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História Por Trás de Seus Olhos - Estrelas cantam se você pedir


Escrita por: Hello_Juliet

Notas do Autor


Boooooa madrugadinha, armys ^^
Espero que gostem dessa oneshot
*Boa noite*
Ps.: Desculpe qualquer erro hehehehhehehhe...

Capítulo 1 - Estrelas cantam se você pedir


Fanfic / Fanfiction Por Trás de Seus Olhos - Estrelas cantam se você pedir

É estranho, mas eu consigo sentir o morno e o frio beijando meus lábios. Também sinto meus dedos se perdendo nos potes de tinta, ela tinge meu DNA de azul, verde e um pouco de laranja. Não sei exatamente em que momento eu me dei conta de que estas seriam minhas cores preferidas no mundo, elas simplesmente são e não há um quadro quase sequer em que eu não as utilize. É inevitável, são cores que me deixam numa mistura de melancolia e agitação.

Está tocando I Want to Break Free do Queen ao fundo. Consigo sentir os acordes e tento me inspirar um pouco que seja enquanto olho para a tela em branco, louco para manchá-la com meus dedos multicoloridos, assim como fiz com as duas anteriores. Estou cansado de nunca conseguir pintar algo de verdade há meses. Meses sem originalidade, somente respingos de tinta sobre o branco pálido.

Fito o céu estrelado da primavera através da imensa janela do atelier.

Se estrelas fossem pessoas eu pediria que cantassem para mim. Toda a noite. Até eu pegar no sono. Até me esquecer.

Se estrelas fossem pessoas elas seriam mais felizes, mais brilhantes e seus olhos... Seus olhos seriam tão iluminados que me lembrariam as constelações, as galáxias.

Eu veria a Via Láctea, a galáxia Andrômeda e qualquer outra somente de olhar para elas.

Pinto. Derramo o azul marinho pela tela toda e a transformo numa teia de pontos brilhantes que, em minha mente, cantam para mim assim como o rosto formado pelos meus inocentes pontos.

Saio do atelier meia hora mais tarde, um pouco mais realizado do que estive quando entrei ali, pronto para rabiscar mais cores em minha alma.

 

+++

 

O dia amanheceu esplêndido. Os pássaros me despertaram com seu canto nada comum em meus ouvidos, tão próximos que eu poderia dizer que estavam sobre a janela do quarto, me vigiando dormir.

Visto meu robe habitual sobre o calção de bolinhas, visual típico de um desempregado que se sustenta da arte e da herança gorda que recebeu dos pais mortos. Meus cabelos ruivos me irritam há algum tempo. Fui impulsivo de pintar as madeiras da minha cor favorita, no começo até mesmo tinha adorado, porém, pensando bem mesmo, pareço um Chuck menos assustador, mas não menos estranho.

Sou agraciado pelo aroma suave do café quando termino de escovar os dentes. O vizinho deve ter deixado as janelas dele abertas de novo e como eu não costumo fechar as minhas, minha casa irradia sua deliciosa bebida, apenas para me sentir um pouco mais irritado do que já sou pelas malditas manhãs. Se há uma coisa que eu abomino é ter que fazer meu próprio café porque, Deus sabe, é um horror. Meus dias costumavam ser felizes quando o vizinho me convidava para tomar café da manhã consigo. Agora faz meses que não piso em sua residência. Ainda posso sentir o gosto tocando minha língua. Aquele cara é, definitivamente, o Deus do Café.

Sigo pelos incontáveis corredores estreitos que me levam para as escadas. A vontade de sair para comprar café quase me vence. Desço devagar as escadas de madeira maciça, o cheiro ficando cada vez mais forte. Mas será possível que o idiota do Seokjin deixou as janelas abertas mesmo...

Então eu o vejo. Em frente à minha mesa de granito escuro, se divertindo na minha cozinha americana como se fosse o dono da casa. Como se merecesse tocar nos incontáveis livros de receita que nem mesmo eu toquei. Se bem que é pior ainda o fato de ele estar mexendo nos meus frios e pães. Menino abusado!

O garoto deve estar na adolescência ainda, não tem outra forma de ter um rosto tão angelical. Um rosto angelical que eu nunca vi antes na minha nada humilde vida. Ele veste somente uma túnica branca e longa que chega aos seus pés descalços. O garoto parece um religioso com essa roupa enorme.

Sigo seus movimentos de longe. Ele está fazendo café, um café ridiculamente bem cheiroso. Muito melhor do que a água marrom nojenta que é o meu. Quando ele, finalmente, se dá conta da minha presença estou mais interessado em beber seu café do que em expulsá-lo da minha bela casinha de praia.

Examino-o. Seus olhos... Seus olhos são negros, tão negros quanto o Universo e mais brilhantes do que as estrelas que inutilmente pintei ontem à noite. Engulo em seco. Seus cabelos são um emaranhado liso e charmoso de ondas tão escuras que quase chegam a me deixar confuso se são azuis ou negro. E sua pele. Ah, sua pele é incrivelmente branca, como sorvete de baunilha.

Isso está terrivelmente errado. Só pode ser um equívoco.

- Bom dia, hyung! Eu devo chamá-lo de hyung, não é? Quer dizer, eu provavelmente sou muito mais velho, mas você aparenta ser mais velho e eu deveria vir para cá para te deixar inspirado e-e-e...

Tenho vontade de rir da cara boba que o garoto faz. Está mais perdido do que eu! Decido tomar a dianteira.

- Primeiro: quem é você? Segundo: Por que você tá na droga da minha cozinha? Terceiro: me passa uma xícara.

- Jeon Jungkook, hyung, ao seu dispor! Você me chamou, ora, ontem mesmo. Ah, aqui, hyung, espero que goste do café, eu sabia que o seu não prest... Digo, sabia que o hyung não gostava do próprio café. – Jungkook sorriu, claramente envergonhado por dizer que meu café é uma porcaria. Bom, é mesmo.

- Obrigado. E como assim eu te chamei?! Não me lembro de convidar nenhum garoto para minha casa, ainda mais um tão novo.

- Eu sou mais velho, mas vou te deixar achar que é mais velho, hyung. Não estou mais no céu. – responde sorrindo. Para falar a verdade o garoto simplesmente não para de sorrir.

- Céu? Você tava morto? – pergunto, pasmo. Já não basta ele ser mais novo, ainda é um morto-vivo?

- Não, não, é claro que não! Ainda tenho milhões de anos de vida, meus pais me disseram, pelo menos.

- Acho que seus pais te enganaram, criança. A maioria só vive até os cem anos e ainda tem muita gente que morre beeeeem antes.

- Não, hyung! Isso são os humanos. Eu sou uma estrela! Entendeu agora? Eu vim até aqui porque você precisava de ajuda.

Parei a xícara a centímetros dos lábios – já disse como o café do garoto é maravilhoso? Não? Pois é até melhor do que o do Kim Seokjin, meu queridíssimo vizinho - como é que é?! O garoto é uma estrela? Es-tre-la! Permita-me rir, Jeon Jungkook, você provavelmente está sob o efeito de algum alucinógeno.

Ri alto, gargalhei, estou a ponto de rolar de tanto rir e de me engasgar com a própria saliva.

- Es...Tre... La... Conta... Outra... Criança.

Jungkook ficou emburrado, até parou de fazer os sanduíches do meu café da manhã. Acho que alguém ficou magoado pelo que vejo em seus olhos que agora brilham ainda mais... Mas não de uma maneira boa. Nada boa.

- Por que ninguém nunca acredita em mim? – indagou para si mesmo, me agarrando pelos ombros. Ou pelo menos eu acho que foi para si mesmo, vai saber.

- Hm, bem, você tem uma carinha de garoto travesso, saca?

- Saca? – Jungkook estava visivelmente confuso.

- Err, é uma expressão. Quer dizer o mesmo que entende, entende? – ri coçando a nuca.

Ele ainda estava um tanto confuso, porém mostrava indícios de ter compreendido.

- Eu não sou um garoto travesso e só vim aqui pensando em te ajudar, mas se não quiser para mim tudo bem voltar para casa agora mesmo – disse se afastando da cozinha.

- Ei, espera aí! Eu não disse em momento algum que não queria sua ajuda, Jungkook.

- Então você quer? – inquiriu com seus olhinhos brilhando na minha direção. Fácil fazer esse garoto feliz e para falar a verdade eu acho que ele é um pouco bipolar, sabe, só de leve.

- Claro, claro, mas antes vamos comer. 

 

+++

 

Passei várias e várias horas com o garoto Jungkook, vulgo estrela, no atelier. Ele por si só fazia mais bagunça do que já fiz em vários dias seguidos. Jungkook é aquele tipo de pessoa que não sabe parar quieta num lugar, está sempre admirando as tintas, os pincéis e tocando tudo que pode, uma verdadeira criança que começa a desbravar o mundo. Ele estava tão contente que nem tive forças para mandá-lo ficar quieto. E eu pintei. Pintei seus olhos através de grandes janelas estreladas, pintei-o brincando de ser pintor, pintei seu mundo, tão divertido e tão colorido.

Jungkook está sentado de costas para mim, acariciando o gatinho do vizinho, que agora não tem mais necessidade de me fazer café. Sua face é serena, maravilhada de ter em mãos um ser delicado que é Sr. Patinhas, que sou dado como cuidador geralmente uma vez a cada dois meses, quando Jin tem que viajar a trabalho e quando harmoniosamente chega, uma semana depois, me convida para tomar café da manhã consigo como agradecimento. Desta vez, ao que parece, vai ter que convidar a estrela também, já que é o único que está, de fato, prestando atenção ao animalzinho.

- Daqui a pouco não vou mais querer voltar, ouviu, Sr. Patinhas? E vai ser totalmente culpa sua.

- Voltar? – murmurei, só possivelmente, alto demais para ser um sussurro.

- Sim, hyung, você já se sente inspirado de novo, não é? Ficar tanto tempo sozinho é ruim para um artista.

- Eu não fico muito tempo sozinho! Só um pouquinho... Kim Seokjin vive me fazendo companhia e eu nem precisava de você para início de conversa. – que grande mentira Kim Taehyung!

- Você, hyung, é muito cabeça dura. – tá vendo? É só dar um pouco de confiança para a estrelinha que ela já te critica e ainda aprende expressões que nem deveria saber – principalmente se for usar contra mim.

- Não sou!

- É sim. – disse sorrindo. Meu Deus, por que não vomita um arco-íris de uma vez?!

- Que seja. Se você quiser voltar para sua terra, quer dizer, para o seu céu natal, você pode ir. Não me importo. – pronunciei cruzando os braços.

- Se quer tanto que eu vá, hyung... Vou fazer sua vontade.

Não disse mais nada, talvez eu devesse. No instante que seus orbes se voltaram para mim eu senti, somente senti que não queria que ele fosse embora hoje, nem amanhã. Nem nunca. Porém, assim como eu nunca gostaria de me livrar dele, nunca gostaria de prendê-lo. Estrelas são seres livres, não?

- Jungkook... – chamei-o, que voltara a brincar com o felino.

- Que foi, hyung?

- Eu amo você. – abandonei a sala, seus universos me seguindo.

 

+++

 

Jungkook me abandonou naquela noite. Não se despediu, muito menos deixou um bilhete. Quando voltei a me perder no céu estrelado da noite seguinte eu a notei. Havia uma estrelinha a mais no céu e era tão, tão brilhante que poderia me cegar pela eternidade com sua resplandecência.

Agora é inverno, o inverno mais gélido e inquietante que já tive. Pinto todos os dias, incessantemente. É sempre ele. Seus olhos, seus cabelos, sua pele, suas mãos. Seus sonhos. Este mês incontáveis exposições de artistas novos contêm meu nome na lista de presença e a de hoje, principalmente, faz meu estômago se retorcer, e não é pelo simples fato de que a ideia de sair de casa me deixa em pânico e sim por hoje ser a minha exposição, onde tudo que fiz desde que conheci aquela maldita estrela estará exposto para sabe-se quem ver e comprar. Estou ansioso de uma forma que nunca estive antes para uma exposição, porque das mais de dez que já apresentei, a de hoje me dá calafrios. É tão profunda para mim que me tira o ar dos pulmões.

Atravesso grandes portas duplas sentindo o frízer que são as ruas rapidamente se desfazer num ambiente quentinho e aconchegante onde o som intercala entre Beethoven e Mozart e algumas bandas de rock que me deixam inspirado. No instante está soando pelas caixas sonoras Patience do Guns N' Roses.

O estúdio está transbordando quadros e esculturas, uma mais importante que a outra. A iluminação é baixa. Apesar do frio irritante que faz lá fora, há tantas pessoas aqui quanto eu poderia imaginar. E a maioria não faz ideia de que sou o pintor. Gosto assim, me faz sentir invisível. A verdade é que não me dou bem com muitas pessoas, o que chamam por aí de ser antissocial. O simples fato de as pessoas virem, de gostarem, de quererem ter minhas obras em suas casas já me deixa absurdamente nas nuvens. A mesma sensação de ter me apaixonado por uma estrela.

All we need is just a little patience...

É inevitável que meus olhos sigam para o quadro mais escondido do recinto, feito somente para ser visto pelos maiores observadores. Meu primeiro quadro estelar.

Se estrelas fossem pessoas eu pediria que cantassem para mim. Toda a noite. Até eu pegar no sono. Até me esquecer.

Se estrelas fossem pessoas elas seriam mais felizes, mais brilhantes e seus olhos... Seus olhos seriam tão iluminados que me lembrariam as constelações, as galáxias.

Eu veria a Via Láctea, a galáxia Andrômeda e qualquer outra somente de olhar para elas.

Mas estrelas não são pessoas, e muito menos eternas. Talvez em nossos pensamentos, em nossos quadros, na minha memória.

Respiro fundo encarando os pontos que formei com minhas estrelinhas brilhantes, elas formam o rosto mais belo e infantil que eu poderia sequer imaginar fitar. O Universo de Jungkook agora pode ser de qualquer um, por um segundo chego a me sentir melancólico por pensar nisso, quer dizer, eu, Taehyung, sou o maior tolo que poderia existir, no entanto perdê-lo duas vezes é quase mais aterrorizante quanto esquecê-lo.

- Eu acho que o pintor poderia ter feito o rosto de forma mais legível, você não acha? – perguntou uma voz sutil, baixa, perto demais para me deixar confortável. Ele riu ao me ver contrair os ombros.

- Não, não acho. Assim está perfeito. – murmurei, sem nem prestar muita atenção ao rapaz de timbre aveludada.

- Que isso, hyung, eu tenho certeza que o meu rosto seria mais bonito aí do que esse monte de pontos.

Estanquei. Só há uma pessoa que me chama de hyung.

Prendo os lábios, tenho medo de me virar, tenho medo de ser somente outra alucinação, outra brincadeira da minha mente. Fecho os olhos, os aperto, aperto tão forte que tenho medo que saiam lágrimas.

- Me desculpe por te abandonar, hyung. – escuto seu sussurro tímido rente a minha orelha. Quero me desligar de todo o mundo e ouvir sua voz outra vez.

Então... Só abro os olhos e o encaro em seus jeans e moletom, como um típico adolescente. Como um garoto mais novo.

- Eu é que deveria te chamar de hyung. – confesso, segurando seus olhos nos meus. - Canta para mim, estrela?

Ele ri meio sorrindo, meio fofo, meio abobado e de um jeito eu sei, eu sinto, que tudo ficará bem.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, beijeeeeenhos haha,
Jujuba ^-^


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