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História Predestinado - Sobre o otimismo


Escrita por: moonbbit e heynnie

Capítulo 15 - Sobre o otimismo


A aula tinha sido totalmente improdutiva. Não porque houve algum erro com a matéria, mas sim porque TaeHyung não conseguia se focar de jeito nenhum. Tudo o que ele conseguia fazer era olhar para o quadro branco e pensar no que havia acontecido mais cedo naquele dia. A atmosfera estava estranha e pesada, como se os dois estivessem escondendo alguma coisa de TaeHyung, e ele não gostava daquilo. Não era preciso de muito para saber que TaeHyung estava com ciúmes, e estava com medo de parecer obsessivo em relação a Jin, mas era exatamente assim que se sentia. Tinha uma atração pelo mais velho desde alguns meses atrás, mas nunca passou dos limites, por imaginar que Jin nunca sentiria o mesmo por ele. Até o dia da enfermaria chegar. O peito de TaeHyung pareceu explodir quando Jin tomou a iniciativa e o beijou, cegando todos os sentidos de TaeHyung e causando um curto circuito em seus nervos, aumentando o calor de seu corpo em vários graus e tornando-o em alguém incapaz de controlar a si mesmo. Pensou que finalmente poderia revelar o que sentia, mas com tudo o que andou acontecendo, parecia até que os céus estavam enviando um sinal de que não era uma boa ideia seguir adiante.

TaeHyung não queria causar ainda mais problemas a Jin, e não soube como agir ao saber que o mais velho trocou a pousada da avó por ele. Sentia uma culpa o consumir todos os dias, e não poder conversar com Jin em relação a tudo o que estava acontecendo entre eles apenas piorava a situação, mas não podia cobrar isso dele, ainda mais quando Jin havia desistido do sonho dele para manter TaeHyung ao seu lado. Ele não queria pressioná-lo sobre uma coisa que não deve ter significado muita coisa para Jin.

- Por hoje é isso, pessoal – o professor anunciou o fim das aulas, e a turma começou a guardar seu material. TaeHyung se levantou e estava colocando o livro na mochila quando lhe chamaram a atenção – TaeHyung, se importaria de ficar uns minutinhos depois da aula? Preciso falar com você – avisou o professor.

TaeHyung assentiu, e já começou a procurar por motivos que tenham feito o professor pedir para ele ficar, imaginando se errou em algum trabalho, atividade, ou se foi desrespeitoso em alguma situação. Não conseguiu se lembrar de nada, e ia precisar esperar o professor para lhe sanar a dúvida. Ele se levantou quando o último aluno saiu da sala e caminhou em direção a mesa do professor, que olhou para cima e sorriu.

- TaeHyung, tenho algumas novidades para você – o professor anunciou – Puxe uma cadeira e sente-se.

O garoto o obedeceu. Puxou a cadeira da primeira fileira e sentou-se ao lado do professor. Moon Kwan era um homem que estava na casa dos 40 anos, com um porte atlético apesar de não demonstrar tantas paranoias em relação à própria aparência. Tinha um olhar gentil, e rugas ao redor dos olhos, que indicava que era um homem que gostava de sorrir. Tinha uma bagagem profissional enorme, mas era perito em fotografia de moda, já tendo trabalhado em vários desfiles importantes, além de revistas e ensaios para novas coleções de roupas.

- TaeHyung, você me disse que ainda não havia decidido sobre qual especialização seguir, certo? – ele perguntou.

O garoto acenou com a cabeça em resposta e acrescentou o que Jin havia sugerido a ele no almoço: - Eu queria saber se é possível mesclar as duas áreas.

O professor pensou durante uns minutos.

- Bem, é bem possível sim – respondeu – O incrível da fotografia é que você pode criar seu próprio padrão, transformando em arte seu ponto de vista e o modo como você quer retratar a realidade em que você vive.

TaeHyung sorriu ao ouvir uma dose de sabedoria de seu professor, e respondeu que seria o que ele iria fazer.

- Você sabe que teve o Congresso Fotografe esse final de semana, certo? – perguntou seu professor.

- Certo – ele respondeu, tentando imaginar o rumo que a conversa iria levar.

- E lá, eu revi vários fotógrafos incríveis que eu tive o prazer de conhecer durante minha vida profissional, e um deles foi o Park DaeHo. Já ouviu falar dele?

TaeHyung concordou com a cabeça: - Se não me engano, ele é fotógrafo do Ministério de Cultura e Turismo da Coréia do Sul, certo? Ele é bem famoso pela sua fotografia de paisagens.

- Sim, a fotografia dele é incrível. Mas no início, ele não se especializou em fotografia de paisagem, e sim em fotografia artística.

TaeHyung se surpreendeu, seus olhos grandes se arregalando. O professor deu risada.

- Parece familiar, certo? – ele perguntou – Mas esse não é o caso aqui. Eu comentei sobre como vocês eram parecidos e ele ficou bem curioso sobre você. Então mostrei a ele alguns dos seus trabalhos que você postou na rede social da escola e o interesse dele por você aumentou um bocado. Ele te fez uma proposta e pediu para que eu lhe repassasse. Você estaria interessado em se tornar estagiário de um dos maiores nomes da fotografia coreana?

TaeHyung estava completamente sem palavras. Não sabia se gritava de excitação, se chorava de contentamento, ou se desmaiava de emoção. Tudo o que conseguiu fazer foi abrir um sorriso enorme, incapaz de esconder a felicidade e concordar avidamente com a proposta, balançando a cabeça tanto que ficou até tonto depois.

- Que bom que aceitou, TaeHyung – falou o professor, rindo – Fico feliz por você. Seu trabalho é ótimo e ficará ainda melhor com os ensinamentos de DaeHo. Essa é uma oportunidade única, então espero que a aproveite!

- Eu irei, professor. Muito obrigado mesmo!

Ele se levantou rapidamente e curvou-se em agradecimento. Kwan se levantou também, e deu uns tapinhas nas costas do garoto.

- Não precisa de tanto – falou – Vou repassar sua resposta para ele e junto, passarei seu contato também. Ele irá te ligar quando tiver um tempo livre para que vocês possam se encontrar e conversar melhor sobre o estágio.

TaeHyung agradeceu novamente e o professor o dispensou com um sorriso no rosto. O garoto continuou sorrindo feito um bobo, e só conseguia imaginar em como iria contar a novidade para Jin. Será que o mais velho iria parabenizá-lo? TaeHyung tinha certeza que sim, seu hyung o apoiava em tudo o que ele fazia.

Estava tão distraído com seus pensamentos que não viu a figura familiar ao lado do portão de saída, até que a voz grossa o chamou.

- Ei, otário.

TaeHyung se virou rapidamente, e o sorriso deixou seus lábios. Sua expressão se tornou dura e seu olhar fixou no rosto de Chul Moo.

- O que pensa que está fazendo? Rindo igual a um retardado – Chul Moo perguntou, desencostando-se da parede e se aproximando do garoto.

- O que pensa que está fazendo aqui? – TaeHyung perguntou de volta – Como sabe que estudo aqui?

O outro deu de ombros, como se estivesse desinteressado. TaeHyung não sabia como Chul Moo tinha coragem de sair de casa e permitir que os outros vissem seu estado. Seu olho tinha um hematoma enorme e a boca, assim como a de TaeHyung, estava machucada. Ele mancava enquanto andava, o que indicava que o chute que Jin o dera na costela havia feito efeito. E seu cabelo, que estava sempre um fuá, havia desaparecido. O garoto havia cortado os fios até a raiz da cabeça, fortificando a imagem de desordeiro que tinham dele.

- Não é muito difícil descobrir coisas sobre você – Chul Moo respondeu.

- O que você quer? Que eu equilibre as coisas e deixe seu outro olho roxo também?

- Não seja tão arrogante, foram dois contra um naquele dia.

- Ora, isso parece ter sido familiar para você então, certo?

- Eu não estou aqui para falar sobre isso.

- Não consigo enxergar nenhum outro motivo para você me procurar sem ser este.

Chul Moo ficou em silêncio enquanto encarava TaeHyung. Ele parecia estar tendo uma batalha interna e suspirou pesadamente várias vezes antes de falar novamente.

- Me desculpe por ter causado confusão naquele dia – falou por fim, num fôlego só.

TaeHyung ficou sem reação. Aparentemente, hoje era o dia internacional de deixar TaeHyung sem fala, e ele não estava sabendo.

- Chul Moo, se quiser brigar comigo, apenas cai pra cima. Não precisa ficar fazendo essas coisas assustadoras.

- Vá a merda, TaeHyung – Chul Moo vociferou, mas sua expressão era de vergonha – Você acha mesmo que eu gostaria de falar isso para você? Estou sendo obrigado, obviamente.

- Não consigo imaginar alguém que consiga te obrigar a alguma coisa – o garoto respondeu, surpreso.

- Dane-se o que você imagina – ele se virou para ir embora, resmungando – Minha parte está feita.

TaeHyung não soube explicar exatamente o porquê, mas sentiu que deveria chamá-lo de volta. Sentiu como se aquilo fosse um prenúncio de mudança, e que ele deveria agarrar isso e observar no que iria dar.

- Ei – ele chamou. Chul Moo parou e se virou, com o olhar ainda zangado. TaeHyung levantou o braço e olhou para seu relógio de pulso – Ainda tenho um tempo antes de ir para o trabalho. O que me diz de um café gelado?

A expressão de Chul Moo suavizou, dando lugar para a surpresa. Em silêncio, ele apenas concordou com a cabeça, e seguiu TaeHyung quando o mesmo começou a caminhar em direção a cafeteria que tinha ali próximo. Sentaram-se em uma mesa baixa com duas poltronas confortáveis, que ficava ao lado de uma janela que ia do chão ao teto. Fizeram o pedido e continuaram em silêncio durante todo o momento em que a bebida não chegava, num desconforto palpável.

- Então... – TaeHyung tentou melhorar o clima – O que você estava fazendo no congresso aquele dia? Não me diga que você virou médico.

- Eu estava acompanhando meus pais – Chul Moo falou, e tomou um gole do Americano Ice que o garçom acabara de trazer.

TaeHyung ficou surpreso com a revelação e ainda mais com o fato de estar, sinceramente, feliz por Chul Moo.

- Uau, isso é ótimo – falou – Como eles são?

Chul Moo deu de ombros novamente. TaeHyung reparou na nova mania dele de sempre dar de ombros, tentando demonstrar desinteresse em tudo.

- São bons – respondeu – Meu pai é cardiologista e minha mãe é psicóloga e psiquiatra. Ela me mantém na linha e usa a área de estudo dela para tentar me entender. Da última vez, ela me diagnosticou como alguém que tem o comportamento agressivo, resultante dos acontecimentos da minha infância.

- Uau, nunca imaginamos que pudesse ser isso – TaeHyung falou, irônico.

Chul Moo lançou um olhar hostil em direção a ele: - Cale a boca – falou, encabulado.

TaeHyung tomou um gole de seu Caramel Macchiato e continuou a conversa: - Fico feliz por você, de verdade. É difícil de os adolescentes serem adotados e mesmo assim você parece ter encontrado uma ótima família.

- Bem, ainda estou esperando pelo dia em que eles irão querer que eu vá embora – Chul Moo respondeu, sincero – Às vezes, sinto que só estou lá pelo interesse que minha mãe tem sobre minha personalidade, e assim que ela descobrir tudo sobre mim, me mandará embora e procurará por outro objeto de estudo.

Incrivelmente, TaeHyung entendia o lado de Chul Moo. Entendia o motivo pelo qual ele estava inseguro, porque também já se sentiu assim um dia.

- Eu não acho que vá ser assim – TaeHyung falou – Você foi adotado aos 17 anos, certo? E agora está com o quê? 20? Se eles quisessem te mandar embora, teriam feito isso mais cedo. Pare de ser pessimista, eles gostam de você.

Chul Moo deu uma risada debochada e virou o rosto em direção ao vidro, encarando o lado de fora da cafeteria: - E você é sempre tão otimista – ele murmurou, tão baixo que TaeHyung quase não o compreendeu.

O garoto ficou em silêncio enquanto esperava pelo seu antigo rival lidar com os próprios pensamentos. Aproveitou o momento para olhar para si mesmo, e viu como tinha sorte. Por mais que ele não tivesse sido adotado por uma família, ele encontrou alguém tão importante quanto.

- Eu realmente te invejo – Chul Moo falou, voltando-se para ele – Sempre que eu te via, você sempre estava otimista. Seus olhos sempre brilhavam de expectativas. Até mesmo nos seus piores dias, quando você tinha sido devolvido várias vezes e vinha para as ruas para brigar e procurar conforto, até mesmo assim, seus olhos tinham um brilho ínfimo de esperança.

TaeHyung ouviu àquilo em silêncio. Nunca imaginara que era assim que aparentava para os outros.

- Eu tinha tanta raiva disso! – continuou – Num mundo como o nosso, ter esperanças e expectativas é como um crime, e mesmo assim você as mantinha. Eu ficava louco para despedaçar o que sobrava dela. Acho que eu apenas tinha inveja, queria poder ter sido como você.

- Você não está pior do que eu agora – TaeHyung observou.

- Queria ter sido melhor.

O garoto suspirou e sorriu: - Fico feliz que você esteja pensando dessa forma atualmente – falou – Sabe que nunca é tarde para mudar.

- Guarde suas frases motivacionais para outra pessoa – Chul Moo falou – Me expus mais aqui, em 20 minutos de conversa, do que jamais me expus com minha mãe.

- Será que isso é um sinal de que eu deveria repensar minha profissão? – TaeHyung brincou. Chul Moo o encarou mal humorado e fez um hunf!. Algumas coisas nunca mudam.

Os dois terminaram suas bebidas e se levantaram para ir embora. TaeHyung insistiu em pagar a conta, e Chul Moo cedeu no final, alegando que iria ficar em dívida com o garoto e que iria encontrar um modo de pagá-lo mais adiante. Eles se despediram e cada um seguiu para o lado oposto. TaeHyung olhou o horário em seu relógio de pulso, estava atrasado, mas mesmo assim, quis aproveitar o clima agradável para caminhar lentamente enquanto absorvia e processava toda a conversa que ele tivera com seu rival de infância.

Assim como TaeHyung e o restante dos órfãos imaginava, existia um motivo pelo qual Chul Moo possuía aquela personalidade. Todo mundo ali tinha seus próprios fantasmas para encarar, e talvez fosse por isso que TaeHyung podia entender o outro tão bem. Sentia como se eles conversassem a cada pancada e chute que davam um no outro, e esperou que Chul Moo pudesse se manter esperançoso, porque tinha certeza de que o futuro, mesmo não sendo fácil, seria incrível. Era dessa forma que TaeHyung estava vivendo também.

Chegou uns 30 minutos atrasados. Estava indo em direção ao vestuário quando passou por um corredor escondido e ouviu alguém chamá-lo. O lugar estava meio escuro, por isso, precisou olhar durante alguns segundos antes de descobrir Jin ali, chamando-o com a mão. TaeHyung deu risada e se aproximou.

- Você chegou atrasado hoje – Jin observou, preocupado – Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada – TaeHyung falou, e riu – Desculpe por ter chegado atrasado.

Jin não o respondeu, mas sorriu e bagunçou seus cabelos, em seu gesto habitual que fazia TaeHyung se derreter por dentro, e o desejou um bom trabalho, saindo de fininho para ninguém o notar. TaeHyung se lembrou que precisava falar com ele, e o segurou pela mão antes que ele pudesse ir embora.

- Hyung – ele sussurrou – Eu preciso te contar uma coisa depois.

- Tudo bem – Jin respondeu – Me conte hoje à noite, quando eu chegar da faculdade.

TaeHyung concordou com a cabeça e o soltou, deixando Jin voltar ao seu trabalho. Ele sorriu de novo e voltou a caminhar de volta ao vestuário, preparando-se para mais um turno de trabalho. Talvez TaeHyung realmente fosse um esperançoso. Estava novamente com esperanças de ter um futuro incrível pela frente, não importasse quantos desafios e dificuldades iria passar durante o trajeto.



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