História Pregnant - Por quanto tempo irei aguentar?

Era para eu ser apenas a cabeleireira dos rapazes, a mulher que ficava quieta na maior parte do tempo e não gostava de se envolver com os outros. Mas tudo foi por água abaixo.

Fui uma das primeiras a chegar no camarim para deixar tudo arrumado e mais tarde apenas arrumar cada um deles, mas enquanto tirava da grande bolsa que havia levado comigo alguns grampos e pentes aquele típico enjoo que venho sentindo há mais de um mês voltou e tive que me apressar para ir ao banheiro. Escovei meus dentes e quando voltei para o camarim observei que a minha ajudante havia chegado, tomei um comprimido que o médico havia me receitado e sentei-me no pequeno sofá preto para descansar um pouco.

— Você está bem? — ela indagou e eu apenas assenti enquanto passava uma de minhas mãos pela minha barriga, a acariciando. — Por que tem passado mal frequentemente? Não me diga que seu namorado vai ser papai. — brincou.

— Talvez sim. — respondi e me levantei novamente, ameacei pegar o secador de dentro da bolsa, mas Young Kim colocou sua mão sobre a minha.

— Deixa que eu arrumo, você parece cansada, descanse um pouco. — disse e eu sorri em forma de agradecimento, adorava ela e como se comportava diante de situações como essa. 

E eu realmente estava cansada, havia tido noites em claro por conta das contrações na barriga que estava sentindo. Eu apenas passava as madrugadas olhando para o teto ou me contorcendo na cama de dor. Acontece que, eu nem sequer tinha um namorado para começo de conversa, apenas fingia ter um para não ter que contar a verdade. Dizer o que realmente acontecia comigo e quem havia feito isso não estava nos meus planos tão cedo. 

Como havia somente nós duas eu me deitei no sofá colocando os pés para cima e fechei meus olhos, tentei pensar em coisas felizes e logo peguei no sono. 

[...]

Ouvi vozes de longe e abri meus olhos tentando me situar e lembrar onde estava, foi aí que lembrei e rapidamente sentei-me no sofá. As roupas do show havia chegado, todos os dançarinos e aquele bando de pessoas que tinham uma função específica, mas ninguém havia me acordado. Peguei meu celular do bolso e olhei vendo que o relógio marcava exatamente três da tarde, num pulo levantei do sofá e ajeitei minha roupa que estava um pouco amarrotada.

— Vou sair para comer alguma coisa, ligue para os rapazes e diga que eles já podem vir. — avisei para Young Kim que assentiu e então saí do camarim.

Do lado de fora podia ouvir as inúmeras vozes das fãs que entravam no estádio e de uma das frestas de trás do palco pude ver que estava ficando bem cheio. As pessoas chegavam trazendo inúmeras coisas em suas mãos e pareciam felizes por estar ali. 

Na outra sala peguei algumas frutas e voltei ao camarim onde encontrei Choi Seung-Hyun sentado no sofá que eu estava deitada até um tempo atrás e o mesmo estava com aquele inseparável roupão. 

— Quero ser o primeiro. — ele disse assim que me viu e eu assenti, mas quando ia deixar o prato sobre a mesa ele levantou a mão. — Pode comer antes.

— Obrigada. — disse e sentei-me ao seu lado.

Parti a maçã com uma faca e comi os pedaços, depois parti a pera e peguei uma garrafa de água para beber. 

De alguma forma eu não me sentia mais a vontade perto daquelas pessoas. Era como se todos me olhassem e soubessem o que eu escondia. Antes eu chegava e fazia brincadeiras, ria dos outros e debochava junto, mas agora apenas olho para todos e penso: "Estou aqui porque preciso de dinheiro". Eu realmente gostava de estar perto deles, mas agora as coisas mudaram. 

Terminei de comer e pedi para que Seung-Hyun se sentasse na cadeira de frente para o espelho e assim ele fez, enquanto eu escovava seu cabelo para o lado ouvi a porta ser aberta e Young Bae entrar no camarim cumprimentando todos com um rápido "oi". Ele se sentou na cadeira ao lado da de Choi e Young Kim começou a fazer seu cabelo. Não demorou muito para eu e ela trocarmos de pessoas e eu começar a aplicar as trancinhas no cabelo do YB enquanto ela aplicava o gel no cabelo do TOP. O terceiro a chegar foi Seungri e ele optou por ir comer alguma coisa antes de fazer seu cabelo. 

— Obrigado Esther. — disse Young Bae assim que terminei e ele se levantou da cadeira, eu apenas sorri e ele foi comer algo. 

Olhei para trás e observei os dançarinos trocando de roupa, era uma das melhores partes de trabalhar naquele lugar junto com aqueles deuses-asiáticos. Já as mulheres seguiam tudo o mesmo padrão: sem peito, sem bunda e branca azeda. Não que eu não fosse branca, mas não era como elas. 

— Terra chamando Esther! — Daesung passou a mão em frente ao meu rosto e eu o olhei, ele sorria. — Quer que eu te traga um pote para não babar e pingar no chão? — brincou e eu bati de leve em seu ombro.

— Não estava babando. — me defendi e ele assentiu. — Sente-se aí. — apontei para a cadeira.

Então fiz seu cabelo e Young Kim terminou o de Choi e começou o de Seungri que já havia acabado de comer. Mais uma vez a porta foi aberta e Ji Yong chegou já arrumado, ele era o último a chegar, mas em compensação só ficava faltando seu cabelo para arrumar. E eu sabia muito bem o motivo.

Todos os dançarinos saíram do camarim, as pessoas da produção e os maquiadores saíram para comer alguma coisa, Young Kim se afastou para descansar do lado de fora e os rapazes foram treinar uma última vez algo que não se recordavam ou faziam muito bem me deixando sozinha com Ji Yong naquele lugar. Enquanto eu passava a prancha modeladora em seus cabelos agora pintados de preto ele mexia no celular e eu agradecia mentalmente por estarmos em silêncio. 

Quando eu finalmente terminei já eram seis da tarde e faltava mais uma hora para o show começar. Eu estava exausta e com minhas pernas doendo de ficar tanto tempo em pé, mas não reclamei de nada. 

— Por que anda tão quieta ultimamente? — ele perguntou se levantando da cadeira. — Aconteceu algo?

— Não. — respondi e comecei a guardar as coisas na bolsa novamente. — Se importa se eu sair agora? Young Kim vai ficar. 

Ele balançou a cabeça negando.

— Pode ir. — disse e eu sorri, coloquei a alça da bolsa em meu ombro e direcionei-me até a porta do camarim. — Esther? — me chamou e eu parei para olhá-lo. — Não vai me desejar boa sorte?

— Você não precisa, mas de qualquer forma boa sorte. Nos vemos amanhã novamente.

Ele se aproximou e me deu um breve selinho.

— Posso ir na sua casa depois que sair daqui? — perguntou. — Estou com saudades e você tem me ignorado bastante. 

— Sabe o que é? Hoje não vou para minha casa, minha mãe vai fazer um jantar na casa dela. — menti e ele assentiu.

— Poderia me falar que não quer me ver. — riu. — Mentir é feio.

— Fingir estar com saudades também. 

Girei a maçaneta da porta e saí do camarim o deixando sozinho. No corredor passei por algumas pessoas e dei uma breve passada na outra sala para me despedir dos outros, depois segui o caminho até minha casa. 

Eu não sabia por quanto tempo conseguiria manter em segredo o que tinha.