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História Porto Seguro. - Silêncio.


Escrita por: laargozo

Notas do Autor


Bom, desculpem pelo horário e pela demora, nós sabemos... e não desistimos, Porto Seguro continua!

Capítulo 3 - Silêncio.


FLASHBACK

(Silêncio – Ministério Zoe) ♪

 

Tudo era um perfeito silêncio e o vento balançava a árvore do lado de fora da janela de Regina, que estava em pé frente a ela sentindo a brisa da tarde soprar seus cabelos. Ela sempre foi sensível e atenta aos detalhes, gostava de apreciar a criação do céu e sentia uma paz imensa quando se conectava em amor com ele, e naquele momento sentiu o peito apertar em saudades. Saudades da paz que estava acostumada a sentir, saudades dos momentos de oração e entrega, do amor que inundava. Os últimos cinco meses haviam sido de completa turbulência, e estava cada dia mais distante, sentia a vergonha e o peso de decepcionar uma geração inteira que buscava exemplo nela, viu dedos sendo apontados, viu adolescentes com olhares perdidos, viu pais os tirando de perto dela com a fala de que ela não era exemplo para eles, que não deveriam ouvir alguém como ela, e no fundo? Concordou. Ela não era exemplo, ela era humana, era só mais uma menina de dezessete anos com falhas e erros, a diferença? Seus erros eram apontados facilmente. Se perguntava dentro de si se Deus ainda podia ouvir quando seu coração clamava, se ainda via suas lágrimas a noite, já faziam muitos dias que não cantava, que não falava com Ele. Silêncio, era lá que ela estava.

Respirou fundo e levou a mão lentamente até a barriga de seis meses que crescia cada vez mais, sua vida agora era sua filha e a amava com todas as forças. Era confuso pensar em como havia errado e como havia acabado com sua carreira e ao mesmo tempo sentir Ava mexer dentro dela, o peito se enchia de um amor que nunca havia conhecido, não podia jamais culpar sua criança.

Ava se mexeu outra vez e ela sorriu calmamente passando a ponta dos dedos no lugar onde podia senti-la.

 

— O que foi? Mamãe está pensando muito alto? — e lá estava ela com os olhos marejados, era Ava, a resposta de tudo era Ava. — Me desculpe por te assustar, mas eu estou tão assustada quanto você...

Um vento mais forte atingiu seus cabelos e fechou os olhos deixando que algumas lágrimas rolassem.

— Eu sei... — sussurrou.

E naquele momento soube que a prova de que Deus ainda a amava e cuidava estava bem dentro dela, crescendo saudável e forte, sua filha era o que a manteria em pé em meio as lutas, era a sua herança. Se sentiu constrangida pelas respostas em meio ao silêncio.

 

“Como é incrível, não consigo explicar como você consegue no meio do silêncio ao meu coração falar. Eu não preciso de palavras nem de grandes demonstrações, apenas no teu olhar eu consigo ouvir que você me ama. E quando estamos a sós, minha cabeça no teu peito faz silenciar todos os medos dentro de mim, é no silêncio que o teu coração fala ao meu. Acalma a tempestade no meu interior, minha alma agitada que quer sempre atenção, e as ondas de dúvidas que vem como um turbilhão, na quebra das ondas de encontro aos rochedos do meu coração, na rebentação querem me assustar. No silêncio venha comigo falar, no silêncio venha me amar. ”

 

 

(Oceans – Hillsong United)♪

Ouviu quando o silêncio foi quebrado pelos primeiros acordes de uma canção que tomou a casa, seu corpo arrepiou, a música... como sentia falta da música, da estrada, de compor, cantar.

A um tempo atrás aquela casa era assim o tempo todo, cheia de música e alegria, quando não era Zelena ou Regina tocando ou cantando, era a própria Cora, que por vezes cantava em voz alta e incrivelmente afinada enquanto cuidava da casa, das visões preferidas de Regina, uma delas era sua mãe cantando e dançando pra arrancar sorrisos das filhas enquanto cozinhava.

Em passos lentos seguiu na direção da música parando no batente da porta do quarto de Zelena, a voz de sua irmã ecoava suave pelo cômodo enquanto seus dedos dedilhavam as cordas do violão, os olhos fechados e seu corpo parecia querer dançar, ela estava de costas pra porta e Regina permaneceu em silêncio, não queria atrapalhar o momento, só queria observar e matar a saudades do que costumava ser rotineiro, Zelena era como um ponto de paz e seu refúgio dentro daquela casa, e estava de viagem marcada em missão.

Os olhos estavam marejados e a respiração pesada, a leveza de Zelena contrastava com o peso de Regina.

 

“Se a tempestade me assustar, e o medo me quiser afundar, então eu irei clamar a Ti em alta voz, pois eu sou Teu, e Tu és meus...”

 

Zelena cantava docemente, e então ouviu o respirar profundo atrás de si e se virou ainda tocando o instrumento, encontrando Regina de olhos fechados com a cabeça escorada na porta, o corpo parecia tremer de saudades daquele ambiente que a música trazia, e mais do que a música, a adoração. Regina abriu os olhos e encarou a imensidão azul que era o olhar da irmã, abrindo um sorriso e permitindo esquecer-se por um segundo de tudo que a cercava, Zelena fez sinal para que ela entrasse e mesmo relutante Regina se sentou em frente a ela na cama, as notas preenchiam seu peito, e depois do solo dedilhado com precisão no violão, Zelena deu a deixa para a irmã entrar.

— Cante...

— Zel... e-eu não... não.

— Você consegue! — a voz era terna, o pedido era inegável.

Regina suspirou sentindo o coração bater mais forte dentro do peito, e assim que foi dada a nota ela cantou. Depois de meses, ela cantou.

 

“Espirito guia-me além dos meus limites, e me leve sobre as águas ou aonde Tu me chames, me conduza ao mais profundo que eu puder, fortaleça minha fé na presença do meu Senhor...”

 

A voz soou firme e afinada, os olhos queimaram e ao levantar os olhos pra Zelena e a ver com o rosto banhado por lágrimas não as conteve, a voz embargou, mas ela seguiu a canção, Zelena entrou na segunda voz e seu peito se encheu ainda mais.

— Se a tempestade me assustar, e o medo me quiser afundar, então eu irei clamar a Ti em alta voz, pois eu sou teu, e Tu és meu! — cantaram juntas, em meio as lágrimas, em meio a saudade e ao medo, o ambiente se encheu pelo amor que as duas tinham uma pela outra, pela música, pelo Criador. — Tu és meu.

A nota final chegou e Zelena deixou o violão de lado abrindo os braços e Regina rapidamente se jogou neles, se encaixando num abraço tão dela, suas lágrimas molhavam o pescoço da ruiva que a apertava mais em seus braços e cheirava seus cabelos, não cabiam em explicações o amor e cuidado que uma sempre teve com a outra, e o peito de Zelena rasgava ao ver a irmã passando por tantas coisas de uma só vez.

— Eu não vou. — Zelena disse baixinho.

— Como? Zelena, não, você não pode! — Regina respondeu assustada se soltando do abraço e secando as lágrimas como podia.

— Eu ainda tenho escolha Regina. — secou as bochechas rosadas pelo choro da irmã.

— Eu não posso ser culpada por isso também... — a voz embargou — não posso destruir o seu ministério também, você precisa ir.

— E você precisa de mim! — fora a vez de Zelena liberar o choro que segurava. — Não me parece justo te deixar agora, não é justo...

— Não está me deixando, eu e Ava sabemos que você está do nosso lado, sempre. — puxou a mão de Zelena abrigando entre as suas, um sorriso se formou em meio ao choro. — Eu só preciso saber que você não parou, que seguiu o seu chamado... e você irá voltar pra gente.

— Eu te amo tanto — foi Zelena que se jogou nos braços da irmã dessa vez. — Eu amo vocês duas, vou sentir tanta saudade. — disse com a mão sobre a barriga de Regina.

— Eu te amo, nós te amamos. — colocou sua mão sobre a dela sorrindo. — Vou sentir saudade também.

 

FLASHBACK OFF

 

-x-

 

De olhos fechados, e a cabeça apoiada sob as mãos, ela ouvia o mundo fora das paredes do seu apartamento aos poucos ganhar vida. Os inconfundíveis barulhos de automóveis, as lojas que começavam a se abrir, pessoas que mesmo cedo já transitavam com pressa, uma cacofonia a qual ela já devia estar acostumada depois dos quase quatro anos morando ali. No entanto, não havia se acostumado, aliás, detestava todos esses barulhos tão cedo, então silenciosamente se questionou o porquê de morar na região central da cidade, e o seu cérebro completamente perspicaz respondeu em tom de ironia que não havia qualquer outro lugar para ela e a filha morarem, por isso ela devia agradecer a Deus. Puff, como se Deus se lembrasse dela, a morena pensou com desdém.

O barulho ritmado de um pé batendo no chão cortou o fluxo de consciência ao qual Regina havia se entregado. Lentamente ela abriu os olhos e fitou a figura loira parada a sua frente com uma grande caneca de café presa entre as duas mãos.

— Oi? — A morena indagou.

— Que é? Eu não disse nada. — A Loira respondeu.

— Emma, eu te conheço bem o suficiente para saber que esse seu tique nervoso com a perna significa que você quer falar algo, eu posso até mesmo ver as engrenagens do seu cérebro trabalharem velozmente, coisa que elas não estão muito acostumadas a proposito. — Regina disse rindo e abaixou a cabeça desviando de uma almofada que a prima jogou em sua direção.

— Tudo bem, eu vou falar! Olha Rê não adianta você ficar ai com o aplicativo do seu banco aberto esperando que milagrosamente o dinheiro apareça na sua conta, isso não vai acontecer. Então eu acho que você devia totalmente ligar para o Dan e dizer que você aceita a proposta dele. O cachê é ótimo, e você precisa desse dinheiro, quer dizer, nós precisamos.

— Não, eu não vou cantar com... — a morena disse balançando descoordenadamente os braços na frente do corpo em uma falha tentativa que o corpo completasse a lacuna que as palavras dela naquele momento não conseguiam. — Serio Emma? De todas as pessoas do mundo você foi a única que eu pensei que ia me apoiar sem questionar. Você conhece meu passado.

— Rê, já faz tanto tempo! E você vai ser só a backing vocal dele.

— Emma...

— Tudo bem , tudo bem! Eu não vou tocar mais no nome do cantor gatinho. Só me responde uma coisa, como a gente vai pagar pelos gastos extras da festa da Ava?

— Gatinho? Até parece que você o conheceu, você não pode saber se ele é bonito ou não.

— Ava disse que você achou ele um gatinho, ela disse que você ficou olhando para ele um teeeeeempão. E para sua informação, o Google tá ai para ser usado viu, e as fotos que eu vi lá...

— Sabe, às vezes eu me questiono se o fato de você e Ava se darem tão bem, é consequência de vocês terem a mesma idade mental. E sobre a festa da Ava, eu estou pensando em desmarcar? — A incerteza tingiu o tom de voz de Regina quando a última sentença deixou seus lábios.

— DE JEITO NENHUM! Você prometeu a ela Regina, é o primeiro aniversário que ela vai ter uma festinha que não envolva apenas nós duas e seus pais. Ela está tão empolgada de convidar as coleguinhas da escola, você não vai frustrar ela dessa forma.

— Eu não sei como fazer dar certo, Emma, os gastos simplesmente não entram no nosso orçamento.

— Eu sei!

Com a determinação estampada no rosto, a loira atravessou o ambiente e capturou o celular que havia sido jogado displicentemente mais cedo no sofá. Minutos depois a pessoa para quem ela ligou atendeu e antes mesmo dela falar o nome, Regina já sabia quem era.

— Ei Dan, é a Emma! Tudo certo e aí? —  Ela ficou alguns segundo em silêncio ouvindo a resposta dele, e Regina fechou os olhos aceitando seu destino quando a loira disse a frase seguinte. — Bom, eu só estou ligando pra dizer que Rê aceita a proposta do cantor gatinho, ops! Quer dizer, do Robin, ela aceita a proposta dele.


Notas Finais


Então?


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