Do alto do prédio de vinte andares o mundo abaixo de si parecia insignificante e pequeno. Insignificante e pequeno, assim como ele se sentiu durante a vida toda. Os pedestres lembravam-lhe formiguinhas indefesas, bastava pisar e boa parte deles morreria. E foi sendo pisado, várias vezes seguidas, que ele também morreu... aos poucos.
Do alto do prédio de vinte andares, sentia-se protegido e inalcançável. Ali ninguém poderia magoá-lo. Rodeado pelo nada, o vento forte e a imensidão do céu noturno eram sua proteção. Chovia intensamente e a chuva fria lavava-lhe o corpo, mas não a alma. Algumas feridas pareciam nunca cicatrizar.
Do alto do prédio de vinte andares, solitário e silencioso, descobriu dentro de si uma coragem inédita. Andava pela borda do local displicentemente, abrindo os braços e equilibrando-se de maneira mortal. Queria ter asas como os pássaros; queria voar; queria ser livre.
Do alto do prédio de vinte andares, finalmente pulou. Até pensou ter asas, mas estavam quebradas, então ele não voou. Despencou em queda livre, desesperado e ansioso, desejando transformar-se nas belas luzes que iluminavam a cidade, no entanto, espatifou-se no asfalto alagado, deixando ali uma poça de sangue e desilusões. Agora morto, nem seu último desejo realizou.
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