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História Presente de Natal - Sinais


Escrita por: Bryhanny

Capítulo 22 - Sinais


Os talheres de prata tilintavam enquanto dezenas de pessoas se serviam diante da mesa ricamente ornada. À sua volta, os comensais conversavam à vontade, enquanto outros caminhavam em direção à sala de jogos, ou à varanda a fim de saborear um bom charuto ao ar livre. Alguns convidados viam as moças acotovelarem-se no salão de dança ao som do cravo tocado pela anfitriã, esperando sua vez para dançar com o mais desejado solteiro de Londres. E não era por ser o primo do rei George, filho do mais destacado Comandante, mas também por ser um dos jovens mais bonitos que qualquer moça debutante já tivera o prazer de dançar. Em suas roupas de militar lá estava ele com dezenas de moças ao seu redor, que quase não o deixavam sequer descansar.

O fim da primavera era sempre uma época bastante tumultuada em Lancaster Crescent, a mansão herdada por sua família desde os tempos elisabetanos. Mais recentemente o movimento aumentou, obrigando Kentin a ficar nesses eventos muito mais do que gostaria ou estava acostumado. Mesmo sendo de uma importante família, não se sentia à vontade participando de todas aquelas festas, mas sua mãe estava disposta a ganhar um neto antes que ele resolvesse sumir novamente. Foi o que ela dissera quando Armin o levou de volta para casa.

Sabia que aquele era seu lar, aquela era sua mãe e aquela era sua vida, mas no fundo sentia que nada mais daquilo era seu. Não se encaixava mais em lugar nenhum.

-Ânimo, companheiro. -disse Armin aproximando-se com mais uma taça de champagne. -As pessoas estão começando a fazer perguntas sobre você.

-E quando é que não estão fazendo? -respondeu rispidamente. -Estou simplesmente cansado de todas essas pessoas fofoqueiras querendo detalhes sobre o meu acidente e sobre o tempo em que eu estive fora.

-Não se aflija. Daqui a pouco elas esquecem, afinal a temporada de caça aos maridos está terminando. -falou Armin dando-lhe uma piscadela enquanto Kentin o encarava com visível desdém e saía em busca de um cômodo vazio na mansão onde pudesse ficar sozinho. -E por falar nisso, encontrou alguma moça que tenha lhe chamado atenção?

Armin o havia seguido até o escritório que havia sido de seu pai.

-Se bem me lembro, e minha memória está em suas melhores condições, você me disse que eu era um respeitável esposo de uma finíssima dama que aguardava um filho meu. Ou estou errado?

Armin, pareceu bastante desconcertado ante a conotação de Kentin.

-Eu já lhe pedi perdão. Por que é tão difícil para você compreender que eu só pensei no seu bem?

-Pois para mim, você não passa de um mentiroso. -Kentin ameaçava aumentar o tom de voz.

-Não sou mentiroso. E você sabe disso. -rebateu Armin já perdendo a paciência.

-Claro que é. Se não mentiu antes então está mentindo agora. Como pode ser tão dissimulado oferecendo-me uma dama quando antes me havia dito, olhando em meus olhos que eu era casado?

-Tudo bem. Eu desisto. Você não é casado e não há nenhuma moça esperando um filho seu.

Armin não teve tempo para se defender do golpe que lhe atingiu o nariz em cheio jogando-lhe em cima de uma pesada prateleira de livros.

-Kentin! Enlouqueceu? -Armin gritou.

-Você estava me devendo essa.

-Quando é que você vai me entender que eu só estava tentando protege-lo? -reclamou tentando limpar o sangue que sujava seu rosto e pingava em sua camisa.

-Me proteger de que? De duas meninas? -Kentin ironizou.

-Não se trata disso. Você é primo do rei, e em algum grau, herdeiro da coroa. Qualquer pessoa poderia querer aproveitar-se de sua amnésia para tirar vantagem.

A paciência de Armin já estava no fim.

-Não tinha o direito de decidir isso por mim. -Kentin falou magoado antes de deixar o aposento.

Talvez Armin quisesse mesmo apenas proteger seu amigo, mas no fundo havia percebido como a moça de cabelos rebeldes o encarava. Aquilo não podia ser outra coisa que não fosse amor. Mas agora já era tarde demais, a mãe dele já estava organizando um noivado.

Enquanto isso, do outro lado de Londres, a alguns quilômetros de distância outra grande festa de desenrolava debaixo de muita comida, bebida e música. Em um quarto nos fundos da propriedade uma linda garotinha de cabelos platinados dormia o sono dos anjos. E no banheiro, logo ao lado, sua irmã sentia náuseas sem conseguir sequer levantar a cabeça de onde estava. Antes era apenas hora ou outra, que ela tomou como um sinal de não estar se alimentando como deveria, mas as náuseas só aumentavam a cada dia que passava. Devia procurar algum tipo de ajuda antes que piorasse, assim que amanhecesse.

 

 



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