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História Preciosa Liberdade - Insistência.


Escrita por: coldweather

Notas do Autor


Amores da minha vida, como é vocês estão? Espero que estejam se cuidando direitinho, se alimentando, hidratando os corpinhos... Enfim.
Vamos começar a leitura?

AVISO: Cuidado com os corações de vocês... E, bem, boa sorte.

Capítulo 19 - Insistência.


Fanfic / Fanfiction Preciosa Liberdade - Insistência.

Jeongguk ficou ciente do momento em que o calor ao lado de seu corpo se distanciou contra a sua vontade, é claro.

Ele ainda estava deitado na cama, e o sol já surgia no céu azul ainda pálido enquanto Jimin seguia sua rotina.

Na noite anterior, os garotos se empolgaram na conversa e perderam a noção do tempo. Entretanto, antes das quatro da manhã, pegaram no sono e dormiram com as pernas entrelaçadas.

Jeongguk estava cada vez mais satisfeito com a relação saudável. Uma hora, pegavam fogo e beijavam-se até que o fôlego desaparecesse. Outra, bastavam conversas e risadas abafadas para que tudo ficasse bem. Havia um equilíbrio muito confortável.

Não seria um erro desastroso abrir o jogo para o seu namorado logo agora?

Parecia que a hora de contar a verdade nunca chegaria, e isso o angustiava todos os dias.

Sustentar uma mentira é um fardo muito grande.

Jeongguk sentia-se mentalmente cansado.

Confortavelmente sobre a cama, Jeongguk pensou sobre a vida, mas pegou no sono de novo. Acordou próximo às 14h, quando o trânsito já estava agitado. Sonhara com Kwan. Não conseguia lembrar dos detalhes, mas o coração batia desconfortavelmente no peito.

Ele poderia enrolar um pouco mais na cama até que a inspiração para pintar o invadisse como geralmente acontecia, porém, precisou deixar a cama quando a fome se tornou insuportável.

Com os pés descalços no piso, abriu a geladeira. O ar frio o ajudou a manter-se mais desperto. Não pôde conter um sorriso ao notar que Jimin preparou sanduíches antes de sair.

Ele sempre deixava o apartamento cedo demais, mas, mesmo assim, se preocupava com o namorado.

Pequenas demonstrações de carinho são o suficiente.

Jeongguk os esquentou e, sentado na varanda, observava o que acontecia no condomínio enquanto se alimentava.

Estava tudo relativamente bem, até que duas figuras familiares chamaram a sua atenção. A mãe e o filho que tentaram aproveitar a piscina no domingo, mas não conseguiram. Naquele dia em especial, o sol contribuía para que os planos dessem certo.

O garoto sorria ao agitar-se na piscina, apreciando o momento de verdade. Ele foi segurado pelas mãos firmes e carinhosas.

Mãe e filho.

Jeongguk achava que aquele pequenininho era tão sortudo por ter uma mãe presente, cuidando dele com tanta dedicação. Observava o afeto, a meiguice, a maneira como ela sorria ao observar o filho feliz.

Algo se quebrou dentro de Jeongguk.

Infelizmente, tratava-se do amor que o pintor jamais conheceria.

Sua garganta se fechou e a visão nublou.

Jeongguk não poderia, de forma alguma, mudar o seu passado para que sua mãe o amasse.

O garoto não conseguiu conter a tempo o vendaval de sentimentos intensos e confusos que lhe sufocavam com força. Ele limpou uma lágrima com as costas da mão.

Sozinho, era mais fácil lidar com os sentimentos que ele tanto tentava esconder do mundo.

Sentindo-se mais emotivo do que gostaria, saiu da varanda enquanto tentava não se perguntar os motivos de ter sido jogado no lixo.

Por mais que tentasse entender como alguém conseguia fazer uma maldade dessas, não conseguia.

O que ele havia feito de tão errado?

Ele não tinha um coração ruim, mas se sua genitora aparecesse àquela altura, Jeongguk não correria para os braços dela como já desejou quando era novo demais.

Respirou fundo, bebeu água. Os dedos estavam ligeiramente trêmulos quando sustentou o corpo.

"Que bobagem ainda chorar por isso", pensou, com raiva.

Parecia errado que sua mãe não tivesse interrompido a gravidez. Jeongguk pensava que se o seu nascimento era indesejado, por qual motivo não foi abortado?

Quando morava no orfanato, tinha esses pensamentos com frequência. Ficava triste, embora se esforçasse para não demonstrar. Todos naquele lugar enfrentavam o mesmo problema diariamente, não era uma angústia exclusiva.

Mas ele sempre viveu com um dilema: se não tivesse sido abandonado, jamais teria conhecido Jimin.

Ele não acreditava em destino, mas, naquela situação, fazia muito sentido.

Pensar nisso lhe trazia muito conforto.

Ao se sentir melhor, foi até o ateliê. Observou o quadro inacabado. Em seguida, preparou o material necessário, respirou fundo e deixou o pincel correr sobre a tela.

Quando percebeu, foi transportado para outro mundo.

-

Foi numa quinta de manhã que Jeongguk se viu exausto. Ele acordou repentinamente. Encarou o teto. Suas pálpebras estavam pesadas, o quarto estava mais quente. Ele se aconchegou no namorado, que ainda dormia profundamente.

Durante a madrugada, Jeongguk dançou de forma indomável — não parou nem quando arrancou aplausos de todos e fez jus ao seu nome.

Mas naquele quarto, a calmaria era sagrada.

Escutava a respiração lenta do namorado e encostou de leve a ponta do nariz no pescoço dele, aspirando o cheiro bom. Era como alcançar o paraíso.

A sensação de paz permitiu que Jeongguk pegasse no sono outra vez.

Só havia a tenebrosa escuridão. Jeongguk sentia um frio estranho que o fazia tremer.

O chão deslizava sob seus pés descalços, lhe dando a sensação de que pisaria em falso a qualquer segundo se não fosse cuidadoso.

Onde Jimin estava? Olhou para os lados imediatamente, mas nada enxergava.

Demorou até perceber que estava em um longo corredor. A sensação de vazio o massacrava como se estivesse prestes a enlouquecer.

Percebeu uma sensação diferente na mão direita. Ao olhá-la, viu um pincel entre seus dedos. Juntou as sobrancelhas. Não fazia sentido. Quando pegou o pincel? Aliás, o que ele estava fazendo antes de estar naquele corredor? Ele não se lembrava.

Mesmo que a mente estivesse tomada pela confusão, continuou caminhando, quase deslizando, até parar em frente de uma porta.

Seus olhos arregalaram.

Reconheceu a porta do banheiro do orfanato imediatamente.

Jeongguk foi invadido por uma tristeza intensa. Seus olhos se encheram de água, mas ele não conseguia explicar o motivo. A sensação só estava lá, massacrando-o e apertando-o.

Antes que saísse de frente da porta, ela se abriu em um baque, o assustando. O coração bateu com força.

Trêmulo, teve a sensação de ser empurrado para dentro daquele lugar ainda mais frio. E, quando seus olhos se acostumaram com a escuridão, viu o que mais temia: Yoongi no chão, a poça de sangue. Do jeito como se lembrava.

A mão esquerda de Jeongguk fechou sua boca para abafar um grito de horror.

Ele desejava correr para longe mais uma vez, como havia feito há tempos, mas, por algum motivo, não conseguia se mover. Era como se alguém o segurasse com força, deixando-o congelado no mesmo lugar.

As lágrimas começaram a cair como uma cascata, uma por uma, sem controle. Era como se todo o choro que ele deteve durante a sua vida viesse à tona, forte como uma tempestade.

Como se não bastasse, algo caiu sobre seus pés sequencialmente. A textura molhada o fez tremer.

Ao olhar para baixo, enxergou rastos de sangue escorrendo de seu pincel.

Sangue fresco de Yoongi.

Voltou a olhar para o garoto sentado no chão.

Min Yoongi parecia um boneco de cera. Os lábios pálidos e os fios de seus cabelos moveram-se quando um vento gelado atravessou o banheiro.

— Não foi culpa sua. — Yoongi disse, mas a boca dele não se movia. Jeongguk engoliu em seco e largou o pincel repleto de sangue no mesmo momento. — Eu escolhi o meu destino, você apenas viu o resultado.

— Desculpa. — Foi tudo o que o garoto conseguiu sussurrar, tomado pelo pânico crescente.

— Não peça desculpas por um erro que você nunca cometeu. — Yoongi declarou e fechou os olhos.

Jeongguk acordou tomado pelo suor.

Com a garganta estranhamente seca, chorava como uma criança, as lágrimas caindo e ensopando seu rosto.

Jimin acordou sem saber o que estava acontecendo. Sua primeira reação foi puxar o namorado para perto, e abraçá-lo com força. Encostou os lábios na testa do garoto, mesmo que a franja estivesse encharcada.

— Foi só um pesadelo... Shhh... — Jimin sussurrou na tentativa de acalmá-lo. — Não se preocupe! Está tudo bem! — Os braços circundaram o corpo com gentileza e compreensão. O rosto de Jeongguk se afundou no peito de Jimin. — Está tudo bem... — repetiu.

— Eu o vi — murmurou com dificuldade, os dedos cravados no colchão.

— Quem você viu?

— Min Yoongi.

Jimin ficou angustiado ao ver Jeongguk aflito e tão nervoso.

Buscou um copo de água gelada para o garoto, fez carícias nos cabelos dele, e conforme foi tendo o resultado que desejava, após longos minutos, Jeongguk juntou coragem o suficiente para contar o pesadelo.

— Eu acredito que o pesadelo foi uma forma para eu me libertar da culpa. — Jeongguk contou. — Eu não sei, mas... Por mais que tenha sido assustador rever a cena, foi um alívio ouvir Yoongi dizer que a culpa não foi minha.

Jimin fez um carinho na bochecha dele.

— Eu disse que não foi sua culpa. Nunca foi — sussurrou Jimin. — Você quer mais água?

Jeongguk fez que não com a cabeça.

— Eu me sinto diferente agora. É como se Yoongi tivesse falado comigo de verdade. É estranho, não é?

— Muito. — Jimin abriu a janela para que o ar pudesse circular. — Mas necessário.

— Parece que me livrei de um problema muito grande. — Jeongguk confessou. — Agora, lembrando do que aconteceu de verdade naquele banheiro, não sinto a minha consciência tão pesada. Está diferente.

Jimin puxou o garoto para um abraço meio atrapalhado e acarinhou sua nuca com as pontas dos dedos.

Jeongguk se aconchegou no namorado e fechou os olhos.

Estava tudo bem. Tudo muito bem.

Ele estava livre agora.

-

Focou o olhar nos próprios lábios, na pele, nos cabelos modelados; leves ondas lhe traziam um ar quase angelical, que com certeza acabaria assim que Jeongguk mostrasse toda a sua atitude no palco.

Já estava quase na hora da sua apresentação.

Aqueceu o corpo durante quase quinze minutos. Ele respirou fundo e encostou a cabeça contra o espelho, fechando os olhos momentaneamente. Sentia uma leve queimação na perna direita. Precisava se alongar melhor para não ter problemas maiores.

Mas ele ouviu passos.

Fazia um tempo que Kwan não o incomodava.

Grunhiu.

— Sentiu a minha falta? Porque eu senti a sua — declarou Kwan, com um sorrisinho presunçoso no canto dos lábios.

Com os olhos nublados e com o equilíbrio precário, ficou evidente que o chefe da Luminus não estava sóbrio.

Não era segredo para os funcionários que Kwan tinha problemas com álcool. Ele tinha muito dinheiro, era cercado de luxos descomedidos que poucas pessoas conseguiam usufruir, empregados à sua disposição durante 24 horas. Ele era muito respeitado por ser quem era. Mas, ainda assim...

Faltava algo.

Algo que ele não sabia exatamente o que era, mas tentava descobrir.

Enquanto isso, afundava-se no álcool. Assim, a sensação de que algo estava incompleto desaparecia, e tudo parecia mais fácil. Ele tomava o controle de tudo como um verdadeiro rei.

Quando olhava ao redor, com seu nariz empinado e peito estufado, as pessoas praticamente beijavam os seus pés. Era assim que deveria ser em sua concepção, precisava ser respeitado por todos, sem exceção.

Então, ele olhou para a sua estrelinha e alargou o sorriso.

Kwan já não conseguia ficar longe dele. Simplesmente não conseguia. Havia algo em Jeongguk que o atraía de um jeito desesperador. E agora, precisava conversar com ele amigavelmente para driblar aquele temperamento tão forte.

Sentou-se no sofá sem pedir permissão — não era como se precisasse, pelo menos, pensava que não —, e manteve os olhos no dançarino.

— O que você quer? — Jeongguk perguntou.

Kwan ergueu o dedo indicador. Um sorriso cresceu no canto dos lábios. Parecia que ele queria falar algo, mas seus lábios se fecharam devagar.

— Se eu te falar de primeiro, sei que você vai recusar. Temos que ter uma conversa antes para, sabe, manter as aparências. — Kwan curvou o corpo para frente, juntando as mãos. — E então, como foi o seu dia?

Jeongguk não estava com a menor vontade de participar daquele teatro.

— Pode falar logo.

Kwan ponderou por apenas um segundo e assentiu.

— Algumas negociações estão rolando, Jeongguk. Negociações importantes. — Ele umedeceu os lábios e posicionou as mãos no próprio colo. — Hoje recebi um telefonema do Chul-Moon.

— Quem?

Kwan levantou a sobrancelha.

— Um dos administradores do portal One Minute. Ele veio até aqui semana passada para conhecer o local e gostou muito do que viu, muito mesmo. E é exatamente por isso que ele quer divulgar a Luminus no portal e nas redes sociais. O marketing deles é forte, e, consequentemente, a influência também. Você sabe, não é, garoto? Quanto mais divulgação, melhor. Talvez até role um patrocínio.

— E daí?

— E daí que ele fará isso só com uma condição.

A pausa dramática foi o suficiente para fazer com que Jeongguk entendesse.

— Não!!! Óbvio que não, Kwan! — expôs sua opinião com a voz cheia de revolta. — Merda! Quantas vezes tenho que te falar que eu não vendo o meu corpo?

Kwan riu seco.

— De todos os meus dançarinos, você é o que mais me dá trabalho.

Convencer Jeongguk seria uma missão complicada, mas ele não desistiria tão cedo.

Kwan nunca desistia.

— Como você esperava que eu encarasse essa situação? — Jeongguk meneou a cabeça. — Quem esse tal de Chul-Moon pensa que é? Ah, espera! Posso adivinhar! Não deve ser muito diferente dos outros. Um cara casado com uma mulher bonita e com filhos, provavelmente. Um exemplo de família para todos, mas quando surge uma oportunidade de agir escondido, resolve procurar a companhia de garotos para se divertir um pouco, certo?

Era bem típico dos clientes que gostavam de passar a noite com os dançarinos da Luminus.

— Com garotos não, apenas um em especial.

Jeongguk levou as mãos à cabeça, pressionando as têmporas.

— O cara tem influência, tem dinheiro, e acha que pode fazer o que quiser?

Kwan soltou um suspiro. Jeongguk entendia muito bem como aquele jogo funcionava.

— Ofereci todos os dançarinos daqui, mas não tem jeito. Ele só quer você.

O estômago quase se contorceu.

Detestava aquela situação; detestava todas aquelas conversas; detestava Kwan e o seu jeito cínico de ser. Detestava tudo.

Fez que não com a cabeça para demonstrar o seu posicionamento.

— Então não precisava me pedir se já sabia a minha resposta.

— Jeongguk, eu não quero ser o vilão aqui. — Kwan se levantou e o mais novo, atento em cada ação, direcionou-se para mais perto da porta entreaberta. — Feche a porta porque quero conversar com você em particular.

— Já estamos conversados, não? — levantou uma das sobrancelhas, os punhos cerrados. Poderia jurar que seu estômago estava se comprimindo outra vez, mas, agora, sabia que não era de nojo, mas de medo. — A minha resposta é não.

Ele não queria desafiar o homem à sua frente, mas Kwan não tinha o direito de envolvê-lo nos negócios da Luminus.

— Estou mandando você fechar a porra da porta!

Contrariado, Jeongguk não teve opções a não ser obedecer. O gerente não estava para brincadeiras.

Havia uma fúria mal camuflada naquele olhar, e não era como se Jeongguk tivesse se esquecido de como Kwan poderia ser muito bruto.

Aquele homem era, definitivamente, o terror em sua vida.

— Kwan, eu já disse que não.

— Eu preciso que você faça, preciso mesmo. A divulgação será extrema e trará ótimos lucros. Não é tão difícil!

O garoto engoliu em seco com a insistência.

— Não, não ligo, não estou interessado. Não vou.

Não conseguia acreditar no que Kwan estava lhe pedindo para fazer. Será que a situação tinha como piorar?

— Em momento algum eu te perguntei se você está ou não interessado. Esqueceu que eu dito as regras por aqui? — Em um segundo, a voz de Kwan tornou-se bruscamente autoritária, carregada de uma exaltação grotesca. — Você sabe que precisa me obedecer, não importa o que eu te peça para fazer, Jeongguk. Eu sou o Kwan, o homem que te salvou da miséria! Você é só um garoto que trabalha para mim. Não vejo muitas escolhas para você, e eu sei que você também não vê. Acho melhor não brincar comigo nem testar a minha paciência, está me entendendo?

— Não estou aqui pra isso. — A voz de Jeongguk era um murmúrio.

Fechou os olhos por poucos segundos, lamentando-se profundamente.

Ele sabia muito bem que Kwan era poderoso. Jeongguk sentia muita raiva de si quando percebia o quão fraco poderia ser perto do gerente.

Kwan não estava acostumado a perder uma batalha.

— Você trabalha para mim e fará o que eu quiser — apontou o dedo para o rosto de Jeongguk com autoridade.

Com o coração batendo rápido e o sangue correndo em suas veias, fitou o gerente, irritado. Não se pode testar os limites da paciência de alguém perverso, Jeongguk sabia disso.

— Eu só queria que você me deixasse em paz — desabafou sentindo as palmas das mãos formigarem.

Kwan estudou o rosto de Jeongguk. A beleza se destacava. Ele entendia perfeitamente o interesse de Chul-Moon.

Qualquer um que pudesse ter a oportunidade de estar com Jeongguk por qualquer segundo que fosse, não seria estúpido de desperdiçar.

Entendia o motivo de a Luminus estar cada vez mais famosa.

Era só Jeongguk dar o ar da graça no palco e tudo fazia o maior sentido do mundo.

Não resistiu e levou a mão direita até o rosto do garoto. Seus dedos contornaram o maxilar marcado devagar, os olhos observavam cada detalhe daquele rosto que refletia a ingenuidade, e, ao mesmo tempo, agressividade.

Jeongguk era exatamente do jeito que Kwan gostava.

O mais novo interrompeu a respiração ao sentir a carícia imprevista, sentindo-se mais do que desconfortável. Kwan olhou para os lábios do garoto.

Qual seria o sabor dos lábios da sua estrelinha favorita?

O dançarino conseguia enxergar a maldade naqueles olhares, conseguia ver quais eram as intenções de Kwan.

— Se você me obedecer, eu garanto que tudo ficará mais fácil, garoto.

— Eu não vou te obedecer, você sabe que não vou — falou com resistência, mesmo sabendo que sua voz ainda era baixa. Sua condição não era favorável. — Não quero ser um problema para você, nem impedir que o patrocínio aconteça, mas tenho os meus direitos e gostaria muito que você os respeitasse.

Kwan continuou encarando-o enquanto as palavras do dançarino martelavam em seus ouvidos. Os olhos de Jeongguk estavam muito alarmados.

Então, repentinamente, Kwan se afastou.

Precisava arquitetar outro plano para fazer com que o garoto aceitasse a proposta de Chul-Moon.

— Chegou a sua hora de dançar. — Kwan quebrou o silêncio em um milhão de pedacinhos enquanto o garoto ainda não tomara coragem o suficiente para se mexer. — Agora!

Jeongguk assustou-se com a voz alta e deixou o camarim a passos rápidos.

-

— Eu deveria ter acreditado em você desde o começo. Sou tão idiota! — Jeongguk confessou.

— A gente costuma duvidar de quem não conhecemos bem. — Namjoon deu de ombros.

Jeongguk estava no camarim de Namjoon após terminar de dançar. Ambos estavam exaustos. O mais novo tomou coragem para se aproximar de Kim naquela noite. Precisava conversar com alguém sobre aquela situação, ou acabaria enlouquecendo.

Jeongguk e Namjoon não precisavam ser inimigos ali dentro.

— Eu sou tão burro! Por que demorei tanto pra acordar?

— Bom, antes tarde do que nunca. — Namjoon levantou as mãos, defendendo-se.

— Mas você me entende, né? Pensei que você queria me intimidar.

Namjoon assentiu e franziu o cenho.

— O que foi?

— Dor de cabeça — respondeu Namjoon, mas balançou a mão no ar como se o detalhe não fosse importante. — Kwan sempre inventa algo para tirar os dançarinos do sério. Pode acreditar, eu já vi de tudo. — Ele riu, mesmo sabendo não haver graça alguma. Na verdade, parece mais um sorriso de desespero. — O que ele quer agora?

— Quer que eu passe a noite com um cara. Assim, Kwan vai conseguir divulgações para a Luminus e um patrocínio.

Jeongguk não conseguia pensar em estar com alguém que não fosse Park Jimin. Era um contato extremamente íntimo em sua concepção, deveria haver um sentimento envolvido.

Namjoon assentiu.

Não era como se impressionasse com as ações de Kwan, já estava acostumado.

Como Namjoon não disse nada, Jeongguk perguntou:

— O que faremos agora?

Não escondeu o quanto se sentia perdido.

Mesmo que já tivesse tomado um comprimido que prometia alívio rápido, a dor de cabeça de Namjoon havia piorado após mover-se tanto no palco. Ele terminou de vestir a camisa folgada e soltou um suspiro, esgotado, encarando o garoto.

— Nada! Será pior se agirmos. Somos bonequinhos da coleção do Kwan.

— Não aguento mais — reclamou, com agilidade, conferiu se a porta estava fechada. — Eu realmente não consigo lidar com Kwan.

— Escuta — Namjoon levou a mão até a parte de trás da cabeça, bagunçando os cabelos descoloridos. — Não quero parecer inútil, porque consigo ver como você está desesperado, mas não posso fazer nada, cara.

Poderia ser uma resposta repleta de ignorância e descaso, mas não foi.

O mais velho apenas não tinha como ajudá-lo.

Estavam, basicamente, no mesmo barco.

— Isso é sério? — O mais novo perguntou. — A gente... só vai aguentar?

Os ombros de Namjoon subiram e desceram. Ele mostrou as palmas abertas como se estivesse rendido.

— É o que venho fazendo desde que assinei o contrato.

— Não... — Jeongguk sussurrou.

— Ele é rico. Pessoas ricas sempre contratam os melhores advogados e se livram do problema todo. Fora que, o que diremos em nossa defesa? Somos dançarinos de uma boate. Que moral você pensa que temos? — As palavras ácidas, porém sinceras, foram como um tapa de realidade em Jeongguk. — Não devemos brincar com esse tipo de gente.

O garoto sentou-se ao lado de Namjoon, que terminava de arrumar as suas coisas e calçava os tênis.

Além do cansaço, Jeongguk sentia que a perna começava a incomodar. Seu corpo estava demorando muito para se acostumar com as danças que se tornavam cada vez mais exigentes.

— Posso tentar quebrar o contrato de algum jeito. — Jeongguk se arriscou a dizer, mas fora interrompido na mesma hora.

— Tá maluco, cara? — Namjoon avisou. — Se você não esperar e sair daqui de qualquer jeito, Kwan fará de tudo para acabar com a sua vida! Fará dela um verdadeiro inferno!

As palavras duras acabaram com Jeongguk.

— O verdadeiro inferno já é aqui, Namjoon. Não pode piorar! — gritou e desferiu um soco contra a parede, frustrado, o peito subindo e descendo.

Namjoon, imóvel, encarou o garoto até que ele se acalmasse. Mesmo com dor de cabeça e louco para ir para casa, pegou uma garrafa de água para Jeongguk.

Quando o mais novo desenroscou a tampa, bebeu mais que a metade do líquido de uma vez.

Ao perceber que o garoto estava um pouco mais controlado, Namjoon falou:

— Acredite em mim, sempre pode piorar. Essa é uma certeza que você precisa ter em mente. — Namjoon olhou para a porta fechada antes de fitar Jeongguk. — Kwan é capaz de matar.

O corpo de Jeongguk enrijeceu.

— A mim?

— Sim — falou baixinho, compartilhando o segredo cabuloso. — Mas, se ele se sentir traído e quiser te machucar de verdade, é capaz de matar a pessoa que você mais ama no mundo.

Foi o suficiente para que, na mesma hora, Jeongguk parasse de pensar em alguma maneira de quebrar o contrato.

 


Notas Finais


Sim, muita coisa aconteceu. Sim, Kwan é um nojo. Sim, eu sofro junto com vocês. Sim, eu amo o carinho que vocês estão dando para Preciosa Liberdade. Já passamos de 2000 favoritos! Eu quero abraçar cada um de vocês e dizer que sou MUITO grata pelo carinho, por cada favorito, comentário e apoio. Não me canso de dizer que tenho os melhores leitores do mundo. Obrigada, mil vezes obrigada por tudo. Vocês são demais!


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