História Predestinada - O princípio das inseguranças

Gabrielle-POV

Era manhã acabei de acordar, e estou deitada no peito rígido de Jasper enquanto faço linhas imaginárias em seu abdômen encoberto pela camisa preta de tecido fino, que deixa seus músculos em evidência.

— Você falou que sua mãe morreu em seu parto. – Jasper fala me chamando a atenção e fazendo meu coração acelerar inconscientemente. — Você citou no restaurante aquela vez que sua mãe preparava macarons na sua infância!? – Jasper pergunta confuso e curioso.

— Sim! – falo deixando um suspiro escapar por meus lábios. —Meu pai Lohan me criou até os meus dois anos com a ajuda da melhor amiga da minha mãe Elisa, o nome dela era Emma, fiquei com ela até meus quatro anos e meio, ela namorava um cara que aparentemente era alcoólatra e agressivo, eu não lembro muito bem qual era a causa da discussão, mas ele a acusava de traí-lo...– Suspiro me preparando mentalmente para falar o que me aflige nessa história. — Ele a matou a facadas... na minha frente...ela foi como minha segunda mãe. – Falo deixando lágrimas transbordarem de meus olhos. — E eu não pude fazer nada. — Termino me encolhendo em seus braços que me apertam em conforto.

— Desculpe...eu não sabia, me perdoe por fazer lembrá-la. – Fala se virando e ficando por cima de mim, Jasper beijou minhas lágrimas com carinho e ternura me fazendo fechar os olhos e suspirar com os toques gelados de seus lábios frios.

— Tudo bem Jazz...faz parte de mim, as vezes ainda tenho pesadelos e ainda são tão reais, mas eu já superei de alguma forma. – Falo abrindo meus olhos e levando minhas mãos até seu rosto fazendo uma carícia. — Depois disso fui morar em um orfanato até Marcos me encontrar. – Falo com pesar em minha voz... por Marcos, pelo período horrível que foi viver naquele lugar e pelas quase adoções. Jesper consegue ver isso em meus olhos e parece surpreso com minhas palavras, eu entendo que ele queira saber mais do meu passado mais é doloroso lembrar.

— Eu...– Jasper tenta falar algo enquanto volta a se deitar ao meu lado.

— Não precisa ter pena de mim Jasper. – Falo desviando meus olhos de sua face chocada.

— É que é tão chocante cada fato que você relata, que eu nem sei como agir ou o que falar.

— Então não fale nada. Eu sempre odiei que as pessoas me olhassem com pena, mas...

— Sei que é difícil pra você Elle...eu só quero te conhecer melhor, entender você, conhecer seus medos e inseguranças assim como quero que conheça os meus. – Jasper fala me encarando. — Eu só...quero poder ser o que você precisa, consegui te acalentar em cada recaída sua, quero que dívida seus medos, anseios, angústias, pesadelos, não apenas as coisas boas, mas principalmente as que lhe deixam tristes e que lhe afligem, porque eu quero poder te fazer sorrir nesses momentos, quero poder diminuir sua dor. – Ele fala encarando meus olhos me enchendo de um sentimento confuso.

— Vem cá. – Ele fala me puxando para um abraço onde me senti segura.

Jasper observava seu reflexo nu, no espelho do banheiro de seu quarto, ele odiava sua imagem e o que ela retratava, odiava cada cicatriz que habitava seu corpo  e a forma como cada uma fazia-o lembrar do que era capaz, odiava ser o monstro que era e odiava as atrocidades que um dia praticou. E mesmo que hoje ele não seja mais aquele demônio e se arrependa do que foi capaz de fazer, ele ainda se martiriza pelos atos do passado e pelo desejo por sangue humano que faz sua garganta queimar em lava, fazendo sua mente recriar cenas de como seria delicioso sugar até a última gota de sangue de cada humano que surge em sua frente. Principalmente quando falamos das duas garotas que de alguma forma seus sangues são tão atrativos, Isabella Swan e a sua doce Elle.

Ele nem sabe de onde tira tanto alto controle quando está perto de sua amada, o que não acontece quando está perto de Bella, é quase impossível se controlar, por isso ele tenta se manter afastado.

E nesse momento ele se questionava se ele mereci tê-la ao seu lado, se mereci ser amado por alguém como ela... tão especial e pura como Elle. Ela é um anjo e ele um demônio.

Enquanto isso, Elle se perguntava se estava sendo egoísta ao ponto de deixar alguém amá-la e no fim fazê-la sofrer com a sua morte. Se perguntava o que alguém como ele via nela. Uma garota sem nada de especial, com um passado conturbado, órfã e com transtornos mentais. O fato é que no momento ela se sentia tão inferior e insignificante, Jasper é lindo e ela nem está perto de ser tão atraente.

Com esses pensamentos a garota se joga na cama ainda de toalha, está cansada mentalmente e simplesmente só quer uma noite de sono tranquila sem sonhos estranhos ou pesadelos.

No outro dia, Elle acordar após receber uma mensagem de Lucas eles tem se aproximado gradativamente principalmente por participarem de atividades extracurriculares juntos, sendo em dança e música, eles formam uma dupla incrível e sempre são elogiados pelos professores em sala de aula.

Gabrielle-POV

Acordei com uma notificação em meu celular, indicando que havia chegado uma mensagem e já imaginava de quem seria.

Mensagem on:

Lucas: Bom dia flor do dia! Como está minha amiga mais que talentosa? – Lucas pergunta me fazendo sorrir.

Elle: Bom dia! Estou com sono ainda.🥱

Lucas: Credo Elle, já são 9:00 horas da manhã.🙄

Elle: Não revire os olhos pra mim senhor Lucas, não sei se você sabe mas hoje é sábado, dia de acordar tarde.

Lucas: Sim! Mas não sei se você se lembra que nós marcamos de nos encontrar, e eu irei te levar em um lugar e tenho certeza que você vai amar.

Elle: OK! Vou me arrumar, estarei te esperando. Bye!!!💕

Encerro bloqueando a tela do celular sem esperar uma resposta de Lucas e sigo para o banheiro tomar um banho bastante demorado.

Já se passaram alguns dias desde a semana que passei na casa dos Cullens e realmente foi divertido estou cada vez mais próxima deles, assim como de Lucas e Bella. E hoje Lucas marcou comigo para me levar em algum lugar que ele diz que vou amar, ele é realmente uma figura. A alguns dias atrás Lucas me levou até sua casa iríamos fazer um trabalho de dança juntos e tínhamos que preparar alguma coreografia em dupla, foi aí que o pai dele entrou no quarto e nos flagrou enquanto fazíamos uns passos onde tinha muita proximidade, o pai dele realmente achou que Lucas e eu estávamos namorando. Não afirmamos nem desmentimos nada, mas eu não me senti bem com aquilo e Lucas se sentiu mal por isso, me pedindo mil e uma desculpas que fiz questão de afirmar que não eram necessárias.

Após me arrumar fico esperando Lucas na sala e não demora muito para ele buzinar me alertando da sua chegada.

Saio de casa trancando a porta e sorrio para Lucas após ele abrir a porta do carro para mim.

— Obrigada. – Falo depositando o beijo em sua bochecha corada.

— Você está linda. – Fala me encarando por um momento antes de ligar o carro e dá partida.

— Nossa desse jeito eu vou me apaixonar. – Falo debochado de seu jeito galante.

— Duvido, nem que eu fosse o cara mais hétero você me trocaria pelo pedaço de mal caminho que Jasper Halle é. – Fala debochado enquanto eu gargalho.

— É, as vezes eu me pergunto como alguém como ele se interessou por mim. – Falo franzido a testa enquanto observo a rua pela janela do carro.

— O quê? Está louca... vocês ficam perfeitos juntos. – Lucas exclama indignado me fazendo soltar uma risadinha. — Eu sei que ele é um pouco estranho...– o fuzi-zo com o olhar.— mas vocês ficam fofos e eu vejo como ele te olha com tanta devoção, para de ser tão insegura garota você é incrível. – Lucas fala me deixando corada, ele realmente é uma pessoa que me faz bem.

— Tudo bem! Vamos mudar de assunto. Onde vamos?

— Surpresa! – Lucas fala divertido me deixando indignada.

— Seu chato. – Falo observando o espelho retrovisor e fico surpresa quando vejo dois patins de gelo. — Patins de gelo. – Falo e observo quando Lucas arregala os olhos.

— Porcaria...eu deveria ter jogado no porta-malas, era pra ser uma surpresa.– Fala indignado.

—Mas, foi uma surpresa pra mim...acredite...sabe que eu não sei andar nisso aí não é?– Exclamo óbvia. 

— Você aprende rápido... afinal você já sabe andar de patins.

— Patins que tem rodas e que servem para o asfalto não gelo. – Falo óbvia.

— Mas é tudo igual, e você é incrível eu vi as manobras que você faz. – Lucas fala se referindo aos vídeos que ele assistiu na minha casa.

— Fazia, eu não ando mais. – Falo triste.

— Mas hoje você vai sim, eu estou ansioso para te ver patinar, você ficaria linda naquelas roupas de patinação artística. – Fala sonhador

— O quê! Nem pensar, isso é ridículo. – Falo afobada.

— Calma Elle, eu só vou te ensinar a patinar no gelo, o que não vai ser difícil você já é incrível no patins.

— De rodinhas. – Completo.

— Tanto faz, a sensação é incrível também. Acredite você vai gostar.– Me olha sorridente.

— OK! – Falo sorridente enquanto ele estaciona.

— Nossa é enorme! – Falo admirando o local, que era realmente perfeito, tinha algumas arquibancadas de aparência confortável, a pista era enorme e o local era fechado, com uma iluminação perfeita. — como Forcks tem um lugar desses e eu não sábia? – Pergunto incrédula.

— Porque você só tem tempo e olhos para um carinha aí. – Lucas fala brincalhão.

— Por que está tão vazio? – Pergunto intrigada pois nós éramos os únicos ali.

— Porque hoje a pista de patinação é só nossa. – Fala me estendendo a mão. — Vem eu quero te apresentar uma pessoa. – Exclama me guiando até a parte te traz da pista de patinação e das arquibancadas.

Lucas me guia por um corredor e para em frente a uma porta de madeira dando três batidinhas na porta e escutamos um “pode entra” abafado e assim adentramos, encontrando uma mulher sentada em uma cadeira atrás de uma mesa de escritório.

— Olá Amanda! Essa é Elle, a amiga que eu queria te apresentar. Elle, essa é Amanda, dona do lugar e uma grande amiga. – Lucas fala nos apresentando.

Amanda era uma mulher de estatura média, pele clara, olhos e cabelos escuros e aparentava ter seus 30 anos.

— Olá... é um prazer! – Falo estendendo a mão para um aperto que não é correspondido me deixando constrangida.

— Não seja tímida. – Amanda fala saindo de detrás da mesa e rapidamente me abraça me deixando surpresa. — Lucas me falou muito bem de você. – Fala se desvencilhando do abraço e me observando atentamente.

— E nossa!... Você é mesmo linda. – Fala me mandando um sorriso gentil me deixando tímida.

— Obrigada! – Falo constrangida.

— Vem Elle, vamos começar.

Seguimos até a pista de patinação, colocamos os patins e Lucas me ajudou a me equilibrar no início, mas logo peguei o jeito afinal não era tão complicado como imaginei, a sensação era incrível e por um momento eu quis chorar mas me contive, não queria que Lucas me vise chorando.

Lucas começou a dar algumas piruetas em volta de mim, me deixando admirada, ele era bom, mas não dava para fazer muito por conta da sua calça jeans.

O tempo se passou rapidamente e almoçamos alí mesmo em uma lanchonete próxima e logo após um breve descanso retornamos a patinação.

— Você é bom. – Falo aplaudindo Lucas enquanto observo seus movimentos.

Após observar Lucas por alguns minutos me arrisco dando uma pequena pirueta, coisa de principiante.

— Muito bem, você nem bombeou. – Lucas fala vindo até mim e me estendendo a mão e logo entendo o que ele quer após escutar uma música de fundo ser iniciada mais especificamente a música que estamos ensaiando para o trabalho da escola.

Nós começamos a repassar os passos ensaiados, mas óbvio que eu estava super desajeitada, mas após repassar algumas vezes me senti mais confiante e conseguimos fazer um belo espetáculo. Finalizamos mais uma repassada da coreografia no gelo e recebemos os aplausos de Amanda que nos assistia com um grande sorriso.

— Vocês foram incríveis, nem parece que é a sua primeira vez em patins de gelo. Você é mesmo talentosa, Lucas me falou que você é ótima com patins de rodinhas, mas não achei que ficaria acostumada rapidamente a esse.

— É incrível, apesar de apertar um pouco por ser um modelo novo acho que posso me acostumar bem. – Falo sentindo meus pés latejarem um pouco.

Após nos despedirmos de Amanda seguimos até a mesma lanchonete próxima a pista de patinação onde almoçamos mais cedo e eu me encontrava realmente faminta. O dia hoje foi realmente divertido e eu espero voltar aqui mais vezes. 

Já se passava das 6 horas da noite quando Lucas me deixou em casa e eu caí cansada no sofá da sala e apenas me deitei alí sentindo o cansaço me levar para um sono profundo.