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História Pouco Além - O camaleão


Escrita por: MattWagner27

Capítulo 11 - O camaleão


 

                        4 de agosto. Derrotamos Nessy.

                        8 de agosto. Derrotamos Bakram.

                        Harry circulou esses dois dias no seu calendário (agora fixado à parede do quarto de Rony) e embaixo escreveu essas palavras, no dia seguinte à morte de Bakram. O alívio de se livrar de outro Guerreiro do Apocalipse preenchera-o por completo, e ele só queria mais um dia de descanso após tanto dias de luta.

                        Ele agora se perguntava por que tudo acontecia com ele numa maré de azar; por que todos iam atrás dele? Primeiro Voldemort e os Comensais da Morte, agora os Guerreiros do Apocalipse. Tomara que eles estejam acovardados, pensou Harry.

                        Mas Matt, Thaila e Percy não encorajavam esse pensamento. Para o Ministério, o fato de eles já terem batido dois Guerreiros de primeiro escalão do exército do Apocalipse já bastava para enfurecer os líderes da irmandade. Os aurores agora circulavam pelas ruas dos povoados bruxos, e disfarçados pelas cidades trouxas, buscando abater o menor indício de presença de Guerreiros do Apocalipse.

                        Harry havia descido para almoçar; Matt, Percy e o Sr. Weasley também estavam à mesa. A Sra. Weasley aprontou o prato de Harry e ele se sentou para comer.

                        O Sr. Weasley conversava com Percy e Matt sobre o próximo passo do Ministério na perseguição aos Guerreiros. Então Gina entrou pela porta dos fundos e ia subindo as escadas em silêncio, quando a mãe a chamou:

- Querida, não está com fome? Ficou lá fora esse tempo todo espantando duendes...

                        Gina hesitou, então pigarreou e disse:

- Não, mãe, obrigada, eu venho comer depois... Deixa eu me lavar.

                        Nesse instante Harry terminou de comer e se levantou. Gina, cuja voz estava tímida um instante atrás, animou-se de repente e disse:

- Ah, Harry, pode vir ao meu quarto depois? Quero falar com você.

- Claro – respondeu Harry sem pestanejar.

                        Gina sorriu em agradecimento e subiu as escadas. Então, Matt cutucou o braço de Percy e apontou para Gina.

- Que foi? – perguntou Percy desconfiado.

- Nada – disse Matt após pensar melhor.

                        Harry não percebeu a agitação de Matt. Mas o auror da Escócia imaginara ter visto Gina andando duro ao subir as escadas, como se não estivesse habituada a andar como uma garota normalmente anda. Mas no instante seguinte Matt concluiu que havia imaginado. Percy virou os olhos para o alto e voltou a comer.

                        Harry esperou um pouco e subiu as escadas. Espreitou pela porta do quarto de Gina; a garota parecia estar ocupada guardando algo. Ele bateu de leve na porta.

                        A garota teve um ligeiro sobressalto, mas quando viu quem era sorriu e pediu para Harry entrar. Ela fechou um armário com uma força que Harry julgou acima da necessária, mas ele não fez caso disso. Gina e Harry sentaram-se à cama dela.

- Olha, Harry estou preocupada com você – começou Gina, mas Harry sorriu e a interrompeu.

- Não esquenta, Gina. Já passei por coisas piores, você sabe.

- Você é muito corajoso – continuou Gina. – Com esses Guerreiros do Apocalipse por aí te caçando, e você consegue sorrir...

- Não se preocupe – tranquilizou-a Harry. – Você sabe que eu te amo. É o que me conforta.

                        Harry puxou-a para um beijo. Gina hesitou, em seguida cedeu ao beijo. Harry pensou ter sentido a namorada resistir levemente ao beijo, como se ela não quisesse beijá-lo, ou se o beijasse sem vontade. Mas não deu bola e soltou-a. Sorriu para ela e saiu do quarto.

 

 

                        Era mais confortante chegar à hora de dormir na Toca, pelo menos no quarto dos garotos. Antes de dormir, Harry e Rony escutavam Matt contar piadas e causos que lhe haviam acontecido quando ele fora viver com os trouxas, ou quando ele estudou em Hogwarts, ou quando ele trabalhara na repartição do Ministério em Glasgow na Escócia. Eles precisavam conter as risadas para não acordar a Sra. Weasley, que obrigaria os três a irem dormir imediatamente.

                        Esta noite não parecia diferente. Matt encerrou seu show avisando os garotos de que ele demorava mais a cair no sono do que eles, ficando como ele dizia em “standby” para garantir a proteção deles. Rony caiu logo no sono, roncando de leve; Harry, achando muita graça, conferiu se Matt estava mesmo em “standby” antes de pousar a face no travesseiro.

- Vigilância permanente – brincou Matt quando Harry lhe consultara.

                        Já estavam deitados há quase uma hora quando a porta do quarto se abriu de leve com um murmúrio de “Alohomorra”. Nenhum dos três se mexeu em suas camas enquanto Gina Weasley entrava sorrateiramente no quarto com a varinha erguida.

                        Gina pisou em uma tábua meio gasta que rangeu. Harry e Matt não se mexeram, mas Rony abriu os olhos de repente (se assustava com qualquer ruído diferente à noite desde a invasão de Nessy). Ergueu a cabeça e olhou para os lados até visualizar a irmã de pé diante dele.

- Gina o que... – começou ele, mas Gina apontou a varinha para ele.

- Silencio – disse ela, e Rony emudeceu. Quando ele fez menção de se levantar, ela ordenou: - Imobilus.

                        Rony ficou paralisado na cama, o olhar aturdido acompanhando Gina enquanto ela se virava para a cama de Harry. Deu uma rápida olhada em Matt; o rapaz parecia totalmente adormecido. Gina apontou a varinha para o coração de Harry.

- É para o seu próprio bem, Harry – disse ela. – Destru...

- Expelliarmus! – berrou Matt, se levantando.

                        Harry abriu os olhos de repente, acordado pelo berro de Matt. O auror sacara a varinha das cobertas e apontou para Gina, que foi empurrada contra a parede do quarto e teve sua varinha arrancada da mão.

                        Aturdido, Harry observou Matt sair da cama, apontar a varinha para Rony e dizer: “Finite”. O ruivo recuperou a fala e os movimentos. A varinha de Gina veio voando para Matt, e ele chutou-a para longe; a varinha caiu pela janela do quarto. Harry percebeu que Matt fingiu que dormia, tendo ficado em “standby”. Rony se levantou.

                        Gina tentou se desvencilhar, mas Matt foi mais rápido. Apontou a varinha para ela e disse:

- Incarcerous!

                        Cordas longas e fortes prenderam Gina. Matt avançou para ela e encostou a varinha no pescoço da garota.

- Quem é você? Responda! – vociferou ele para Gina. – Quem é você e o que fez com Gina Weasley?

                        Gina ficou em silêncio, evitando olhar para Matt ou para a varinha dele.

- Tudo bem, seja lá quem for, está me obrigando a tomar medidas extremas – disse Matt, e Gina rapidamente olhou para ele. Harry levantou-se e olhou para Rony, mas o amigo também estava confuso. – Esta não é a Gina – informou Matt aos dois.

- Não? – perguntaram Harry e Rony ao mesmo tempo.

- Nem pensar – confirmou Matt. – Talvez nem seja uma mulher. Temos de averiguar. Ronald, vá ao quarto da sua irmã; arrombe-o se for preciso. Verifique se há alguém lá amordaçado, amarrado, ou preso. Sua irmã ainda deve estar viva.

                        Rony gemeu de pavor, mas saiu do quarto sem hesitar, lançando um último olhar a Harry, que continuava sem entender.

- Harry... – começou Matt, mas por alguma razão decidiu mudar de idéia. – Não, é melhor eu agir daqui mesmo.

                        Matt deu as costas a Gina e acenou com a varinha; o leão prateado surgiu e passou veloz por Harry, saindo do quarto na direção oposta à que Rony seguira.

- O que está fazendo? – perguntou Harry.

- Avisando Thaila, Hermione, Percy e os pais de Rony – respondeu Matt. – É essencial que todos estejam aqui. Harry, abra a minha bolsa.

                        Harry apanhou a bolsa de trabalho de Matt e abriu o zíper.

- Procure um frasco de Poção da Verdade – pediu Matt.

                        Harry olhou para dentro da bolsa e identificou um frasco com os dizeres “Veritaserum”. Pegou o frasco e passou-o para Matt.

                        Nesse instante, Rony voltou ao quarto, segurando Gina envolta num roupão, machucada e suada. Thaila, Hermione e Percy surgiram em seguida, seguidos pelo casal Weasley. A Sra. Weasley abraçou desesperada a filha; o Sr. Weasley, Percy, Rony, Hermione e Thaila olharam para a outra Gina, presa pelas cordas de Matt.

- Harry, Rony, me ajudem aqui – pediu Matt. – Abram a boca dela.

                        Harry e Rony se dirigiram à Gina amarrada e seguraram a boca dela aberta. Ela tentou resistir, mas Matt abriu o frasco de Veritaserum e despejou o conteúdo na boca dela.

                        A Gina amarrada fez cara de nojo, mas em seguida ergueu os olhos para Matt.

- Você sabe quem sou eu? – perguntou Matt.

- Stick, o caçador do Ministério – respondeu Gina com desprezo.

- Você é um Guerreiro do Apocalipse? – perguntou Matt.

                        A Gina sob o efeito da poção acenou positivamente. Todos ficaram momentaneamente em silêncio. Harry então notou uma corrente em volta do pescoço da Gina amarrada, e indicou-o para Matt. O auror puxou com força a corrente, e dela surgiu o símbolo prateado das Relíquias da Morte.

- Quem é você? – perguntou Matt por fim.

                        Um momento de silêncio.

- Eu sou Regarry – disse Gina -, o Guerreiro Camaleão.

                        Thaila e a Sra. Weasley ofegaram.

- Eu deveria saber – suspirou Matt. – Você é o Guerreiro do Apocalipse que assume a forma da pessoa mais amada pela sua vítima. Nesse caso, o seu alvo era muito claro...

                        Matt olhou de esguelha para Harry. O garoto sentiu-se tenso.

- Mas como exatamente você descobriu – perguntou Matt – onde os dois estavam? Ou que a Gina era namorada do Harry?

- Eu estive na espreita – falou Regarry, ainda com a voz e a aparência de Gina. – O tempo todo enquanto Nessy e Bakram atacavam vocês. Naturalmente, eu teria agido com eles, mas acabamos nos desentendendo. Cada um procurou uma forma de atacar Potter sozinho. Os dois, fatalmente, fracassaram.

- E você também, só pra constar – disse Matt. Regarry olhou feio para ele.

- Espera aí – falou Harry depois de sentir-se momentaneamente incapaz de falar. – Quer dizer que eu beijei um homem disfarçado...?

                        A verdadeira Gina olhou tristemente para Harry, enquanto Matt e Rony lançavam a Harry olhares incrédulos. Regarry riu.

- Bem, Harry, se você teve essa péssima sorte... – disse Matt em tom de desculpas.

                        Regarry riu com mais vontade. Harry passou as mãos nos lábios e na língua com nojo.

- Hahaha, não gostou do meu beijo, Harry? – escarneceu Regarry.

                        Harry teve vontade de matar Regarry naquele momento. Matt voltou ao interrogatório.

- Você tem problemas, Regarry. Vamos fazer você voltar ao normal agora.

                        Por alguma razão Regarry riu mais alto do que antes.

- Desgraçado – disse Percy.

- É claro! – disse Thaila. – A poção Veritaserum tem um efeito menor nos Guerreiros do Apocalipse. O efeito já passou!

- Droga – exclamou Matt contrariado. – Mas não tem problema. Vamos descobrir mesmo assim como fazer você voltar à sua forma normal. Finite Encantatem!

                        Mas o feitiço de Matt não produziu efeito visível em Regarry; o bruxo do Apocalipse continuou escarnecendo dele sob a forma de Gina.

- Specialis Revelio! – Mais risadas, nenhuma mudança. – Finite! – Nada aconteceu; mais gargalhadas. Thaila e Percy juntaram-se a Matt. – Aparecium! Homenum Revelio!

                        Mas Regarry continuou com a aparência e a voz de Gina. E continuava rindo deles com vontade.

- Vocês não são capazes de compreender a magia do Apocalipse! – vibrou ele. – Tolos!

- Que droga! – exclamou Thaila. – Não podemos levá-lo para o Ministério assim!

- Diabos – bradou Matt. – Você parece um monstro, Regarry. Parece até um bicho-pap...

                        Matt congelou de repente, como se tivesse visto algo que não notara antes.

- É claro – disse ele. – Uma Azaração de Bicho-Papão!

                        Thaila deu uma tapinha na própria testa. Percy fechou os punhos e vibrou em silêncio. Regarry parou instantaneamente de rir.

- É isso; tão simples – continuou Matt. – Como pude não perceber logo? Seria bem rápido... Mas não posso fazer isso.

- Não? – indagou Harry, olhando para Matt como se ele tivesse enlouquecido. – Por que não? Sabe o que esse cara fez?

- Sei muito bem o que ele fez – respondeu Matt. – Mas é tudo parte da magia de Regarry. Apesar de ser um esquizofrênico, ele pensou nos mínimos detalhes ao elaborar sua habilidade. Descobri isso nos arquivos do Ministério. A única pessoa que pode azará-lo é aquela que mais deseje que ele volte à sua forma original. A pessoa que sinta mais desprezo por ele.

                        Todos ficaram em silêncio. Harry se adiantou.

- Eu faço isso – disse ele, mas Matt balançou a cabeça.

- Desculpe, Harry, mas você está guiado por sentimentos fortes – explicou o Auror. – Não irá conseguir desfazer a magia de Regarry. A única pessoa que pode fazer isso é aquela a quem ele roubou a aparência.

                        Todos olharam para Gina. A menina estava trêmula, mas desvencilhou-se do abraço da mãe e rumou decidida para Regarry.

- Varinha – instruiu Percy.

                        Gina tirou sua própria varinha do bolso e apontou-a para Regarry.

- Riddikulus! – bradou ela.

                        Harry sabia que Gina era muito hábil com aquele feitiço, portanto não se surpreendeu com a reação de Regarry. O bruxo pareceu se contorcer de dor; as expressões de Gina no bruxo foram se distorcendo, sua cara foi se enchendo de cicatrizes e furúnculos, a pele foi escurecendo até se tornar puramente negra; o cabelo foi sumindo, os olhos ficaram mais escuros e sem vida e os músculos se alongaram.

                        A transformação se completou: usando roupas masculinas similares às de Gina, surgiu um homem careca e negro, de olhos negros ferozes, dentes amarelos e corpo musculoso. Harry sentiu vontade de vomitar; Regarry fazia Nessy e Bakram parecerem anjinhos.

                        O bruxo rangeu os dentes podres e olhou ferozmente para todos, debatendo-se contra as cordas. Matt acenou com a varinha e as cordas apertaram-se mais em torno de Regarry, fazendo o bruxo se conter um pouco.

                        O Sr. Weasley e Percy seguraram Regarry pelos braços enquanto Matt segurava a varinha apontada para ele, controlando as cordas que o prendiam.

- Tolos! – bradou Regarry enquanto era escoltado para fora do quarto. – Os Guerreiros do Apocalipse surgirão de todos os lados! Vocês não terão escapatória! O tempo dos Guerreiros do Apocalipse está próximo!

                        À porta do quarto, Matt virou-se para Harry, Gina, Rony e Hermione.

- Bom trabalho, pessoal – disse ele sorrindo. – Esperarei sempre o melhor de todos vocês.

                        Harry abraçou Gina para confortá-la, enquanto Percy, Matt e o Sr. Weasley conduziam Regarry para o Ministério. À frente, Thaila liberou seu Patrono (uma imponente e esbelta gazela) para avisar a Kingsley do ocorrido.



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