História Portal para o desconhecido - Não tenho o direito de colocar sua vida em risco

No capítulo anterior:

Ichigo vai em direção aos vilões para os matarem, quando percebe que eles estão vivos, mas um portal se abre ao lado deles, e as criaturas entram e desaparecem sem deixar rastros para trás.

O ruivo cai de joelhos no chão e aos poucos vai voltando a si. Fica muito desorientado. Olha para o local onde havia deixado Rukia, e vê que Inoue estava curando suas feridas. Ao seu lado estavam, Renji, Ishida, Chad e Urahara.

         Não tenho o direito de colocar sua vida em risco

Ichigo olha meio confuso seus amigos que estavam envolta de Rukia. Não entendia bem o que havia acontecido. Flashes de memória vem em sua mente e ele se lembra do que tinha ocorrido com sua amada. Levanta-se de onde estava, e vai em direção à pequena. Temia por sua vida.

- Kurosaki, está tudo bem com você? – pergunta Ishida, preocupado.

- Inoue, como ela está? – ele nem escuta a pergunta do amigo, sua atenção era toda para a pequena que estava envolvida pelo campo de energia da ruivinha.     

- Não precisa ficar preocupado, Kurosaki-kun! Kuchiki-san está bem! – a garota sorri para ele, tentando acalmá-lo. Orihime pode ver nos olhos do rapaz todo sofrimento que sentia ao ver a tenente naquele estado.

- O que vocês estão fazendo aqui? Por que só chegaram agora? – pergunta desviando a atenção da morena, que ainda permanecia inconsciente. Ele olha a sua volta. Estava surpreso pelo fato de seus companheiros só aparecerem agora que a luta já tivera seu desfecho.  Eles nada dizem, apenas abaixam a cabeça, tristonhos.

- Isso é uma longa história que, conversaremos quando chegar a minha casa – Urahara toma a palavra.

O ruivo não gostou em nada da resposta, mas não tinha muito o que fazer além de esperar quando chegasse a residência do ex-capitão. Uma coisa era certa, tinha algo de muito errado ali,  ele ia descobrir o que era.

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Loja do Urahara:

- Você só pode está de brincadeira com minha cara, Urahara-san! Me recuso a acreditar que vocês seriam tão cruéis para agirem desta forma desumana com a Rukia – fala o ruivo revoltado, mostrando toda sua indignação com que acabara de ouvir.

- Entendo que fique desapontado com nossa atitude, Kurosaki-san. Mas essa era uma oportunidade que não podíamos deixar passar. Infelizmente foi a única forma que encontrei de sabermos qual era o real interesse de nossos inimigos – explica o tiozinho do chapéu, com sua cabeça baixa. Também sentia-se um crápula por ter usado Rukia como uma espécie de cobaia.

Ichigo que estava sentado sobre almofadas, que ficava em volta de uma mesinha junto de seus companheiros, se levantou bruscamente e deu um soco na cara de Urahara.

- Você não tinha o direito de usar a Rukia como isca para satisfazer suas curiosidades, seu cretino! Ela quase morreu. E-Eles... – sua voz fica trêmula só de pensar na hipótese da pequena chegar a óbito – E se eles tivessem a matado? – Aponta o dedo indicador para o ex-capitão, que permanecia de cabeça baixa. – Você é um maldito miserável, Urahara!

- Jamais deixaríamos que eles a matassem, Ichigo. Estávamos o tempo todo por perto, observando a luta. Se chegassem a esse extremo, íamos intervir – diz Renji para o amigo.

- Se chegassem a esse extremo? Fala sério, Renji! Eles quase a mataram. Estavam a atacando cruelmente! E vocês não os impediram. – Vira-se para Ishida, Sado e diz: - Como tiveram coragem de vê-la lutar contra três oponentes de forma tão violenta e não fizeram nada? Vocês são mais covardes que aqueles malditos Hollows, que a deixaram nesse estado – grita descontrolado com os amigos, que abaixaram as cabeças tristes com as palavras do rapaz.

- Mais uma vez repito que entendo sua indignação, Kurosaki-san! Mas, por favor, sente-se e me deixe falar, depois pode tomar suas próprias conclusões – diz Urahara tentando trazer Ichigo a sanidade novamente.

O rapaz nada diz, apenas senta-se onde estava antes com uma cara de poucos amigos. O ex-capitão continua a falar.

- Percebi o real interesse do inimigo naquela noite em que você lutou com aquele estranho senhor. Você mencionou que ele foi embora logo que viu sua bankai.

- É, foi! Mas o que isso tem a ver comigo? – pergunta o ruivo.

- Hoje, assim que o primeiro Hollow apareceu, eu notei que com ele tinha mais quatro presenças que tentavam esconder suas reiatsus. Na mesma hora desconfiei e liguei para os outros. Os convenci a ficarmos na espreita, pois como tinha previsto, eles usaram a Kuchiki-san como isca para te fazer perder o controle.

- Usaram a Rukia como isca? - Ichigo fica surpreso com as palavras do tiozinho do chapéu. Sentiu um aperto tão forte em seu coração.

- Exatamente! A pessoa que estava por trás daquelas criaturas, sabia muito bem sua ligação com Kuchiki-san. Isso confirma uma de minhas suspeitas: Nosso inimigo nos conhece muito bem – afirma.

Os que ali estavam arregalaram os olhos, pasmos com a afirmação do ex-capitão.

- Qual era o interesse deles ao usar Rukia como isca? O que eles queriam? – pergunta Ichigo, temendo a resposta.

- Seu poder Hollow! – afirma o loiro.

- Fizeram Rukia passar por tudo aquilo só para verem minha hollowficação? – o jovem ruivo fica atônito com que acabara de ouvir.

- Exatamente! Eles ficaram todo o tempo te provocando. Sabiam que te deixar desesperado para salvá-la traria à tona seu lado Hollow interior. Não sei qual era o interesse do inimigo no seu poder, mas sem dúvida nenhuma é isso que ele queria – Urahara abaixa a cabeça e diz: - Perdoe-me, Kurosaki-san, por ter envolvido Kuchiki-san em tudo isso, mas essa era a única forma de ficarmos a um passo à frente do inimigo.

- Se é verdade o que está falando, então o único culpado pelos ferimentos de Rukia... Sou... Eu – diz o ruivo tristonho.

- Você não tem culpa de nada, Kurosaki. – Ishida tentava animar o amigo. O jovem nada disse, permanecendo de cabeça baixa.

Inoue quebra o silêncio chegando a sala onde os amigos estavam.

- Como Rukia está? – pergunta Ichigo, impaciente com a resposta da garota.

- Não se preocupe, Kurosaki-kun! Kuchiki-san, esta ótima. Ela deve dormir por alguns dias devido a quantidade de reiatsu que usou, fora isso ela vai ficar bem – diz a ruivinha sorridente.

- Que bom! – Ichigo se levanta e vai embora sem pronunciar mais nenhuma palavra.

- Eu disse algo de errado? – ela pergunta confusa.

- Claro que não, Inoue-san. Os problemas dele são internos – fala Urahara para a garota. Os amigos de Ichigo se entristecem por não poderem fazer nada para ajudar o rapaz com os seus demônios que tanto o atormentavam.

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As palavras de Urahara martelavam na cabeça do ruivo. Saber que sua amada havia se ferido gravemente por sua culpa tinha sido um golpe duro demais para ele.

Por mais que tentasse evitar, lembranças de Rukia sendo violentamente atacada pelos três hollows vinham à sua mente como grandes furacões, transformando suas lembranças em verdadeiros caos. A cena que mais causava dor em Ichigo era da pequena deitada no chão e seu corpo imóvel todo ensanguentado.

Apressou seus passos na tentativa de mandar para longe de sua cabeça aqueles pensamentos que estava o deixando ensandecido. Seu coração doía, sangrava de tristeza. Só de imaginar que quase perdeu a mulher de sua vida, era desesperador. Porém, não adiantava andar rápido ou até mesmo correr, nada que ele fizesse mudaria o que tinha acontecido com sua amada.

Três dias depois:

O jovem de olhos castanhos estava deitado em sua cama, pensativo, fitando o teto. Já passava da meia noite, e nada do sono vir.

Os dias em que Rukia ficou na casa de Urahara se recuperando da dura batalha contra os hollows, serviram para que Ichigo pensasse bastante em tudo que havia acontecido durante a fatídica luta, em que ela ficara gravemente ferida.

Ele estava se sentindo bastante culpado por não ter sido capaz de proteger a namorada, e pelo fato dos vilões terem usado a tenente como isca para atingi-lo.

Todos esses pensamentos estavam fazendo com que Ichigo repensasse se a relação com Rukia era verdadeiramente algo positivo na vida da garota. Pois, por sua culpa, ela quase perdeu a vida.

E ainda tinha a questão de que enquanto não soubesse as reais intenções de seus inimigos, a morena continuaria sendo uma possível vítima dos maus elementos, sempre que eles quisessem atingir o substituto.

Ichigo estava tão perdido em seus pensamentos que nem notou a presença da baixinha, que já estava parada na porta de seu quarto há alguns minutos, olhando para ele e se perguntando o que passava na cabeça de seu amor para estar com aquela expressão tão séria.

- Ei, seu idiota! Por que me deixou sozinha na casa de Urahara? – a voz grave da morena fez com que o ruivo voltasse a sua realidade.

- Rukia! – ele se levantou e sentou-se na cama. Se assustou por não ter notado a presença da garota.

A morena fechou a porta do quarto e encostou-se ao guarda-roupa, que ficava de frente a cama do rapaz.

Ichigo olhou para ela e em seguida abaixa a cabeça tristonho. A baixinha, por sua vez, sabia muito bem o que estava o incomodando.

- Não faz essa cara, Ichigo! Você não teve culpa de nada que aconteceu comigo. Se eu me machuquei gravemente em uma batalha, quer dizer que preciso me preparar melhor, para que na próxima vez possa estar mais forte que meus adversários – ela tenta animar o namorado com suas palavras, mas não adiantou muito. Ichigo estava tão envergonhado e triste por não ter protegido a amada, que não tinha coragem nem de olhar nos olhos da morena.

Rukia se aproxima dele, senta-se em seu colo e o abraça, encostando a cabeça no ombro do rapaz, que ficou meio sem ação com o gesto repentino da pequena.

- Eu não quero que fique triste por mim, Ichigo. Tudo vai ficar bem! – ela sussurrou.

O ruivo a aperta bem forte em seus braços. Teve tanto medo de perder a pessoa que mais amava na vida, que tê-la em seu colo naquele momento segura, era como um sonho.

Rukia encosta sua testa na dele, olhando fixamente em seus olhos e de forma bem delicada tocou seus lábios aos de Ichigo iniciando um beijo tímido. O ruivo entrelaça os dedos nos cabelos da morena, segurando em sua nuca e intensifica o beijo.

Ele estava com tanta saudade de sentir os lábios de sua amada nos seus, o calor do corpo dela, seu cheiro. O gosto do beijo de Rukia o deixava nas nuvens. É, não tinha mesmo como negar, o amor que um sentia pelo outro era verdadeiro e intenso.

O ruivo desfaz o beijo e ficou por alguns segundos abraçado ao pequeno corpo da nobre, logo em seguida a tirou de seu colo e se levantou.

- O que foi? – a pequena perguntou confusa, pois não entendeu o porquê dele ter se afastado dela. Ichigo ficou de costas para ela e disse:

- Rukia, quero que volte para Soul Society – fala sério.

- O quê? – Ela se levanta, segura o braço do rapaz, fazendo com que ele se se vire de frente para ela – Como assim voltar para Soul Society, Ichigo? Por que isso agora?

- Lá estará mais segura – falou com a cabeça baixa, ele não conseguia encarar nos olhos da pequena, pois pedir para que Rukia fosse embora para longe dele estava sendo uma das coisas mais difíceis que já tinha feito na vida. Tudo que o ruivo mais desejava era ter sua amada todo o tempo junto de si, mas não tinha o direito de colocar sua vida em risco por mero capricho seu.

- Ichigo, Urahara me contatou tudo que aconteceu no dia em que lutamos contra aqueles hollows. Sei que está preocupado com minha segurança, mas isso não te dá o direito de decidir onde eu devo ficar. Eu ficarei aqui contigo até conseguirmos destruir essas criaturas que têm ameaçado a paz da Soul Society e do mundo dos vivos. Quem decide minha vida sou eu, entendeu? – a baixinha é enfática em suas palavras.

- Será que não consegue compreender que ficando aqui se tornará um alvo fácil? Ainda não sabemos o que realmente querem, mas uma coisa ficou claro na última luta. Eles te usaram para me atingir e isso eu não permitirei que aconteça novamente – em seu tom de voz a tenente pode perceber que o rapaz estava bem abalado com tudo que havia acontecido.

- Eu não vou voltar para Soul Society, Ichigo! Quero ficar com você - Rukia fica triste com a insistência do rapaz.

O ruivo passa as mãos em seus cabelos, meio desnorteado com o rumo que aquela conversa estava tomando. Ele sabia que não seria nada fácil convencer a pequena de que voltar para Sociedade das Almas era o melhor para ela. Mas não importava quanto ela esperneasse, Ichigo já havia tomado sua decisão e não votaria atrás.

- Só quero que entenda que...  Eu não tenho o direito de colocar sua vida em risco, Rukia – finalmente ele olhou no fundo dos olhos da morena. A tenente ficou com o coração apertado, ao ver tanta tristeza no olhar de seu amado.

Continua…