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História Portal - O Outro Mundo - O Outro Mundo


Escrita por: MarcCardoso42

Capítulo 2 - O Outro Mundo



Era como um sonho.
    Como se tudo o que acontecera antes, toda a minha vida, não passasse de uma mera ilusão.
    A única coisa que me fazia acreditar que todo meu passado era verdadeiro era Lily. Foi ela quem me acordou.

Levantei-me num pulo. Tonteei por alguns segundos e analisei o lugar.

Era uma suíte. Móveis antigos estavam dispostos em seus devidos lugares, e outra cama — provavelmente a de Lily — estara no outro lado do quarto.

— Max... — Lily chamou com a voz fraca, provavelmente gasta após tantos gritos na tentativa de me acordar.

— O que aconteceu? — perguntei, sentado na cama.

— Eu não sei — seus olhos inchados se estreitaram, ela chorou todo o tempo e ameaçava novamente.

— Mãe! — eu gritei, mas, por algum motivo, eu sabia que ela não responderia.

— Mamãe não está aqui — disse minha irmã com a voz abafada.

Eu só conseguia perguntar a mim mesmo onde diabos nós estávamos.
    

Eu não sabia como não percebera antes.

Eu sabia que havia algo estranho, mas não parecia algo importante até eu finalmente perceber. Tudo era cinza. Tudo, absolutamente tudo tinha tons de cinza, alguns mais claros que os outros, mas nada havia uma cor realmente viva.
    Imediatamente fui para a cabeceira e puxei as gavetas na esperança de encontrar roupas ou qualquer outra coisa, porém sem sorte. Estavam completamente vazias.
    Fui até o banheiro e novamente outra surpresa. Eu não estava cinza. Olhei para minhas mãos e depois para Lily, que estava sentada numa cama cinzenta, onde sua camisa laranja se destacava mais do que qualquer outra coisa.

— Lily... — eu disse, me aproximando dela. — Você percebeu alguma coisa estranha aqui?

— Como o quê?

Olhei para os lados para confirmar o que eu estava prestes a dizer.

— Tudo é cinza.

O rosto de Lily mudou de expressão. Ela franziu a testa e parecia precisar de concentração para reparar. Até que finalmente percebeu.

— Tudo, menos nós — completei.

Ela fixou os olhos em mim, novamente franzindo a testa e se concentrando, e logo em seguida olhou para baixo, reparando em suas pernas.

Pus minha mão em minha testa. Ainda estava tentando processar tanta coisa.

Olhei para o lado e avistei um frigobar disposto no canto do quarto. Rapidamente me dirigi em sua direção e abri a porta. Por sorte — ou não — ela estava cheia de água e comida embalada (o que consistia apenas em doces e guloseimas). Só então me dei conta de que estava morrendo de sede.

Peguei uma garrafa e dei outra para Lily, que aparentemente também estava cheia de sede.

Cada um de nós bebeu duas garrafas e comemos barras de chocolate outras guloseimas enquanto estávamos sentados em volta do frigobar. Mesmo parecendo loucura, eu estava começando a achar que alguma bruxa estava tentando nos engordar para dos devorar.

— Achei que comer muitos doces fazia mal — comentou Lily enquanto mastigava algumas jujubas.

— Acontece que nesse momento precisamos de energia, e açúcar é energia — eu disse me levantando — O único problema é que quando essa energia acabar ficaremos muito esgotados. Por isso precisamos aproveitá-la.

Girei a maçaneta da porta, torcendo para que estivesse destrancada. E estava. O que era algo estranho. Se tudo se tratasse de um sequestro, não teríamos essa sorte.

— Vamos — chamei Lily.

Ela levantou-se e me deu a última garrafa de água enquanto segurava a outra.

Saímos e fechamos a porta. Observamos o corredor com outras portas iguais à nossa. Era de fato algum tipo de hotel ou apartamento.

Andávamos vagarosamente quando avistamos uma criatura dobrar um corredor à nossa frente. Rapidamente nos escondemos atrás da parede. A criatura era uma figura extraterrestre, do tipo que vemos em filmes — alta, bizarra e carrancuda com algum tipo de exoesqueleto.

O medo tomou conta de nós dois e meu corpo gelou. Ao mesmo tempo em que minha mente travava ao tentar entender o que diabos estava acontecendo ali.

Frustrantemente, a criatura havia nos visto, contudo, nos ignorou. A única coisa que fizera fora olhar para nós como se fossemos malucos e entrar normalmente em uma das portas, destrancando-a com uma chave.

Lily e eu olhamos um para o outro e ambos ficamos sem reação. Contudo nós não podíamos perder o foco. Precisávamos sair dali, e logo após desencostarmos da parede avistamos um elevador. Apertamos o botão e esperamos, e então entramos.

Apertei o botão T que identifiquei como “Térreo” e então descemos.

Saímos do elevador e olhamos ao redor. Era de fato um hotel. A recepção era composta por uma mulher humana normal. Exceto pelo fato de ser completamente cinza, assim como todo o resto.

— Bom dia! — disse ela amigavelmente. Mas eu estava perturbado demais para dizer qualquer coisa. Eu só ficava a encarando.

— Bom dia. — respondeu Lily, me surpreendendo.

Continuamos o caminho até a saída. Abrimos a porta e avistamos o mundo. O céu estava com uma coloração alaranjada, uma cor viva diferente de todo o resto. As pessoas eram humanos comuns, e algumas outras criaturas bizarras, como a que nos vira anteriormente.

— Max, que lugar é este? — perguntou Lily assustada. Demorou um pouco para que eu respondesse, eu encarava tudo.

— Eu não sei.
    O mundo parecia o nosso, era praticamente idêntico.

Enquanto andávamos, eu tentava absorver tudo que houvera acontecido. E então finalmente tive alguma atitude.

— Com licença, que lugar é este? — perguntei a uma mulher que passara ao meu lado, apesar dos tons de cinza, era visível que era loira e tinha olhos claros, estava vestida a trabalho.

— Avenida Woodboy — ela disse.

— Ok, obrigado.

Me virei para Lily.

— Que diabos de avenida é esta? — perguntei.

— Como eu vou saber? — respondeu Lily. De fato, eu estava tão desesperado a ponto de perguntar pra uma criança de 8 anos onde estávamos.

— Tem razão, vamos continuar andando.
    Entramos num beco não tão escuro. Ele dava caminho para uma pequena rua com casas de madeira e pedra, algumas caíam aos pedaços.

Todos os indivíduos ali presentes não pareciam estar em um dia bom. Eles eram mal encarados e apresentavam um olhar tenebroso. A parte que eu esqueci de dizer é que não eram humanos, eram alguns tipos de criaturas diferentes da que já havíamos visto, porém tão estranhas quanto.

Algumas das criaturas apresentavam narizes similares a focinhos de porcos, orelhas pontudas. Os olhos pareciam humanos, e os cabelos chegavam ao pescoço em algo parecido com tranças, porém desorganizadas. Pareciam ter alturas equivalentes a um metro e sessenta e vestiam roupas surradas e rasgadas. Estavam todos em algum tipo de comercio clandestino.

Outra criatura difícil de não reparar era a do tipo esguia. Eram incrivelmente altas. Vestiam roupas parecidas com mantos e seus rostos eram quase completamente cobertos, igual a todos os seus corpos. Suas aparências lembravam as características populares da personificação da morte no nosso mundo.

— Max, eu estou com medo, vamos sair daqui — tremulou Lily enquanto tentava se esconder atrás de mim.

— Tem razão — eu disse pondo a mão e sua cabeça, sem tirar os olhos do lugar. — Vamos sair daqui.
    Eu não pensaria naquele momento em algo pior do que ser percebido por qualquer criatura ali presente, mas aconteceu.

No momento em que dei meia volta, uma das criaturas que apelidei de “Porcomem” parara bem na minha frente. Lily imediatamente fora para trás de mim novamente, e então fiquei parado, congelado pelo medo. O Porcomem me analisou por alguns segundos, baforando um odor nada agradável no meu rosto, que permanecia imóvel, esperando, talvez, uma trégua.

— CARNE NOVA! — exclamou ele, com uma voz irritantemente desafinada. Suas mãos humanas foram em direção a mim, as segurei rapidamente. Mas obviamente, minha força não era suficiente.

O Porcomem soltou sua mão e me deu um tapa com as costas dela. Tamanha força me jogara para o lado. Meu braço doía. Mas ele ia em direção a Lily, que caíra depois do golpe que eu levara.

Numa explosão de adrenalina, levantei-me rapidamente e soquei seu nariz-focinho, fazendo-o recuar. Ignorei a dor no pulso e levantei Lily. Corremos para fora do beco, escapando de mais uma tentativa da criatura de nos agarrar.

Era possível ouvir passos rápidos atrás de nós. Mas naquele momento, a mistura de juventude e açúcar parecia o suficiente para sermos mais rápidos.

Dobramos uma esquina e puxei Lily para um beco, desta vez sem saída, e nos agachamos. Quatro Porcomens passaram correndo, e então pude sentir algum alívio (e um forte cheiro de lixo).

— Eu não acredito que você socou aquele bicho — disse Lily ofegante.

— Nem eu — respondi quase sem ar. Então abracei minha irmã.

— Você fez aquilo pra me proteger? — perguntou ela.

Respirei fundo, deixando todo estresse de lado.

— Sim, nenhum bicho desses vai te tocar.
    Ficamos bastante tempo ali, pelo menos até escurecer. Todo o açúcar parecia ter acabado e precisávamos de um lugar para passar a noite. Voltar para o hotel era uma opção, na verdade a única, naquela situação

Lily estava quase pegando no sono com a cabeça encostada no meu ombro quando decidi sair dali.

— Vamos, Lily, acorde — eu disse.

— O que foi? — ela perguntou sonolenta.

— Precisamos voltar para o hotel — eu levantei.

Ela se levantou com dificuldade.
    Andamos pelo caminho contrário e ouvimos um estrondo, o chão tremera junto e uma fumaça começara a se formar em algum lugar perto.

Vimos pessoas corendo. Mas eu percebi algo, que eu não conseguia lembrar na hora, mesmo acontecendo naquele momento. Mas enfim consegui.

— Precisamos segui-las — eu disse.

— Por quê? — perguntou Lily.

— Porque aquelas pessoas não são cinza.

 

Puxei Lily pelo braço e começamos a correr atrás daquelas pessoas.

— Esperem! — eu gritei, mas não pareciam se importar.

O grupo, que parecia formado unicamente por jovens, foi parado por três Porcomens que ameaçavam atacá-los, mas rapidamente reagiram.

Uma garota esfaqueou uma das criaturas no rosto, e um garoto e uma garota cuidaram dos outros. Foi a cena mais sangrenta que eu vira.

— Ei! — gritei ao me aproximar.

Uma garota apontou uma faca para o meu pescoço, me parando. Logo um garoto fora em direção a Lily, me fazendo esquivar da faca e socá-lo. Ele me devolvera o golpe com muito mais força, me fazendo cair no chão. Estava a um passo de me matar quando foi interrompido por uma voz feminina.

— Espere — ela disse.

A garota apareceu no meio dos dois, com uma postura firme ela aproximou-se de mim. A garota tinha pele morena e cabelos lisos até as costas.

— Tem algo de diferente em vocês — ela completou.

— Quem são vocês? — eu perguntei pondo a mão sobre meu nariz dolorido.

— Eu faço as perguntas — corrigiu a garota. — Quem são vocês?

— Eu sou Max — respondi, sem fôlego. — e ela — apontei para Lily — É minha irmã, Lily.

A garota olhou para minha irmã. Talvez tenha sido a forte cor de sua camisa, mas ela aparentemente percebera, e isso importava.

— Vocês são da Terra — afirmou ela, surpresa.

— Sim? — eu disse confuso. — Que lugar é este?

— Nos sigam, não temos tempo — ela ordenou, me ignorando.
  

 Fomos até uma casa, aparentemente comum, e entramos. Um garoto de aparência rechonchuda e usando óculos de grau nos recebeu, barrando Lily e eu na porta.

— Quem são esses? — ele perguntou para a garota.

— São novos, também do meu mundo — ela respondeu.

— Ah, bom, desculpem, eu sou Dimitri. — ele nos recebeu.

— Max e Lily — eu nos apresentei.

Ele acenou com a cabeça.

— Bom. Perdão pelo engano, não consigo diferenciar todos vocês — ele riu. O que me estranhava mais.

Aparentemente estávamos em outro mundo, mas como assim diferenciar? Ele estaria falando sobre as cores? Era o que eu sempre me perguntava.

Todos se sentaram nos sofás dispostos na sala e Dimitri sentou-se numa poltrona

— Vocês conseguiram? — ele perguntou.

— Sim — disse a garota.

— Onde estão os outros?

A menina ficou em silêncio, demonstrou um expressão triste, e balançou a cabeça em negativo. Dimitri bufou e passou a mão no rosto, provavelmente tentara esquecer.

— Acha que as crianças podem ajudar?

Ela nos fitou enquanto erguia a mão para entregar uma mochila ao garoto. Lily e eu nos entreolhamos.

— Só há um jeito de descobrirmos.

— DO QUE VOCÊS ESTÃO FALANDO? — eu berrei.

— Fique calmo, garoto — disse Dimitri.

— Não, não ficarei calmo até me explicarem tudo!

— Tudo bem — disse a garota após respirar fundo. — O que você quer saber?

— Pra começar, quem é você?
 



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