História Pra você guardei o amor - Capítulo 27

_Zelena, faz o favor de falar para essa loira teimosa que não faz sentido a gente colocar a família dela em um hotel se a gente tem espaço em nosso apartamento. – Regina abriu a porta da sala da ruiva zangada com Emma em seu encalço não muito mais calma.

                _Zelena, clareia a mente dessa morena cabeça dura que nós só temos dois quartos em nosso apartamento então como vamos colocar quatro a cinco pessoas a mais dentro dele? Onde que eles vão dormir? Eu conheço minha família, eles podem parecer calmaria, mas são verdadeiros tornados. E ainda me avisaram que farão uma surpresa. Eu nunca gostei de surpresas e essa pode ser um numero consideravelmente maior de pessoas. – Emma falava para a ruiva sem olhar para a morena.

                _Zelena, conta para ela que existe uma tecnologia chamada sofá cama que inclusive tem na sala da casa dela. E que as lojas permitem você comprar colchão sem ter uma cama ou um quarto para colocar ele. Que o quarto que ela dormia tem uma cama de casal. E que eu já aguento você que vale por dez tornados. – Regina rebateu. A ruiva olhava de uma para a outra claramente assustada.

                _Zelena, pergunta a ela se ela vai dividir a cama dela com eles também, porque com você ela não precisa dividir porque você mora aqui e tem a sua própria cama. – Emma estava com os braços cruzados no peito e com a face vermelha.

                _Zelena, fala para essa petulante que eu já divido a minha cama, e é com ela, se ela por acaso ela esqueceu. – Regina explodiu jogando os braços para o alto.

                _Epa, epa epa. – Zelena se manifestou pela primeira vez antes que as duas decidissem partir para as vias de fato – eu devia ter uma câmera para filmar a primeira briga do casal maravilha? – perguntou rindo, mas ambas as mulheres voltaram para ela um olhar mais irritado que o anterior. – Ok, nada de piadinhas então. Ninguém está de bom humor hoje. – levantou os braços em sinal de rendição. – Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Emma e Regina fizeram sinal que iam falar, mas Zelena as interrompeu – sem gritos, como damas perfeitamente normais e educadas que nós fingimos que somos.

                _A família de Emma vem semana que vem para a formatura. – Regina começou. – e ela acha normal que nós coloquemos eles em um hotel. É a família dela Zelena, minha mãe vem e vai ficar com vocês, não posso deixar a família dela em qualquer lugar, o que eles vão pensar? – A morena dizia mais calma.

                _Um bom hotel não é qualquer lugar. Ela não entende isso. Você convive com Cora há anos, e estamos falando de uma pessoa e não de uma manada.

                _E aí a gente os convida para um jantar lá em casa e eles veem que nosso apartamento é enorme e se perguntam por que eles não ficaram lá conosco. – Ambas as mulheres suspiraram forte, cada uma indignada a sua forma. – A não ser é claro que você não queira nem que eles ponham o pé lá porque você tem medo que eu vá simplesmente te agarrar no meio do corredor e aí eles descubram que estamos em um relacionamento. – a boca de Emma nunca se mexeu, mas Zelena pode perceber o brilho que se passou em seus olhos. Regina tinha um bom ponto nessa discussão, e a ruiva acabou de descobrir qual era o ponto de Emma. A loira estava com medo.

                _Eu não tenho medo que vá me agarrar, é um absurdo você supor isso. Mas você não conhece minha família como eu conheço, eles podem... – Emma controlava suas emoções. Regina não entendia que a família dela poderia não aceitar elas duas e ainda por cima tratar mal Regina dentro da própria casa dela, e isso a loira não iria suportar.

                _Absurdo é...- Regina a interrompeu para retrucar, mas foi interrompida também quando a palma de Zelena bateu forte contra a mesa chamando a atenção das duas que pularam de susto.

                _Chega! Parem. – Ambas cruzaram os braços novamente emburradas. – Emma, você vai me desculpar, mas Regina tem um bom ponto aqui. Não faz sentido mandar sua família para um hotel, se vier muita gente nós dividimos e alguns vão lá para casa. Espaço não vai faltar.

                _Não é isso Zelena... – a ruiva a interrompeu.

_Vocês duas moram juntas há dois anos e amigas dividem o quarto e a cama, ninguém vai desconfiar de nada, a não ser que é claro, que vocês não consigam passar alguns dias sem se agarrar pelo meio da casa. E mesmo de noite é só vocês não serem tão altas... – Zelena terminou com malícia em sua voz. A loira iria protestar, mas Regina foi mais rápida.

                _Finalmente tem alguém pensando aqui. – Disse mais seca do que gostaria sinalizando o local com o dedo indicador.

                _E você podia se ajudar se não quiser dormir na casinha do cachorro. – Zelena disse entre os dentes para a morena revirando os olhos enquanto assistia Emma caminhar irritada para a porta, antes de sair ela virou novamente.

                _Só para seus recordes Zelena, essa não é nossa primeira briga.

                _Como assim? – A ruiva arqueou a sobrancelha interrogativa.

                _Pergunte sua cunhada querida, vocês se dão tão bem não é mesmo? – Saiu batendo a porta atrás de si.

                _Tá, o que ela quis dizer? Isso tudo aqui não é só pela família dela não é? – Zelena perguntou e Regina suspirou fortemente deixando seu corpo cair na cadeira que os clientes usam na sala da ruiva – O que aconteceu?

                _Eu meio que surtei ontem à noite enquanto discutíamos de forma mais civilizada o tema da briga de hoje. – Regina disse e suas bochechas coraram.

                _Você já é surtada querida, é seu normal – Regina revirou os olhos – O que excedeu a isso?

                _Emma pediu que eu descarregasse umas fotos nossas no HD que estavam sobrecarregando seu celular e...

                _E?

                _Ha Zelena, eu vi uma foto lá, dela com o ex-namorado dela Killiam e eu fiquei irada e comecei a gritar e posso ter dito algumas coisas desagradáveis antes mesmo dela entender o porquê eu estava fazendo aquilo. – Fechou os olhos esfregando a testa.

                _O bonitão da jaqueta de couro preta? – Regina olhou para ela com uma carranca. – Ele é um pedaço de mau caminho querida, não posso fazer nada contra isso.

                _Você já viu essa foto também? Eu já tinha visto há muito tempo quando ela me mostrou ele, e ela apagou a foto no celular bem na minha frente, mas eu simplesmente enlouqueci quando vi lá. Eu fiquei nervosa, insegura, e surtei.

                _Essa sua insegurança ainda vai te deixar em apuros. Emma provavelmente nem se lembrava dessa foto lá. – Zelena disse repreendendo a morena.

                _Eu vejo isso agora Zelena, com muita clareza por sinal. Eu já pedi desculpas e tudo, mas o que eu disse está dito. E o pior é que eu nem lembro mais o que disse, mas ela lembra. A casinha do cachorro já é meu lar de qualquer forma. – Revirou os olhos – Eu fui tentar reverter a história e conquistar ela de noite, coloquei minha melhor lingerie desfilei pelo quarto e sabe o que ela fez?

                _Não. – Respondeu Zelena já rindo.

                _Virou para o lado, alcançou o interruptor do lado da cama, apagou a luz e dormiu Zelena. – A ruiva riu alto.

                _Ao menos ela deixou você dormir na cama com ela. – disse secando as lágrimas.

                _Isso foi ontem né, hoje ela está mais irritada. – Regina estava frustrada – Ao menos  hoje eu tenho razão, não tenho?

                ­_Hoje sim. Mas ela já está chateada por ontem, e você não está enxergando o principal aqui.

                _Que seria? – Perguntou ainda zangada.

                _Emma não está com medo que a família dela descubra sobre vocês, ela está com medo do que eles poderiam fazer ou falar com você, pelo que deu para ler nas entrelinhas eles são meio caretas, se posso assim dizer, e talvez sem papas na língua.

                _Por que diabos ela não me diz essas coisas? Por que ela fica falando as coisas nas entrelinhas? Eu sou péssima com entrelinhas. – Regina levantou frustrada. – Droga. Eu sou crescida, sei me cuidar. – ajeitou sua saia antes de completar emburrada - E eu também gosto de couro.

                _Você é incrível, consegue ter ciúme de um cara que ela deixou para trás, enquanto ela comprou um apartamento e mentiu para sair de um avião por você. Depois você não vai poder reclamar se ela der um ataque de ciúmes.

                _Emma não é ciumenta.

                _Você que pensa.

                _O que eu faço Zelena? – A cara de cachorro abandonado que a morena fazia era digna de pena – Eu não consigo ficar brigada com aquela loira boba que é dona do meu coração, mas ela é boa de briga e está disposta a me deixar de castigo.

                _Peça desculpas até a sua língua cair da boca, se não der certo jogue chocolates para ela de uma distância segura, qualquer mulher se derrete por chocolates. – Regina riu e jogou um papel amassado em cima da ruiva. – e se de tudo não der certo desfile nua pela casa, nada de lingerie parta para o ataque como uma leoa, sabe o que dizem, sexo de reconciliação é o melhor.

                Regina gargalhou até perder o fôlego, mas ela não podia negar que ela queria partir logo para a terceira opção.

                Emma não falara com Regina pelo o resto do dia, ela ainda estava zangada por tudo que havia ouvido da morena. Como ela podia pensar depois de tudo que a loira estava brincando com ela? Emma se quer lembrava que aquela foto estava em seu HD. Fechou o documento no computador e o desligou, não conseguia mais trabalhar por mais que quisesse. Estava zangada com Regina e depois zangada com ela mesma por estar zangada com a mulher que amava.

                Ela entendia Regina, ela também não queria que a família ficasse em um hotel, mas seu irmão era muito perceptivo e igualmente careta e mais ainda desbocado, Emma não sabia o que faria se ele ofendesse Regina de alguma forma. Mas a morena não a entendia, tudo bem que a loira não havia lhe contado sua real preocupação, mas ela bem sabia que se falasse para Regina o que realmente a incomodava a morena iria mandar ela não se preocupar. E a loira se preocupava, e muito.

                Não procurou pela morena para ir embora, preferiu ir caminhando para ver se clareava a mente. Quando chegou viu as chaves de Regina em cima do aparador. Foi direto ao quarto que costumava usar para tomar um banho, ainda mantinha algumas coisas lá.

                No jantar que foi pedido e não feito como toda noite poucas palavras foram trocadas, cada uma delas imersa em seus pensamentos. Em como pediriam desculpas uma a outra. Depois de comer Emma foi assistir televisão, enquanto Regina sentou para ler algo. As horas passaram silenciosas e a morena acabou indo deitar sem coragem de falar com a namorada. Regina estava apreensiva de que a loira fosse dormir no outro quarto. Muito tempo passou até que Emma deitou silenciosamente em seu lado da cama, mas de costas para ela.

                _Eu não quero passar outra noite com você chateada comigo, nem eu com você. – Foi Regina quem falou primeiro olhando para o teto. Ela sabia que Emma não estava dormindo. A loira suspirou virando de barriga para cima também.

                _Nem eu. – Respondeu.

                _Me desculpe por surtar por causa daquela foto, às vezes eu me sinto muito insegura, e droga eu nem lembro mais o que eu disse, o que eu sei que é infinitamente pior. Eu me sinto péssima. – Regina virou na cama para ficar de frente para a loira.

                _Só se me desculpar por ter sido tão intransigente quanto ao fato de onde minha família vai ficar e não conversar direito com você. – Virou de frente para Regina. Ambas sorriram na penumbra da noite.

                _Acordo de paz selado. – Regina disse chegando mais perto – Agora vem aqui que eu estou morrendo de saudades de você. Emma sorriu antes de juntar mais seu corpo com o de Regina e engatarem em um beijo cheio de saudade. As mãos escovando a pele precariamente.

                _Emm – Regina disse parando o beijo – sua família pode ficar aqui babe, nós vamos nos comportar, e se por acaso eles perceberem alguma coisa eu sei me cuidar, não é como se fosse a primeira vez que alguém vai me dizer algo ofensivo, você sabe o pai que eu tenho.

                _Gina – Emma subiu no peito da morena apoiando-se em seu cotovelo – meu irmão é uma pessoa maravilhosa e eu o amo muito, mas ele é incrivelmente intuitivo e igualmente careta...

                _Eu já disse que não seria a prime...- Regina foi interrompida pela loira.

                _Regina, eu amo minha família – o coração da morena falhou uma batida pela seriedade no tom de voz de Emma – mas se qualquer um deles disser qualquer coisa que ofenda a você eu não vou suportar. Eu não troco de camiseta para colocar eles para fora daqui. – o ar agarrou na garganta de Regina que quase não conseguia acreditar no que estava ouvindo – Eu não quero brigar com minha família, mas se eles não aceitarem que é você que escolhi pra mim, eu vou morrer de decepção, mas vou superar e seguir em frente e eles não vão deixar de ser minha família. O que eu não consigo nem imaginar é um futuro para mim em que você não esteja. – as lágrimas caíam dos olhos de Regina pela lateral de seu rosto e molhavam o travesseiro.

                Qualquer dúvida que Regina tinha evaporou com as palavras de Emma e a morena a puxou pelo pescoço em um beijo urgente e apaixonado.

                _Eu te amo minha pequena estranha. – Dizia enquanto beijava o pescoço alvo.

                _Regina... – Emma gemeu.

                _Hum?

                _Eu quero sentir o seu gosto. – Regina parou sentindo todo seu corpo arder com essa frase de Emma. Durante as semanas em que estavam juntas, elas já tinham alguma experiência sexual, Emma já não era mais tão tímida ou insegura, mas ela ainda não tinha chegado nesse ponto e Regina nunca a forçou, sabia que poderia acontecer com o tempo. E agora ela queria isso e todo corpo de Regina tremia em uma antecipação eletrizante.

                _Te... tem certeza? – Sua voz saiu irreconhecível até para seu seus ouvidos.

                Emma não disse nada, apenas voltou a beijar Regina apaixonadamente. A loira desceu os beijos para o pescoço da morena arrancando suspiros dela seus cabelos caíam como uma cortina ao redor da mulher. Lentamente Emma desceu seus lábios para o colo de Regina enquanto suas mãos desciam as alças da camisola de seda da morena.

                Quando os seios foram revelados Emma se dedicou a cada um com total adoração, um grito subiu pela garganta de Regina quando a loira colocou um bico rígido entre seus dentes e puxou levemente soltando com um leve pop abafado pelo gemido de Regina. Emma sorriu emocionada para a imagem totalmente entregue da morena. Era mais do que sexo, sempre foi mais do sexo, era um encontro de almas destinadas a estarem juntas por toda eternidade. Regina percebeu que Emma parou e abriu os olhos, a loira que se apoiava em seu cotovelo levou sua mão direita ao rosto dela e acariciou gentilmente sem nunca quebrar o contato com os olhos.

                Um sorriso tremulo tomou conta dos lábios finos enquanto ambas as mão puxavam a seda preta pelo abdômen de Regina, Emma depositou ali um caminho de beijos molhados. A pele da morena era macia como se feita da própria seda e seu cheiro era a melhor de todas as fragrâncias. Finalmente camisola foi totalmente retirada revelando sua calcinha fina. Emma passou a mão pela intimidade de Regina ainda por cima do pano da peça íntima.

                A loira passou a depositar beijos por dentro da coxa da morena retirando devagar sua calcinha, Emma a olhou nos olhos mais uma vez antes de descer seus lábios para a intimidade de sua namorada, assim que depositou um beijo no lugar molhado e sensível quase teve ela mesma um orgasmo ao perceber que o ar faltara nos pulmões de Regina e suas costas arquearam, foi um incentivo para continuar.

                O gosto de Regina era como um néctar essencial à vida de Emma, uma ambrósia que poderia curá-la e a loira se perguntou como nunca o tinha provado antes. Regina se contorcia e gemia sob Emma, e quando a loira sugou seu clitóris com vontade a morena veio com um gemido gutural seu corpo praticamente pulando da cama, mas Emma só parou de estimulá-la quando sentiu que as pernas de Regina caíram sem forças ao seu lado. A loira subiu seu corpo e deitou sobre o peito arfante de Regina antes de falar.

                _Você é maravilhosa. – Beijava seu pescoço coberto por uma camada fina de suor. – Seu gosto é maravilhoso. – A loira completou antes de sentir o corpo de Regina responder a sua fala e a morena virá-la na cama a beijando.

                _Agora é a sua vez. – Regina disse em seu ouvido enquanto acariciava seu seio sob seu pijama sentindo os efeitos causados no meio de suas pernas. Elas não dormiriam tão cedo. 

                O aeroporto estava lotado como de costume. Pessoas iam e vinham arrastando suas malas pelo chão liso. Regina, Emma e Zelena estavam paradas no meio do saguão esperando a família da loira que já havia desembarcado. Emma quase perdeu as forças das pernas quando os viu, seu irmão e sua cunhada de mãos dadas, sua tia e sua prima lado a lado, uma emoção perpassou por todo seu corpo, então ela ficou rígida e sentiu o ar faltar em seus pulmões. Não podia ser.

                _Regina – disse a loira sem olhar para o lado e sempre sorrindo em direção às pessoas que já a tinham visto – Não importa o que acontecer, tenha em mente duas coisas – a morena somente assentiu percebendo a agitação de Emma – Primeira, eu te amo. – A morena balançou a cabeça de leve – Segunda, lembre-se que foi você quem insistiu para que todos eles ficassem lá em casa. – Sua voz saiu por entre os dentes antes de um par de olhos azuis e jaquetas de couro sair de trás de seu irmão e correr a pouca distância que os separavam a abraçando.

                _Love. – Disse quando passou os braços pelos ombros de Emma que estava estática.

                _Killiam. – Respondeu apavorada olhando para a morena completamente pálida do seu lado.