Ainda era madrugada quando fomos hospedados em um dos hotéis mais renomados de Vegas. Ed comentou algo sobre estar exausto devido ao dia cheio antes de ir para sua suíte. Assim como ele, eu também estava um pouco cansada, mentalmente e fisicamente. Precisava de um tempo sozinha para pensar.
Abri a porta da suíte presidencial com a chave que me entregaram na recepção. Ao adentrar o cômodo, vi que um lindo buquê de margaridas me esperava sobre o colchão da cama. Perguntei a mim mesma quem havia feito aquilo. Quem quer que seja, acertou em cheio minhas flores preferidas.
Senti a presença de alguém atrás de mim. Fechei os olhos e inalei profundamente o ar misturado com a essência do seu perfume. Era a Ruby.
–Você é inacreditável! –ri enquanto movimentava a cabeça para os lados em negação. –Foi tudo planejado? Sabia que viríamos para cá?
Fiquei de frente para ela. Seus braços estavam cruzados e seu corpo escorado ao batente da porta.
–Nem tudo foi planejado, você sabe que eu gosto de improvisar às vezes. –Ela deu de ombros ao dizer.
–Agradeço as flores, mas você já pode ir. –caminhei até a porta e ameacei fechá-la, mas Ruby me impediu pressionando a palma da mão contra a porta.
–Está me expulsando? –Ela perguntou. Um sorriso cínico brotou no canto dos seus lábios.
–Estou cansada, somente. –menti, na verdade, estava expulsando-a mesmo.
–Até quando?
Encarei-a sem entender sua pergunta.
–Até quando o que? –me fiz de desentendida, mas na verdade, estava mesmo.
–Até quando vai me negar?
Desviei nosso olhar. Encarei o chão enquanto meus dedos mexiam a maçaneta da porta. Não tinha palavras para respondê-la. Reuni dentro de mim forças para empurrar para fora tudo o que estava preso em mim, todas as palavras não ditas. Menos o eu te amo, esse eu não diria.
–Eu mudei. –eu disse.
–Eu sei. –ela fitou meu corpo da cabeça aos pés.
Tentei ignorar sua malícia, o assunto era sério e precisava ser discutido.
–Não vou negar que sinto mil coisas por você, duas mil talvez. Mas você me feriu quando partiu, e estar perto de você é, por vezes, como reabrir essas feridas, e por vezes, o meu melhor remédio para curá-las.
Ruby encarava meus olhos enquanto ouvia atentamente o que eu tinha a dizer.
–Mackenzie, eu estou aqui agora, não podemos esquecer o passado e ser feliz com isso?
–É fácil para você me pedir para esquecer tudo o que me fez quando quem sentiu todas as dores fui eu. –a essa altura, meu sangue já fervia de ódio e as palavras saiam da minha boca sem serem repensadas.
Ruby riu desacreditada.
–Quem disse que você foi a única a sofrer? Quem mentiu dizendo que você foi a única a sentir saudades?
–Não dá para pensar diferente quando quem fugiu foi você. –eu disse, pondo para fora a mágoa que me consumia.
–Você precisa entender que eu corria perigo! –ela alterou o tom de voz.
–Mas eu não entendo! Eu não te entendo e não consigo enxergar um lado de bondade em tudo isso porque você me esconde as coisas, você me esconde a verdade e isso machuca. Se não confia em mim, o que estamos fazendo?
–Não faço isso por falta de confiança. Não quero que se envolva e acabe se machucando... –ela tentou acalmar-se ao explicar.
–Acontece que eu já estou envolvida em tudo isso. Ou você esqueceu que foi a mim que o Travis escolheu para ser sua isca? –foi a minha vez de alterar o tom de voz. –E se o seu grande medo de me contar é que eu me machuque então me conte tudo, pois eu já estou machucada.
–Mackenzie, eu...
–E quem me dera fosse o Travis o causador dos meus machucados. Mas é você, e isso torna tudo mais doloroso. –Eu disse, minhas palavras saiam junto com minha dor e raiva.
–Eu machuco você?
–Machuca. E não é da maneira que eu queria que fosse. –Eu disse. Mas para minha surpresa, não encontrei malícia em seu olhar.
Ela estava pensativa e provavelmente abalada.
–Foi um erro meu ter voltado?
–Foi um erro ter partido. E é errado querer retomar as coisas de onde paramos. –respondi da forma mais fria possível.
–Já disse a você que não é isso o que eu quero.
–Então o que é? Porque me parece bastante com isso. Você esquece que agora eu tenho o Justin.
–Mackenzie... –ela suspirou profundamente tentando não perder o controle. –vai se foder. Não te forcei a me acompanhar, você veio porque quis, porque me quer.
–Não seja tão convencida...
–Se quer tanto ele como diz, então corre atrás dele, fique com ele. Só não se esqueça de me esquecer, quanto a mim – ela fez uma pausa. Seus olhos percorreram meu corpo mais uma vez. –nada que o álcool não resolva.
–Tudo soa tão fácil para você! Me esquecer é definitivamente uma tarefa fácil, não é?
–Minha mulher está amando outra pessoa, isso te parece fácil? –ela franziu o cenho.
–Não sou sua mulher! –a reneguei.
–Viu só? Acha que é fácil ouvir isso? Quando te conheci você era uma garota frágil e ingênua, e eu almejava cuidar de você, queria te proteger de todas as coisas ruins a todo o custo por saber que você não as merecia. E foi pensando nessa garota que suportei todas as surras que os capangas do Travis me deram por tentar fugir dele. E agora eu estou livre por fim. –ela riu pelo nariz, desviou nossos olhares e fitou o teto enquanto dava um longo suspiro. –Mas eu não encontro ela, então, de que adianta?
Seus olhos voltaram a encarar os meus. Dessa vez, ela pôde encontrar uma brecha de sentimento dentro de mim.
Sei que mudei, e muito, mas talvez a mudança tenha sido a melhor coisa. A garota que eu era antes, e que no fundo ainda sou, é extremamente frágil e o mundo não admite isso, somos programados para ficar fortes e para isso, passamos por uma manada de quedas, nos reconstruímos e ficamos mais espertos para não cometer o erro de cair novamente, pois já sabemos o quão doloroso é ser partido em pedaços.
–Ruby, você foi a principal causa da minha mudança, você me magoou e...
–CHEGA! PARA DE DIZER QUE EU TE MACHUQUEI! –Ela gritou empurrando meu corpo para longe do seu.
Dei alguns passos para trás com o impacto.
–Não sou boa em esconder as coisas como você é, me desculpe, estou magoada e não consigo esconder!
Ela riu desacreditada.
–Não vou contar verdade nenhuma agora, não é disso que você está precisando. –ela disse se aproximando de mim.
–Você fala como se soubesse o que eu preciso, e não sabe, pois se soubesse, nunca teria me deixado, porque tudo o que eu precisava era de você! –eu disse. Decidi descontar minha raiva também e a empurrei, seu corpo chocou-se contra o criado mudo e derrubou alguns produtos que estavam sobre o móvel.
–Me deixa concertar as coisas agora, Mackenzie! –ela disse ao se reequilibrar.
–Agora é tarde demais. –cruzei os braços e virei de costas para ela.
Eu estava com raiva dela. Raiva por ter feito da minha vida um caos. Raiva por ela ter sumido misteriosamente. Raiva por ela não me contar o que esconde atrás do sumiço. Raiva por ela não ser mais quem era. Mas, por que eu me importo com isso?
Atrás de mim, ouvi o barulho da maçaneta, a porta foi trancada.
–O que está fazendo? –me virei para encará-la.
–Não vamos sair daqui até conseguirmos o que queremos. –ela retirou a chave da fechadura e a guardou no bolso da calça.
–Não há nada que eu queira aqui. –menti.
–Para com isso. Nós duas sabemos que você é um fracasso tentando resistir a mim. –a ponta dos seus dedos correu sobre o criado-mudo, ela pegou um pequeno controle e apertou incontáveis vezes um botão.
–Você é hilária e iludida. –eu disse soltando uma risada debochada. Ela encostou o corpo no móvel atrás de si e cruzou os braços, observando cada movimento minucioso meu.
–Por que a delonga se sabe que no final da história fodemos? –perguntou totalmente convencida de tal coisa.
Gargalhei alto das suas palavras, ela continuou a me encarar sem mudar a expressão convencida e sacana. De repente, senti gotículas de suor desceram a lateral do meu rosto. Passei a mão na testa molhada de suor e notei que a temperatura do quarto havia aumentado.
–O que você fez? –Perguntei, o calor aumentava a cada fração de segundo. Ruby lançou-me um olhar cínico.
–Esse... –ela mostrou-me o pequeno controle manual. –É o controle do aquecedor do quarto. E esse é o botão para aquecê-lo mais... –ela explicou, eu a encarava, incrédula.
Dei passos longos em sua direção e tentei arrancar o controle de suas mãos. Ela foi rápida. Segurando-me com um braço e levantando o controle com o outro, era difícil alcançá-lo.
–Me dá isso, Ruby! –estiquei-me para pegar o controle de suas mãos, mas a tentativa foi totalmente falha e ela ria do meu esforço.
Quando minhas mãos por fim chegaram perto de alcançar o maldito controle, ela o lançou janela afora. Fodeu.
–Ah não! –ela fingiu ter sido um acidente. –Corremos juntas até a janela, pus a cabeça para fora e ela fez o mesmo, encaramos o chão a metros de distância e mesmo que encontrássemos o aparelho, não conseguiríamos pegá-lo, pois, a altura era gritante. E sei que a Ruby não me daria a chave da porta de modo algum.
–Você é absurdamente ridícula! –ficamos de frente uma para outra.
–Olhando bem para nós duas você perceberá que não sou a única! –seu tom de voz voltou a ser alterado, agora, o suor também tomava conta do seu corpo.
O calor aumentava mais e mais, a temperatura foi elevada drasticamente.
–Eu odeio você! –a empurrei com toda a força. Ela caiu sobre o colchão da cama violentamente.
Diminui a distância que nos separava. Não dei a ela sequer tempo para se recompor, logo, meu corpo estava sobre o seu. Fiquei de joelhos na cama, o corpo suado dela estava deitado sobre o colchão, sua cintura estava presa entre minhas pernas e sua intimidade logo abaixo da minha, que por sinal, já pulsava em excitação.
Eu me rendi. Deixei de lado toda a minha sanidade e me entreguei ao desejo incontrolável.
Meus lábios clamavam por sentir os dela, e eu satisfiz minha vontade. Deitei meu corpo sobre o seu enquanto encarava sua boca perfeitamente desenhada e vermelha como sangue. Controlei o peso do meu corpo nas mãos que estavam fazendo o meu apoio nas laterais do corpo dela.
Aproximei lentamente meus lábios dos seus. O meu suor percorria a lateral do meu rosto até o meu queixo e pingava sobre a sua macia pele facial. Fechei os olhos ao sentir sua respiração ofegante chicotear minha pele. Rastejei meus lábios sobre os dela recém umedecidos. Tão gostosos. Tão convidativos. Não me controlei e os devorei. Beijei-a de forma feroz e intensa. Nossas línguas travaram uma batalha excitante. O gosto do seu beijo depositou em meu corpo uma combustão de sentimentos intensos.
Separamos nossas bocas com a perda de fôlego. Ela inverteu nossas posições e ficou por cima de mim. Ruby gostava de se sentir no poder, no comando de tudo.
Nossos lábios encontraram-se novamente. Pus minhas mãos em sua nuca e finquei minhas unhas em sua pele, ela afastou brevemente nossos lábios e arfou. Seu gemido fraco me deixou ainda mais louca. Senti a ponta dos seus dedos acariciarem a parte externa da minha coxa, em seguida, ela subiu sua carícia para minha barriga pondo sua mão por debaixo do meu vestido de cetim. Senti arrepios gostosos com seus toques. Ao perceber que eu me arrepiei com seu movimento, ela sorriu entre o nosso beijo, um puta sorriso lindo.
Suas mãos ágeis tiraram o vestido do meu corpo e lançaram-o para o chão do quarto, aproveitei a deixa e levantei sua camisa, passando a peça de roupa por seus braços e jogando-a no chão também. Ela não usava sutiã. Toquei as feridas do seu corpo expostas e subi a mão ao seu rosto pousando a palma da mão em sua bochecha e acariciando-a com o polegar, ergui meus olhos para encarar os dela e vi que eles também mantinham-se fixados em mim.
Ela tornou a passar a mão por meu corpo, mas dessa vez, usou a boca para me trazer mais espasmos. Seus lábios fizeram uma trilha de beijos molhados e gostosos por meu pescoço, e clavícula, respectivamente. Senti a imensa vontade de me tocar quando suas mãos apalparam meus seios ainda escondidos pelo sutiã e os apertaram. Um gemido abafado me escapou. Ela chupou toda a extensão da minha clavícula e mordeu suavemente o local.
Senti seus dedos irem em direção ao feixe do meu sutiã e abri-lo sem dificuldade alguma. Livrei-me do aperto do sutiã, meus mamilos estavam expostos a ela, o bico do meu peito durinho denunciava excitação. Ela umedeceu os lábios passando a língua por entre eles antes de me abocanhar meu mamilo, depois, chupou-o da forma mais gostosa. Sua língua fazia perfeitos movimentos circulares envolvendo o bico do meu peito, e enquanto o chupava, ela estimulava também o meu mamilo esquerdo.
Senti um turbilhão de sensações me invadirem, o orgasmo estava próximo. Eu não podia dar a ela o gostinho de gozar sem ao menos ser tocada. Ela não poderia se convencer por isso. Mas sim, eu estava prestes a gozar com nada mais que chupões no seio, toques e beijos. Como ela consegue?
Puxei os cabelos da sua nuca e afastei sua boca do meu mamilo, ela encarou-me cínica, filha da puta, com certeza sabia que eu a impedi por estar próximo ao meu ápice.
–Me deixa terminar, Mac... –ela chamou-me como costumava há um tempo.
–Sem joguinhos comigo, vá direto ao ponto. –exigi. Ela sorriu cinicamente.
–Como quiser. –ela se rendeu. Voltei a deitar minha cabeça no colchão da cama.
Ruby ficou de joelhos no chão e trouxe o meu corpo para perto de si. Suas mãos apertaram minha coxa, quis gemer alto por aquilo, mas tentei me controlar. Ainda com seus joguinhos, ela percorreu os dedos por toda a parte interna da minha coxa, bem devagar.
–Eu-eu vou matar você! –eu disse, comprimindo um gemido abafado.
Ela apenas fazia suas provocações e observava minhas reações, estava nitidamente se deliciando com aquilo. Ao aproximar os dedos da minha vagina, ela levou-os até a minha entrada ainda coberta pelo tecido fino da calcinha, e pressionou-os enquanto subia até o meu clitóris.
–Já? –Ela afastou seus dedos da minha calcinha e mostrou-os para mim, estavam molhados como eu.
Revirei os olhos, ela riu. E então, começou o trabalho sério. Partindo a alça fina da minha calcinha e jogando-a no chão, ela teve acesso a minha intimidade completamente molhada. Seus dedos se movimentaram pressionando um pouco o meu clitóris, aquilo me fez delirar. Apertei com força os lençóis já bagunçados e molhados de suor da cama, tudo na falha tentativa de conter os gemidos.
–Geme alto, Mackenzie, vai. –ela me estimulou.
Seus dedos aceleraram os movimentos circulares sobre o meu clitóris e revezou subindo e descendo por toda a extensão da minha intimidade, ela sabia que aquilo me levava à loucura, gemidos altos começaram a me escapar. Pus minha mão direita em sua nuca e cravei minhas unhas ali, ela mordeu o lábio inferior com força comprimindo um gemido de dor.
Senti sua respiração quente tocar a sensível pele da minha vagina, meu corpo inteiro arrepiou-se. Meu sangue, que já fervia de calor, ferveu também de desejo. Enlacei minhas pernas por seu ombro. Ela penetrou sua língua em mim, não deixando de lado os movimentos circulares e gostosos no meu clitóris, ela entrava e saía de mim freneticamente.
–Ohhh! –gemi sentindo os espasmos se esvaírem.
Minha intimidade se contraiu e meu corpo recebeu uma onda de calor interior. Perdi o controle. Meus gemidos eram o único som a ser ouvido ali, eu gemia alto e de forma descontrolada. Minhas pernas perderam o equilíbrio, ficando bambas. Gozei na boca da Ruby. Seus dedos permaneceram me estimulando até ela chupar todo o meu líquido quente, deixando toda a extensão da minha intimidade molhada apenas por sua saliva.
Terminando seu trabalho, ela levantou-se do chão e revezamos a posição. De início, ela surpreendeu-se, pois, nunca fui ativa em nossas relações. Mas nem todas as mudanças em mim devem ser negativas. Fiz oral nela e decifrando por seus gemidos enlouquecedores, fui tão boa quanto ela em mim.
Voltamos a nossa posição inicial, deitei meu corpo sobre a cama enquanto ela ficava por cima de mim, ambas completamente nuas. Ela tornou a me beijar com ferocidade, o gosto nos seus lábios era delicioso, deixava-me excitada. Passei minhas mãos por toda a extensão das suas costas e a arranhei com força, Ruby gemeu entre nosso beijo ao sentir o ardor corroer sua pele.
Seu gemido me atiçava de forma enlouquecedora. Rocei minha intimidade em sua coxa e apertei sua cintura com força. O calor nos dominava. Os suores dos nossos corpos misturavam-se e a temperatura, que aumentava cada vez mais, era perfeita naquele momento. Sua intimidade colou-se a minha e eu rocei a minha contra a dela, aquele movimento me deixou ainda mais fora de si.
Ruby afastou nossos lábios cautelosamente e levantou seu corpo de cima do meu. De joelhos na cama, ela se posicionou por entre minhas pernas. Sem as desgraçadas delongas, ela penetrou em mim dois dedos. Arqueei as costas e mordi com força o meu lábio inferior. Para enlouquecê-la ainda mais, apertei meus seios fartos e deixei a expressão de prazer me consumir. Seus movimentos aumentaram na mesma intensidade em que o orgasmo se aproximava de mim.
Ao me ver contorcer meu corpo na cama, Ruby soube que eu atingiria o clímax no mesmo instante. Ela aproximou sua boca ao meu clitóris e com a língua, fez movimentos circulares enquanto o apertava. Não agüentei nem mais um segundo e gozei novamente, molhando seus dedos por completo. E dessa vez, não contive gritos de prazer. Aquela mulher era impossível. Seus dedos foram de encontro aos meus lábios, ela queria que eu os chupasse, e eu o fiz enquanto a encarava maliciosamente. Enquanto passava a língua em seus dedos, ela encarava-me com os lábios entre abertos, minha ação estava deixando-a excitada.
Invertemos as posições novamente. A penetrei com dois dedos e repeti os movimentos feitos em mim nela. Seus gemidos e reações me deixavam louca. Ela mordia o lábio com força, tanta força, que os molhou levemente de sangue. Ao ver o líquido vermelho escorrer pelo canto dos seus lábios, senti meu corpo denunciar outro orgasmo. E seus gemidos aumentaram, fazendo-me perder o controle já perdido umas mil vezes só aquela madrugada.
Por fim, ela atingiu seu ápice junto a mim. Meu gozo desceu por minha coxa e molhou-a, lambuzando toda sua intimidade.
O cansaço me tomou conta, deitei meu corpo extremamente suado sobre o corpo dela, que também estava molhado de suor. Deitei a cabeça em seu peito e ouvi os batimentos ritmados de seu coração. Nossas respirações ofegantes foram pouco a pouco voltando ao normal.
Ela afastou meus cabelos molhados de suor das minhas costas e afagou-os fazendo uma carícia deliciosa.
...
Ficamos por mais alguns minutos em silêncio. Meu corpo nu ainda estava sobre o dela, ambos suados. Nossos batimentos cardíacos voltaram ao normal e pouco a pouco, a respiração também.
–Disse que me odiava... –ela disse, sua voz saiu rouca.
–E eu odeio. –afastei nossos corpos e levantei da cama.
Fitei seu corpo nu por alguns segundos e afastei-me do êxtase indo em direção ao telefone sobre o criado-mudo. Fiz uma rápida ligação pedindo um novo controle para o aquecedor e deixei o aparelho de volta no mesmo lugar. Recolhi minhas roupas do chão e notei através da visão periférica que a Ruby observava meus movimentos.
–Serviço de quarto! –uma recepcionista chamou atrás da porta.
Assustei-me com a rapidez do serviço do hotel. Ruby jogou para mim a chave da porta e eu agarrei-a no ar. Puxei um lençol da cama e enrolei envolta do meu corpo. Ruby riu da cena.
Corri até a porta e escondi meu corpo coberto por um lençol atrás dela. Girei a maçaneta e abri um espaço mínimo para o meu braço atravessar, a recepcionista pôs algo em minha mão e eu puxei rapidamente, era o controle.
–Obrigada! –disse num tom alto o suficiente para que ela pudesse ouvir do outro lado da porta.
Empurrei a porta com o pé e a mesma se fechou. Joguei o lençol no chão e fui ao banheiro. Liguei as torneiras da imensa banheira de porcelana branca e joguei sais na água. Senti alguns passos atrás de mim e logo depois as mãos da Ruby tocaram minha cintura, e seus lábios, beijaram meu ombro seguindo uma trilha até a nuca, inclinei um pouco a cabeça para o lado e meu cabelo acompanhou o movimento, deixando minha nuca despida. Meus pelos eriçaram-se em arrepio.
Seu toque era o meu ponto fraco. Eu esquecia todas as minhas defesas, todos os muros que construí contra o seu amor. Esqueço de resistir a ela. E quando estamos juntas, não há nada que eu queira, além disso. Minhas preocupações, medos, inseguranças, iam para longe quando ela estava por perto, e eu adorava sentir-me assim.
O que estou fazendo? Negando para mim mesma o desejo de tê-la? Aonde quero chegar com isso? Eu preciso amá-la, querê-la o quanto quiser. Eu preciso fazer as coisas que sinto vontade, e eu morro de vontade dela.
–Mackenzie. –sua voz rouca chamou por meu nome. Fiquei de frente para ela, seu corpo estava juntinho ao meu. –me deixa retornar para você.
–O que me garante que você não irá embora dessa vez? –envolvi meus braços ao redor do seu pescoço e encarei seus olhos, ela sorriu de canto.
–Sem garantia alguma, sabe que eu tenho minhas complicações. –ela pôs uma mecha loura do meu cabelo atrás da orelha. –mas garanto que sempre vou voltar para você.
Suspirei profundamente.
–Por que não podemos voltar a ser como éramos? –perguntei, ela encarou-me surpresa, provavelmente por achar que eu não mais queria aquilo. –Por que você não pode ficar?
–Eu posso, e se você deixar, eu vou. Mas ainda há muito a se resolver, como já disse, tenho minhas complicações. –Ela selou nossos lábios rapidamente.
–Eu queria, queria mesmo que o que você sentisse por mim fosse forte o suficiente para você ficar. Resolveríamos os problemas juntas e fim. –propus, ela desviou nossos olhares e encarou o chão.
–Vamos dar um jeito em tudo. –Ela disse ao voltar a me encarar. –Isso eu posso garantir.
Dei um selinho nela, seguido de mil outros, e rimos durante os beijos.
Entramos juntas na banheira. Sentei por entre suas pernas e relaxei meu corpo sobre o seu, que estava apoiado na porcelana da banheira. Ela envolveu seus braços acolhedores ao redor do meu corpo e segurou minhas mãos. Deitei a cabeça em seu peito e fechei os olhos.
Sentia-me completa. Não há no mundo um lugar onde eu me sinta melhor que dentro do seu abraço, sentindo o calor do seu corpo. Poderia ficar ali por horas e horas, e ainda sim, não enjoaria. Tudo isso porque é tão, tão bom senti-la.
Passamos mais alguns minutos em silêncio. Vez ou outra, ela segurava a água na mão e derramava em meu ombro, em seguida, enchia o local com seus beijos gostosos. Ah, como eu adorava aquilo.
Após o banho relaxante, tomamos uma rápida ducha e voltamos ao quarto, secas e prontas para dormir. Vesti um baby-doll preto e prendi minhas madeixas num coque. Enquanto estávamos no banho, uma recepcionista refez nossa cama, trocando os lençóis molhados e bagunçados por outros limpinhos e cheirosos. Ri comigo mesma ao pensar nas coisas impuras que a recepcionista pensou de nós, e o que quer que tenha sido, era verdade.
Além de fazer a troca dos lençóis, ela abaixou a temperatura do quarto. Um friozinho gostoso.
Por fim, nos deitamos na imensa cama, onde havia espaço de sobra para mais dois, mas ainda sim, dormimos grudadinhas. Adormecemos de conchinha, e devo dizer que, nunca dormi melhor.
Na verdade, a noite poderia ter sido melhor se algo não atrapalhasse o meu sono. O celular da Ruby.
Estava no mudo, mas a cada mensagem recebida ele emitia um barulho incomodante. Tentei concentrar-me no sono, mas quando eu menos esperava, o celular vibrava anunciando uma nova mensagem. Fiquei furiosa. Afinal, quem queria com tanta urgência falar com ela? Ou melhor, quem queria falar com ela?
Com o máximo cuidado possível, me desfiz dos seus braços e desci da cama. E se eu já estava brava, fiquei ainda mais por ter deixado meu cantinho extremamente confortável. Enquanto a olhava dormir, caminhei na pontinha do pé em direção ao criado-mudo. Não podia despertá-la de forma alguma.
Cuidadosamente, retirei o seu celular de cima do criado-mudo. Estava bloqueado.
–Droga... –resmunguei. Ela se mexeu um pouco na cama, isso me fez ficar de imóvel e de bico calado, mas, ela não havia despertado. Ufa.
Eram quarto dígitos. Somente quatro dígitos. Eu precisava descobrir. O que seria?
Um ano de nascimento, pensei.
Testei o seu ano de nascimento, mas não era. Pensei mais um bocado e tentei o ano de nascimento de todos os rapazes, tentei na sorte, até o meu, mas não era.
De repente, me veio em mente quatro dígitos. 1496. Por mais louco que pareça, era um número gravado por nós duas e a Julie. Quando morávamos na rua, Ruby nos levou a um bar que ela adorava. Era um lugar onde só os cachaceiros freqüentavam, e esses homens gostavam de jogar em um velho tabuleiro de números. Funcionava basicamente assim: cada jogador da roda sugeria um número, depois, um mini sorteio era feito com todos esses números, e o número que caísse no final, o respectivo jogador ganhava certa quantia em dinheiro. Eu e ela resolvemos tentar a sorte e jogamos o número 1496 brincando. E acabamos ganhando o jogo com ele.
Lembrando disso, tentei 1496. E deu certo.
Ri comigo mesma por ela ter posto aquela senha.
Fui direto a sua caixa de mensagens. Abri uma de suas conversas com seis mensagens não lidas.
R: Precisamos conversar!
R: Isso não é o fim!
R: As coisas não podem terminar assim!
R: E você sabe.
R: Estou indo para Vegas amanhã.
R: Encontre-me na cafeteria SPA. Às 5hrs00min AM.
Meu sangue ferveu de ódio por pensar na possibilidade de ser uma suposta namoradinha dela. Porque pensando bem, faz sentido. Ela deve ter se apaixonado por outra e usado Travis como desculpa, tudo pretexto. Filha da puta.
E as marcas em seu corpo? Elas claramente gostavam de sexo selvagem. Filha da puta desgraçada.
Ela me deixou sozinha por todo esse tempo por causa de outro alguém, como pôde ser tão podre? Como pôde sequer levar meus sentimentos em consideração?
Chega, acabarei com essa história amanhã de manhã. Ruby não irá a esse encontro sozinha, e eu farei questão de que não seja nada pacífico.
Antes de voltar para cama, marquei as mensagens como não lidas para não deixar rastros que denunciassem que eu estava bisbilhotando ela. Pus o celular de volta no mesmo lugar e voltei para o meu cantinho na cama, mesmo com raiva, não afastei seus braços quando ela voltou a me abraçar com os olhos fechados, pois, eu amava estar dentro do teu abraço, e odiava amar.
...
O nervosismo era tanto que mal consegui dormir direito. Senti a Ruby se remexer na cama e levantar-se logo em seguida. Fingi que estava dormindo como pedra, mas na verdade, estava mais ativa que tudo.
Ouvia seus passos por todo o quarto, ela estava vestindo sua roupa, provavelmente já tinha visto as mensagens em seu celular. Após alguns poucos minutos, ela deixou o quarto e fechou a porta.
Esperei alguns segundos antes de agir, levei em conta a possibilidade de ela ter esquecido algo e retornar para pegá-lo, mas isso não aconteceu. Então me levantei depressa. Recolhi o mesmo vestido que usei no cassino do chão e vesti em mim apressadamente. Busquei por minha bolsa de mão que estava sobre o criado-mudo e chequei se havia dinheiro suficiente para um táxi, e havia. Passei a mão em meu cabelo o ajeitando brevemente e depois de encontrar um par de chinelos brancos que a recepção nos entregava, calcei-os e dei o fora do quarto o mais rápido que consegui.
Corri por todo o corredor. Não podia perdê-la de vista, pois, não conhecia Vegas tão bem para acertar ir à cafeteria sozinha, sabia que se o fizesse, acabaria perdida em algum canto da imensa cidade.
O elevador foi o meu grande inimigo, porque os segundos soaram como longos minutos, eu estava impaciente. Não podia perdê-la de jeito algum.
Por fim, o elevador chegou ao meu andar, esperei todos saírem e entrei apressadamente, apertei o botão para a recepção e as portas se fecharam. Senti um friozinho gostoso na barriga que durou cerca de milésimos de segundos ao sentir o elevador descer. Finalmente, cheguei a recepção. Procurei a Ruby por todo canto e não a encontrei.
Atravessei o saguão correndo. Desci a enorme escadaria do hotel e cheguei a tempo de vê-la sair dali dirigindo o carro que roubou do cassino. Rapidamente, chamei um táxi, e para minha sorte, ele estava passando por ali no exato momento.
–Sei que vai parecer uma piada... –disse ofegante ao entrar no táxi, o motorista encarou-me sem entender. –Mas, por favor, siga aquele carro! –apontei o carro da Ruby com o dedo indicador, ele distanciava-se de nós cada vez mais.
–Como quiser! –Disse o taxista, em seguida, ligou seu carro e acelerou em direção a cafeteria SPA.
Do contrário que eu achei que seria a viagem não foi longa, em questão de poucos minutos estávamos em frente à cafeteria.
Ainda dentro do táxi, observei a Ruby deixar seu carro e entrar no estabelecimento. Desgraçada, mil vezes desgraçada.
Retirei da bolsa uma quantia gorda de dinheiro e dei ao taxista.
–Fica com o troco. –disse. Ele arregalou os olhos em surpresa.
Abri a porta do carro e saí do veículo. Estava com raiva e descontei-a ao fechar a porta, mas nem olhei para trás para receber um olhar fuzilador do taxista, caminhei até a cafeteria com toda a raiva dentro de mim.
O casalzinho secreto será descoberto agora. Ruby não vai ter para onde correr. Vou desmascará-la. Desgraçada. Desgraçada.
Empurrei a porta de vidro fumê da cafeteria numa força tão grande que arranquei a atenção de todos ao entrar ali. Mas não me importei nem um pouco com tantos olhares. O sentimento de fúria me tomava conta de uma forma tão grande que não deixava espaço para timidez.
Cacei com os olhos a mesa onde a Ruby estava tendo seu encontrinho. E encontrei. Tudo em mim pareceu parar. Meu corpo entrou em choque. Não era nem de longe quem eu tanto achava que era.
–Ryan? –chamei por seu nome.
Ele pareceu congelar por dentro ao ouvir minha voz e virou a cabeça para mim completamente pasmo. Ao vê-lo tão nervoso, Ruby, que estava do outro lado da mesa em que os dois estavam sentados, acompanhou seu olhar até mim. Os dois me encararam surpresos e assustados.
Ryan já estava prestes a abrir a boca para inventar mais uma desculpa esfarrapada quando um barulho soou ali. Alguém próximo a nós deixou cair três xícaras de café. Encarei o chão num rápido movimento e vi vidros e café espalhados por todo canto, ergui a cabeça para encarar quem quer que tenha feito aquilo e surpreendi-me dez vezes mais.
Não, não, não. Aquilo não podia ser real.
–Emma? –Meus olhos marejaram ao pronunciar seu nome.
Ela estava espantada por me ver ali a encarando como se fosse culpada de algo terrível, e ela era. Ela não conseguiu dizer nada de imediato, sua expressão era pasma como a do Ryan.
Através da visão periférica, vi que Ryan e Ruby direcionaram seus olhares para alguém atrás de mim, e um pouco depois, Emma também olhou. A julgar pela expressão deles, eles estavam ainda mais pasmos agora. Quem quer que fosse atrás de mim era uma surpresa para eles também.
Virei-me para trás rapidamente. E, assim como eles aparentaram, não acreditei no que vi. Tudo em mim tornou-se um mar de confusões. E, além disso, decepções. Um nó formou-se em minha garganta. Num piscar de cílios, deixei uma lágrima me escapar, e sabia que ela seria a primeira de muitas que deixaria cair aquele dia.
–Mackenzie? –Chris franziu o cenho. Estava tão surpreso comigo ali quanto eu estava com ele.
Que porra estava acontecendo?
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