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História Porque Verde É A Cor Mais Bela. - Um convite impensado.


Escrita por: pameloza

Notas do Autor


Impensado existe? Não sei... caramba vou ter que pesquisar pq juro que as vezes saio inventando palavras ksksksksksksksk
Bom, novamente eu dando titulos horríveis aos capitulos mds
Juro que na próxima história vai ser tudo em numero romano tipo "cap I, cap II, cap III, cap XV" e por ai vai pq mdsssss
Como vocês estão, tudo bom? Tudo lindo? Aqui ta tudo uma belezura ai ai
Espero que gostem viu meus anjos?
Uma ótima leitura e é isto ❤

Capítulo 24 - Um convite impensado.


- Eu não suporto aquela mulher. Sempre com seu ar superior querendo mostrar que é melhor do que os outros, se ela continuar com essa merda de audiência enfio a mão na fuça dela com tanta força que ela vai sentir o gosto da minha loção por dias.

- Credo, Mit, não precisa de violência – Inko colocou a tigela de pipoca na mesa de centro – acredito que Kaine está perdendo tempo, vai dar tudo certo.

Vi sua mão gordinha afagar os cabelos do filho que estava sentado no chão ao meu lado, nós dois encostados no sofá onde elas se encontravam. Tínhamos vindo pro meu apartamento depois que a bruxa levou Yu e depois de ouvir Mitsuki falar mal por horas dela resolvemos ver um filme como nos velhos tempos, só que sem meu pai pois ele estava viajando a trabalho. Shindo já havia chegado do hospital, a partir daquela semana seu turno se normalizada para um diário então não teria mais nenhum plantão a fazer a não ser que fosse urgente. O moreno estava trancado no quarto conversando com alguém no celular e enquanto isso eu mal prestava atenção no filme pois não via a hora de Kaine trazer Yuuki de volta, tinha certeza que Izuku e nossas mães também.

Ouvi a porta do quarto de Yo se abrir e seus passos ecoaram até a sala trazendo consigo o cheiro do perfume que minha mãe tinha lhe dado de presente no natal, que eu particularmente adorava e até pensava em comprar um igual mas não queria ele se gabando sobre isso.

Ele encarou Izuku com indiferença, talvez por ainda estar receoso de me ver chorando várias vezes pelo esverdeado ou se controlando para não atear fogo nele, e dirigiu um sorriso doce as duas mulheres no sofá, sendo prontamente retribuído.

- E ai, como eu to? – fez uma pose charmosa ganhando elogios delas e um “meia boca” meu. Deku se absteve a continuar vendo o filme pois provavelmente sabia que sua opinião não seria ouvida, já tinha provado do moreno no modo infantil e tudo que Izuku dizia era como se Yo não ouvisse e bem, ele não queria ouvir. Isso que dava ter um amigo tão rancoroso.

- Tu vai sair de novo? – ele parou no meio do caminho quando ia pegar as chaves e se virou pra mim com uma sobrancelha arqueada.

- E eu lá te devo alguma coisa? Eu hein. Nem casamos ainda e já ta me cobrando, desse jeito vou ter que pedir o divórcio antes da cerimônia. – cutuquei Izuku pois o desgramado ria baixinho da minha cara de taxo, lazarento – E não me espere acordado, baby.

A porta da sala se fechou e eu despausei filme. Voltamos nossa atenção pra ela novamente quando Yo voltou e se dirigiu a Izuku pela primeira vez na semana.

- Tem gente aqui na frente com o mini brócolis, acho que tão te esperando – ele se levantou num pulo e eu o segui. Izuku agradeceu mas Shindo já estava longe e demos de cara com Kaine junto de Yuuki em sua porta, a velha batendo o pé contra o piso de maneira impaciente. Ela olhou indignada Deku sair do meu apartamento pelo justo fato de eu estar sem camisa mas logo suspirou aliviada – ou quase – ao ver Inko e Mitsuki também, essas que não pouparam olhares afiados para a morena que também retribuiu com aquele jeito insuportável dela.

- Credo gente, que cara é essa? Até parece que a dona Uraraka ia me sequestrar – Yuuki brincou percebendo o clima tenso, tentando descontrair.

- Não é de se duvidar – cutuquei mesmo. Não gostou me processa.

- Escuta aqui, seu delin-

- Como é que é? – minha mãe interferiu antes que ela continuasse. Vi o exato momento em que Kaine engoliu em seco a vontade de me insultar e se absteve logo se voltando a Izuku.

- Temos uma reunião sábado as dez. Leve Hitoshi, ou quem quer que seja seu advogado pois como você bem sabe não pode atuar em sua própria causa. – a filha da puta ainda queria continuar com aquilo? Meu Deus, como pode ser tão lazarenta?

- E você leve lenços pra enxugar as lágrimas quando perder a dignidade assim que o juiz decretar que você incapacitada mentalmente sua... sua... cobra ariranha – arregalei os olhos ao ver Inko dizendo aquilo. Eu beijaria essa mulher se ela não fosse minha quase mãe.

Na verdade não beijaria não mas ela merece um belo de um prêmio.

- Uuuh, boa Inko! Essa é a minha garota, chupa sua égua! – a loira parabenizou me fazendo rir. Kaine já tinha nos dado as costas e Yuuki observava tudo em absoluto silêncio, me fazendo temer que tipo de coisa aquela naja poderia ter dito a ele durante a tarde.

- Bora pra dentro suas escandalosas, a vizinhança vai acabar me botando na rua por causa de vocês – chamei e afaguei os cabelos do anjinho ao meu lado. A loira estalou a língua por conta da ordem mas foi junto de todos logo se acomodar no sofá.

Eu conversava animadamente com as duas mulheres sobre o fim do filme e o silencio das moitas em forma de gente estava me irritando, ou melhor dizendo, me deixando com uma puta preocupação.

Lá pelas oito, quando íamos pedir algo pra comer Izuku disse que ia pro apartamento dele pois estava com sono e Yu se despediu também seguindo o pai. Sabíamos que estavam pensativos sobre a situação mas não tinha o que ser dito ou feito e meu coração só sobe pesar por ver aqueles rostinhos que eram tão lindos e cheios de sardas, aflitos.

Foram três dias até sábado e durante esse tempo não recebi nenhuma notícia sobre Deku.

Yuuki continuava cabisbaixo na escola e eu me perguntava o por que disso mas logo deduzi, em uma ligação com Inko, que era pelo fato de Izuku esconder as coisas do pequeno. Yu era uma criança muito esperta, já devia ter deduzido que Kaine era alguma parente mas não se importava com o risco dela tomar sua guarda pois tinha certeza de que o pai não deixaria. O que lhe entristecia era como sempre o deixavam de fora da história.

E eu entendia bem esse sentimento.

Na sexta a tarde, como não tinha nenhuma aula para planejar, me ofereci para o levar pra casa e no meio do caminho resolvi parar no Midnight para almoçarmos.

Kayama quase teve um ataque do coração ao ver a cópia fiel do Midoriya pai e não poupou o garoto de uma enxurrada de abraços calorosos onde tive que o salvar dizendo que estávamos com muita fome e tínhamos ido ali escondido.

Recebi um “Típico de Bakugou Katsuki” da morena por estar fazendo algo escondido e fiquei indignado enquanto os dois riam da minha cara. Mostrei a ele a mesa onde Deku e eu costumávamos sentar e foi justo nela que ficamos. Eu estava tão feliz em ver Yuuki sorrindo pra cada canto daquele restaurante que acabei perdendo a noção do tempo e quando vi já passavam das quatro, nós dois já havíamos pedido até lanche da tarde e ele balançava as perninhas em baixo da mesa enquanto saboreava uma cheesecake de limão, tagalerando sobre o primeiro festival do ano que estava próximo.

Paramos de conversar quando as portas de vidro do local se abriram abruptamente por um esverdeado ofegante, que quase se ajoelhou ao bater os olhos na gente mas Izuku apenas correu até a mesa, chamando atenção de mais, e se apoiou no tampo para tomar fôlego nos deixando confusos.

- Graças... a Deus – levou um tempo até que Deku se acalmasse e os clientes voltassem à suas refeições. Ele escorregou pro meu lado e deitou na mesa ainda com a respiração pesada – Então, vocês estavam aqui o tempo todo? Seus malditos miseráveis, eu estava tão preocupado – arregalei os olhos junto de Yuuki pelos palavrões e ousei tocar em suas costas com cuidado para perguntar:

- O que houve? Shinsou não avisou que eu ia levar o-

- Não, Kacchan, ele não avisou! – Izuku endireitou a postura exasperado – Caramba, vocês quase me matam do coração. Eu pensei que... pensei que...

- Tudo bem, pai. A gente só veio almoçar e acabamos nos distraindo. A tia Nemuri me deixou repetir a sobremesa e-

- Meu Deus, você apresentou meu filho pra Kayama? – ele de dirigiu a mim enquanto Yuuki segurava uma de suas mãos em cima da mesa e a outra apertava minha coxa com um desespero exagerado. Sorri ladino ao ver a morena ao seu lado e pude ver Deku retesar no estofado quando sua cabeça foi puxada para um abraço que o colocou contra seus seios.

- Ai, quanta preocupação, Izu. Como se eu fosse querer um pinguinho de gente desses quando tenho você e o Kat, né garotão – ela piscou pra mim e eu devolvi divertido vendo Izuku pedir socorro com os olhos – Vocês me tomam com uma pervertida as vezes.

Nemuri fez um falso bico e eu segurei para não cascar o bico pois sabia exatamente o que o esverdeado estava pensando no momento.

- N-não é isso, Kaya – ele limpou a garganta se afastando dos braços dela – eu só estava preocupado.

- Certo, certo. Agora que já viu que seu filhote está em boas mãos – a morena afagou os cachos de Yu que continuava comendo seu doce calmamente – aproveite e peça alguma coisa. Tem aquele bolo que você adora hoje.

Vi suas esmeraldas brilharem como se tivessem acabado de serem polidas.

No fundo, Deku ainda era o mesmo. Preocupado, afoito e louco por coisas doces. Eu amava esse seu lado de pai superprotetor, isso apenas o deixava mais lindo e gostoso.

O caralho, Katsuki, foca na amizade porra. Amizade!

Não era como se eu tivesse “desapaixonado”. Sabia bem que ainda tinha aquele sentimento ali mas precisava colocar de lado pra reconquistar aquilo que a gente tinha antes, firmar a confiança e depois, talvez, abrir o jogo de novo. Eu sabia que não ia passar, por mais que tentasse ignorar meu amor por aquele homem sabia que tinha que ser o puto do Deku o único a morar no meu coração e isso soava tão gay, mas a tempos eu tinha deixado de me importar com o quão gay era. O que importava era que eu jamais conseguiria sentir tal coisa por outra pessoa, seja homem ou mulher.

Izuku era único, mesmo fazendo uma zona com a porra do glacê de chocolate enquanto comia aquele bolo ridiculamente doce.

- Toma, abre a boca assim – ele levou o garfo até mim e exemplificou o gesto que eu deveria fazer dizendo um “Aaaa” prolongado. O olhei com cara de “é sério isso?” e Yuuki riu da situação me incentivando com um chute leve no joelho por baixo da mesa e a expressão que dizia “pega logo”. Eu ficava imaginando como Yu reagiria se soubesse que eu amava o seu pai, sabia que ele era apenas uma criança mas aquele peste tinha um entendimento das coisas ta o avançado que tinha medo dele não aceitar. Sim, eu amava Deku, mas se seu filho não me aprovasse como um bom par eu nada poderia fazer, se é que aquele puto me enxergaria um dia daquele jeito – Vamos Kacchan! – Izuku pediu impaciente chamando minha atenção. Rolei os olhos e abri a boca derrotado me deleitando ao lembrar em como a sobremesa era boa.

- Pela cara ele adorou – mostrei o dedo do meio pra criança recebendo um tapa na nuca do pai dela pelo gesto obsceno. Eu adorava Yuuki e tinha plena consciência de que pra conquistar o pai devia conquistar primeiro o filhote e, bom, pelo menos o pirralho também me adorava o que já era meio caminho andado.

(...)

Eu estava sentado com Inko e Mitsuki na varanda da esverdeada, com as mãos apoiadas no queixo e os cotovelos no joelho. Nós três, banhados em aflição por não termos nenhuma notícia deis de que Deku, Shinsou e Yu saíram cedo para a audiência pois já era sábado e passavam das uma da tarde.

Quando a loira ia praguejar pela milésima vez naquela manha vimos o carro branco estacionar e a porta de trás se abrir, um mini vegetal correr pela calçada com os braços abertos imitando o voo de um avião e se jogar em mim me fazendo o apertar num abraço caloroso. Só de ver que tinham trazido o pequeno de volta já aquecia meu coração e espantava quase todas as minhas preocupações.

- Yuuki, pelo amor de Deus, não fique pulando assim você acabou de comer, criatura! – Izuku estava ao lado de Hitoshi e eu podia jurar que era a primeira vez que eu via aquele sorriso satisfeito no rosto do morto-vivo ambulante, sem contar o enorme do Deku que não cabia na boca de tão grande. Não precisava nem perguntar como tinha sido a audiência pois já sabia apenas de ler suas feições felizes.

- E ai, como foi lá Zuku? – Inko estava apoiada no pilar de madeira enquanto Yu se remexia no meu colo para encarar a avó.

- Eu estou muuuuito bravo! – o pequeno disse atraindo atenção pra si – Ninguém me contou que a dona Uraraka era a minha vó também. Claro que eu já sabia mas agora que vocês sabem que eu sabia eu posso ficar bravo.

Então, o vi emburrar cruzando os braços. Ri alto bagunçando seus cabelos e percebi o semblante triste de Deku por conta da reação do filho a tudo aquilo.

- E quem disse que você precisa saber de tudo senhor “braveza”? Se seu pai não disse é porque tinha um motivo e certamente chegaria o dia que ele ia contar mas você, seu espertinho – belisquei a ponta de seu nariz desamarrando sua cara de bunda – ficou sabendo antes. Ninguém manda ser metido a detetive.

- Mas-

- Mas nada – minha mãe repreendeu – agora geral quieto que eu quero o Izu diga o que aconteceu naquela porcaria de tribunal, não aguento mais de curiosidade. E ai, botou aquela velha no lugar dela?

Murmurei um “vocês tem a mesma idade” engolindo em seco ao receber um olhar mortífero da loira. Deku contou que foi decidido que Yuuki passaria ao fins de semana com Kaine de quinze em quinze dias pois Shinsou tinha provado que Izuku cuidava muito bem do filho mesmo que, praticamente sozinho quase a infância toda do pequeno.

- Oe, para de sorrir assim múmia. É assustador – disse o empurrando com o ombro fazendo seu sorriso ficar ainda mais macabro – Deku, faz alguma coisa!

- Nem adianta, Kacchan. Quando Toshi vence uma causa ele fica assim por dias, juntando o fato dele detestar a bruxa vai ser assim por um mês – o esverdeado disse rindo, passando o braço em volta do pescoço do zumbi batata roxa.

- Tsc. Aberração – murmurei tentando ignorar aquela cara bizarra que ele fazia. Parando pra pensar, eu não fazia ideia da onde o Deku tinha arrumado aquele cara e não sabia bem se queria a resposta, vai que o maluco era de algum hospício ou algo assim porque a cara de doido já tem.

Pra comemorar, pedimos pizzas quando a noite caiu e por volta das onze me despedi de todos pois tinha que levar minha mãe pra casa já que eu tinha trazido a velha junto deveria levar de volta, enquanto aguentava sua falação no meio do caminho. Cheguei ao prédio onde morava e quando passei pelo porteiro vi Izuku e o morto vivo chegarem mas sem o mini brócolis, o que me fez deduzir que ele tinha ficado na casa da madrinha pra dormir lá pois amanhã não teria aula.

Segurei o elevador para ambos subirem comigo já que íamos para o mesmo andar e quando já estava no corredor vi Yo passar correndo por mim apressado para sair pra sabe-Deus-lá-onde enquanto dizia em sequência “to atrasado, frango no forno, dormir fora” logo se enfiando no elevador e sumindo da minha vista.

- Ele tem saído bastante ultimamente né? – lembrei que Izuku ainda estava ao meu lado junto do Shinsou e desfiz a cara de confusão anuindo em concordância. Dei de ombros e sorri ladino, feliz por meu amigo ter arrumado alguém fixo em anos pulando de galho em galho.

- Ai ai, crianças crescem tão rápido – brinquei orgulhoso ouvindo os dois riem – Ele disse que tem frango no forno? Querem? – por mais que tivéssemos acabado de comer pizza ainda estava com come e não via problema em convida-los.

- Eu aceitaria se não estivesse tão cheio, mas muito obrigado – o cosplay de repolho levou a mão a barriga enquanto dizia sonolento como sempre, mas o sorrisinho bizarro ainda estava lá, demonstrando sua vitória de mais cedo – Mas vai lá, Izu. Sei que como é um saco sem fundo ainda deve estar morrendo de fome – Deku tentou protestar, vermelho de vergonha – ou raiva – pelo que Hitoshi disse mas foi interrompido pelo mesmo que deu as costas largando um bocejo – Já vou dormir, tchau Bakugou, tchau Izu. E tranque a porta quando vier.

A porta foi aberta e logo em seguida fechada nos deixando em silêncio no corredor. Ousei fitar Izuku de canto e quando ia perguntar se ele estava com fome mesmo o vi suspirar pesado e transferir o peso de uma perna para a outra.

- Eu pareço tão esfomeado assim? – indagou. Até pensei em concordar pois conhecia bem seu apetite mas resolvi dizer que não o vendo estreitar os olhos – Péssimo mentiroso.

- Oe! – ri sem querer o puxando para enlaçar meu braço em volta de seu pescoço enquanto Deku fazia um bico enorme e fofo ao mesmo tempo – bora lá encher esse buchinho seu merdinha dramático.

O levei para dentro ignorando suas reclamações sobre não ser dramático muito menos morto de fome como tinham insinuado, nos servi e tive que segurar pra não rir enquanto ele devorava uma enorme coxa de galinha como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, se sujando todo como habitualmente.

Mais uma vez me peguei pensando em como era bom ter Izuku por perto e, pouco a pouco, eu estava o conhecendo outra vez. Em alguns aspectos, Deku não tinha mudado nadinha, mas em outros ele chegava a me surpreender pra cacete tipo quando corrigia o filho ou quando erguia a voz quando estava aborrecido. O Midoriya de anos atrás seria incapaz de gritar até com uma mosca e no fundo eu sempre tive uma vontadezinha de ver aquela moita descontrolada ou se impondo. Era fascinante o modo como seus grandes olhos tinham deixado de demonstrar o ar de infantilidade para algo mais experiente e maduro mas ainda com aquele brilho que me fazia suspirar bobo. Me perguntava se Izuku sabia os efeitos que cada mínimo movimento dele causava em mim, como meu coração acelerava quando ele chegava perto de mais ou até mesmo como minha atenção não saia de sua boca enquanto ele falava. Ah, quando ele falava, presenciar seus momentos onde ele começava a falar e não parava mais era tão gostoso pois isso só acontecia quando ele estava à-vontade com alguém, e saber que Deku se sentia assim do meu lado mesmo depois de tanto tempo era gratificante.

Talvez eu não devesse ter compaixão por esse miserável depois de ter sofrido tanto por ele mas no fundo, apenas queria voltar no tempo e o convencer a ficar. O ajudaria a criar o filhote de aspargo e até engoliria a cara de lua se fosse preciso. Talvez matasse a vaca da Kaine no processo porque aquela mulher é insuportável mas tudo ficaria bem. Era meu papel como melhor amigo, eu o conhecia melhor do que ninguém e deveria ter visto através dele, através de sua despedida. Tenho total consciência de que não teria rolado nada entre nós mas pelo menos eu o teria por perto e não o deixaria sozinho.

Não me culpo, sei que foi escolha dele ir mas pensar que poderia ser diferente acaba comigo. O “e se” é uma verdadeira bosta quando o assunto é o passado, principalmente quando você é uma pessoa que vive pensando merda como eu. Nesses últimos meses, mesmo com tudo o que aconteceu incluindo nossas ficadas, e até mesmo aquela noite que eu não posso lembrar pois vai dar ruim, percebi que em todos esses anos longe daquela arvore desgraçada o que mais me machucou foi a falta dele como amigo. A rejeição me doeu profundamente mas o fato de não ter mais meu companheiro ao meu lado – que eu acreditava ser o único que me aguentava, ou aguentaria até o fim dos tempos – foi o que me destruiu. Por sorte, tive pessoas maravilhosas que me levantaram e mostraram que também podiam estar junto comigo. E por fim, vi que talvez Izuku conhecesse mais a mim do que eu a ele.

Agora é um tanto claro que, mesmo o amando, o que mais tenho vontade é ter o “Deku” de volta. Sim como amante mas principalmente como amigo.

- O que eu preciso fazer pra você voltar pra terra? Caramba Kacchan, viajou e nem voltou mais – o esverdeado estava cara a cara comigo, tentando chamar minha atenção e... porra, perto assim não da pra me concentrar em ser só seu amigo seu animal!

- Eu estava pensando longe... – murmurei desviando o olhar pra janela.

- Eu vi – Deku riu anasalado fazendo sua respiração se chocar contra a minha e logo se afastou – Você ouviu o que eu disse?

- Claro que ouvi! – menti descaradamente vendo uma sobrancelha verde se erguer pra mim inquisitória – Era sobre... an... azeite de... alecrim?

- Você não ouviu nadinha.

- Não mesmo – confessei recebendo uma careta desacreditada que logo se transformou num sorriso doce.

- Disse que já estava tarde e que preciso ir. Obrigada pelo frango Kacchan, diga ao Shindo que estava muito bom.

Olhei meu celular e já era quase meia noite. Nos levantamos mas hesitei antes de o seguir até que quando vi já estava com a mão em seu ombro o impedindo de chegar a maçaneta me perguntando o porque de não querer que ele fosse.

E bom, eu sabia.

- Por que você não... fica?

- Quê? Aqui? Tipo, pra dormir?

- Não, porra, pra trepar – ironizei com a voz divertida mas por sua expressão surpresa tive que esclarecer rindo – Meu deus, Izuku, é claro que é pra dormir. Só dormir, eu juro.

Ergui as mãos mostrando que falava sério, nada de dedos cruzados mas ele ainda me olhava chocado. Rolei os olhos e vesti meu melhor sorriso de canto para logo dizer com voz rouca perto de seu ouvido:

- A não ser que você queira...

- Você é um desgraçado pervertido Kacchan! – Izuku estava tão vermelho, mas tão vermelho que era até engraçado do mesmo modo que era fofo. Gargalhei enquanto ele emburrava depois de dizer um “é brincadeira” após receber um soco leve no ombro – Mas eu ainda não tomei banho-

- Toma aqui ué. Vai, vaza pro banheiro, vou buscar uma toalha e depois te empresto uma roupa – o levei até lá enquanto dizia e quando a porta se fechou puxei o ar como se estivesse prestes a morrer me escorando na parede gélida.

A onde diabos eu estava com a cabeça?

O som da água batendo no piso do banheiro chegou aos meus ouvidos e eu pude escutar Deku murmurando alguma música indecifrável depois de alguns minutos então corri para buscar uma toalha e escolher roupas confortáveis para ele dormir junto de uma cueca nova que Yo tinha me dado mas eu não havia gostado da cor. Detestava rosa e por alguma razão aquele filho da puta achou que a peça era a minha cara.

Quando Izuku terminou avisei que as coisas estavam na porta e fiquei na sala esperando ele aparecer. Me assustei quando ele sentou ao meu lado ainda enxugando ao cabelos úmidos pois o som da tv deve ter abafado seus passos.

- Por que diabos você tem uma cueca rosa? Tu não detesta a cor?

- Detesto, e Yo também sabe que detesto então me deu pra me irritar porque é só isso que aquele satanás sabe fazer. – Deku riu da minha cara de bunda e logo eu fui me lavar também. Não sabia o porque mas estava exausto mesmo sendo um sábado, talvez fosse a ansiedade de cedo ou ter brincado com Yuki a tarde toda pois aquele peste tem a energia de trinta crianças em uma só, haja força.

Já limpo, seco e vestido, vi Izuku bocejar e o chamei pra dormir, o que foi estranho pois quando ia indicar o quarto de hóspedes que era em frente ao meu ele me seguiu na hora de pegar os cobertores extras em meu armário, olhei pro lado e a imundice já estava lá, deitado na minha cama.

- Oe, acorda arbusto – o cutuquei vendo seus olhos se abrirem com dificuldade – Tá ligado que essa é a minha cama né?

- Mas a gente sempre dormiu junto – ele disse com a voz arrastada enquanto eu sentava ao seu lado, afastando alguns cabelos de sua testa. E você sempre me agarrava durante a noite seu porra, não sei como nunca percebi que acordava de pau duro por causa disso. Que merda em Izuku.

Soltei o ar pesadamente e então, derrotado fui apagar as luzes e fechar as janelas do apartamento. Shindo não voltaria essa noite e era até bom pois se pegasse o esverdeado ali surtaria comigo pelo meu excesso de “trouxisse”. Me deitei com cuidado ao lado dele agradecendo pela cama não ser de solteiro pois tudo o que eu menos – ou mais – queria era dormir com o corpo colado ao daquele homem. Eu não sabia o que estava pensando ao o chamar para dormir em casa pois nunca tive dificuldade pra dormir e certamente aquilo não iria dar certo pois eu sequer conseguia pregar os olhos com Izuku já cochilando calmamente a tão poucos centímetros de mim.

Me virei de costas tentando ignorar aquele Deku maldito e quase pulei da cama ao sentir um braço envolver minha cintura e suas pernas se entrelaçarem nas minhas, sua respiração fazia cócegas em minha nuca e se eu não estivesse tão nervoso poderia jurar que ele estava fazendo tudo de propósito.

- Deku...? – chamei recebendo um longo silêncio de volta. Talvez ele estivesse realmente dormindo mas logo ouvi um “hm?” me fazendo cerrar os dentes ao não ter sucesso em nos desgrudar. Desisti de tentar resistir e por fim bufei, fechando os olhos e me acomodando melhor – Boa noite seu babaca irritante.

Ouvi uma risadinha baixa e então Izuku me apertou mais ainda enterrando o rosto nos meus cabelos, senti ele respirar fundo e fazer um carinho gostoso na minha barriga me deixando menos tenso então disse baixinho e manhoso:

- Boa noite pra você também, Kacchan.


Notas Finais


Esse cap foi tão gostosinho de escrever que eu nem sei pq demorei tanto (claro que sei eu tava procrastinando, obviamente, e trabalhando mt aaaaaaaa odeio ser pobre)
Meu cursinho voltou então vou ter que dar aquela esforçada basica pra aparecer mais, juro que não vou demorar viu
Tenham uma boa semana nenens ❤


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