História Prazer, a filha do batman - Isca

Eu não sei por quanto tempo fiquei na porta daquele escritório enquanto minha mente ainda assimilava as coisas, mas sei que foi o suficiente para Bruce me ver ali.

- Margot? - Ele disse com a surpresa estampada em seu tom de voz. Por mais que ele não deixasse transparecer, eu sabia que ele estava tão chocado quanto eu. - O que faz aqui?

Mesmo sendo a primeira vez que nos víamos dentre anos, ele se quer se deu ao trabalho de cumprimentar-me ou ao menos me questionar como eu estava.

- Eu moro aqui, agora. Ou já se esqueceu? - Mesmo em choque por saber que coringa estava à solta, eu ainda não conseguia segurar minha língua afiada e meu rancor por Bruce.

Ele, por sua vez, suspirou de uma forma exaustiva e apertou suas têmporas.

- O que faz no meu escritório? - Foi mais específico.

- Escutei você gritando e vim ver se havia algo de errado. E pelo visto, tem. - Falei, agora um pouco inquieta. A ideia de que havia um palhaço psicopata à solta pelas ruas de Ghotam me preocupava.

- Não se preocupe. - Ele tentou passar-me segurança, mas suas palavras foram tão vazias que chegaram a me irritar. - O coringa não vai se aproximar de você.

- Claro, por que temos um homem fantasiado de morcego que vai nos proteger. - Falei sem muita pretensão, mas pareceu irritar o homem a minha frente no qual eu não assemelhava a uma imagem paterna.

- Batman já sacrificou muita coisa para proteger as pessoas dessa cidade.

- E pelo visto não foi o suficiente.

- Vá para o seu quarto. - Ele ordenou dando fim à conversa como uma criança birrenta.

Eu adoraria irrita-lo mais um pouco, mas infelizmente amanhã eu tinha aula na minha nova escola, então eu tinha de começar a regular meu sono.

Retirei-me do escritório em passos pesados, fazendo questão de mostrar toda a minha fúria.

Subi para o meu quarto com os pensamentos em um certo príncipe palhaço do crime, que também se fez presente em meus sonhos.

No dia seguinte, eu já me ajeitava para o primeiro dia de aula. Eu estava no terceiro ano do ensino médio, minhas notas não estavam lá essas coisas, mas dava pra passar de ano.

Eu ainda não sabia o que iria fazer depois de me formar. Não queria viver da herança de Bruce. Queria conseguir as coisas com meu próprio esforço. Cheguei a cogitar a hipótese de fazer uma faculdade de arquitetura, já que eu conseguia dominar bem a arte do desenho, porém ainda não havia decidido nada.

Fui até em frente o espelho enquanto prendia meus cabelos em um rabo-de-cavalo. Analisei-me pela última vez;

Até que minha roupa(1) não estava tão ruim.

Caminhei em direção à saída da mansão, e durante o trajeto não vi Bruce em lugar algum.

Não que eu me importasse. Era apenas uma observação.

Despedi-me de Alfred e fui em direção ao carro preto e luxuoso do motorista que me aguardava para lervar-me à escola.

Os primeiros dias de aula foram normais. Não havia populares ou nerds como nas histórias clichês. Na escola todos pareciam apenas estar concentrados em estudar.

Socializei com alguns colegas de classe, mas nada que me chamasse muita atenção.

Os dias se passaram rápido, e quando percebi, o fim de semana já estava próximo.

Depois de muito insistir, consegui convencer Bruce de me deixar voltar à pé da escola para casa.

O colégio em que eu estudava era um pouco longe de casa, mas eu não me importava. Afinal, eu faria de tudo para que eu passasse menos tempo naquela mansão medonha e tediosa.

Na verdade, Gotham inteira era medonha. Pelo que pude perceber, as pessoas estavam sempre andando apressadas e com medo. Qualquer um era suspeito, ao mesmo tempo que qualquer um poderia ser uma vítima.

E toda essa paranoia da população pareceu aumentar com a notícia de que coringa estava foragido.

Quando o sol começava a se pôr, as ruas começaram a esvaziar. Todos corriam para suas casas e, aparentemente, quem ficava até tarde nas ruas de Gotham não voltava para contar história.

E então, cá estou eu. O céu escurecia cada vez mais, e o barulho dos meus sapatos batendo contra o concreto do chão eram a única coisa que cortavam o silêncio mortal da cidade.

Pov Autora

O joker havia deixado bem claro que havia voltado a se tornar o príncipe palhaço do crime quando escreveu com o sangue de uma de suas vítimas na parede de sua cela no Arkham antes de fugir do asilo.

Iria finalmente colocar seus planos em prática.

Coringa agora fitava a grande janela a sua frente enquanto observava as ruas desertas da cidade, o que lhe causava uma sensação de poder. Ele sabia que todos estavam com medo dele. Ninguém se atrevia a entrar em seu caminho.

- Senhor - Um dos inúmeros capangas de coringa adentrou ao escritório do palhaço com uma feição preocupada estampada em sua face. O joker não se importou em momento algum com a preocupação do homem, e agiu com indiferença sem se quer virar-se para fitar o capanga - O Batman voltou à ativa.

Um sorriso divertido ergueu-se nos lábios vermelho-sangue do palhaço, expondo seus dentes metálicos.

- Que comecem os jogos. - Sua voz soou psicoticamente divertida, de uma forma que apenas o Joker conseguia fazer.

- Senhor, o Batman virá atrás de você. - O capanga do palhaço não conseguia compreender o sorriso divertido de seu chefe. - Ele sabe que o senhor irá atrás da filha dele.

- Sim. - Sua voz permanecia calma. - Ela será nossa isca.

Calma até demais.

O palhaço virou-se para a porta de seu escritório, onde se encontrava seu capanga.

E pela primeira vez o homem viu a feição do Joker depois de ter fugido de Arkham. Haviam mais cicatrizes em seu rosto, e suas olheiras estavam mais escuras.

- E se o senhor não conseguir convence-la?

- Oh, está duvidando de seu chefe? - Coringa parecia se divertir com o capanga atrapalhado.

- N-Não senhor. - O homem gesticulava com as mãos em uma falha tentativa de acalmar sua ansiedade, mas paralisou ao ver a arma dourada erguida pelo joker e mirada em sua direção.

- Eu vou conseguir, meu caro. - O palhaço dizia friamente, mas com um sorriso divertido nos lábios enquanto destravava a pistola - E de início vamos fazendo uma faxina, sim?

E foi-se ouvido dois disparos e logo após um corpo desabando ao chão.

Joker aspirou a fumaça quente que saía do cano da arma enquanto sua gargalhada preenchia o lugar e seu olhar estava vidrado no corpo já sem vida de seu capanga.

O palhaço finalmente colocaria seu plano em prática, então desceu as escadas da imensa mansão e ordenou a um de seus capangas que preparasse seu melhor carro. Iria começar a procurar sua isca.