o corpo, foi o borrão da silhueta de alguém se aproximando. Ele descansou os olhos um instante e deitou a cabeça, sem forças. O sangue ainda jorrava de seus ferimentos, mas ele quase não sentia mais.

– Kakarotto – ele ouviu uma voz distante, mas ao mesmo tempo perto, ecoando em seus ouvidos, até que sentiu uma mão estalar em seu rosto. – Fale comigo, garoto!

– Id... idiota – engasgou e tossiu, ao mesmo tempo que reconhecia a voz de Hiburan. – Eu... eu não pe-di... não... pedi... sua... aju-da.

Hiburan rolou os olhos. Ele era um garoto pequeno demais para ter tanto orgulho.

– Não seja idiota, você está quase morrendo.

– N-não... im-porta. – rosnou e forçou um olho a se abrir. Hiburan passou seu braço pelos ombros e o ergueu do chão sem delicadeza alguma. Ele podia dizer que esse movimento o machucara, mas a verdade era que estava fraco demais até mesmo para sentir a dor. Ele sentia que estava perto do fim.

– Vamos embora, garoto, você precisa de um tanque de regeneração urgentemente.

Ele odiava a verdade daquelas palavras.

– E sua... missão? – ele perguntou, certo de que era praticamente lei não abandonar uma missão, mesmo com um integrante da unidade ferido. E ele nem era um integrante oficial, aliás.

– Você prefere morrer? – Hiburan bufou. – Vou te dar um pouco de energia, assim você consegue aguentar a viagem, mas não desperdice.

Kakarotto sentiu a energia formigante de Hiburan penetrar seu corpo e envolvê-lo, e ficou mais desperto, embora sua dor também. Ele gemeu fracamente e Hiburan o fitou levemente preocupado, em dúvida se sobreviveria. Bem, se ele sobrevivesse e se recuperasse cem por cento, certamente teria um aumento espantoso no nível de poder. Quanto mais perto da morte... mais forte ficava.

– Bardock – chamou em seu scouter. – Bardock, está me ouvindo?

– Ele desligou... a comunicação – Kakarotto murmurou.

Hiburan balançou a cabeça em decepção. Como Bardock se mantinha tão alheio aos atos do filho em sua primeira missão? Se não fosse por ele, Kakarotto estaria morto agora, mesmo sendo talentoso como guerreiro.

– Parece que eu vou ter que bancar a babá com você então.

– Al-guém... me ma-te.

Ele riu pelo fato do garoto ainda conseguir ser irônico em tais condições, mas tão logo ficou sério com o soar do scouter. Ele apitou irritantemente na direção em que havia derrubado a criatura. Podia jurar que a tinha matado, mas pelo visto ela era, de fato, um terrível oponente – não era à toa que Kakarotto estava quase morrendo.

Kakarotto notou o barulho do scouter de Hiburan e ergueu a cabeça. Avistou como a criatura se erguia cambaleante sobre as patas, os dentes pontiagudos sendo exibidos em fúria, e um buraco negro com sangue violeta fluindo no meio do peito.

Hiburan ergueu a mão, uma esfera de energia pronta na palma para acabar com aquilo de uma vez. E certamente teria sido capaz, mas Kakarotto foi mais rápido em levar sua energia ainda concentrada na mão para frente e lançá-la. Ela disparou de sua palma em um raio branco e poderoso, que se dividiu em dois e rodopiou, entrelaçando-se em estalos estáticos até atravessar o peito da criatura num ataque perfeito demais para um garoto daquela idade.

Hiburan arregalou os olhos. Mas como o garoto se atrevia a atacar estando tão debilitado?! E que técnica incrível era a aquela?!

Kakarotto sentiu sua consciência falhar um instante e sua visão escurecer, mas não se permitiu ceder à fraqueza.

– Kakarotto, seu idiota! Quer morrer? Por que fez isso?!

– Por que... eu não podia per-der... em minha p-primeira missão – sorriu, satisfeito por ter derrotado seu adversário, mesmo que não estivesse em condições muito melhores.

Hiburan negou com a cabeça. Pelo visto as semelhanças com Bardock não bastavam apenas na aparência.

– Você conseguiu. Agora tente não desperdiçar a energia que vou te dar dessa vez – bufou, compartilhando sua energia novamente. Tentou reprimir um sorriso, mas não conseguiu, o garoto tinha um potencial e tanto. Um digno e orgulhoso guerreiro saiyajin. – Parabéns, garoto. Apesar de ter sido imprudente, você agiu como um verdadeiro guerreiro. E não se preocupe, ninguém precisa saber que você quase morreu para vencer.

Kakarotto tentou bufar, mas em vez disso sorriu. Era verdade, afinal. Ele quase morrera para vencer, e se não fosse Hiburan, com certeza teria morrido. Mas estava satisfeito. Não importava que seus órgãos estavam quase saltando para fora e que seu corpo não tivesse quase nenhum pingo de sangue no organismo, pelo menos ele tivera sua primeira glória. E se Hiburan não contasse a ninguém suas condições finais, ele teria ainda mais.

Sorriu novamente e fechou os olhos. E apesar de ter recebido energia extra de Hiburan, e de ter se mantido focado em não perder a consciência, sua mente vagou para longe e escuridão inundou seus pensamentos.

Quando acordou, estava em um tanque de regeneração, com sua mãe exibindo um sorriso cheio de orgulho. No fim, seu nível de poder aumentara o suficiente para ser reconhecido como soldado de elite; conquistara o respeito de vários saiyajins – inclusive seus pais – e Hiburan jamais contara a alguém que salvara sua vida.

 

Kakarotto abaixou os olhos e apertou os punhos. Por um instante desejou que o inimigo ainda estivesse vivo, para que ele mesmo pudesse matá-lo... mas tão logo se repreendeu pelo pensamento. Hiburan merecia essa glória, ainda mais por não ter morrido em um campo de batalha como é digno de um guerreiro saiyajin. E principalmente, porque graças a ele, Kakarotto tivera a primeira de muitas glórias.

“Sistema de proteção ativado. Compartimento principal será isolado em 9 minutos e 59 segundos.”

 Tomando controle de suas emoções novamente, Kakarotto prontificou na face sua usual expressão fria e se afastou do corpo. Tinha que lidar com questões mais importantes por ora, o veneno estava se espalhando pela nave, não tinha muito tempo. A sala de comando se isolaria da área infectada em menos de 10 minutos, tinha que trazer Toma e a terráquea antes que o tempo acabasse.

Colocando a máscara no rosto novamente, ele partiu para os corredores em um voo veloz e poderoso. Mas suas ações eram automáticas. Sua mente estava vazia, perdida no luto de um companheiro que nunca dera valor.

 

 

 

A bela saiyajin exibiu um sorriso pretencioso ao se aproximar da mesa do guerreiro de classe baixa. Ele ainda estava inconsciente de sua aproximação, mas ela deixou sua cauda se desenrolar da cintura provocativamente, certa de que isso iria atiçá-lo assim que a avistasse. Ele não era nenhum grande guerreiro comparado ao irmão, mas era tão belo quanto. Exceto pela pele cinzenta e os anos de diferença, ele poderia ser gêmeo de Kakarotto. Oh, Kakarotto... mesmo sendo pouco provável, ela esperava ter outra oportunidade com ele novamente. Mas podia muito bem se divertir com seu irmão por enquanto...

– Pensei que estivesse em missão, Turles – ela disse ao se aproximar da mesa na qual ele se alimentava, anunciando sua presença. Ambos estavam em um dos bares mais frequentados pelos guerreiros intergalácticos, portanto não era muita surpresa que ele já estivesse acompanhado por alguns soldados, embora fossem de classe baixa.

Turles desviou o olhar de sua comida por um segundo e a olhou, finalmente notando sua presença. Não era tão vadio quanto o irmão mais novo, mas deixou que um sorriso malicioso cruzasse sua face.

– Kiri. – ele murmurou de volta e largou a carne que comia no prato. – Estava me perguntando quando a veria novamente.

– Oh, não seja tão meloso – ela dispensou, sentando-se sobre a mesa que ele comia e empurrando os pratos para longe. Cruzou as pernas com a pele à mostra e descansou o braço contra o seio de forma a realçar as curvas na armadura. Os colegas de Turles se inclinaram para ver melhor, nada sutilmente, mas ela não se incomodou. Gostava da atenção.

– O que quer agora? – Turles perguntou sem enrolação. Ela nunca o procurava por nada.

– Estou entediada – deu de ombros e sorriu torto. – Pensei que talvez você pudesse me distrair.

– Posso me candidatar – um saiyajin mediano se prontificou, sorrindo como se realmente fosse conseguir alguma coisa. Ela o ignorou.

– Como Kakarotto e Erios não estão, você é o próximo da lista. Claro que não será tão satisfatório quanto eu desejava, mas compensa. – sorriu, certa de que isso iria ofendê-lo.

Ele se levantou da mesa bruscamente, seus olhos faiscando com fúria conforme se inclinava para ela sobre a mesa.

– Não me trate como se eu não tivesse coragem de quebrar esse lindo pescoço nas mãos – ameaçou. – Posso não ser tão forte quanto o inútil do Kakarotto, mas sou mais do que capaz de me livrar de alguém do seu nível. E aposto que ninguém daria falta.

– Tenho minhas dúvidas – ela lambeu os lábios, gostando de toda aquela ferocidade. – E já que estamos apostando, aposto que Kakarotto seria mais drástico.

Ele a agarrou pelo braço em um aperto furioso, rosnando no fundo da garganta. Kiri sorriu satisfeita, sentindo os pelos de sua cauda se eriçarem de excitação, conforme o aperto se firmava cada vez mais dolorosamente em sua pele.

Turles permaneceu alheio à sua reação, até que lentamente começou a notar. Ele hesitou um instante e analisou seu sorriso. Ela arqueou a sobrancelha e sorriu mais abertamente.

Ele rolou os olhos e a soltou, bufando. Kiri sempre fazia isso, e ele nunca conseguia prever. Sempre provocava sua fúria, para que sua relação fosse o mais selvagem e brusca possível. Ele confessava que até aproveitava o momento, mas não gostava de perder a paciência tão facilmente – fazia com que se parecesse com Kakarotto e odiava isso.

– Como você consegue sempre cair nessa? – ela riu e o puxou para perto. Ele a beijou bruscamente em resposta, esmagando seus lábios nos dela. Ela formou um ronronar satisfeito no fundo da garganta e o agarrou pela nuca, suas unhas perfurando a pele de seu pescoço selvagemente.

– Poupem o show, este não é o momento e nem o lugar apropriado – uma voz familiar soou e Turles gemeu frustrado ao reconhecê-la. Afastou-se de Kiri de modo contrariado e fitou a figura séria e entediada de seu pai, com sua usual posição de braços cruzados.

Kiri deu uma boa olhada em Bardock e mordeu os lábios. Ele até que podia ser parecido com Kakarotto e Turles, mas certamente tinha uma sensualidade contida que a instigava. Ah, se ele não fosse tão comprometido com a companheira... aliás, se sua companheira não fosse a Hanasia – famosa por ser violenta.

– O que você quer?

– Quero ter uma conversa com você. – ele respondeu simplesmente, embora seu tom fosse notavelmente desmotivado.

Oh. Turles entendeu. Está sendo obrigado.

– Hanasia?

– Hanasia. – Bardock assentiu.

Ótimo. – Turles rolou os olhos e afastou-se de Kiri. Nesse caso, não teria escapatória.

 

 

 

Kakarotto adentrou novamente a sala de recuperação da nave. Chichi levantou do chão assim que o viu, se contendo para não disparar perguntas.

Kakarotto escondeu a perturbação que dominava sua mente com uma expressão fria na face e retirou a máscara do rosto. Chichi notou o relance de incômodo em seu olhar misterioso e se conteve ainda mais para não perguntar. Ele se virou para ela, seus olhos passando por ela e perfurando o vazio.

– Terráquea. Você pode procurar mais mascaras como essa? – perguntou e ela se surpreendeu por seu tom soar tão... monótono. Sim, ele era normalmente frio, mas tal frieza foi tão forçada e vazia que a instigou. Mas ela apenas assentiu, guardando seus pensamentos para si mesma. – Bom.

Enquanto Chichi se afastava até o armário em que encontrara a máscara, Kakarotto se aproximou do tanque de regeneração onde Toma ainda se recuperava. Ele não parecia estar muito melhor do que antes. Mas afinal, por que ele e a terráquea conseguiram reagir melhor à recuperação? Será que havia algo de errado com Toma?

Chichi deu um olhar para Kakarotto e notou sua preocupação. Era estranho vê-lo assim... quase parecia outra pessoa. Ela franziu o cenho e considerou isso por um segundo. Talvez ele se importasse com algo além de si mesmo, no final das contas – respeitava isso.

– Eu acho que seria melhor se ele bebesse.

Kakarotto a olhou com descrença e ela suspirou.

– Foi assim que nos recuperamos – mentiu. Eles não tinham tecnicamente se recuperado com isso, mas realmente era melhor beber da água curativa do que esperar que ela trabalhasse por fora do organismo infectado.

– Faz sentido. – ele respondeu, ainda com o tom indiferente. – Nós temos que sair daqui o quanto antes, já encontrou alguma máscara?

– Vou continuar procurando.

Ele esfregou o rosto nas mãos, cansado mentalmente, e programou o tanque para que drenasse o líquido que envolvia Toma. Podia notar que ele se contorcia levemente, mas estava tão fraco que não conseguia sequer abrir os olhos, ou se mexer. Seria mesmo melhor que ele bebesse da água, já que o que tinha que ser curado estava dentro do corpo.

Assim que o tanque se esvaziou, o corpo de Toma caiu no chão. Kakarotto recolheu o vidro e o pegou, passando seu braço pelos ombros. E então, ele pegou a fonte que alimentava o tanque com o liquido e a arrancou dos fios. Sabia que não era bem o método mais convencional, mas o líquido curativo era resultado de uma mistura com água, então, se pegasse o remédio direto da fonte e enfiasse goela abaixo em Toma, certamente teria efeito mais imediato.

Chichi se aproximou segurando as três máscaras de respiração que encontrara e observou enquanto Kakarotto pousava o corpo de Toma no chão e pegava o compartimento com o remédio curativo. Chichi esperava que ele ajudasse seu companheiro a beber, mas, em vez disso, começou a estapeá-lo no rosto até que ele abrisse os olhos fracamente. Ela o olhou em descrença, mas não disse nada – não deveria se surpreender.

– Vamos, tente beber isto – ele ordenou, mas Toma apenas gemeu em resposta, com os olhos tremulando fracamente.

– Ele não vai conseguir – Chichi se arriscou a dizer. – O veneno deve ter avançado muito.

– Não seja estúpida, ele é um saiyajin. – rosnou e a ignorou, sacudindo Toma pelos ombros. – Nós não morremos com veneno, o corpo dele já deve ter criado os anticorpos necessários.

Saiyajin ou não, esse não é jeito de ajudar alguém. Ela pensou para si mesma, mas decidiu agir – mesmo se recriminando internamente. Sem paciência para o que via, e qualquer noção de perigo, Chichi empurrou Kakarotto e ergueu a cabeça de Toma com o braço. Ele gemeu como se o movimento lhe causasse dor e voltou a fechar os olhos. Kakarotto a olhou indignado, mas não a impediu.

Chichi tomou o compartimento com o remédio e mergulhou sua mão em concha para coletar o líquido. Quem visse, nem mesmo perceberia que aquele a quem segurava nos braços era um inimigo. Ela o tratava com tanto cuidado e gentileza, que nem mesmo parecia ter realmente consciência de sua situação. Eles a capturaram como escrava... como ela podia tratá-los tão compassivamente? Kakarotto não conseguia entender. O comportamento dela estava além da sua imaginação, jamais vira algo assim tão... altruísta.

Jamais vira qualquer ato altruísta, aliás.

Toma engoliu o remédio com a ajuda de Chichi e não demorou muito para que fizesse efeito. Seu corpo começou a se recuperar do veneno, embora ainda fosse difícil se mexer.

– Precisamos nos apressar – Kakarotto resmungou, se pondo de pé. Eles não tinham muito mais que alguns minutos para irem até a sala de comando antes que se fechasse.

Chichi continuou ajudando Toma a tomar o remédio, até que ele se recuperou o suficiente para tomar por conta própria. Ele nem mesmo notou quem o ajudava, apenas tomou o recipiente com o liquido nas mãos e o virou todo na boca. O alivio que aquilo causara, anestesiando toda a dor, fora tão satisfatório que ele sequer conseguiu pensar em outra coisa a não ser tomar mais e mais até que toda aquela agonia sumisse por completo.

Chichi se afastou e olhou para Kakarotto. Ele olhava para Toma com os braços cruzados, parecendo impaciente, embora o olhar distante predominasse sua expressão misteriosa. Chichi desejou poder ler seus pensamentos por um segundo, mas logo mudou de ideia. Talvez não gostasse do que veria.

– O que aconteceu? – Toma cobrou, quando terminou de beber todo o remédio do recipiente. E como era a forma pura, sem água misturada, ele certamente já devia estar completamente curado. – A última coisa que me lembro é que cai no sono durante a vigia e-

– Você caiu no sono, seu irresponsável?! – Kakarotto rugiu, mas respirou fundo para se acalmar, não tinha tempo para estourar o crânio de Toma naquele momento. Voltando a colocar a máscara de respiração, ele tomou a extra que Chichi carregava nas mãos e jogou na cara de Toma. – Coloque isso, rápido! Discutimos depois, agora precisamos ir para a sala de comando.

Sem perder tempo, Kakarotto colocou de qualquer jeito a máscara em Chichi e a agarrou pela cintura, voando a toda velocidade pelos corredores em direção à sala de comando. Toma o assistiu partir com uma expressão confusa na face. Sua mente insistia em tentar entender o porquê daquilo tudo, mas ele se forçou a ignorar os pensamentos e segui-lo, com aquela incômoda máscara de respiração na face.

Mas embora estivesse confuso com tudo aquilo que estava acontecendo, o que mais intrigava sua mente... era se aquele relance de angústia que avistara nos olhos de Kakarotto era real ou apenas fruto de sua imaginação.

Balançando a cabeça, Toma riu de si mesmo. Kakarotto angustiado com alguma coisa? Há. Essa é boa.

 

 


Notas Finais


O final não saiu lá essas coisas por que não era realmente o final que eu planejava, mas espero que tenham curtido.
Até a próxima!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...