POR TRÁS DAS PORTAS
Capítulo 06 – Por trás do outro lado da moeda
O dia seguinte às festas que precisavam comparecer sempre era o pior.
Chanyeol dizia a si mesmo todas as vezes que seria uma pessoa responsável e iria para casa assim que o evento terminasse para que tivesse uma boa noite de sono e, dessa forma, pudesse ser produtivo no trabalho no dia seguinte. Contudo, não era assim que as coisas funcionavam e diversas foram as vezes em que fora apanhado saindo de casas noturnas pela madrugada enquanto tinha expediente em poucas horas.
Dessa vez, não eram casas noturnas, tampouco seus casos de uma única noite, que estavam tirando seu sono.
Fora direto para casa após deixar Baekhyun e Sehun no apartamento de ambos – o carro de Jongin estava em seu prédio, então poderia ir para casa sozinho assim que chegassem – e, após um longo banho quente para relaxar a tensão em suas costas, entregou-se aos seus lençóis em busca de um pouco de tranquilidade após uma noite tão turbulenta.
Fora ingênuo em pensar que conseguiria alguma coisa, era óbvio que não.
Sua mente continuou a viajar para longe, impedindo-o de se entregar ao sono que se fazia presente nos olhos pesados. Por mais cansado que seu corpo demonstrasse estar, Chanyeol ainda assim não conseguia desligar sua mente para que pudesse dormir. Continuava a pensar em tudo o que havia acontecido nas poucas horas que se antecederam e continuava em um looping de pensamentos.
Por um lado, estava completamente satisfeito com sua performance ao lado de Baekhyun porque foram convincentes o suficiente para que nenhum dos acionistas desconfiassem de nada e deram-lhe os parabéns pelo namoro diversas vezes, principalmente após seu discurso no final. Não havia nada de errado no plano e estavam se saindo melhores do que imaginava quando começaram com a loucura.
Por outro, ainda não conseguia engolir a mudança de secretários que teria que fazer e principalmente o comportamento de seu novo secretário.
O que aquilo significava, afinal de contas? Seu pai trabalhava com Jongdae há muitos anos e eram conhecidos um do outro graças ao trabalho e por Chanyeol frequentar bastante a sala de seu progenitor. Nunca trocaram mais do que duas ou três palavras em uma conversa bastante polida e Jongdae nunca demonstrou qualquer tipo de interesse anteriormente.
Talvez porque ele era o filho de seu chefe e, por esse motivo, temia ter seu emprego ameaçado? Não fazia sentido que começasse a dar em cima de si agora que estava há poucos passos de ser o chefe, mas talvez soasse mais aceitável dessa forma para o secretário. Quantas histórias o Kim havia lido de secretários ficando com seus chefes para que acreditasse que daria certo dessa vez?
Além do mais, havia Baekhyun. Kim Jongdae fora introduzido a seu namorado e tinha ciência de seu relacionamento – por mais que não precisasse saber que era falso –, deveria ter o mínimo de respeito pelo estudante e não ter o descaramento de dar em cima de si como fez. Chanyeol não conseguia imaginar nada que pudesse justificar os atos do Kim e, dessa forma, perdeu preciosas horas de sono tentando.
Horas depois, ao ter que acordar para trabalhar, arrependeu-se profundamente.
Sua expressão de sono foi reconhecida por todos em seu caminho, desde sua secretária ao lhe passar seus afazeres do dia a Jongin que já estava na sala que ambos dividiam quando o Park chegou. A expressão de seu amigo mostrou-se divertida, quase sacana, ao vê-lo bocejando quando se sentou em sua mesa, ligando o computador em seguida.
“Park Chanyeol saiu das noitadas, mas as noitadas não saíram de Park Chanyeol, hm?”, Jongin brincou com o amigo. “Essa sua cara é a mesma de quando você aparecia de ressaca para vir trabalhar.”
“Não dormi quase nada nessa noite”, Chanyeol assumiu, reprimindo mais um bocejo. “Adoraria que você guardasse seus comentários para si porque sabe que não tenho um bom humor quando não durmo o suficiente.”
“O que te fez perder o sono?”, Jongin questionou, ignorando o aviso dado pelo amigo como já era seu costume fazer. “Lembro bem de você ter deixado Baekhyun em casa com Sehun antes de irmos para o seu prédio.”
“E o que Baekhyun teria a ver com isso?”, Chanyeol retrucou. Contudo, pensou melhor e não sabia se era uma boa ideia partilhar com o amigo a respeito de seus receios com seu novo secretário. Ainda podia ser uma paranoia sua. “Na verdade... Tem um pouco. Eu fiquei pensando em como fomos vistos essa noite por todos e fiquei um pouco ansioso, só isso.”
Jongin o encarou como se esperasse pela verdade – conhecia Chanyeol por toda sua vida para saber muito bem quando o amigo estava falando a verdade ou não. Contudo, o Park permaneceu olhando para o computador à sua frente, como se estivesse muito concentrado nos arquivos que deveria estar lendo. Como se ele de fato levasse o trabalho a sério, Jongin pensou.
Achou melhor não o forçar, entretanto, e resolveu entrar em seu jogo. Se era assim que Chanyeol queria, então podiam seguir dessa forma por enquanto. Engolindo a desculpa dada, resolveu dar seguimento a conversa:
“Vocês pareciam muito um casal ontem”, Jongin comentou. “Acho que sua vida de boêmio está com os dias contados, meu amigo.”
Jongin só podia estar brincando consigo.
“O que quer dizer?”, Chanyeol questionou. “Nós fomos bem ontem porque precisávamos fazer isso, você sabe os motivos.”
“É claro que sei”, Jongin confirmou, “mas isso não quer dizer que não possa acontecer algo no meio do caminho e veja bem... Ter alguém todos os dias ao seu lado não é tão ruim quanto você faz parecer.”
“Não é porque Sehun te laçou de jeito dessa vez que vai acontecer o mesmo com todos nós”, Chanyeol descartou a hipótese. Sabia que não era bom que falassem a respeito do contrato no ambiente de trabalho porque as paredes tinham ouvidos, mas não fazia tão mal assim enquanto estavam sozinhos. “Baekhyun é um cara legal, não vou mentir, e ele é muito bonito também, mas... Eu gosto da minha vida como ela é, Jongin.”
“Você sabe que não vai poder voltar a como era quando assumir a presidência, mesmo que não esteja com Baekhyun”, Jongin o recordou. “Por que não se dá a chance de conhecê-lo melhor enquanto estão juntos e quem sabe se apaixonar de verdade?”
“Porque paixão não funciona comigo”, Chanyeol explicou. “Você sabe disso. Não sou o tipo de cara que se apaixona e não é agora que vai acontecer. Não vou negar que me sinto atraído pelo Baekhyun porque ele é um cara bonito, mas é isso... Não vamos confundir as coisas. Quando o contrato acabar, tudo volta ao normal.”
“Ou é o que você se diz todas as noites para se convencer disso?”, Jongin retorquiu.
Chanyeol pensou em devolver o comentário feito pelo amigo, mas a porta se abriu de repente e cessou o assunto entre ambos. O risco de algo vazar era alto quando estavam em ambiente de trabalho e todo cuidado era pouco, dado ao fato de que o plano mal havia começado e ainda tinham muito pela frente. Contudo, a pessoa que passou pela porta não representava nenhum tipo de perigo.
Jung Soojung não costumava visitar os amigos com frequência – tinha seus próprios problemas em seu ateliê de moda –, mas sua presença era sempre um alívio para o clima terrivelmente tedioso que aquele prédio adquiria algumas vezes.
“Soojung, há quanto tempo não vem nos fazer uma visita”, Chanyeol a cumprimentou. “Jurei que o término com Jongin a faria sumir daqui.”
“Ah, sim, essa sala me traz muitas recordações”, Soojung comentou olhando com um sorriso malicioso para o ex-namorado, mas era claro o deboche em sua fala. “Precisei de um tempo para me livrar delas antes de voltar.”
“Como se nenhum de nós não te conhecêssemos, Krystal”, Jongin a respondeu. “Acordou de bom humor hoje?”
“De excelente humor e achei que meus queridos amigos iam adorar a minha visita na segunda-feira de manhã”, Soojung deu de ombros, sentando-se à mesa de Jongin e cruzando as pernas em seguida, a saia de corte justo subindo alguns centímetros no processo. Estava tão acostumada a ir naquele local desde que os rapazes tinham começado a trabalhar nas empresas Park que não precisava de mais nenhum tipo de cerimônia. “Sobre o que estavam falando antes? Eu os ouvi discutindo.”
Soojung era amiga de infância de ambos, é claro, mas havia algumas coisas que era melhor que poucas pessoas soubessem e o plano de namoro falso era uma delas. Confiavam na garota de olhos fechados, mas não confiavam nos ouvidos que as paredes possuíam e era uma péssima ideia explicar tudo naquele momento.
Por isso, com uma troca de olhares, entenderam-se entre si sobre o que deviam falar.
“Você não acha que Baekhyun é uma grave ameaça a solteirice do Chanyeol?”, Jongin questionou. “Eu estava tentando convencê-lo disso.”
“Ora, Park Chanyeol começou um namoro pensando em seu fim?”, Soojung riu. “Eu devia saber que a alma indomável dentro de você não seria controlada tão facilmente.”
“Baekhyun é um cara muito legal”, Chanyeol repetiu pela enésima vez, “a única coisa que eu disse para o Jongin é que é... Muito novo para mim, essa ideia de estar preso a uma única pessoa, a paixão. Eu só disse que não estou acostumado a estar apaixonado.”
“Acostumado ou não, você parecia muito apaixonado quando discursou ontem sobre ele”, Soojung se recordou. “Ou você estava sendo um ator muito bom.”
Os olhares felinos de Krystal eram especialistas em arrancar as verdades que ninguém estava disposto a ceder-lhe e era essa a principal característica da garota. Com algumas frases bem colocadas, um pouco de seu charme em jogo e o sorriso carmesim constantemente em seus lábios, Soojung fazia qualquer um se tornar um livro aberto.
E talvez não precisassem lhe dizer com todas as palavras a respeito da natureza de seu namoro quando a Jung aprende a ler seus sinais corporais tão bem.
“Essa discussão não tem nenhum futuro, não sei porque ainda estamos nisso”, Chanyeol a cortou. “Se me permitem, tenho alguns contratos para rever ou meu pai me mata antes do almoço.”
Soojung rolou os olhos para a clara fuga de seu amigo. “Certo, a gente finge que você não está sendo covarde nesse momento e engole a desculpa”, disse. “De toda forma, eu só vim aqui dar um oi a vocês porque estava por perto e achei que não faria mal também dar um aviso a Jongin.”
“O que foi que eu fiz?”, o Kim questionou, confuso.
“Seu aniversário de namoro com Sehun está chegando”, Krystal o alertou. “É bom você não se esquecer e fazer algo muito bonito para o meu menino!”
“Ele é o meu garoto”, Jongin a corrigiu, “mas obrigado pelo lembrete desnecessário em meu namoro. Sério, onde eu estava com a cabeça quando te apresentei a ele?”
“Você sabe que eu sou a melhor companhia que Sehun podia querer”, Krystal comentou, descendo da mesa onde estava. Ajeitou sua saia novamente, ciente de que estava incrível como havia chegado, como sempre fora. “Vou pedir os detalhes da surpresa que fará para Sehun depois. Agora preciso ir, tenho algumas medidas para tirar no ateliê.”
Assim como havia chegado, Soojung os abandonou com graça, a porta se fechando em um baque mudo às suas costas. Jongin encarava o local por onde a garota havia saído incrédulo, como se não pudesse acreditar no que havia acabado de acontecer. Chanyeol observava a situação por cima de seu monitor, controlando o riso.
Soojung e Jongin sempre tiveram uma relação de cão e gato mascarada, mas sabia o quanto os dois se davam bem e o quanto gostavam um do outro. A forma como a garota pegava em seu pé em relação a tudo era só mais uma das formas da perfeccionista Jung Soojung ter certeza de que seu ex-namorado faria o melhor que podia, conhecendo a personalidade preguiçosa que Jongin possuía.
“Você consegue acreditar nisso?”, Jongin o questionou. “Ela acha que conhece Sehun melhor do que eu!”
“Eu não duvidaria disso também se fosse você”, Chanyeol respondeu. “Soojung conhece qualquer um melhor do que todos nós.”
E por esse motivo Chanyeol voltou a pensar em como a garota o encarava quando comentou a respeito de não estar familiarizado à sensação de estar apaixonado por alguém, reconhecendo a descrença naqueles olhos. Talvez Soojung de fato os conhecesse melhor do que gostariam.
. . .
Baekhyun não estava pronto para voltar a faculdade.
Aquele fim de semana havia sido capaz de tirar todo o estresse que a semana anterior havia lhe proporcionado; o passeio com Chanyeol no parque, poder rir um pouco graças à inaptidão do mais velho com coisas tão simples de seu cotidiano, até mesmo o seu nervosismo para o evento no domingo à noite e o momento em que foi apresentado a todos os presentes com o namorado de Chanyeol foram momentos incríveis e que o fizeram muito bem.
Quase o faziam se esquecer de que, no dia seguinte, o conto de fadas sempre acabava e a realidade voltava a bater em sua porta.
E sua atual realidade se chamava final de semestre caótico associado ao constante assédio de paparazzis que continuavam em busca de um clique seu e ao murmurinho que, embora em menor quantidade que na semana anterior, ainda existia em seu entorno. Não parecia uma combinação agradável sob nenhuma ótica que tentasse olhar.
A coisa que mais queria atualmente era que seu semestre acabasse porque não aguentava mais a quantidade de seminários que precisava apresentar e as provas que precisava fazer. Era seu último semestre teórico antes que tivesse que fazer o estágio obrigatório para se formar e seus professores estavam aproveitando disso para jogar todo tipo de conteúdo em seus alunos.
Baekhyun estava cansado mental e fisicamente.
Estar com Chanyeol nos últimos dias quase o fizera se esquecer de sua realidade como um estudante e de como não devia negligenciar seus estudos agora na reta final. O final de semana foi bom o bastante para tirar seu estresse, mas agora conseguia enxergar como havia errado em não usar nem um pouquinho dele para estudar e adiantar um pouco as matérias que estava atrasado graças às suas faltas.
Contudo, não tinha mais como reclamar do tempo que já havia passado. O melhor que podia fazer agora era colocar sua cabeça no lugar e focar-se em seu real objetivo: se formar e seguir seu sonho de infância, não em se divertir com Chanyeol quando sabia que aquilo era passageiro. Fora divertido, sim, mas não deveria se tornar constante.
Seu futuro era sua prioridade.
Sehun, contudo, discordava um pouco de sua forma de ver a situação.
Para o Oh, Baekhyun vivia sempre muito focado em seus estudos – em partes porque o Byun não podia se dar ao luxo de perder a parte da bolsa que havia ganhado ao iniciar os estudos – e não aproveitava em nada o que a vida tinha para lhe oferecer. De que adiantava enfiar o nariz em diversos livros e deixar que a vida passasse em frente aos seus olhos sem nada fazer?
Estar com Chanyeol era uma clara distração para o amigo e Sehun não conseguia ver como isso poderia ser algo ruim, pela forma como estavam caminhando. Baekhyun era um aluno brilhante mesmo com as aulas que havia faltado – acompanhou muito bem o conteúdo com suas anotações sem precisar das aulas – e não precisava se levar ao limite só porque o semestre estava acabando.
Também estava cansado e louco para que terminasse – Sehun odiava a teoria e estava ansioso para colocar tudo em prática –, mas sabia que não adiantava em nada enlouquecer logo na reta final.
“A professora de Ornitopatologia nos detesta e eu tenho provas”, Baekhyun suspirou. “Falta o quê? Menos de dois meses para acabar o semestre e a louca quer passar mais uma tonelada de seminários como se tivéssemos tempo hábil para todos!”
“Eu acho que ela nos ouviu comentando que a matéria dela era um porre”, Sehun deu de ombros, “e resolveu se vingar. Não é possível.”
Era um consenso entre os alunos de que Ornitopatologia era uma matéria terrível, mas nenhum professor deve gostar de ouvir isso a respeito da matéria que lecionava, principalmente a dos dois estudantes, que era por completo apaixonada pelo que fazia.
“Se eu tiver que ver mais uma galinha na minha frente depois da faculdade, eu não sei o que eu faço”, Baekhyun grunhiu. “Eu só quero que esse semestre teórico acabe logo.”
“Sim, eu estou tão ansioso para o estágio obrigatório!”, Sehun se animou dessa vez para falar. “Já conseguiu decidir em que área vai fazer, inclusive? Você precisa mandar logo os formulários para garantir que exista uma vaga.”
“Eu pensei em fazer com Anestesiologia, é uma das minhas áreas favoritas”, Baekhyun deu de ombros. “Você vai seguir com cirurgia mesmo?”
“Sim, e nós vamos continuar sendo a melhor dupla dessa universidade”, Sehun sorriu, cutucando-o com o ombro. Baekhyun se permitiu rir também; formavam uma boa dupla em todos os aspectos e aparentemente seguiriam dessa forma com a vida profissional também. “Eu só espero que tenhamos mais vida do que Seulgi tem.”
“Nem me fale”, Baekhyun comentou, recordando-se de todas as vezes em que a amiga parecia estar cansada após os plantões que fazia em seu estágio ou quando algum paciente em específico exigia cuidados pela madrugada. “A clínica de grandes não é para mim, definitivamente.”
“Nossa garota tem muita força”, Sehun admitiu. “Quer dizer, é uma área tomada por homens, não é? Seulgi enfrenta cada um deles sem abaixar a cabeça, mostrando que é mais capaz do que qualquer um. Apesar do cansaço no rosto dela, eu gosto de ver como ela parece feliz com o que está fazendo.”
“Está para nascer o homem que fará Kang Seulgi abaixar a cabeça”, Baekhyun riu.
A área escolhida pela amiga não era, de fato, a mais fácil para mulheres; a clínica de grandes era conhecida por ser uma área repleta de homens e o machismo presente nos proprietários de grandes animais ou até mesmo os próprios veterinários era conhecido por todos, mas Seulgi conseguia lidar com isso muito bem e mostrar seu devido valor.
Não duvidavam que a amiga saísse de seu estágio obrigatório com seu emprego garantido, mostrando a todos que era uma ótima profissional.
Os dois estudantes continuaram conversando a respeito da área que buscavam seguir – Sehun seguiria com a cirurgia de pequenos animais enquanto Baekhyun se via encantado pela anestesiologia – enquanto caminhavam em direção ao restaurante em que sempre almoçavam com Seulgi quando a amiga tinha um tempinho livre. Ainda precisavam voltar para as aulas no período da tarde, então era bom que se apressassem se quisessem um bom almoço.
No meio do percurso, contudo, ambos foram abordados por uma garota de outro curso. Baekhyun se recordou de imediato do rapaz que o havia parado da última vez e de como fora estressante ter que lidar com aquilo quando só queria um pouco de paz. Não pôde evitar pensar que passaria pelo mesmo mais uma vez.
Controlou o suspiro em sua garganta; seus dias estavam mesmo sendo muito bons, apesar dos seminários que ganharam para fazer de sua professora, é claro que a vida precisava enviar-lhe mais alguém para importuná-lo por uma causa que não tinha controle.
Sehun ficou atento aos movimentos do amigo, mas em silêncio ao seu lado, esperando pelo que a garota tinha para falar. A moça tinha um sorriso bonito nos lábios e não parecia disposta a nenhum tipo de conflito como imaginavam, mas o rapaz que os abordou na última sexta-feira estava da mesma forma; não podiam confiar em ninguém.
“Você é Byun Baekhyun, não é? Que está namorando Park Chanyeol”, a garota questionou para ter certeza e Baekhyun assentiu ainda em silêncio. “Eu só queria dizer que eu vi a revista em que vocês foram publicados e tem muitas fotos de vocês na internet, principalmente depois da festa que os Parks patrocinaram ontem.”
Baekhyun não sabia porque ainda se surpreendia por as fotos já estarem na internet. Não era como se as pessoas brincassem em serviço quando o assunto era espalhar uma boa fofoca. Ainda assim, apenas assentiu ao que a garota disse, ainda curioso com suas intenções. Não possuía nenhum tom agressivo em suas palavras, mas não queria confiar em alguém que não tinha certeza ainda das motivações que a levaram até ali.
“Eu sei que deve estar sendo difícil para você, principalmente porque as pessoas ainda estão falando muito sobre vocês dois”, a garota voltou a falar, “então eu achei que seria legal vir aqui dizer que eu acho que vocês formam um casal lindo! Estou torcendo pela felicidade de vocês, mesmo que eu não os conheça, porque não precisamos conhecer ninguém a fundo para desejar o melhor para os outros.”
Baekhyun se arrependeu de cada pensamento ruim e de desconfiança tido contra a garota após as palavras proferidas e abriu um sorriso ainda maior enquanto agradecia pelas palavras ditas. Em uma semana onde foi obrigado a ouvir tantos murmúrios, alguns questionando o que tinha de especial para atrair alguém como Park Chanyeol, fazia muito bem a si mesmo saber que alguém os considerava um bom casal.
“Muito obrigado”, disse com um sorriso, “Chanyeol também ficará feliz em ouvir sobre isso.”
“Não se deixem levar pelo que os outros dizem!”, a garota o aconselhou. “Espero que o namoro de vocês dure por muito tempo. Eu sei como Chanyeol é pelas revistas de fofocas, mas você é o primeiro rapaz com quem ele é visto, então deve ser especial.”
Baekhyun assentiu mais uma vez, sem saber como deveria reagir; se aquela garota soubesse as situações para que aquele namoro existisse, talvez não desejasse tanta longevidade assim ao relacionamento, tampouco o consideraria especial pela escolha de Chanyeol. Ainda assim, precisava manter o conto de fadas vivo, então não deixou que nada disso transparecesse em seu rosto ao agradecê-la novamente.
A garota se distanciou em seguida e os dois estudantes de veterinária voltaram a seu curso em direção ao restaurante onde Seulgi possivelmente estava esperando-os. Sehun olhou de soslaio para o amigo, tentando entender a expressão em seu rosto, que não sabia se transparecia felicidade ou confusão, em uma mistura estranha de ambos os sentimentos.
“O que foi, Baek?”, Sehun resolveu questioná-lo. “Achei que ficaria feliz em saber que também existem pessoas torcendo por vocês!”
“Em uma circunstância completamente errada, não é?”, Baekhyun murmurou. “Seria tão especial assim se ela soubesse?”
“Isso não importa agora”, Sehun negou com um dar de ombros. “Eu sei que você estava se sentindo mal na última semana por todos os comentários ruins e eu sei que ficou para baixo também com aquele babaca na sexta-feira, então aproveita o momento agora que sabe que também tem quem torça por vocês dois!”
Baekhyun meneou a cabeça devagar, assimilando as palavras. Era verdade que o que a garota havia dito fez algo se aquecer em seu peito, as palavras o atingindo como não havia imaginado que aconteceria. Era só um namoro falso e que em poucas semanas teria o seu fim, não deveria ser tão importante assim só porque alguém lhe desejou felicidades.
Deveria estar feliz por estar sendo convincente, certo? Aquela garota realmente parecia acreditar em seu relacionamento com Chanyeol e estava lhe desejando o melhor de forma genuína.
O estudante enfrentava dentro de si o dilema entre não saber se deveria se sentir feliz com o que havia ouvido ou se sentir triste por estar enganando mais pessoas do que somente a si mesmo ou aos pais de Chanyeol. Não havia pensado por esse lado em namorar uma pessoa pública como o Park, mas também não era como se tivesse uma saída melhor para o problema criado.
Contudo, havia uma questão que se sobressaía acima de todas as demais dúvidas criadas: o porquê de aquelas palavras soarem tão importantes quando Baekhyun sabia a verdade por detrás daquela fachada e o porquê de seu coração estar tão preenchido pela felicidade momentânea em saber que alguém lhe desejava um bom futuro ao lado de quem amava.
Talvez só quisesse ouvir os desejos de felicidades vindos de alguém enquanto sabia que tinha direito àquilo e não com algo fadado a acabar em algum tempo.
. . .
Se alguém quisesse a opinião de Chanyeol, saberiam que ele não estava feliz naquele momento.
Estava acostumado a trabalhar ao lado de Jongin desde que iniciaram juntos naquela empresa; eram uma boa dupla desde a infância, faziam tudo juntos e até mesmo pegavam algumas matérias em comum na faculdade para que pudessem continuar dessa forma. Todo mundo que os conhecia sabia que funcionavam melhor dessa forma e nunca se opuseram a nada.
Chanyeol gostava de estar com o melhor amigo. Jongin podia ser um pé no saco quando queria, encher sua paciência até que estourasse com o outro ou deixá-lo falando sozinho porque não resistiu ao sono e dormiu sem que Chanyeol percebesse, mas era seu melhor amigo da mesma forma e havia aprendido a fazer tudo ao lado dele.
Estar com o Kim era relaxante porque sabia que, caso seu dia estivesse muito pesado, Jongin seria o primeiro a perceber e também o primeiro a tentar fazer alguma coisa para consertar. Independentemente de como Chanyeol estivesse, ninguém tinha uma solução melhor do que aquele que o conhecia tão bem como se fosse a si próprio.
E por isso Chanyeol estava irritado por ter que mudar de sala.
Seu dia não estava sendo diferente em nada desde a visita de Soojung; continuou a analisar alguns documentos que seu pai precisava, enquanto Jongin continuava a monitorar o balanço do mês da empresa. Todos os dados seriam enviados ao CEO em breve para serem analisados e os dois, quem sabe, poderiam sair mais cedo naquela segunda-feira.
O problema começou quando o CEO em pessoa resolveu visitá-los antes do previsto.
O pai de Chanyeol não ia a sua sala com frequência – quase sempre era o oposto que acontecia –, então sabia que havia alguma coisa acontecendo. Assim como esperava, seu pai só havia ido comunicar-lhe que precisava mudar sua sala para alguns andares acima, onde Jongdae teria seu próprio espaço, enquanto Yura permaneceria com Jongin.
Trocou um longo olhar com o amigo enquanto seu progenitor discursava e conseguia ver o desânimo no rosto do Kim também. Jongin não estava feliz com a ideia de ficar com a sala só para si – mesmo que zombasse rotineiramente de como faria proveito daquela sala se fosse o único a ocupá-la – e Chanyeol estava em igual estado.
Sabia que seria inútil debater qualquer coisa com seu pai, então acatou as ordens recebidas e disse que iniciaria sua mudança assim que terminasse de enviar os arquivos requisitados. Ouviu os parabéns mais uma vez por sua mudança de comportamento e por estar sendo muito mais responsável, embora não tenha controlado o rolar de olhos quando o Park mais velho deu as costas.
Dessa vez, nem mesmo Jongin tentou convencê-lo de fazer o contrário como sempre fazia. Ambos sabiam que não havia ganho futuro algum em lutar contra os planos do senhor Park e uma hora Chanyeol teria que ter sua própria sala. Sentiriam falta de ter um ao outro lado a lado durante o dia inteiro, mas ainda trabalhavam no mesmo prédio e não era como se não pudessem subir ou descer alguns andares de vez em quando.
Jongin ainda tinha certeza que apanharia Chanyeol procrastinando o trabalho de alguma forma se o pegasse de surpresa e Chanyeol sabia que pegaria Jongin dormindo caso chegasse muito cedo no andar do mais velho; algumas coisas nunca mudavam.
Entretanto, ainda a contragosto, Chanyeol estava aproveitando seu horário de almoço para subir alguns de seus pertences para a sala que seu pai havia dito que já estava preparada para recebê-lo.
Não tinha muito o que fazer no local, a bem da verdade, e só precisava decorá-lo como havia feito com o seu lado da sala que dividia com Jongin. Alguns retratos nas estantes posicionadas nas extremidades do local, assim como alguns de seus livros, outros em cima de sua mesa – maior do que a anterior, o que lhe deu a impressão de finalmente estar no poder – e alguns penduricalhos que Yoora sempre lhe trazia de lembrança em suas viagens.
Podia facilmente fazer tudo sozinho e quem sabe ainda pudesse descer para aproveitar o restante do horário de almoço com Jongin quando ouviu aquela voz novamente.
“Parece que finalmente trabalharemos juntos”, Chanyeol ouviu Jongdae às suas costas e endireitou-se para cumprimentá-lo.
“Parece que sim”, comentou após um aceno com a cabeça, “só preciso terminar de ajeitar essas coisas aqui.”
“Oh, deixe-me ajudá-lo!”, Jongdae se ofereceu, apressando o passo em direção a caixa disposta à mesa. “Estou em horário de almoço agora e não tenho mais nada para fazer.”
“Não é necessário, não se preocupe”, Chanyeol se adiantou. “Pode aproveitar seu horário de almoço para descansar.”
“Nós passaremos muito tempo juntos a partir de agora, Chanyeol”, Jongdae discordou, “e precisamos conhecer bem um ao outro. Essa parece ser uma chance perfeita enquanto eu o ajudo com a decoração.”
Chanyeol não pôde dizer mais nada para impedir o secretário de apanhar alguns porta-retratos em mãos e caminhar em direção às estantes para colocá-los à frente dos livros já guardados. O Park assistiu aos movimentos alheios em silêncio, tentando controlar o desconforto que sentia com a presença de Jongdae. Ainda não havia se esquecido das dúvidas que ele havia despertado na noite anterior e de como não dormira bem pensando nisso.
Apesar de tudo, Jongdae parecia estar muito mais tranquilo dessa vez do que havia estado durante o evento beneficente, então Chanyeol se permitiu relaxar um pouco e acreditar que era tudo criação de sua cabeça cansada. Estava acostumado a ter que tomar cuidado a todo momento para que nada saísse errado com seus planos que projetou em seu novo secretário uma ameaça que ele não parecia ser.
Jongdae só estava sendo solícito e não havia mal algum nisso, certo?
Continuaram a decoração em silêncio, mesmo que o Kim tivesse dito que deveriam aproveitar esse tempo para conhecer um ao outro. Chanyeol estava bem dessa forma, então esperaria pelo momento em que a voz melodiosa do secretário interrompesse a calmaria mais uma vez com seus questionamentos, o que sabia que não demoraria muito para acontecer.
Podia não ter trabalhado com Jongdae, mas estava muito acostumado a seu temperamento enquanto visitava o escritório de seu pai e o Kim tinha um palpite para tudo que lhe era questionado. Era difícil ver alguém como Kim Jongdae sem ter uma resposta na ponta língua, não importava qual fosse a pergunta ou o quanto fora pego de surpresa.
Talvez Jongdae também tenha aprendido o jogo dos negócios e compreendido que deveria estar sempre pronto para qualquer coisa.
Chanyeol estava arrumando algumas lembranças que Yoora lhe trouxe do Japão em sua última viagem próximo ao local onde deixaria seu notebook quando Jongdae voltou mais uma vez e encostou-se ao tampo da mesa. Chanyeol estava sentado na poltrona que ocuparia dali em diante e apenas dedicou-lhe um olhar de soslaio com a aproximação repentina.
Sabia que estava demorando para que os questionamentos voltassem.
“Eu estava notando as fotos que você trouxe para o escritório”, Jongdae voltou a falar como quem não quer nada, embora apenas seu tom pudesse deixar Chanyeol tenso mais uma vez. Dissera a si mesmo para não se preocupar, mas seus instintos lhe diziam outra coisa. “E notei que você tem muitas fotos ao lado da sua família, da senhorita Jung Soojung e até mesmo com o rapaz com quem estava trabalhando, o senhor Kim.”
“São meus amigos de infância”, Chanyeol contou. “Nós temos algumas fotos juntos e tanto eu quanto Soojung e Jongin gostamos de tê-las conosco em nosso dia-a-dia.”
“São mesmo fotos muito bonitas”, Jongdae as elogiou, “mas o ponto que observei não foi esse. Percebi que não há nenhuma foto com seu namorado por aqui e fiquei me perguntando o motivo.”
Chanyeol sentiu a tensão em seus ombros mais uma vez. Naturalmente Jongdae perceberia os pequenos detalhes que habitavam às falhas de seu plano, não podia esperar diferente de alguém que fora contratado por seu pai há tantos anos, mas isso não queria dizer que ele havia descoberto sobre tudo. Não ter fotos de Baekhyun em seu escritório era um problema facilmente resolvido e poderia despistá-lo agora.
Além do mais, fora um comentário despropositado, certo? Jongdae não sabia de nada.
“Nós assumimos nosso namoro há pouco tempo”, Chanyeol explicou. “Queríamos ter certeza do que sentíamos e do que queríamos um com o outro antes de tornar público porque sabíamos que a pressão que sofreríamos seria maior do que se um de nós fosse uma garota. Por isso eu não tenho fotos do Baek por aqui, não podíamos correr esse risco.”
“E imagino que as coisas estejam muito corridas desde que assumiram seu relacionamento para que trouxesse uma ou outra”, Jongdae presumiu e Chanyeol assentiu. Parecia uma boa desculpa. “Desculpe estar sendo intrometido, Chayeol. Só achei curioso porque vocês pareciam muito amorosos um com outro na noite passada.”
O comentário a respeito de seu namoro fez com que Chanyeol se questionasse mais uma vez se estava duvidando certo do secretário. Jongdae não parecia estar querendo tanto assim destruir seu relacionamento se o estava elogiando, certo? Talvez estivesse apenas paranoico e criando inimigos onde não havia apenas porque não o conhecia tão bem.
Podia dar uma chance ao rapaz.
O secretário desencostou-se de onde estava, dando a volta por sua mesa e colocando-se atrás de sua poltrona. Chanyeol acompanhou os movimentos rápidos, inclusive quando as mãos do Kim foram parar em seus ombros e começou a movimentar os dedos em uma massagem ágil nos músculos tensos da região.
Seu corpo petrificou no mesmo instante, deixando ainda mais tensa a região que Jongdae apalpava, o que não passou despercebido pelo rapaz.
“Você está muito tenso, Chanyeol”, Jongdae apontou. “Deve estar sendo tão complicado lidar com o assédio da mídia mais uma vez agora que alguém fisgou seu coração, não é? E ainda associado ao peso do trabalho... Não é à toa que seus ombros estão tão rígidos dessa forma.”
“Você não precisa fazer isso”, Chanyeol negou quando voltou de seu torpor, afastando o corpo ligeiramente do encosto da poltrona para se livrar das mãos do mais velho.
Ainda assim, Jongdae permaneceu como estava, apenas empregando mais força em seus dedos. “Não há problema algum, só estou tentando construir algum laço entre nós dois”, foi o que ouviu em resposta. “É importante que você saiba que pode confiar em mim para o que for necessário daqui em diante e eu gostaria muito que tivéssemos uma relação além do profissional. Temos quase a mesma idade, acho que poderíamos nos dar bem.”
Chanyeol não tinha a menor ideia do que Jongdae queria dizer com além do profissional, mas pensou que estava certo ao desconfiar do secretário e em confiar em seus instintos. Afastou-se novamente das mãos alheias, levantando-se dessa vez e voltando a apanhar alguns porta-retratos com a desculpa de terminar de posicioná-los nas estantes. Jongdae permaneceu onde estava, apoiado em sua poltrona com um sorriso ladino nos lábios de gato.
Chanyeol não gostava de como se sentia uma presa para aquele sorriso.
“Agradeço pela ajuda, mas é suficiente por ora, Jongdae”, Chanyeol disse para dispensá-lo. “Vou só terminar de guardar esses porta-retratos e também estarei de saída para terminar meu horário de almoço, sinta-se livre para terminar o seu como desejar.”
“Conforme desejar”, Jongdae acatou a ordem. “Até mais tarde, Chanyeol.”
Chanyeol se despediu de seu novo secretário, assistindo-o se afastar e percebendo como a tensão em seus ombros diminuía muito com seu afastamento. Estava certo ao pensar que teria problemas com Kim Jongdae ao seu lado, mas não imaginava que seriam esses tipos de problema.
Precisava pensar em Baekhyun. Se em algum momento alguém os visse daquela forma em sua sala, rumores poderiam ser levantados e a imagem de Baekhyun seria manchada de uma forma que não gostaria. Aquilo precisava de controle.
. . .
Seulgi já estava os esperando quando chegaram para o almoço.
A Kang precisava entregar alguns updates em seu relatório para seu orientador e sempre aproveitava a ocasião em que estava por perto da faculdade para dar um olá para os amigos. Agora que estava cumprindo seu estágio obrigatório e os rapazes estavam terminando o último semestre teórico, era difícil que conseguissem conciliar seus horários para que pudessem se ver com a frequência que gostariam.
Ainda assim, era ótimo sempre que conseguiam se reunir e matavam as saudades daquele restaurante que fora palco para muita coisa em sua amizade.
Sentia falta de estar presente na vida de seus garotos como gostaria que fosse, principalmente agora que o trio vivia uma nova fase com as aventuras de Baekhyun em seu namoro falso, mas aproveitavam todas as oportunidades dadas para fazer aquilo funcionar. Em breve estaria formada e os amigos estariam sofrendo da mesma forma que estava agora em seu estágio obrigatório e as coisas podiam melhorar um pouquinho.
Ou era o que gostavam de dizer uns para os outros para se consolar.
Avistou os amigos assim que os rapazes passaram pelas portas do estabelecimento, chamando-os para a mesa. Conhecia os amigos bem o bastante para saber o que pediriam naquele lugar e já havia feito o pedido dos dois junto ao seu quando recebeu a mensagem de Sehun de que já estavam chegando.
Sehun e Baekhyun deixaram suas mochilas no chão assim que se sentaram em frente à amiga, unidos em um suspiro.
“O que aconteceu? Parecem mortos”, Seulgi questionou com uma sombra de divertimento. Não sentia falta alguma das aulas teóricas.
“Ornitopatologia aconteceu e eu gostaria de frisar o quanto odeio isso”, Baekhyun suspirou mais uma vez. “Temos uma tonelada de seminários dessa matéria até o fim do semestre.”
“Aquela professora não supera mesmo que a maioria dos alunos não suporta a matéria dela”, Seulgi comentou, recordando-se de quando fora a sua vez de ter aula. “Mas está acabando o semestre, em breve as férias chegam e vocês podem se preparar para o estágio!”
“Estou tão animado”, Sehun comentou, endireitando-se em sua cadeira. “Mal posso esperar para colocar tudo em ação.”
“Sehun acha que vai começar operando no primeiro dia de estágio, alguém avisa o iludido”, Seulgi riu. “Agradeça se não começar limpando baia.”
“Nós sentimos muito pelos seus traumas, Seulgi”, Baekhyun comentou reprimindo o riso, ciente de como a amiga reclamara em seus primeiros dias de estágio sobre como estava passando o dia limpando e arrumando as baias onde os cavalos ficavam.
Os pedidos feitos por Seulgi interrompeu o rumo da conversa e aproveitaram a comida em silêncio, eliminando a fome que sentiam. A comida daquele restaurante era incrível e iam nele sempre que possível, mas qualquer coisa pareceria incrível no momento com a fome que sentiam.
O momento de silêncio, entretanto, não durou por muito tempo já que Sehun se recordou em seguida do que precisava contar para Seulgi. A amiga estivera presente no primeiro momento que Baekhyun teve que lidar com algum idiota falando coisas negativas a respeito de seu namoro, nada mais justo que soubesse quando o jogo se invertia.
“Adivinha só o que aconteceu ao Baekhyun enquanto vínhamos para cá?”, Sehun comentou. “Fomos abordados por uma fã do relacionamento dele com Chanyeol!”
“Ela não é uma fã”, Baekhyun o corrigiu com um rolar de olhos; Sehun sempre aumentava a história quando contava. “Ela só me deu os parabéns e desejou felicidades.”
“Depois daquele babaca na sexta-feira, eu já considero isso como uma fã”, Sehun insistiu.
“Não acredito que eu não estava presente no primeiro apoio público que você teve!”, Seulgi exclamou, interrompendo a discussão entre os rapazes. “Mas é ótimo que as pessoas estejam percebendo que, independente do que elas queiram, não podem mudar o fato de que você está namorando Chanyeol e percebam que o melhor que fazem é desejar que sejam felizes.”
“Mesmo que seja tudo falso”, Baekhyun murmurou. “Foi muito legal da parte dela, de qualquer forma, eu fiquei feliz em ver o outro lado da moeda também.”
“Baekhyun está com essa ideia agora de que não pode se sentir feliz por algo no namoro dele por... Você sabe por que”, Sehun indicou e Seulgi captou a mensagem. “Você também não acha ridículo?”
“Bom, nada te impede de aproveitar o momento que tem agora e ficar feliz com isso”, Seulgi deu de ombros. “Sei que falamos muito sobre segurança emocional e todo aquele blá-blá-blá, mas também não quer dizer que você não deva aproveitar o que está acontecendo e ficar vendo o lado ruim de todas as situações.”
Baekhyun sabia que os amigos estavam certos. Estava vendo o lado ruim da situação – em estar enganando mais pessoas do que imaginava que faria, por ter os desejos sinceros de alguém em algo que sabia ser mentira –, mas sabia que estava fazendo isso para que não se deixasse levar tão facilmente. O fim de semana foram dias incríveis com Chanyeol e Baekhyun se conhecia bem o bastante para saber com o que devia tomar cuidado.
E essa era uma das coisas.
“De toda forma, não tem nada demais acontecendo, então não precisam me olhar com essa cara”, Baekhyun contornou a situação. “Eu fiquei feliz com o comentário e vou melhorar nesse quesito de sentir que não mereço o que está acontecendo e tudo mais.”
“Até porque a gente não sabe do futuro, não é?”, Sehun comentou com um sorriso de canto. “Vai ver pode se tornar em algo muito bom e você não sabe porque está aí se podando.”
Baekhyun sabia bem do que Sehun estava falando e não cairia no seu truque. “Certo, até parece, eu disse que ia ficar bem e é assim que vou permanecer”, discordou. “Vamos falar de algo que é muito mais plausível, como o aniversário de namoro do Sehun que está chegando. Você e Jongin vão comemorar?”
Sehun sabia que o amigo estava tentando fugir do assunto proposto e Seulgi entendera com o olhar que recebeu, mas resolveram que era melhor não pressionar Baekhyun. O amigo estava resoluto com a ideia de que era tudo um contrato a ser seguido com suas devidas cláusulas e obrigações e quem eram os dois para fazê-lo perceber o contrário?
Baekhyun entenderia sozinho caso fosse necessário, sem que nada fosse necessário ser feito. A única coisa que podiam fazer era assistir a jornada do amigo até que descobrisse por conta própria e oferecer os conselhos requisitados nos momentos certos. Dessa forma, Sehun resolveu dar continuidade ao assunto proposto pelo Byun porque era algo que lhe agradava; sempre estava disposto a falar de seu namoro.
“Eu estava pensando em fazer uma surpresa hoje!”, exclamou. “Nosso aniversário está chegando e eu sei que Jongin deve estar planejando algo, então quero surpreendê-lo primeiro.”
“Não está pensando em cozinhar nada, não é?”, Seulgi o perguntou. “Você vai botar fogo no apartamento dele, Sehun, tenha ciência do desastre que você é.”
“A forma como você subestima as minhas habilidades me magoa profundamente, Seulgi”, Sehun retrucou com uma expressão de mágoa fingida em seu rosto. “Para início de conversa, não vou fazer nada sozinho. Pensei em propor que cozinhássemos juntos, parece um programa divertido e romântico para casais.”
“Ouvi dizer que Jongin é um desastre tanto quanto você na cozinha”, Baekhyun comentou, bebericando o restante do suco em seu copo. “As chances de ser um desastre agora são duas vezes maiores.”
“Vocês não colocam fé no meu namoro e eu vou prová-los errados!”, Sehun exclamou. “Vocês vão ver só, eu vou até mandar uma foto depois do banquete que faremos juntos só para que tenham inveja por não ter ninguém para fazer algo assim por vocês.”
“Em teoria o Baekhyun tem, ele só não aproveita”, Seulgi deu de ombros, “e eu estou muito ocupada com meu relatório para me preocupar com banquete. Enquanto der para sobreviver de café e miojo, vou vivendo.”
Sehun deixou o assunto de seu namoro de lado para dar um sermão na amiga em relação à sua alimentação desbalanceada – Seulgi agia como uma mãe com os dois, era verdade, mas não era como se os papéis não se invertessem de vez em quando, como nas vezes em que a garota mostrava seus péssimos hábitos alimentares – e Baekhyun resolveu desligar sua mente daquilo no momento.
Voltou seu pensamento às mesmas questões que lhe deixaram em dúvida pouco tempo antes de chegarem ao restaurante, questionando a si mesmo. Tinha confirmado aos amigos de que faria tudo o mais profissionalmente que conseguisse – por mais que fosse uma situação muito inusitada –, mas se acabasse se deixando levar pelas pequenas alegrias do dia-a-dia... O que lhe garantia que terminaria intacto no final de tudo?
Dois meses passavam voando e, quando menos esperasse, sua vida voltaria ao normal como era antes e sua única preocupação seria o estágio obrigatório e seu relatório para que se formasse. Chanyeol se tornaria uma lembrança de sua vida acadêmica e, quem sabe, talvez pudessem ser amigos no futuro pela ajuda mútua.
Talvez, se pensasse nisso vezes o suficiente para passar a acreditar como se fosse verdade, pudesse aplacar as dúvidas em sua mente sobre até onde era seguro se deixar levar.
. . .
Sehun estava completamente disposto a fazer com que os amigos se arrependessem do que haviam dito.
Como podiam duvidar de sua capacidade de ter uma noite romântica ao lado de seu namorado? Ele era perfeitamente capaz de fazer um jantar bom o bastante ao lado de Jongin e provaria aos dois céticos sobre isso. Que mal podia ter em fazer macarrão ou qualquer coisa do tipo? Talvez fizessem um bolo para comemorar, afinal, era seu aniversário de namoro.
Um bolo parecia a ideia perfeita.
Fora para a casa de Jongin assim que se despediu dos amigos, mesmo que o namorado fosse chegar um pouco depois. Jongin prometera que sairia mais cedo do trabalho naquele dia para que pudessem comemorar do jeito que mais gostavam – enroladinhos nas cobertas assistindo série juntos, exatamente – e Sehun queria deixar tudo pronto para quando o mais velho chegasse.
Perdera a hora ao lado dos amigos e chegou ao apartamento do Kim quando o relógio já indicava passar das cinco horas. Jongin dissera que estaria em casa por volta das cinco e meia, no máximo seis horas da tarde, então tinha pouco tempo para colocar uma roupa mais confortável – metade do guarda-roupa de Jongin já era seu, de qualquer forma – e deixar os primeiros preparativos arrumados.
Colocou uma das calças de moletom de Jongin que sempre o deixava à vontade quando o visitava, usando também uma das camisas do mais velho porque gostava do cheirinho de Jongin que as roupas mantinham. Faziam com que se sentisse mais próximo do mais velho quando estavam afastados e Sehun não dava a mínima se isso soava piegas ou não. A única coisa que lhe importava de verdade era que estava apaixonado por aquele homem.
Caminhou até a cozinha com passadas preguiçosas, ainda decidindo se fariam um bolo ou tentariam um jantar de fato. Optou pelo bolo quando percebeu que estava com preguiça demais e ainda muito satisfeito do almoço com os amigos. Portanto, procurou por todos os utensílios que seriam necessários pela cozinha de seu namorado, deixando-os na bancada prontos para serem usados.
Podia ser um completo horror na cozinha, mas Sehun sabia fazer um mise en place como ninguém.
Ouviu o barulho da porta se abrindo e percebeu que o relógio já indicava as seis horas, o que significava que Jongin estava em casa. Colocou um sorriso no rosto no mesmo instante, andando rapidamente até a entrada para recepcioná-lo. Tudo bem que tinham se visto há menos de vinte e quatro horas, qualquer quantidade de horas era demais quando estavam separados.
“Nini!”, Sehun o recepcionou ao avistá-lo deixando os sapatos no hall de entrada e retirando o terno. Jongin sorriu em sua direção, abrindo os braços para recebê-lo. “Senti sua falta.”
“Nos vimos ontem, neném”, Jongin brincou, deixando um beijo em seus lábios.
“É suficiente para que eu sinta sua falta”, Sehun insistiu. Jongin deixou o terno apoiado no sofá de sua sala de estar, caminhando atrás de Sehun até a cozinha. “Eu vim mais cedo porque queria que fizéssemos algo juntos para comemorarmos hoje. Mas primeiro o senhor precisa trocar de roupas ou vai sujar essa roupa inteira de farinha!”
Jongin rolou os olhos para o tom autoritário do namorado, dando meia volta em direção a seu quarto. Reconheceu suas roupas em Sehun – inclusive sua camiseta favorita –, mas não dissera nada porque a imagem de seu namorado usando suas roupas era algo que gostaria de manter consigo por muito tempo. E não era como se Sehun não pudesse ter tudo o que era seu, de qualquer forma.
Quando voltou à cozinha, Sehun já estava dando início à massa que comeriam naquela noite, olhando um tutorial em seu celular aberto no Youtube. Parecia ser um bolo simples e que ambos conseguiriam fazer sem grandes problemas, mas Jongin superestimava demais suas capacidades culinárias. Se havia algo que nenhum dos dois combinava de maneira alguma, essa coisa era a cozinha.
E a sequência de acontecimentos poderia provar isso.
Estava sendo muito fácil enquanto precisavam apenas misturar os ingredientes; Sehun pedia a quantidade especificada para Jongin, que lhe entregava em potinhos com medidores para ficar mais fácil. Os líquidos foram a parte mais fácil e tornaram-se homogêneos rapidamente, mas o problema começou quando precisaram integrar a farinha à massa.
O estudante se esqueceu de avisar a seu namorado sobre a recomendação dada no vídeo para que fosse feito aos poucos e lentamente, o que resultou em Jongin virando o pote de farinha em cima da travessa com sua massa. O impacto do pó contra os outros ingredientes fez com que parte da farinha subisse e sujasse suas roupas porque estavam próximos demais, além de que começou a empelotar logo em seguida.
Sehun voltou à sua missão de bater a massa, mas parecia ser um caso perdido porque, por mais que pusesse todo seu empenho e força naquela tarefa, os grumos de farinha continuavam onde estavam, sem dar nenhum indício de que se desfariam. Suspirou, entregando o fuê na mão de Jongin para que pudessem trocar de lugar. Já estava começando a ficar cansado.
A imagem de seu namorado empregando sua força contra a massa de um bolo não deveria soar tão sexy para Sehun quanto estava acontecendo, mas o que podia fazer quando sua atenção estava totalmente voltada aos bíceps marcados na regata que Jongin optou por suar? A expressão de concentração em seu rosto apenas contribuía para que sua imaginação voasse longe e a massa se tornasse parte de um segundo plano.
O resultado obtido não foi dos mais satisfatórios e sabiam que a massa estava pesada demais pela forma como a farinha não se incorporou da forma correta aos demais ingredientes, mas resolveram que era melhor desistir enquanto era possível e colocar para assá-la. Podia estar pesada e com pedaços de farinha intactos no meio, mas um bolo de chocolate era um bolo de chocolate e não tinha como errar. Ficaria gostoso da mesma forma.
Ledo engano de ambos enquanto se distraíram com a televisão, enquanto escolhiam o que assistiriam àquela noite, e esqueceram do bolo no forno.
“Jongin”, Sehun o chamou, interrompendo a discussão sobre se reveriam Supernatural juntos ou se Jongin se renderia a The Walking Dead com o namorado, “que cheiro é esse?”
Jongin se atentou ao cheiro, recordando-se em seguida do bolo em seu forno. Correram até a cozinha a tempo de salvar o que restava daquela tentativa frustrada de bolo, mas não estava exatamente como imaginavam. Embora não totalmente queimado, era nítido como o bolo havia solado e adquirido uma crosta que não devia ter em sua superfície.
“É... Acho que dá para salvar algumas partes dele”, Sehun comentou enquanto transferiam da forma para um prato. Sabiam que não deviam desenformar bolo ainda quente, mas que mal podia fazer ao que já estava horrível? “E bem... Feliz aniversário de namoro para a gente, eu acho.”
Jongin olhou desde o bolo em sua bancada para o namorado – que também não sabia se ria ou se sentia desapontado consigo mesmo com aquele resultado – e deixou que a risada escapasse por seus lábios, abraçando-o pelos ombros e trazendo-o para mais perto. Sehun o olhou sem entender o que estava acontecendo. Seu namorado estava ficando louco?
“Esse é o melhor aniversário de namoro que temos”, Jongin disse para aumentar sua confusão mental, “e sabe por quê? Porque estamos há mais tempo juntos hoje do que estávamos no nosso primeiro aniversário. E saber disso já é suficiente para mim, com um bolo perfeito ou não.”
“Mas com um bolo perfeito seria muito melhor porque eu prometi que esfregaria nossos dotes culinários na cara do Baekhyun e da Seulgi”, Sehun retrucou, recebendo um olhar incrédulo do mais velho. “Eles feriram o meu orgulho!”
“E vão ferir ainda mais se você mandar isso para eles”, Jongin alertou. “E se pedíssemos delivery e assistíssemos nossa série assim?”
“Soa bom para mim”, Sehun concordou em um murmúrio, afundando seu rosto no pescoço do homem ao seu lado. O cheirinho de Jongin estava sempre presente e sempre o deixava embriagado. “Eu queria que tivéssemos algo só nosso para ser o nosso dia completamente, mas pizza é bom também.”
“Todos os dias são os nossos dias”, Jongin o corrigiu, afastando-o de si com um beijo em sua testa. “Um bolo solado e parcialmente queimado e uma série duvidosa no pause na minha TV – eu vi você colocando The Walking Dead antes de correr para cá, Sehun – não quer dizer que é menos nosso. Ainda estou feliz por passar a minha noite com você.”
Sehun sorriu de volta, questionando-se como Jongin era capaz de deixá-lo daquela forma. Usualmente, era o tipo de rapaz que perturbava a todos e gostava de irritar seus amigos até que perdessem a paciência consigo, como fazia com Seulgi e Baekhyun. Sempre tinha uma tirada sarcástica para lançar ou uma piada fora de hora.
Mas Jongin o transformava em um adolescente apaixonado.
“Arruma a sala para a gente, vou pedir pizza”, Jongin sinalizou, empurrando-o levemente em direção ao outro cômodo. “Não vamos nos preocupar com a louça por enquanto.”
“Você sabe que depois que formos para o seu quarto nenhum de nós vai lembrar dela, não é?”, Sehun o questionou. Todos os recipientes utilizados para fazer o bolo, a forma parcialmente queimada no fundo e todos os talheres sujos estavam enfiados na pia e seriam esquecidos por toda a noite.
“Qualquer coisa podemos dizer a nós mesmos de que estamos respeitando o tempo que precisam ficar de molho”, Jongin piscou. “Hoje eu realmente não quero me focar em nada que não seja você.”
A forma como Jongin o encarava indicava a Sehun exatamente o que ele queria dizer e não podia dizer que não estava ansioso pelo mesmo. Amava aquele homem e tudo o que vinha deles, fosse as noites em que passavam enrolados em suas cobertas assistindo qualquer coisa, fosse as noites em que passava suspirando entre seus braços.
E por que precisava escolher entre as duas opções quando era seu aniversário de namoro?
Voltou para a sala em seguida, deixando Jongin com a missão de pedir a pizza favorita de ambos enquanto arrumava o sofá para que pudessem ficar agarradinhos por ali. Tudo bem se tivesse que tirar foto da pizza quando ela chegasse e ouvisse as piadas de seus amigos sobre sua inaptidão na cozinha – não era como se estivessem mentindo, só queria preservar seu próprio ego –, aquele era de fato seu programa favorito com seu namorado.
Jongin voltou da cozinha pouco tempo depois, ajeitando-se atrás de Sehun embaixo das cobertas, mantendo o namorado entre suas pernas. Seu sofá era grande suficiente para que permanecessem daquela forma e estivessem confortáveis e inúmeras foram as noites que passaram dessa forma, trocando beijos entre um episódio e outro que sempre os levava a algo mais.
“Feliz aniversário de namoro”, Jongin sussurrou em seu ouvido, abraçando-o ainda mais firme.
Sehun sorriu, encostando a cabeça no ombro olho e deixando os lábios bem próximos ao ouvido de Jongin. Antes de dizer qualquer coisa, subiu com pequenos beijinhos, sentindo a pele morena arrepiando-se com o contanto como sempre acontecia, até alcançar o ouvido alheio para sussurrar de volta “Feliz aniversário de namoro.”
Jongin deu play no episódio pausado – não sem antes reclamar mais uma vez da série favorita do namorado – e Sehun se ajeitou no abraço confortável em que estava. Talvez aquela fosse a forma certa para que os dois comemorassem seu aniversário.
Além do mais, o modo correto de comemorar um aniversário de namoro era dando todo amor a seu namorado e isso Sehun sabia fazer muito bem, com um bolo perfeito ou queimado, com um jantar romântico ou enquanto brigavam pelo último pedaço da pizza. Contanto que fosse ao lado de Jongin, Sehun aceitava todas as opções.
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