Apos a aula,fui direto para casa. Eu nao tinha amigos naquele lugar, e preferia assim, aquelas pessoas eram estranhas, e na minha vida, de estranha ja bastava eu.
Quando cheguei, joguei minha mochila em um canto qualquer da sala e tranquei a porta. Fui para meu quarto, coloquei uma roupa mais confortavel e fiz um coque bagunçado nos cabelos.
Peguei meu notebook, sentei em minha cama e fui conferir o canal que eu tinha criado.
Ja passava dos 100.000 inscritos e isso me dava inspiração para seguir em frente.
- Sabe o que eu tenho medo? - me perguntou enquanto eu colocava alguns lanches na mochila.
- De me perder? Não vai acontecer, relaxa - o olhei, dei uma piscadinha e o vi revirar os olhos, rindo.
- Eu não tava falando disso - pegou a mochila assim que coloquei tudo que desejava - tenho medo de ser esquecido. É muito estranho?
- Não - fechei a porta do apartamento e coloquei a chave no bolso - só que parece que você assistiu ' A Culpa é das Estrelas - rimos juntos - mas mesmo assim, não é estranho.
- Pode parecer besteira - falou apertando o botão do elevador - mas eu queria que as pessoas gostassem de mim, do jeito bobo e idiota que tenho.
- Como você vai fazer isso, se ninguém te conhece, Lucas? - a porta abriu, logo vimos o porteiro e sorrimos para ele - eu gosto de você, mesmo que isso signifique aturar esse teu jeito escandaloso - ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido, novamente rimos - e mesmo que signifique avisar voce quando tem alface no seu aparelho.
- Mas eu não como alface - fiz cara de nojo.
- Então não quero saber o que é que eu vejo as vezes - gargalharmos. Ficamos em silencio por um tempo.
- Eu queria que alguém me admirasse.
- Eu admiro.
- Você é minha melhor amiga.
- Eu não entendo o rumo da nossa conversa, Lucas - ri e ele permaneceu sério.
- Meu sonho é que as pessoas me conheçam e gostem de mim, mesmo que eu faça merda diariamente - abri a boca para falar mas ele me corta - e você nao conta,esse é teu dever.
- Então - falei pegando a mochila que estava em suas costas - siga seu sonho.
- Mas... Como eu faria isso?
- Ai mano - dei um tapa fraco em seu braço - o que tu quiser fazer, tu pode. É só achar inspiração para seguir em frente.
- Estava pensando em criar um canal no YouTube.
- Isso - sorri - eu te apoio, contanto que nao me esqueça quando for famoso - rimos.
- Nanica, eu nunca vou me esquecer de voce - me abraçou de lado e caminhamos assim até chegarmos no parque. Sentamos na grama e peguei os lanches que haviamos trazido. Ele deitou a cabeça em minhas pernas, e enquanto eu bebia um suco de laranja e mechia em seu cabelo, achavamos algum possivel rumo para o canal dele.
E aqui estou eu. Três anos depois, completamente esquecida por ele, ja que sua fama tomou seu tempo para sentir minha falta.
Nao fazia muito tempo que eu tinha criado o canal, alguns meses, na verdade. Eu precisava desabafar, e foi a maneira que encontrei. Algumas pessoas até gostavam de mim e do conteúdo, mesmo que nao fosse lá grande coisa.
Eu precisava achar um emprego para me manter na faculdade - nao era a que queria, mas meus pais insistiram tanto para eu fazer administração que nao queria decepciona-los -, o dinheiro que eu ganhava com o canal nao era o bastante para passar o mês.
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