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História Por Trás Da Tela - Especial III - A História se Repete


Escrita por: TatyNamikaze

Notas do Autor


Olha quem apareceu...

Tudo bem, amores? Saudades de mim? Dessa história? Nem acredito que PTDT bateu a marca de 900 favoritos. Estou tão feliz que não sei nem o que dizer! Só agradecer por todo o carinho e por me acompanharem. Amo vocês ❤


Depois de muito tempo, tive inspiração pra um especial de Por trás da tela, dessa vez focado em BoruSara, espero que gostem.

Agora PTDT está oficialmente terminada.

Boa leitura!

Capítulo 8 - Especial III - A História se Repete


Fanfic / Fanfiction Por Trás Da Tela - Especial III - A História se Repete

Por Trás Da Tela

Por: TatyNamikaze

Capítulo Oito - Especial III

A História se Repete



"Me diz quem você é, por favor, eu estou curioso!"


"Já tem meses que a gente conversa por aqui, você já sabe tudo sobre mim, talvez seja a pessoa que melhor me conheça na face da terra, e eu não sei quem você é."


"Por que tanto esconde sua identidade?"


 Sarada ficou olhando para aquelas mensagens a manhã inteira, ainda sem saber como responder ao amigo. 

 Quando teve a ideia de repetir o que os pais fizeram, não pensou em como seria quando Boruto descobrisse que ela era a garota secreta. Na hora, a adolescente de dezesseis anos só queria arriscar.

 Há anos desenvolvera um sentimento a mais que a amizade pelo melhor amigo, no entanto a menina não sabia como se declarar para ele, temia que o garoto a rejeitasse. E foi com esses pensamentos que ela resolveu mandar aquela mensagem:


"Oi, Mira! Tudo bem?"


 Ela sabia que o número não era da Mira, até porque a tal Mira nem existia. Aquele número pertencia a Boruto, e a intenção era falar com ele.

 Por sorte, o Uzumaki ainda não tinha seu novo número, ela trocou de celular dias antes e não havia compartilhado o número com ninguém do seu círculo de amizades. Quando queria falar com os amigos e vice-versa, o Messenger ou o Direct eram suficientes, portanto nem preocupou-se.

 Ela não pensou muito nas consequências quando mandou a mensagem; na verdade, ela só não sabia mais o que fazer e resolveu arriscar. Funcionou com os seus pais, por que não tentar? Poderia demonstrar seus sentimentos por Boruto sem arriscar a amizade e, quando ele se visse apaixonado, ela se revelaria e ficariam juntos.

 Seu plano inicial era esse, mas quem disse que a coragem a permitiu se revelar? 

 As mensagens se arrastaram por longos dez meses, o Uzumaki já se dizia apaixonado pela garota misteriosa e até ela se declarara também. Porém, ainda assim, ela foi covarde. 

 O que tanto a assustava, afinal? Por que era tão difícil dizer que era Sarada Uchiha por trás da tela?

 Ela não fazia ideia. Só sabia que não aguentava mais esconder, nem ouvir Boruto elogiar a garota misteriosa e se dizer apaixonado sem nunca tê-la visto e, o pior: sem poder dizer que era ela a tal garota. Isso machucava, mas Sarada não conseguia fazer diferente.

 Só esperava criar coragem em breve para fazê-lo. Uma hora ou outra, ela teria que revelar, ou talvez perdesse Boruto para sempre.


. . .


 — Boa noite, querida. — Sasuke entrou na cozinha depois de um longo dia inspecionando uma obra e encontrou a mulher de avental perto da pia.

 Ela parecia tranquila e não mais tinha olheiras sob seus olhos, sinal de que se adaptara bem à nova rotina de trabalho. De fato, rotina de médico não é nada fácil, mas Sakura conseguiu uma parceria com uma antiga amiga da faculdade, e montaram uma clínica juntas. Há um mês ela trabalhava apenas três dias por semana, e estava adorando o tempo livre para com a família e para si mesma.

 Sakura sorriu ao ser surpreendida com um carinhoso beijo na bochecha, Sasuke era sempre muito carinhoso, o melhor marido que poderia desejar. 

 — Boa noite, amor. 

 — O que está cozinhando? — o homem perguntou, o cheiro que exalava da panela era bem apetitoso.

 — Sukiyaki. — a Uchiha respondeu, sorrindo e misturando o ensopado. — Com bastante tomate ainda por cima, como você gosta.

 — Você sabe como alegrar o meu dia. — ele a abraçou pela cintura. — Já disse que te amo hoje?

 — Já, assim que acordou. Mas não me importo se você repetir. — a mulher respondeu sorridente.

 — Eu te amo. — Sasuke disse, e, mesmo depois de tantos anos de casados, o peito dela se aqueceu com as palavras.

 — Eu também te amo. — ela o beijou breve e depois voltou a mexer a mistura na panela. — Por que não sobe para tomar um banho? Eu te chamo quando ficar pronto. 

 — Tudo bem, eu preciso mesmo de um banho, estou exausto. — ele se afastou dois passos. — E as crianças?

 — O Daisuke está jogando videogame, quando sair do banho chame-o, já faz algumas horas que ele está na frente da televisão. E a Sarada está trancada no quarto, provavelmente ainda com os fones de ouvido, acho que está maratonando uma série aí. 

 — Típico. — Sasuke soltou uma risadinha, que cessou quando a campainha foi tocada. — Eu atendo, pode deixar.

 Ele seguiu para a sala e não se surpreendeu quando abriu a porta e se deparou com Boruto. O loiro frequentava a residência Uchiha com certa frequência e tinha uma boa relação com toda a família, inclusive com Sasuke. Eles costumavam correr juntos de vez em quando e conversar bastante.

 — A Sarada está no quarto. — Sasuke respondeu para o menino depois de cumprimentá-lo, mas estranhou o nervosismo que transparecia pelo rosto vermelho e dedos inquietos. 

 — Na verdade, eu queria falar com você. Se puder, claro. — o adolescente respondeu, acanhado.

 E Sasuke ficou até preocupado depois disso, nunca Boruto agira assim. Na verdade, ele era sempre muito extrovertido, como o Naruto.

 Confuso, o homem deu espaço para o menino passar, e depois seguiram juntos para seu escritório, ainda no andar de baixo da casa. Muitos projetos de obras estavam espalhados sobre a mesa de carvalho, Sasuke os juntou e guardou dentro da gaveta.

 Ele apontou a cadeira em frente à mesa para o menino e sentou na de trás. Frente a frente, Sasuke esperou que Boruto dissesse algo.

 — Eu queria um conselho. Sobre… hum… é…

 — Relacionamentos? — Sasuke perguntou, já imaginando acerca do quê poderia se tratar. — Por que não fala com seu pai?

 — Meu pai é péssimo nisso. — o loiro fez uma careta, e Sasuke soltou um sorriso. De fato, Naruto era péssimo no que tange relacionamentos amorosos, foi um milagre conseguir se declarar para Hinata. — E, bem, acho que você poderia me ajudar mais, já que passou por algo parecido.

 — O que quer saber? — o Uchiha perguntou.

 — Bom, eu… ando trocando mensagens com uma menina, mas eu não faço ideia de quem ela é. Só sei que ela é maravilhosa, temos muitas coisas em comum, e que eu… acho que estou gostando dela. 

 — Isso é bom. — Sasuke tentou se controlar para não deixar os lábios se curvarem em um bico desgostoso ao mesmo tempo que se sentia aliviado pelo que ouvira.

 Era estranho saber que Boruto estava gostando de sua filha, mesmo sem ter conhecimento de que ela era sua filha. Porém, ao mesmo tempo, era satisfatório saber que Sarada era correspondida e que não sofreria por um amor platônico.

 Era confuso, para Sasuke, essa mistura de ciúmes e alívio. Contudo, resolveu continuar a ouvi-lo e só depois dar atenção a esses sentimentos.

 — A gente conversa já há uns 10 meses, sabe, mas ela não quer me dizer quem é, e eu não entendo o porquê. 

 — Talvez ela esteja insegura. 

 — Insegura com o quê?

 — Com a sua reação ao saber quem ela é. — Sasuke respondeu. E disso ele podia falar, pois passara pela mesma situação com a Sakura.

 A insegurança sempre estivera lá, perseguindo-o, impedindo-o de dizer à garota que amava tudo que queria. E talvez fosse isso que Sarada sentisse: insegurança. E medo. 

 — Não entendo… — o menino ficou em silêncio, pensando. Estava tudo muito confuso na cabeça dele.

 Como uma pessoa tão legal estaria insegura de dizer quem é? Ainda mais depois de tanto tempo?

 Sasuke soltou um suspiro e pensou no que poderia dizer sem entregar a identidade da garota secreta.

 — Você tem alguma ideia de quem seja? Alguém que você conheça?

 — Bom, eu suspeitei que fosse… esquece, não pode ser ela.

 — Ela quem? — Sasuke perguntou, e não obteve resposta em palavras, apenas um olhar distante e um sorriso discreto do menino. 

 E isso soou estranho, suspeito. E, por um momento, um nome veio à cabeça de Sasuke, e tudo ficou mais claro.

 Embora um leve ciúme tenha se apossado do corpo dele, assim como aconteceria a qualquer pai superprotetor, ele se sentiu feliz. Porque, acima de tudo, a felicidade da filha era o que mais importava.

 Ele respirou fundo, pensando calmamente no conselho que daria e prosseguiu:

 — Mostre para ela o que sente, mostre que ela é especial e que, independente de quem seja, você vai gostar dela. Diga que ela o conquistou pela sua personalidade, pelo caráter, pelo carinho, ela irá se sentir muito mais segura se souber disso.

 O menino parou para refletir, o cotovelo estava apoiado na mesa de carvalho, e a mão, sob o queixo. Ele ainda ficou assim por alguns segundos, pensando e depois balançou a cabeça em concordância.

 — Você tem razão, obrigado, tio Sasuke.

 Boruto se levantou da cadeira, e Sasuke o acompanhou com um mínimo sorriso no rosto. Os dois caminharam até a porta do escritório.

 — Posso ver a Sarada? — ele perguntou.

 — Claro, ela está lá em cima.

 O menino despediu-se de Sasuke em um aceno e subiu as escadas, indo em direção ao cômodo já bem familiar. Ele bateu na porta duas vezes e aguardou por uma resposta permitindo sua entrada.

 A menina respondeu do outro lado, a voz estava abafada e, quando Boruto abriu a porta, percebeu que ela não prestava atenção em quem entrava. Os fones de ouvido e o notebook sobre o colo tinham toda a sua atenção.

 No momento em que os olhos da garota decidiram ver quem havia entrado, eles quase saíram das órbitas, e o coração dela deu um salto. Definitivamente, Sarada não esperava que fosse o garoto à porta.

 Todavia, antes que o amigo percebesse seu desconcerto, ela se recompôs e o cumprimentou da devida forma.

 — O que está vendo? — Boruto perguntou, já se colocando ao lado dela na cama, como se aquele fosse o seu quarto.

 A menina revirou os olhos com a atitude despojada do amigo, mas logo sorriu e lhe ofereceu um dos fones de ouvido. 

 — Maratonando Supernatural. 

 — Adoro Supernatural, dá play aí. — ele comentou empolgado, e a pequena Uchiha apenas riu antes de clicar no botão no mouse e tirar a pausa do episódio.


. . .


 Poucos minutos depois que Boruto foi embora, isso já bem depois do jantar, uma batida soou na porta do quarto. Sarada ergueu-se na cama ao escutar o som da maçaneta sendo girada e não se surpreendeu ao ver o pai entrando no cômodo iluminado apenas pela tela do notebook.

 Sasuke caminhou até a cama da filha e se sentou na beirada, analisando o semblante calmo que a menina lhe destinava. Ela parecia feliz.

 — Oi, pai. Quer alguma coisa? — Sarada perguntou, curiosa.

 — Só vim dar boa noite… e conversar. 

 — Sobre? — ela arqueou as sobrancelhas em curiosidade.

 — Sobre o Boruto. — ele foi direto ao ponto, no entanto a olhava serenamente, e isso passava segurança para ela. — Você gosta dele, não gosta?

 No primeiro instante, Sarada ficou surpresa. Era impossível não ficar, pois a garota de dezesseis anos não fazia nem ideia de que o pai sabia daquilo, dos seus sentimentos. No instante seguinte, contudo, a surpresa deu lugar à vergonha, e as bochechas tornaram-se rosa.

 A pequena Uchiha abaixou a cabeça e desviou o olhar para as mãos inquietas sobre o colo, sem saber quais palavras usar naquele momento. Sasuke repuxou os lábios em um pequeno sorriso e se aproximou, atraindo a atenção da filha.

 — Não precisa ficar com vergonha, se apaixonar é normal, ainda mais na sua idade. — O homem disse.

 Ele não levava muito jeito para conselhos amorosos, no entanto sentia que precisava fazê-lo. Sasuke passara pela mesma situação, afinal. Ninguém melhor do que ele para auxiliar a filha naquele impasse.

 — Eu sei das mensagens, e o Boruto veio me procurar hoje para falar sobre isso.

 — O que ele disse? — a menina indagou imediatamente, abandonando a vergonha e deixando a ansiedade dominá-la.

 — Que está apaixonado por você.

 Assim que Sasuke revelou, um lampejo de felicidade e esperança passou pelo olhos da menina. Porém, ele logo sumiu e deu lugar à tristeza.

 — Ele não sabe que eu sou a garota das mensagens, não é de mim que ele gosta, é dela.

 — Mas você é a garota das mensagens, gostar dela significa gostar de você. — Sasuke disse, a firmeza na voz quase fez a garota acreditar.

 — Não é bem assim…

 — Sarada, deixa eu te contar uma coisa. — ele a interrompeu, o olhar dele era distante, e isso a intrigou. — Vou contar sobre minha história com a sua mãe, mas algo que você não sabe. 

 — O quê? — questionou curiosa.

 — Antes de sua mãe e eu trocarmos mensagens, ela nunca nem tinha olhado para mim, e eu já era apaixonado por ela. Ela era popular, mas não aquela pessoa metida e arrogante, ela era legal com todo mundo, divertida e talentosa. Era o tipo de pessoa que encantava qualquer um. — Sorriu com as lembranças, sua mulher era realmente incrível. — Eu pensei que nunca teria chance com ela, já que eu era considerado o nerd, excluído e sempre quieto no meu canto para evitar problemas. Mas então as mensagens começaram.

 Ele deixou o olhar seguir para a parede e se recordou de tudo que sentiu e vivenciou naquela época. As lembranças eram tão nítidas que pareciam de ontem.

 — Eu senti a esperança de construir um futuro diferente depois disso e, ao mesmo tempo, uma insegurança enorme que só atraiu negatividade, pessimismo. Escondi minha identidade por medo de que ela me rejeitasse. Por medo, desisti de contar para a garota que amava quem eu realmente era. 

 — Você escondeu por isso?...

 — Não consegui criar coragem para revelar minha identidade, foi o Sasori quem, no fim, fez a revelação. Eu não consegui porque acreditava fielmente que não era suficiente para a sua mãe e que ela nunca aceitaria ficar com o garoto misterioso quando soubesse quem ele era.

 Lembrar desse sentimento em específico fez um gosto amargo, o mesmo da adolescência, invadir o paladar dele. Sasuke não sabia como foi capaz de conviver com todos aqueles sentimentos ruins por tanto tempo, só sabia que fora forte e, da sua força, colheu grandes frutos.

 Ao pensar nisso, deixou o gosto amargo e o recém-formado bolo na garganta abandonados, e deu atenção à menina que o encarava em expectativa.

 — E então a Sakura me surpreendeu. Ela me aceitou como eu era e me ensinou a lição mais preciosa da minha vida. 

 Curvou os lábios em um sorriso, e os olhos brilharam.

 — Você não precisa ter medo de ser quem é ou mudar para agradar alguém, pelo contrário. Precisa mostrar seu eu verdadeiro para quem você ama, confiar em si mesmo e, não, deixar sua felicidade de lado só porque está com medo. Se essa pessoa não te aceitar, isso quer dizer que ela não serve para você, e não o contrário. 

 Sarada escutou atentamente a cada palavra, mas ainda estava confusa quanto ao que fazer. Ela mordeu os lábios e olhou para o pai após refletir um pouco.

 — Então… você acha que eu devo contar que sou eu?

 — Isso. — Sasuke respondeu de imediato. — Você deve revelar, o Boruto vai ficar feliz e surpreso, embora eu tenha quase certeza de que ele espera que seja você.

 — Não acho que ele espere que seja eu. 

 — Ah, acredite, eu sei do que estou falando. — Sasuke levou a mão aos cabelos escuros e curtos da menina, e os bagunçou em uma forma de confortá-la e transmitir-lhe confiança. — E sabe por quê? Porque você é a melhor adolescente que existe, não tem quem não goste de você.

 — Você só diz isso porque é meu pai. — Sarada murmurou, risonha.

 — E como seu pai, tenho o dever de dizer a verdade. — ele sorriu e se levantou da cama. — Vai, manda uma mensagem para ele, marca de se encontrarem.

 — Você me incentivando a encontrar com um garoto? Não vai me seguir, não, né? 

 Sarada o encarou, risonha.

 — Não, claro que não, só quero o endereço e horário marcados. — ele respondeu, sério. E depois riu. — Estou brincando, confio em você e no Boruto também, se é isso que quer, não vou impedir. Está na hora de te deixar fazer as próprias escolhas.

 — Obrigada, pai. Você é o melhor do mundo. — ela o abraçou forte, e Sasuke retribuiu.

 Como amava sua família!

 — Eu tento. — ele respondeu ao soltá-la e então a deixou sozinha para decidir o que fazer com seu futuro.

 Revelar ou não revelar? Marcar um encontro ou não marcar? 

 A dúvida era grande, porém Sarada não queria mais enrolar e sentir medo. Queria ser forte como seu pai fora.

 Antes que desistisse, por fim, ela pegou o celular e digitou:


"Boruto, acho que está na hora de parar com segredos, não quero mais mentir." 


"Está livre amanhã? Precisamos conversar. Pessoalmente."


E, em um sopro de coragem, ela enviou.

 

 . . .

 

 Ok… ela nunca ficou tão nervosa na vida. 

 Ali, sentada no banco daquela praça, sob o sol de quase 30 graus, a menina sentia como se fosse vomitar a qualquer momento.

 Os minutos de espera estavam sendo quase uma tortura, assim como aquela sapatilha que esmagava seus pés. Maldita hora que decidira deixar o tênis de lado e calçar um sapato mais fofinho. 

 Cinco minutos depois do horário marcado, a vontade de vomitar deu lugar à indignação. Boruto, definitivamente, não sabia chegar na hora em lugar nenhum, era incrível seu talento em se atrasar, até mesmo, para coisas importantes.

 Se não o conhecesse bem, Sarada pensaria que ele não estava tão interessado assim na misteriosa garota das mensagens. Mas o loiro era assim com tudo, então já nem ligava.

 Enquanto a menina checava o celular mais uma vez, curiosos olhos azuis a observavam de longe. Boruto estava parado perto de uma árvore, há cinco minutos observava a mesma direção, sem acreditar no que seus olhos estavam lhe mostrando.

 No primeiro momento, ele não acreditou. Era surreal demais. 

 O destino seria tão bom assim, a ponto de fazer com que as duas garotas pelas quais era apaixonado fossem a mesma pessoa? Seria tão bom a ponto de acabar com sua dúvida sobre quem era realmente seu amor?

 No instante seguinte, o adolescente só conseguia sorrir. 

 Estava até com cara de bobo, mas não se importava. Estava tão feliz que pouco ligava para os olhares que recebia das pessoas que passavam por perto. Queria mais era gritar para o mundo que era correspondido e que, finalmente, sua vida tomaria o rumo que sonhou desde os doze anos de idade.

 Mas ele sabia que não podia. Na verdade, ele não devia, pois passou tanto tempo olhando para Sarada que já estava atrasado. Se quisesse resolver de vez aquela situação, precisava se aproximar.

 Respirando fundo, o menino se aproximou do banco. Sarada encarava o chão empoeirado e nem percebeu a aproximação dele até que a voz se sobressaísse no silêncio.

 — Sarada? O que faz aqui? — ele perguntou, embora soubesse a resposta.

 Na verdade, ele queria mais era saber o que ela lhe diria.

 — Oi, Boruto. — ela cumprimentou sem graça, e a insegurança voltou ao seu corpo. — Eu… estava dando uma volta. — mentiu, sentindo a coragem de antes sumir, e o medo assumir o controle.

 Por que era tão difícil revelar? E por que ele não ligou as coisas? Seria tão mais fácil.

 — E você? O que faz aqui?

 O menino a encarou e depois sorriu.

 — Só dando uma volta. — ele deu de ombros. — Está calor hoje, por que não tomamos um sorvete? Tem uma sorveteria na esquina.

 A menina se surpreendeu com o convite e logo sentiu a mente confusa. Se ele esperava encontrar a garota das mensagens e não sabia que ela era Sarada, por que a convidou para tomar sorvete? Ele não tinha medo de que a garota das mensagens fosse embora por não encontrá-lo no lugar combinado?

 — Mas você não estava esperando alguém? — indagou confusa, e essa pergunta só o fez arquear as sobrancelhas. 

 — Como sabe que estou esperando alguém? — ele perguntou, e o olhar assustado e surpreso dela, por ter revelado o que supostamente nem sabia, o fez dar risadas. — Por que não me disse que era você o tempo todo?

 — Ahn? 

 — A garota das mensagens. Era você. Desde o início.

 Sarada abaixou a cabeça, e as mãos foram para a frente do corpo em uma postura acanhada e até mesmo tristonha. 

 — Não queria te decepcionar, você sempre falava tão bem dela… — murmurou, os olhos encaravam tudo, menos o olhar dele.

 Se o encarasse, no entanto, ela perceberia a serenidade e satisfação que o brilho nos olhos azuis transmitiam e não se sentiria assim, insegura.

 — Eu não sabia como me aproximar de você por sermos amigos de infância, desculpa ter me escondido por trás de uma tela e fingido ser outra pessoa. Não devia ter feito isso e vou entender se não for recíproco.

 Mais uma vez, Sarada não conseguiu encará-lo, e a tristeza em seu rosto e postura só fazia Boruto não entender mais nada.

 Por que ela lhe pedia desculpas? Por que sentia tanta insegurança?

 — Não precisa me pedir desculpas, você não fez nada de errado. Eu só queria que me contasse antes, assim evitaria que eu pensasse demais.

 — Desculpa. — ela respondeu novamente, dessa vez ainda mais acanhada. — Eu não devia ter enrolado para te contar, se soubesse desde o início, você não teria criado tantas expectativas, desculpa...

 — Não é disso que estou falando. — ele a cortou, mas educadamente. — Com "pensar demais" me refiro à dúvida que povoou minha mente desde quando passamos a trocar mensagens todos os dias. Minha melhor amiga ou a garota das mensagens? O que fazer quando seu coração bate por duas pessoas distintas, mas que parecem tão iguais?

 Ele a olhou nos olhos e, notando que não teria resposta alguma, continuou:

 — Fiquei feliz ao saber que as duas são você, talvez eu já soubesse há mais tempo, vocês eram semelhantes demais. — Boruto revelou, as palavras saíam facilmente, como se tivesse ensaiado. Como se tivesse se preparado, a vida toda, para aquele momento. — Agora entendo por que me apaixonei por alguém que nunca nem tinha visto… Porque ela lembrava a garota pela qual sou apaixonado há anos.

 Sarada ouviu tudo que ele tinha para dizer e não conseguiu evitar que um sorriso escapasse pelos lábios com a última frase.

 Como a vida é irônica.

 Ela sempre teve tanta dificuldade de revelar para Boruto o que sentia desde pequena, e agora descobria que ele sempre sentiu o mesmo. 

 De fato, uma grande ironia da vida.

 Mas ela não estava reclamando. 

 — Também sou apaixonada por você. — Sarada criou coragem para dizer. As bochechas estavam cor-de-rosa, ainda que os lábios estivessem curvados em um sorriso.

 — Você já disse isso por mensagem.

 — Eu sei, mas queria dizer sendo eu mesma. — retrucou brincalhona. — Sou apaixonada por você desde que descobri como funciona o amor.

 — É bom ouvir isso. — Boruto sorriu contente e olhou no fundo daqueles hipnotizantes olhos ônix. — Agora podemos tomar nosso sorvete? — o loiro perguntou, estendendo a mão para a menina. 

 Um convite que, para eles, era muito mais que uma ida na sorveteria.

 — Não precisa nem perguntar. — ela sorriu, dando-lhe a mão e um olhar que dizia muito mais do que os lábios pronunciavam. 

 Um olhar que acabou com todas as incertezas do menino e com o nervosismo que antes se espalhava em seu peito.

 E então, de mãos dadas, a jovem Uchiha deixou que ele a conduzisse para onde quisesse. E também pelo tempo que o destino permitisse.


Notas Finais


E então? Gostaram?
Esse é o fim de PTDT, mas, se quiserem, ainda podem me acompanhar em outras histórias. Tenho várias no meu perfil, ficaria muito feliz se vocês lessem 😄

Se quiserem saber das novidades, tenho uma página no Facebook e um grupo fechado, onde vocês podem compartilhar comigo o que quiserem também, vou deixar o link aqui embaixo.

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Beijo 😘


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