História Predestinado - Um novo morador

- Sendo o filho do presidente, pensei que seu apartamento fosse mais luxuoso – Dong Sun falou, quando Jin o levou até o quarto de TaeHyung, que passaria a ser o seu durante o próximo mês.

- Está achando ruim, por acaso? – Jin respondeu – Se for isso, sinta-se à vontade para procurar outro lugar para ficar.

- Nem – Dong Sun falou, estacionando suas malas numa parede e entrando no banheiro, preparado para realizar uma avaliação.

A expressão de TaeHyung não era das melhores. Estava irritado, e Jin não podia julgá-lo, também não estava se sentindo animado com o fato de Dong Sun morar com eles durante 1 mês, mas o amigo estava passando por uma necessidade e precisava de um lugar para ficar.

Enquanto organizava o quarto junto com o mais novo, fez uma pequena retrospectiva do que acontecera há apenas 2 horas.

Ele e TaeHyung estavam voltando do almoço quando encontraram Dong Sun na porta do seu apartamento, vestindo roupas casuais e trazendo consigo duas malas enormes, uma de cada lado do corpo.

“Eu realmente não tinha mais para quem pedir ajuda”, foi o que Dong Sun falou assim que viu Jin se aproximar. Em um gesto educado, Jin abriu a porta do apartamento e convidou-o para entrar. O amigo entrou, seguido de TaeHyung, que estava com uma expressão de pura confusão em seu rosto. “Acha que ele vai suspeitar por eu estar junto de você? ”, o garoto sussurrou, baixo o suficiente para Dong Sun não conseguir ouvir. Jin balançou a cabeça, negativamente, “ele sabe que moramos juntos, não se preocupe”, respondeu. O mais novo concordou e entrou, falando para Dong Sun ficar à vontade e sentar-se onde quisesse.

Dong Sun começou a se explicar assim que todos estavam sentados na sala de estar.

- Aconteceu uma tragédia no meu apartamento – ele começou – O encanamento do vizinho de cima estourou e meu apartamento está com goteiras enormes por causa disso. O encanador falou que vai demorar um mês inteiro para conseguir arrumar tudo. Meus pais moram em outro estado, e eu não quero ter que pedir pela boa vontade do meu ex-namorado. Pensei em ficar no hotel, mas todos os quartos estão ocupados por causa do congresso, então você foi o único em quem pensei na hora. Sei que é totalmente incômodo, mas será que eu posso ficar por aqui até tudo estar resolvido?

Jin pensou durantes vários minutos, mas vendo a expressão desesperada do amigo, não soube como dizer não. No fim, decidiram que Dong Sun ficaria no quarto de TaeHyung, enquanto que o mais novo iria dividir o quarto com Jin, já que a cama dele era maior.

- Me desculpem – Dong Sun pediu, levando as malas para o andar de cima com a ajuda de TaeHyung – Vai ser por apenas um mês, juro!

“Eu realmente espero que seja isso mesmo”, Jin suspirou enquanto trocava os lençóis da cama de TaeHyung e colocava novos no lugar.

- Pode deixar que eu desfaço as malas depois – Dong Sun falou, quando viu que Jin havia deitado a mala no chão – Não precisa fazer tanto, já é o suficiente, obrigado.

- Bem, então, seja bem-vindo – Jin falou – Qualquer problema, pode falar. Sinta-se em casa.

- Eu irei, obrigado.

Jin e TaeHyung se retiraram e foram em direção ao quarto de Jin. O mais novo começou a organizar o seu lado da cama, adicionando mais um travesseiro e seu purificador de ar.

- Eu me mexo muito durante o sono – TaeHyung avisou – Realmente não prefere que eu durma no chão? Ou no sofá?

- Para de falar besteiras – Jin respondeu – Minha cama é grande o suficiente para você dançar nela enquanto dorme e eu, ainda assim, nem sentir. Além do mais, eu tenho o sono pesado, então tudo bem.

TaeHyung concordou e sentou-se na beirada da cama, hesitante. Olhou para Jin como se quisesse conversar com ele, mas não tivesse coragem.

- O que foi? – Jin perguntou.

- Você e o Dong Sun se conhecem há muito tempo? – ele perguntou.

- Há dois anos, mais ou menos – Jin respondeu, sentando-se ao lado dele – Nos conhecemos quando eu comecei a trabalhar no hotel e ele tem me ajudado e me apoiado durante esse tempo.

- Ele parece ser um cara bem confiável.

- Ele é. Bem, pelo menos em questões profissionais, ele nunca desapontou. Mas só começamos a ficar mais chegados nesses últimos meses, quando ele estava passando por uns mal bocados por causa do término de namoro.  

- Entendi – TaeHyung falou, olhando para o nada.

- Por que?

- Nada, estava apenas curioso. Deve ser bom ter alguém com quem contar.

- Bem, somos ambos profissionais, então apenas fazemos nosso trabalho. É um processo em conjunto para conseguirmos levantar o hotel.

Jin bagunçou os cabelos de TaeHyung em um gesto habitual e se levantou.

- Bem, fique à vontade. Eu preciso terminar algumas coisas pendentes do hotel. Com toda essa correria, o tempo passou e a gente nem viu. Se quiser tomar banho e se deitar...

- Eu vou terminar minhas tarefas também – TaeHyung respondeu, se levantando e pegando seu notebook.

Jin concordou e arrumou um espaço livre em sua mesa para que TaeHyung pudesse se acomodar. O garoto se sentou e começou a trabalhar, totalmente focado no que estava fazendo. De vez em quando, Jin dava umas espiadas para ver como o mais novo estava se saindo e se sentia feliz por saber que ele estava se saindo bem sozinho.

Quando o relógio apitou, anunciando as 23h horas, TaeHyung bocejou e se espreguiçou na cadeira, estalando os ossos do corpo. Se apoiou em um dos braços, olhando concentrado para a tela e Jin observou enquanto os olhos do garoto iam se fechando lentamente, vencidos pelo cansaço, e deu uma risada baixa, com medo de acordá-lo. Levantou-se uns minutos depois e pegou TaeHyung no colo, com um pouco mais de dificuldade do que fizera na primeira vez, já que o garoto – felizmente – ganhara peso desde aquele tempo. Com cuidado, acomodou-o no seu lado da cama e cobriu seu corpo. O mais novo murmurou algo incompreensível e se remexeu na cama até encontrar uma posição que o deixasse mais confortável, como se seu corpo tivesse percebido a mudança do local onde ele sempre dormia. Jin suspirou, TaeHyung realmente devia estar falando sério quando disse que se mexia muito durante o sono.

Ele voltou ao notebook, e finalizou as pendências apenas às 1h da madrugada, quando finalmente desligou as coisas e se ajeitou para dormir, rezando para que TaeHyung não acabasse, acidentalmente, lhe chutando a cara durante a noite.

DONG SUN JÁ ESTAVA acordado quando Jin desceu as escadas para o café da manhã. O amigo estava preparado para mais um dia de trabalho, vestido com seus ternos sempre bem passados e exalando seu fresco aroma de loção pós-barba. Não encontrou TaeHyung em lugar nenhum desde que acordara e perguntou onde ele poderia ter ido.

- Ele foi comprar o café da manhã – Dong Sun respondeu, tomando um gole de café na xícara que ele mesmo trouxera de sua casa. Jin caminhou até o bule e se serviu também, encostando seu corpo na pia enquanto observava o amigo ler as notícias do dia em seu celular – Ele desceu as escadas apressado, me cumprimentou apressado, falou que acordou atrasado e que não iria dar tempo de cozinhar o café da manhã para três pessoas, então saiu para comprar algo pronto. Ele deve estar de volta daqui a pouco – o amigo explicou, não tirando os olhos da tela.

- Ele realmente não precisava se preocupar com isso – Jin falou para ninguém em específico – Ele ficou acordado até tarde ontem e deveria dormir um pouco mais.

Aquilo parece ter chamado a atenção de Dong Sun, que levantou a cabeça e encarou Jin, um sorriso malicioso se formando em seus lábios. Jin previu o que o amigo iria falar e se antecipou.

- Não – falou, entrando em defensiva – Nem vem, não são nem 8h da manhã.

- Pouco importa o horário – Dong Sun falou – Você acabou de me lembrar que ainda não tivemos uma conversa apropriada sobre o que está acontecendo entre vocês dois.

- Não tivemos uma conversa sobre isso porque não há nada acontecendo entre nós dois.

- Vá mentir para outra pessoa, porque você sabe que isso não pega comigo. Me diga como foi dividir o quarto com ele.

- Foi a mesma coisa que dormir com um irmão.

- Até parece – Dong Sun revirou os olhos, e depois olhou para ele, animado – Aposto que houve muita nudez e suores misturados, certo?

Jin fez uma expressão que beirava ao horror e a incredibilidade.

- De onde você tira esses pensamentos errados?? – ele perguntou – Amigos não podem dividir um quarto sem quaisquer intenções secundárias?

- Não quando eles, claramente, têm atração um pelo outro. E ainda menos quando os dois são super atraentes. Eu mesmo, não me seguraria se estivesse dividindo a mesma cama que você.

A expressão de choque em Jin foi totalmente honesta, e ele levantou os braços sobre seu tronco, como se aquilo pudesse, de alguma forma, bloquear toda essa conversa. Dong Sun estava falando com um tom brincalhão, então Jin correspondeu ao tom quando respondeu:

- Eu coloquei um pervertido dentro da minha casa!! – falou.

Dong Sun deu risada, mas voltou a ter a expressão séria e apontou o celular para Jin: - Não tente mudar de assunto, espertinho – falou – Acha mesmo que apenas isso será o suficiente para me fazer esquecer o objetivo principal dessa conversa? Eu sei que vocês se pegaram dentro daquela enfermaria na sexta-feira e, Deus sabe o que mais deve ter acontecido quando vocês chegaram em casa.  

Jin suspirou, pensando se já era hora de se arrepender da decisão de ter deixado Dong Sun morar com eles. Ele sabia que não conseguiria fugir por mais tempo, então apenas decidiu ser honesto. De qualquer modo, o amigo já sabia da maior parte.

- Aconteceu alguma coisa naquela enfermaria, na sexta-feira – Jin começou – Talvez tenha sido por causa do calor do momento ou algo do tipo...

- Ou por causa dos sentimentos reprimidos durante muito tempo – Dong Sun interrompeu, completamente animado e focado em Jin.

- Cale a boca – Jin falou – Ou eu paro de contar a história.

- Desculpe – Dong Sun pediu, passando os dedos pelo lábio horizontalmente, num gesto que indicava que ele iria fechar a boca.

- Por causa das circunstâncias daquele dia, eu acabei beijando-o. E ele retribuiu ao beijo. Você acabou ligando naquela hora, interrompendo as coisas e decidimos conversar sobre isso quando estivéssemos ambos de cabeça fria.

Jin olhou pra Dong Sun, que estava com uma expressão amarga de arrependimento, como se tivesse feito algo errado.

- Decidi que iria conversar com ele quando chegasse em casa, mais tarde, mas houve um imprevisto.

Então, Jin resumiu toda a história sobre a visita repentina de seu pai, a explosão dele ao ver TaeHyung, a história sobre a venda da pousada de sua avó, e sobre como tudo isso acabou interferindo na conversa que ele planejava ter, tanto que até perdeu a coragem de voltar ao assunto. Dong Sun ouviu toda a conversa atentamente, e ficou pensativo depois que Jin acabou, como se estivesse analisando as possibilidades.

- O que TaeHyung sente por você? – ele acabou perguntando, por fim.

Aquela pergunta pegou Jin totalmente de surpresa, causando um aumento em seus batimentos cardíacos. Nunca havia feito essa pergunta em voz alta, e ouvi-la e tentar respondê-la acabou deixando-o inseguro.

- Eu não sei – ele respondeu, honestamente.

- Bem, é difícil falar pelos outros – Dong Sun falou – Vamos falar de você então. O que você sente pelo TaeHyung?

E de novo essa pergunta. Aquela capaz de fazer com que Jin perdesse noites de sono.

- Eu não sei – Jin respondeu novamente, mas começou a jogar as palavras para fora, de modo totalmente bagunçado, para ver se Dong Sun conseguiria captar alguma coisa e organizar seus pensamentos – Quanto mais eu penso nisso, mais parece errado. Quer dizer, eu tenho um sentimento totalmente protetor pelo TaeHyung, do mesmo modo que um irmão mais velho teria pelo seu irmão mais novo, certo? Sinto uma responsabilidade enorme por ele, e quero que ele seja capaz de ser feliz, do mesmo jeito que um pai faria, certo? Não é totalmente errado eu estar beijando-o sendo que deveríamos ser como uma família? TaeHyung vai me olhar de um modo diferente se eu continuar com isso, ele vai me olhar com asco? Como se eu fosse um aproveitador que só o trouxe para dentro dessa casa com segundas intenções? Além de tudo isso, eu não posso envolver TaeHyung nos meus desentendimentos de família e acabar fazendo com que ele se sinta inseguro...

- Ok, se acalme – Dong Sun interrompeu, levantando-se da cadeira e colocando as mãos sobre os ombros largos de Jin – Como você mesmo disse, não são nem mesmo 8h da manhã e você está me bombardeando de informações.

- Foi você quem pediu!! – Jin acabou se exaltando.

- Sim, sim, foi mesmo. Não se preocupe tanto em relação a TaeHyung, tenho certeza que ele...

Dong Sun se interrompeu quando ouviu alguém abrir a porta da frente, tirou rapidamente as mãos dos ombros de Jin e se virou para observar enquanto TaeHyung entrava, levantando uma sacola plástica com um sorriso no rosto. O mais novo sentiu a atmosfera do local e seu sorriso se desfez, dando local para a dúvida.

- Eu trouxe o café da manhã – anunciou – O que aconteceu?

Jin não conseguia o encarar depois de falar tanto a respeito de seus sentimentos sobre ele, então Dong Sun tomou seu lugar.

- Nada demais – falou, animado. Se aproximou do garoto e pegou a sacola, abrindo-a e permitindo que o vapor se espalhasse pela cozinha – Esse cheiro está maravilhoso, o que você comprou?

- Comprei uma dúzia de baozi – ele respondeu, apesar de ainda estar desconfiado, e sentou-se ao lado de Dong Sun quando o mesmo se sentou no balcão da cozinha.

- Uau, faz séculos que eu não como baozi – Dong Sun comentou, quase babando – Até me esqueci do sabor que eles têm – pegou um com as mãos nuas, apesar de estarem quentes e deu uma mordida, grande o suficiente para levar metade do pãozinho embora. Olhou para Jin, que ainda estava de pé e chamou sua atenção – O que você está fazendo parado aí? Coma logo antes que esfrie e vamos nos apressar para irmos ao hotel. Temos muito trabalho para fazermos hoje.