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História Por trás do olhar. - Quando eu vi... Nossa sincronia.


Escrita por: tsukiller

Notas do Autor


Hoy gente :3
Atualizando assim que terminei, fiquei tão feliz com tantos comentários! Ainda mais com o conteúdo dele. Sério, muito obrigada a todos, vou respondê-los em breve <3
Ah, fiquei bem surpresa porque muita gente achou o Ayato fofinho! Eu fiquei feliz com isso também, eu adoro escrever esse jeito cretino dele, mas é um cretino que não dá pra odiar por que é adorável. Mesmo ele mandando o Kaneki ir se foder uma trocentas vezes kkkkkkkkk.

Ah, nesse cap vai ter um tantinho de ação e casos de família.

Capítulo 3 - Quando eu vi... Nossa sincronia.


- - - Três meses depois - - -

 

- Não é engraçado? – Indagou Ayato, seus cabelos bagunçados voando com o vento forte comum do alto dos prédios. - Olhando daqui de cima eles são tão pequenos, parece que dá pra pegar na mão e comer. - Comentou sentado na beirada do prédio, ao lado do albino que parecia meio ausente. 

- Não vi graça. - Retrucou azedo. - Mas é interessante ficar aqui, não sou muito habituado a ver o mundo de cima. Pouca altura. - Riu sem humor fazendo o mais novo emburrar.

- Cala a boca que eu sou menor que você! - Deu um tapa no ombro do outro. Bem, eram apenas uns centímetros, mas se Kaneki era baixinho, Ayato era o quê??

Estavam apenas esperando o outro grupo assumir sua posição para atacar e iniciar a missão. Mais uma vez a ideia era manipular a CCG para conseguir adeptos para a Aogiri. A CCG atacaria uma organização ghoul do 19º Distrito, e a Aogiri iria ajudá-los, e assim convencê-los a se juntar a organização, caso recusassem, seriam aniquilados e o distrito controlado pela Aogiri.

Se havia alguém que não pretendia participar dessa missão, era Kaneki. Estavam muito próximos do 20º distrito, se a Aogiri tomasse aquele, a Anteiku estaria ainda mais em risco. Ayato sabia disso, mas parecia não ver como um problema, o que fazia Kaneki  se perguntar até que ponto ele acreditava no propósito daquela organização. Será que ele não via que a Aogiri causava mais problemas para os ghouls do que os defendia?

Esfregou as têmporas se sentindo cansado de pensar naquilo, se sentia de mãos atadas. Ele próprio tinha se amarrado.

- -

 

- - -  Semanas atrás - - - -

- Eu,Tô. Trêêbado... - O menor murmurou e Kaneki se segurou para não rir.

- Quem mandou apostar com o Noro? - Provocou recebendo um olhar mal humorado.

- Vá si foderrrrr. - Resmungou tropeçando nos próprios pés, e só não caindo por causa dos braços do outro a sua volta. - Aquilo é uma... Uma... Coisa. Coisada. Aquele filhu da puta.

- Nem me fale.

Já faziam dois meses desde o incidente que os transformou no "casal vinte" da Aogiri - apelido dado pela própria Eto - e vinham convivendo até bem com a fofoca, por mais mentirosa que fosse. No fim das contas, acabaram se aproximando bastante naquele meio tempo, algo que nenhum dos dois esperava.

Mas definitivamente não era algo ruim.

Quando chegaram ao esconderijo, Ayato já tinha capotado e o maior o trazia nos braços. Ás vezes o Kirishima parecia um gatinho, e Kaneki sempre quis ter um bichinho... Dava até pra esquecer que deveria estar o perturbando por não ter idade o suficiente para beber.

- Kaneki-kun. - Uma voz fina e risonha o chamou, virou de costas dando de cara com Eto.

- Sim?

- Sabe, eu não pensei que você fosse realmente ser fiel a Aogiri. Estou estranhamente surpresa. - Se aproximou saltitando. - Para ele estar dormindo assim, tão calmo, quer dizer que ele confia em você, nee? - Falou em um tom baixo e persuasivo.

- Porque você nunca diz as coisas claramente? - Suspirou, mirando a baixinha com um ar sério.

- Você não nos trairia, por que isso seria traí-lo, nee? - Ditou chegando bem perto, sua voz fina era como um denso sussurro.

- Pensei ter dito isso quando entrei aqui. - Respondeu se afastando um passo.

- Palavras não valem tanto quanto gestos, ou sentimentos. - Falou mantendo a distância imposta pelo meio ghoul.

- Sou obrigado a concordar.

- Bem, acho que deixei claro o que queria dizer, então... Boa noite ao casal. - Se despediu divertida com a forma protetora como o maior segurava o azulado, como se ela fosse comê-lo.

- Boa noite, Takatsuki Sen. - Respondeu ouvindo-a rir alto. Provavelmente não esperava que ele tivesse juntado as peças e descoberto quem era.

Chegou ao quarto com as pernas dormentes de subir tantas escadas com peso. Fechou a porta com um chute lento, e caminhou direto até a cama do menor para deixá-lo lá, e teria realmente deixado se Ayato não tivesse agarrado a si como um koala.

- Ayato... Me solta sua peste. - Falou pacientemente, tentando acordar o outro.

- Hm... - Resmungou enfiando a cabeça na nuca do mais velho, parecendo cheirá-lo. - Você cheira bem... Como nunca te comeram? - Indagou completamente grogue.

Ok, era só ignorar... Como o que fazia com todas as coisas estranhas entre os dois, desde os olhares até as palavras que saia sem querer.

- Com certeza colocaram algo mais forte do que álcool naquilo.

Tentou desfazer o agarre, mas o Kirishima tinha muita força para um simples bêbado, então no fim, sua paciência acabou e se deitou junto com o menor, estava com sono também.

Mas mesmo com sono, demorou a dormir.

Ficou o tempo todo pensando nas palavras cruéis, mas reais, da autora favorita...

"Você não nos trairia, por que isso seria traí-lo, não é? "

Havia entrado na Aogiri com a intenção clara de destruí-la. Porém, jamais esperaria criar um vínculo tão forte com o Kirishima mais novo. Costumava pensar nele como uma criatura cruel e desprezível, capaz de fazer a própria irmã sofrer sem nenhum motivo sólido, mas com o passar do tempo, foi vendo que havia um coração ali debaixo, motivações, sentimentos... Ayato era mais alguém tentando fazer o que acreditava ser certo.

Sentia-se incapaz de machucá-lo.

E agora... O que iria fazer?

- - - -

-

Respirou fundo apenas observando o outro que estava atento ao sinal. Ambas as equipes poderiam ter vindo por baixo, mas o albino sabia que o Kirishima jamais passaria naqueles túneis cheios de lixeiras e repletos de insetos. Teve vontade de rir por um segundo.

- Pressinto alguém novamente fingindo que trabalha na missão. - Resmungou o mais novo ajustando a meia máscara. - Me pergunto como o Tatara te considera tanto, sendo o enrolão que você é. - Virou os olhos dramaticamente.

- Eu posso cobrir as suas costas. - Retrucou balançando os pés na borda do prédio e logo parando, ao perceber que quem tinha aquela mania era Eto.

- Acho bom. - Resmungou. - Se eu levar um tiro que seja, faço de você uma peneira. - Ditou com um olhar afiado e um sorriso de canto que não era visível pela mascara.

- Oh sim, vossa majestade. - Retrucou irônico, tendo que desviar de um chute logo em seguida.

A discussão continuaria se um tiro de sinalizador não tivesse aparecido decorando o céu.

Estava na hora.

- - -

Aniquilar a CCG não foi uma missão impossível, afinal eles esperavam combater um grupo pequeno e não uma divisão inteira da Aogiri, mas ainda assim foi deveras trabalhoso. Os agentes lutavam a todo o vapor, possuíam uma fé cega no fato de que se exterminassem todos ali, fariam do mundo um lugar melhor. Kaneki apenas lamentava as perdas dos dois lados, mas não tinha muito que pudesse fazer fora fingir que não viu os investigadores que fugiram, entraram numa van e sumindo.

Proteger Ayato de qualquer golpe não era uma missão difícil, mas segui-lo era. O Kirishima era tão rápido em batalha que por vezes parecia sumir, e o albino tinha que ter muito jogo de cintura para acompanhar suas mudanças bruscas de direção, o que só dava pra pegar o jeito com a prática, e pelo menos isso ele podia dizer que tinha, baseado nas várias lutas anteriores.

Quando não havia mais um humano de pé foi quando o pandemônio começou, acontece que o grupo simplesmente discordava do propósito da Aogiri e se recusava a se juntar a organização. E a ordem dada por Tatara para esse caso era extermínio.

E como se as coisas não houvessem dado errado o suficiente, havia um ghoul que não pertencia a aquela organização, mas a estava auxiliando por uma divida com o líder dela.. Esse ghoul não era ninguém menos que o Matasaka Kamishiro*, tio de Rize, uma verdadeira maquina de matar.

Por um segundo Kaneki quis sugerir uma recuada, estava com um péssimo pressentimento, porém sabia que ninguém iria embora, o máximo que ia fazer era perder mais confiabilidade.

E seu pressentimento foi confirmado quando viu Touka, Yomo, Nishio, e Irimi agindo como líder dos Dobermanns, aparecendo ali. Não ia negar que ficou surpreso, mas sabia que era quase dever da Anteiku aparecer ali, aquele distrito era muito próximo do 20º, e sendo dominado pela Aogiri só traria mais riscos a todos. Sem contar que o grupo tinha um modo de vida parecido com o da Anteiku, era quase como apoiar o vizinho da mesma ideologia e manter a paz.

Quando os olhares de Ayato e Touka se cruzaram, Kaneki nem precisou olhar para saber que no segundo seguinte os dois estariam no ar, literalmente, trocando farpas. Apenas respirou pesadamente, se concentrando em afastar quem tentava se meter, ajudando os integrantes da Anteiku disfarçadamente algumas vezes.

Se alguém o perguntasse para quem torcia dos irmãos, sinceramente, Kaneki queria que Ayato tomasse uma bela de uma surra, e talvez assim, quem sabe, parasse de tratar a irmã tão mal. Mas ainda assim não iria se meter, sabia que havia mágoa dos dois lados e só quem poderia resolver esse problema eram eles mesmos.

Desviou de alguns golpes direcionados a si, bloqueando outros que buscavam atingir Touka ao mesmo tempo, se concentrando naquela luta e esquecendo o que estava ao redor por um momento. Não queria se forçar muito, não por corpo mole, e sim medo de perder a cabeça de novo, essa hipótese vinha lhe apavorando, seguindo seus pensamentos como um pesadelo agourento.

De uma forma que nem o próprio entendeu, estava envolvido em vários conflitos ao mesmo tempo, mas não se importava. Ninguém ali era forte o suficiente para receber uma atenção isolada, por isso começou a golpear um por um, ferindo gravemente, porém, sem matar. E logo apareceram mais.

Havia parado para prestar atenção no cenário algumas vezes e nada parecia mais errado do que o normal. Até que se surpreendeu quando ouviu o grito de Yomo ao longe.

- Ken! Atrás de você! - Sua voz tinha uma nota estranha de medo que realmente assustou o albino.

Mas o que gelou seu sangue mesmo foi o motivo do grito.

Se virou pensando que vinha um golpe na sua direção, mas a realidade era bem pior. Quando focou na luta que estava atrás de si, foi como se seus ossos trincassem. Em um segundo, Ayato enfrentava Touka e Nishiki, que tinha aparecido para ajudá-la, e no outro, o Kamishiro aparecia bem atrás do gêmeo mais novo. Em um impulso protetor, Touka se jogou na frente do irmão sem pensar duas vezes.

- Aneki! - Ayato tentou puxá-la dali, mas pela primeira vez não tinha sido rápido o suficiente.

A kagune do Kamishiro atravessou a Kirishima em cheio, atravessando seu peito e ainda alcançando o abdômen do gêmeo mais novo, embora que com uma profundidade bem menor.

Mais rápido do que o tempo de queda dos dois, os músculos do albino se moveram na direção do homem que tinha sangue das pessoas que amava em mãos.

Foda-se o controle,  iria trucidá-lo.

- - -

O choque só dissipou de seu corpo bateu com força contra o concreto, amparando o da irmã que jorrava sangue de uma maneira assustadora. Mais do que depressa, Ayato virou por cima da mais velha verificando o estado do ferimento. Era horrível, possivelmente letal.

Seu peito apertou como se fosse ele quem tivesse as costelas a mostra.

Havia se tornado forte para não perder mais ninguém, para não ter o que era seu tomado pelo outros, e agora...

Agora estava perdendo uma das poucas coisas que ainda tinha guardado de bom em si mesmo.

- Irmã idiota! - Berrou trincando os dentes de raiva. Ela era tão fraca, e ainda assim tinha o protegido... Porque diabos ela não cuidava da própria vida?!

Sentiu um golpe pesado sobre suas costas, suportando-o com um pouco dificuldade.

- Larga ela! - O cara de óculos e cabelo meio ruivo com quem lutava antes parecia irado. Ayato estava pouco se fodendo para ele. Lançou uma rajada de penas, e mais uma e outra. Nem se importava em acertar realmente.

Afastou o cabelo que sempre cobria um dos lados do rosto da irmã, vendo-o arranhado. Ele mesmo havia feito isso, e não se sentia minimamente mal. Já havia batido um bocado na irmã, só que nunca havia feito nada que não tivesse certeza que fosse curar em breve. Por isso aquele ferimento o apavorava tanto.

- Ayato...? - Ouviu a voz fraca da gêmea mais velha.

Respirou fundo. Precisava tentar algo. Impulsivamente, puxou a manga do casaco, expondo seu braço e arrancando um pedaço generoso de carne, antes de levá-lo a boca da irmã, forçando-a a engolir. Era doloroso, principalmente quando tocava o osso, mas se ajudasse nem que fosse um pouco...

Lhe passou mais um pedaço, vendo que ela resistia a engolir e forçando-a de novo. Ghouls Ukaku não tinham uma regeneração muito veloz, e definitivamente ela não podia ficar muito tempo com aquele ferimento.

- Você continua o mesmo, Ayato-kun. - Uma voz feminina soou atrás de si, lançou um breve olhar aos olhos negros da líder dos Dobermanns, Irimi Kaya.

Apenas ignorou o comentário da mulher, retirando seu cachecol nas pressas e improvisando um curativo que mantivesse as costelas da irmã juntas para facilitar na regeneração.

- Apenas leve-a daqui. - Retrucou rudemente, observando a morena se curvar e pegar Touka cuidadosamente em seus braços, também preocupada com a Kirishima. Trocaram um olhar significativo antes da mais velha desaparecer no meio daquele caos.

Sem tempo para sentimentalismos, Ayato se ergueu rapidamente, acabando com a raça de um infeliz que veio na sua direção e logo voltando para a luta, mesmo com um braço bem acabado e um corte feio no abdômen ainda conseguia resistir bastante. Afinal, ficava mais resistente a cada vez que lutava.

Mais um vinha na sua direção, e quando se preparava para atacar, percebeu que não era bem na sua direção que o ghoul vinha, era mais como se fugisse de algo. Estranho. A CCG tinha pedido reforços?

Correu na direção contrária dos covardes fugitivos e alguns prédios depois finalmente encontrou a razão da correria.

Kamishiro e Kaneki lutavam de igual para igual com uma fúria e intensidade que afastava quem quer que fosse. Haviam vários corpos nas proximidades, provavelmente de quem foi atingido por um golpe "perdido". Respirou fundo se encostando a parede e avaliou a situação com base na experiência que tinha.

E pelo que sabia, e não era pouco, estava claro que Kaneki iria perder. E se não perdesse a luta, perderia a si mesmo.

Com a convivência, Ayato aprendeu que, mesmo não demonstrando, o albino era uma pessoa extremamente emocional, a ponto de quase chorar lendo um simples livro que não tinha nenhuma correlação com a sua vida. E se ele viu o que aconteceu a Touka... Ah, tinha certeza que estaria muito puto com o Kamishiro. O próprio Ayato estava.

Um ghoul Rinkaku, ou melhor, meio-ghoul tinha uma recuperação espantosa, mas não ganhavam muito em força. Sua kagune se quebrava facilmente, mesmo sendo a mais maleável. Sem contar que enquanto acertava um golpe de efeito, Kaneki tinha que se desviar de três, e mesmo levando a luta muito bem até o momento, quase obtendo uma vantagem ás vezes, se desse um pequeno descuido, morreria. Sem contar como ele lutava com mais ódio do que raciocínio. Estava claro que ia dar merda.

- Oe. - Chamou a atenção do Kamishiro com uma rajada de penas, acertando um de seus olhos de raspão graças a distração de Kaneki e o efeito surpresa. - Eu te devo uma surra seu filho da puta.

- Não vai conseguir pagar essa dívida, pirralho. - Suspirou o homem de barba. - Vá pra casa chorar a morte da sua irmã. - Ditou displicentemente e não foi preciso mais nada para o sangue do Kirishima ferver nas veias.

Ayato se lançou a direção do homem, mandando várias rajadas de penas, e sendo rebatido como um passarinho assim que seu corpo chegou ao alcance do outro.

Não que já não esperasse.

Kamishiro  provavelmente não esperava que enquanto estivesse afastando as penas de Ayato com a sua binkaku, fosse ser atacado pela rinkaku de kaneki por baixo. Um golpe forte que o lançou as uns três metros, até que o próprio se firmou no chão com sua kagune.

Ayato trocou um olhar com o albino por um segundo, sua consciência estava por um fio. Assim como o físico debilitado do Kirishima.

Mas nenhum dos dois estava sozinho naquela luta.

- Vamos lá cumprir sua promessa. - Os olhos cinza lhe sorriram, e no segundo seguinte ambos estava no ar, trocando de posição a cada golpe do inimigo.

Agora sim podia-se dizer que a luta estava um tanto mais equilibrada, Kaneki e Ayato se reversavam em ataque e defesa com um sincronia absolutamente perfeita, como se fossem um único ghoul com dois tipos de kagune, o que tirava a vantagem do Kamishiro quando se tratava de velocidade. Ele ainda era mais forte que ambos, mas isso não valia de muita coisa quando não era capaz de tocá-los.

Não havia nenhuma comunicação verbal entre os dois. O hábito de sempre lutarem juntos durante as missões da Aogiri os tornaram especialistas na linguagem corporal um do outro, um breve olhar da direção do azulado e Kaneki sabia que ele preparava um ataque, e logo defendia os ataques do inimigo, buscando impedi-lo de se defender. Era um sistema perfeito, entretanto, de altíssima velocidade. O meio ghoul tinha que se desdobrar para acompanhar a velocidade do ukaku que por sua vez queimava energia muito depressa e tinha que forçar sua resistência ao máximo.

E enquanto isso, o oponente não cansava, e seus ferimentos pareciam apenas superficiais.

E os dois estavam cansando mais e mais depressa.

Só havia uma saída, ou melhor, um paliativo para aquela situação.

Trocaram um longo olhar no meio de uma sequência de ataques, combinando silenciosamente quando iriam fazer aquilo. E foi então que, como um verdadeiro milagre, uma construção próxima caiu bem em cima dos três, que só tiveram tempo de se afastar, indo para lados opostos, uma poeira densa subiu rapidamente acabando com a visibilidade. 

Era a chance que precisavam.

Sem mais palavras, Ayato puxou o albino pelo pulso, afastando sua jaqueta em um movimento rápido e mordendo profundamente acima da clavícula, engolindo rápido, mas ainda tomando um segundo para apreciar aquele sabor intenso e inebriante. Se perguntava como alguém que era meio ghoul poderia ter um gosto tão bom. No mesmo tempo, Kaneki mordeu o ombro no menor na região mais próxima ao braço, temendo ferir seu kakuhou. Era estranho morder alguém, ainda mais alguém próximo a si emocionalmente, mas não conseguia achar estranho de uma maneira totalmente negativa.

Sem demora, o Kirishima se afastou e correu na direção do oponente do outro lado mar cinzento, e quando saltou por cima da nuvem de poeira, explorando o máximo sua kagune, Kaneki pode afirmar com certeza que era uma das visões mais belas que já teve. Se havia ficado impressionado com a kagune de Touka, não sabia como definir o seu estado agora. O som de fogo crepitando era mais alto que todo o som do caos a sua volta, duas asas gigantescas se erguiam no céu, brilhantes como um incêndio de enormes proporções em uma noite sem estrelas, era quase como presenciar um anjo vingador vindo a terra. No instante seguinte, elas desceram como chamas em uma única direção, formando algo como um tornado de fogo onde Kamishiro estava, cercando-o no meio de um furação de farpas afiadas.

Fechando os olhos, o albino apenas guiou sua kagune naquela direção, e de uma hora pra outra, duas centopeias gigantes acompanhadas de tentáculos rubros surgiram debaixo do solo de concreto, como um monstro gigante saindo da terra. A sua maneira, Ayato e Kaneki criaram a sua própria versão do apocalipse biblíco, o Anjo Caído e a Besta. 

Como em um conto, todos pararam para assistir o espetáculo. O Kamishiro que, cercado, lutava contra a rajada ininterrupta da ukaku de Ayato, de um momento para outro foi devorado pelas centopeias que enterravam suas pernas afiadas como navalhas por todo o seu corpo, enrolando-se a sua volta e picando sua carne sem dó, enquanto os tentáculos buscavam manter sua binkaku imóvel.

Aqueles dois nunca venceriam uma luta corporal contra um adversário como o Kamishiro, mas um ataque daqueles era implacável para qualquer criatura.

No fim, o corpo enorme do ghoul binkaku caiu ao chão, uma poça de sangue se formando ali logo depois. Um silêncio mórbido predominando sobre o local.

Kaneki deixou a tensão escapar de seu corpo, perdendo sua forma meio kakuja e voltando ao seu estado normal, sentindo alguém se apoiar no seu ombro logo em seguida.

- Quem mesmo que não ia conseguir acabar com aquele filho da puta? - Ayato falou com um sorriso brincalhão que o mais velho nunca tinha visto. Na verdade, nunca o tinha visto sorrir de verdade, sem ironia. Acabou sorrindo de volta involuntariamente, estava feliz, mesmo no meio de toda aquela desgraça e morte, mas estava. Não sabia exatamente o motivo, só se sentia contagiado pelo ânimo do mais novo.

Porém, logo desfez o sorriso quando Ayato caiu para frente, sendo rapidamente amparado pelos seus braços, sem reação alguma. Entrou em pânico, procurou qualquer ferimento grave no corpo do menor desesperadamente até que se lembrou de Cochlea, de quando ele desmaiou da mesma forma, como se alguém tivesse simplesmente puxado a tomada e ele desligou.

O segurou melhor em seus braços se sentindo aliviado, se era só exaustão, em breve ele acordaria. Colou suas testas sentindo a temperatura um tanto baixa, porém ouvindo seus batimentos cardíacos normais.

- É, nós conseguimos. - Afagou distraidamente os cabelos escuros. Percebendo como suas próprias mãos tremiam de cansaço. Não havia sido simples se controlar na forma da kakuja também.

Olhou em volta procurando uma saída e se deparou com vários olhares acusadores na sua direção, e foi aí que percebeu a fria em que os dois estavam.

Quando forram invadir Cochlea para libertar os ghouls presos lá, havia recebido ordem diretas de Tatara para trazer Kamishiro até a Aogiri. E tinham acabado de matá-lo.

Aproveitando enquanto estavam todos pasmos demais para atacá-los, Kaneki desapareceu pelo prédio abandonado mais próximo.

Só havia um lugar seguro para onde os dois poderiam ir agora.

 


Notas Finais


-> Sobre a altura que eles comentam no começo do cap: O Kaneki é um dos menores personagens masculinos (acho que dá pra notar kk) de Tokyo Ghoul, tem por volta de 1,67, Ayato tem a altura da irmã, 1,60. Não lembro ao certo onde vi as informações, mas se estiver errado podem me corrigir.

* -> Pra quem não se lembra do Kamishiro: http://vignette4.wikia.nocookie.net/tokyoghoul/images/e/eb/Sachi's_Kagune.png/revision/latest?cb=20150129202343 .
É ele quem arrebenta o Kaneki lá na invasão a prisão, acho que no ep 08.

- - -

Oi, eu sei que não teve tanto romance, mas eu queria mostra um pouco da evolução dessa parceria dos dois, não só no sentido emocional, mas quanto a confiança. No próximo eles vão estar de férias dessa confusão toda, pelo menos um pouco.

Ah, alguém tem sugestão de cantada pra passar no Ayato? (sem ter medo de morrer mesmo, tô bolando umas cenas...)

Muito obrigada a todos que leram, por favor digam o que acharam, é muito importante pra mim :3

Kissus

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