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História Pressure - The Endgame.


Escrita por: ig2000

Notas do Autor


O fim do jogo.

Capítulo 25 - The Endgame.


Fanfic / Fanfiction Pressure - The Endgame.

Travis era um maníaco. Dedicou anos de sua vida planejando nossa morte. E saber disso me deixou apavorada.

–Esse é o endereço que o Chris me passou. O Justin está preso aqui. –Ryan finalmente parou de andar.

Estávamos caminhando há cerca de trinta minutos por uma floresta em Montebello, uma cidade na Califórnia que ficava há poucos quilômetros de Los Angeles a carro. Através do Chris, descobrimos onde o Justin estava preso. Marcamos o endereço num mapa e não esperamos um segundo sequer para resgatá-lo. Todos estavam naquela caminhada por ele, e rezei para que isso valesse à pena.

–Como essa porra não está no mapa?! –Tyga perguntou sem acreditar. Ele checou o mapa, depois olhou para o imenso prédio construído ali e permaneceu incrédulo.

O lugar indicado pelo Chris ficava em meio ao nada. Um arranha-céu numa floresta deserta. O quão estranho isso soa?

–Tyga tem razão! É um edifício gigante, deveria estar no mapa. –Julie reforçou a idéia do Tyga.

–Gigante e assustador. –Eu disse observando os detalhes do prédio.

Era uma construção moderna. Assim como os cassinos em Vegas, aquele edifício não possuía janelas, e sua cor era um reluzente dourado.

–Isso me parece um cassino. –Ed comentou. Ele veio para Los Angeles com a Ruby, mas preferiu ficar hospedado em um hotel até sua cabeça parar de doer devido à embriaguez.

–Pensei o mesmo. –Sussurrei para o Ed.

–Todos estão armados, confere? –Ryan perguntou e todos assentiram. –O que quer que nos espere lá dentro não me parece coisa boa, estejam atentos, sejam espertos.

–E vamos ficar todos juntos, por favor. Não quero que um de nós fique para trás por acidente. –Julie nos pediu, todos assentiram.

–Armas em punho! –Ruby ordenou. Prontamente, todos sacaram as armas escondidas.

O barulho de várias pistolas serem destravadas soou ali. Por fim, estávamos preparados para entrar no edifício.

Ryan nos guiou para o interior do lugar. Tudo era tecnológico. As paredes eram feitas de um plástico rígido e o teto era forrado por gesso branco. O piso, por sua vez, era um simulador de água.

–Caralho! –Tyga soltou ao ver o chão.

–É de verdade? –Julie pôs a ponta do pé no piso e soube que não era.

–Isso é estranho... –Emma comentou ao pisar os pés no chão digital.

–E você veio descobrir agora? Sabia que era estranho quando avistei esse prédio! –Ed disse.

“Olá, malandrinhos. Sejam bem vindos ao meu jogo” —A voz do Travis soou nos auto-falantes instalados em cada canto no alto das paredes.

–Desgraçado! –Tyga disse entre dentes.

Paramos no centro do grande salão. Todos olhavam para todos os lados na esperança de que o Travis fosse aparecer ali a qualquer momento, mas estávamos enganados.

“Talvez eu devesse começar ditando as regras”— A voz continuou a dizer.

–Que diabos é isso? –Ruby perguntou sem entender.

–É exatamente a pergunta que estou me fazendo... –Emma disse num tom baixo, ela analisava cada instalação do lugar minuciosamente.

“Qualquer tipo de armamento é terminantemente proibido, portanto, deixem quaisquer objetos mortíferos na caixa de vidro à esquerda.”

–Eu sou um objeto mortífero. –Tyga disse de forma maligna.

–Ele está se referindo àquela caixa bem ali! –Julie apontou para uma caixa de vidro perto de nós.

–Não se desarmem! –Ryan ordenou. –Isso pode ser uma armadilha!

–O que falta para você acreditar que isso é uma armadilha? –Ed perguntou indignado. –Porra, está na cara que é!

“Fora isso, não há regras. —​Ele soltou uma gargalhada maligna.— Podem fazer de tudo. Mas preciso deixar claro que um de vocês ficará para trás à cada fase”.

–Eu não estou entendendo nada! –Julie bateu o pé no chão chateada por não conseguir assimilar as coisas.

–Entramos em uma espécie de jogo, pelo que entendi, há várias fases e para cada fase que passamos, uma pessoa é deixada para trás. –Ryan tentou explicar o que entendeu.

–Como um labirinto! –Ed pensou alto, associando as coisas. –Sabemos que apenas um de nós chegará até o fim do caminho.

Entreolhamo-nos. Quem seria essa pessoa? Tenho certeza que todos se perguntavam a mesma coisa.

“Malandrinhos inteligentes! Mas estão enganados, ao fim do jogo, duas pessoas chegarão ao fim do caminho, encontrando assim, o tão cobiçado prêmio”

–Justin é o prêmio? –Tyga perguntou enquanto olhava para um dos alto falantes.

“Exato!”— A voz respondeu.

–Tudo bem. –Ruby suspirou. –Precisamos ser calculistas e pensar bastante antes de dar qualquer passo.

Formamos um círculo para organizar os planos. Inclinei meu corpo para ouvi-los melhor já que todos falavam num sussurro.

–Quem quer que chegue ao fim do jogo, saiba que está com você o futuro de todos nós. –Ryan nos lembrou.

–O.k. –Suspirei profundamente. –Nós vamos conseguir.

–E se isso for mesmo como um labirinto do jeito que estou pensando, os jogadores que vão sendo deixados para trás podem voltar todo o caminho percorrido e se encontrar, tentem procurar uma saída. –Ed alertou.

–Certo! –Julie assentiu.

–Pensem no poder, pensem no dinheiro, nos carros e na fama que conseguiremos se sairmos vivos daqui. Poderemos reatar a gangue como nos velhos tempos quando éramos o poder central de tudo! –Tyga nos motivou. Um sorriso ambicioso surgiu no rosto de todos ali.

–Vamos conseguir! –Eu disse por fim.

Guardamos todos os armamentos em um recipiente de vidro como foi ordenado. Em seguida, seguimos em frente em direção à uma enorme porta de metal cor de ouro. A porta se abriu e revelou um caminho sombrio bem à nossa frente.

–Estamos oficialmente dentro de um filme de terror. –Ed resmungou.

O chão era preto como as paredes e o teto. Algumas pegadas vermelhas no piso escuro indicavam o caminho que devíamos seguir.

–Por aqui! –Ryan disse e nos guiou corredor adentro.

Após alguns passos, uma nova porta surgiu.

–E agora? –Perguntei olhando para as paredes.

“Olhem para o chão, malandrinhos. Lembrem-se: verde; passa, vermelho; fica”

Através da visão periférica vi que todos abaixaram a cabeça e olharam para o chão assim como eu fiz.

Haviam círculos prateados desenhados no chão.

–O que isso quer dizer? –Tyga perguntou.

–Há exatamente oito círculos e oito pessoas aqui. –Ruby analisou os fatos. –Posicionem-se no centro de um deles!

Ed deu o primeiro passo e pisou dentro de um círculo prateado. O resto de nós apenas observou o que aconteceria a seguir. Logo, o círculo mudou sua cor prateada para verde.

–Como eu pensei! –Disse a Emma– A cor dos círculos nos dirá se seguiremos em frente ou não.

–O Ed seguirá. –Ryan concluiu, em seguida, entrou em um círculo também. Seu círculo também recebeu a cor verde indicando que sua passagem para a próxima etapa estava confirmada.

Tomei coragem e fiz o mesmo. Pus os pés para dentro do círculo e descobri que eu também seguiria em frente junto ao Ryan e ao Ed.

Emma, Ruby, Tyga e Julie entraram em seus respectivos círculos ao mesmo tempo. Uma cor chamou a atenção de todos nós; o vermelho.

–Droga! –Julie esbravejou ao ver seu círculo vermelho. –Maldito jogo!

–Tudo bem, Julie. O próximo a sair do jogo virá te buscar como foi combinado. –Ryan repassou para sua garota, deu-lhe um selinho rápido e sussurrou que tudo ficaria bem.

E eu desejei internamente que ele tivesse razão.

Deixamos a Julie para trás. A porta dourada se abriu revelando outro corredor idêntico ao anterior. Olhei uma última vez para trás e acenei para Julie antes que a porta se fechasse por fim.

–Estou com medo... –Admiti num sussurro para Ruby.

–Não fique, estou aqui com você. Prometo que nada te acontecerá. –Ela fez sua promessa num sussurro também.

–Prometa também que não deixará nada machucar você. –Pedi, pois aquele era o meu maior medo.

–Sabe que eu tenho minhas cartas na manga, não sabe? Confie em mim, nada que aconteça aqui vai me separar de você. –Ruby me garantiu. Senti-me um pouco melhor, na verdade, bem melhor.

–Confio em você. –Apertei nossas mãos entrelaçadas entre si.

Chegamos a segunda etapa e ela era exatamente como a primeira.

–Acho que todas são assim. –Tyga disse concentrando-se nas cores dos círculos de todos.

–Minha vez de abandonar o barco. –Disse o Ed notando a coloração vermelha aparecer em seu círculo.

–Encontre-se com a Julie! Tentem sair daqui! –Ryan pediu.

–Procurem o Chris se conseguirem sair daqui, conte como as coisas funcionam aqui dentro e mande reunir os seguranças para nos ajudar. –Tyga acrescentou.

–Ainda não consigo entender porque o Chris não nos acompanhou. –Ryan disse.

–Eu também não. –Confessei.

Deixamos o Ed para trás. Ryan nos conduziu para a outra porta que acabara de abrir.

–É o mesmo caminho só que com menos pessoas. –Tyga observou.

–Exatamente. –Ryan concordou com ele.

Paramos em frente a uma nova porta mais uma vez. Fomos mais precisos que nas duas etapas anteriores e nos posicionamos de imediato nos círculos.

Dessa vez, foi a hora do Ryan nos deixar.

–Sejam espertos! Está tudo na mão de vocês! –Ele nos alertou antes de ser deixado para trás.

Senti que ele não ficou chateado por ter ficado, sabia que ele queria encontrar a Julie para protegê-la. E fiquei mais confortável em saber que eles ficariam juntos, pois lembrar o rosto dela assustado quando a deixamos e saber que ela está sozinha é aterrorizante.

–Que legal. Vocês têm a oportunidade de me matar agora. –Tyga disse.

–Leu meus pensamentos. –Ruby disse num suspiro.

–Eu ainda estou aqui, Tyga, e eu não odeio você. –lembrei-o. –Por mais que implicasse demais, eu nunca te odiei de verdade, sempre foi de mentirinha.

Tyga riu. Emma e Ruby não se contiveram e riram também.

–O.k. Mackenzie. –Ele fingiu estar sossegado.

Seguimos adiante sem falar mais nada. Mas o silêncio dá espaço para que a minha mente pense, voe, navegue em mares nada calmos. Logo pensei no pior. Pensei na possibilidade de nunca mais vê-los novamente.

E se tudo ali fosse uma armadilha? E se na medida em que fôssemos deixados para trás morrêssemos? O que realmente nos acontecia quando ficávamos para trás? E o que acontecia se seguíssemos adiante? Os finalistas têm direito de levar o Justin embora? Claro que não! É o jogo do Travis. Ele não planejou um fim de jogo bom para nós, está escrito que morreremos no final, só cabe a nós mudar o roteiro.

Decidi não expor meus pensamentos, não queria apavorar ninguém ali, afinal, não havia saída, entramos e vamos até o fim. E para falar a verdade, creio que todos se perguntam a mesma coisa que eu internamente, todos estão assustados e pensando coisas terríveis, mas escondemos uns dos outros como se isso nos fosse ajudar.

 Como se esconder a dor e pôr um sorriso na cara ajudasse, mas isso só destrói ainda mais o ser humano.

Alcançamos mais uma etapa, e dessa vez, o Tyga nos deixou. Um nó formou-se em minha garganta ao ver a porta se fechar e deixá-lo para trás.

O que é isso que eu nomeio de vida? Olhe bem onde estou! Literalmente dentro de um jogo. Um jogo controlado por uma pessoa maníaca. E estou vendo todas as pessoas que mais importam para mim ficando para trás sem saber se eu vou ou não voltar a vê-las outras vez.

O que aconteceu com meus sonhos de quando eu era pequena? A carreira que eu queria seguir, a família que queria ter e os amigos ao meu lado? Por que não tenho a sorte de viver uma vida comum como qualquer outra pessoa?

Isso está longe de ser uma vida.

Após sair dos meus devaneios notei que eu estava sozinha com a Emma e a Ruby. Senti-me pouco confortável com a situação. Podia esconder isso para Ruby e para o mundo, mas eu nunca esqueceria o beijo que dei em Emma. E isso me assombra às vezes, porque é como se eu estivesse escondendo algo terrível da Ruby.

–Bom, é o fim do jogo. –Emma disse ao chegarmos à última porta cor de ouro.

Pusemos nossos pés para dentro dos círculos. Dessa vez as cores demoraram mais para mudar, mas logo revelaram os finalistas; eu e a Ruby.

E então o meu coração começou a bater esquisito. Pensar que aquela poderia ser uma despedida definitiva entre mim e a Emma me deixou triste.

–Nos veremos novamente. –A abracei com força e fiz uma promessa que nem mesmo eu sabia se aconteceria, mas eu esperava que sim.

–Eu sei que sim. –Ela me apertou entre o abraço.

 Demoramos bons segundos abraçando uma a outra, e quando nos separamos por fim, encarei seus olhos azuis. Desejei que pudesse vê-los por mais muitos anos. Ruby e ela se despediram brevemente, e depois, foi a nossa hora de seguir o caminho que nos esperava.

Segurei a mão da Ruby. Trocamos olhares intensos antes de atravessar a porta. Ela me passou toda a confiança que eu precisava e esperei ter feito o mesmo com ela.

Entramos juntas em um corredor igualmente extenso como os outros. Percorremos o caminho em silêncio até nos depararmos com uma porta diferente das outras, era duas vezes maior.

Eu te amo. –eu disse ao parar de andar. Ruby cessou seus passos e parou de frente para mim, seus lábios formaram um fraco sorriso.

Eu te amo. –Ela repetiu. O tempo pareceu congelar ao nosso redor. Admirei seu rosto com a sensação de que nunca mais o veria novamente, e no fundo, eu sabia que aquilo era verdade.

–Obrigada por tudo. –Agradeci com os olhos marejados. –E me perdoa por tudo também.

–Você foi a melhor coisa que me aconteceu, Mackenzie. Não quero entrar lá sem que saiba disso. –Ela aproximou-se de mim e selou nossos lábios de forma intensamente lenta.

Minhas lágrimas desceram por meu rosto e molharam nosso beijo. Oh, como eu sentiria falta dela se algo lá dentro a levasse de mim.

Infelizmente, chegou a hora de enfrentar o pesadelo. Aproximamo-nos mais da porta dourada imensa e ela se abriu cedendo espaço para um salão enorme e escuro.

A sola dos nossos sapatos chocando-se contra o piso de mármore ecoou por todo o lugar. O salão era tão grande quanto um museu de arte antigo.

No centro de tudo, havia uma cadeira e alguém estava sentado sobre ela. Estava distante o suficiente de nós para que eu não conseguisse descobrir quem era. Hesitante, caminhei em direção a cadeira.

A cada passo percorrido, tinha mais certeza de que era o Justin. E tudo em mim doeu ao ver o seu estado. Ele estava coberto por sangue.

–JUSTIN! –Gritei e corri em sua direção. Joguei-me de joelhos ao chão e tentei reanimá-lo, mas ele estava zonzo.

Não soube de imediato o que fazer. Tudo em seu corpo estava ferido. Os machucados recentemente abertos o faziam perder muito sangue. Senti-me imponente. O que poderia fazer para salvá-lo?

Rasguei um pedaço da camisa da Ruby que estava vestida e tentei estancar seu sangue com aquilo. Mas meu pequeno esforço de nada adiantava. Então as lágrimas me tomaram conta e o desespero aumentou.

–Ruby! –a chamei, sabia que ela observava amargamente a cena em algum lugar atrás de mim naquele salão gigante– Me ajude! Por favor! –Supliquei.

Eu não podia deixá-lo morrer. Não podia deixar o meu filho crescer sem conhecer o pai maravilhoso que tinha, pois eu sabia que Justin daria tudo de si para ser tão bom com seu filho quanto seu pai fora para si.

Porque eu enxergo nele algo muito além do que ele mostra ser. Enxergo uma pessoa de verdade com sentimentos de verdade. Uma pessoa que ainda precisa viver muito.

Uma pessoa que eu não quero deixar partir por nada nesse mundo.

–Tome isso! –Ruby me jogou sua jaqueta.

Enrolei-a depressa em um corte no braço do Justin e desejei que aquilo ajudasse tempo suficiente para sairmos dali e procurarmos um médico para curá-lo.

–Ora, ora! Veja se não é a minha garota prodígio fugindo às minhas regras! –A voz maligna do Travis soou ali. Senti meu corpo inteiro gelar.

–O que quer Travis? –Ruby foi direta.

Procurei de onde vinha sua voz e o vi atravessar uma porta secreta que havia ali. Aquela com certeza era sua passagem sem precisar passar por todas as etapas que passamos.

–Eu só quero brincar com vocês, como fizeram comigo. –ele abriu um sorriso. –O que foi? Não é legal quando o jogo vira, acertei?

–Por que sente tanta raiva? –Perguntei com a voz embargada. –Você não pode ser tão cruel! Não pode fazer isso conosco! Deixe-nos em paz!

–Pensaram duas vezes antes de me abandonarem para formar aquela gangue infernal? –Travis perguntou com raiva. –Passei anos falido por culpa de vocês! Vocês me passaram a perna e não tem mais do que o merecido!

–Isso foi há muitos anos, Travis, não seja tão rancoroso! –Ruby pediu.

–Quem bate esquece, quem apanha não. –Ele soltou o ditado enquanto a encarava. –Eu apanhei e agora estou batendo.   

–O que vai fazer? –perguntei temendo a resposta.

Ele sacou uma AK-47 da cintura e apontou-a em nossa direção. Subitamente, olhei para Ruby em completo desespero e ela devolveu o mesmo olhar para mim.

Estávamos perdidas.

Chris Brown ON  

Montebello, Califórnia.

Não posso deixá-los à mercê do perigo. O perigo que eu causei. Sei que também não posso voltar atrás e desfazer, mas eu posso tentar ajudar.

Encarei uma última vez o edifício do Travis e entrei no local. Já conhecia todas as instalações e sabia exatamente como o lugar funcionava, Travis fez questão de me apresentar os mínimos detalhes.

Ele errou em confiar em mim. Não fui confiável nem para os meus próprios amigos e não serei para o meu pior inimigo. Não sou confiável para mim mesmo.

Recolhi as armas que todos deixaram na entrada e as guardei em uma mochila preta que estava carregando nas costas, em seguida, atravessei a grande porta dourada e entrei no jogo.

Corri todo o caminho até chegar a outra parada. Avistei Julie sentada no chão com a cabeça baixa e descobri que ela tinha sido a primeira a ser eliminada do jogo.

–Julie! –A chamei. Ela ergueu a cabeça num pulo e levantou-se do chão.

–Chris! O que faz aqui? –ela perguntou.

–Vim resgatar vocês. E antes de tudo, me desculpe. –Eu disse.

–Desculpar por quê? Você estava certo, é aqui mesmo onde o Justin está! –Ela tentou explicar.

–Eu sei. Explico tudo depois, agora não temos tempo. –A puxei para atravessarmos a porta dourada.

–Não abre, eu já tentei! –Ela bufou ao dizer.

Tateei a parede em busca de um botão e quando o encontrei, acionei. O botão secreto que destrancava a porta. Pobre Travis, por que confiou em mim?

–Vamos! –Chamei a Julie e corri para a segunda etapa.

Corremos corredor adentro e sem demora chegamos a outra porta dourada. Ed estava como a Julie, sentado no chão e com a cabeça baixa.

–Levanta aí, cara! –O incentivei. –A gente tem uns amigos para ajudar.

Ed levantou a cabeça e olhou para nós de forma surpresa.

–Porra. –ele ficou de pé– Achei que estivesse tudo perdido.

–Bom, me parece que não está. –Julie disse deixando um sorriso esperançoso brotar em seu rosto.

Conduzi-os para a terceira etapa após destrancar a porta dourada. Ryan estava em pé na metade do caminho quando o encontramos.

–Chris! –disse surpreso ao me ver ali.

–Ryan! –Julie correu para os seus braços e lhe abraçou.

–Sem perguntas, apenas me sigam. –Ordenei.

Ryan e Julie fuxicaram alguma coisa atrás de mim que não consegui saber o que era, mas não tive tempo para descobrir. O meu tempo era curto, quase nulo.

Corremos o mais rápido que pudemos em direção a outra porta dourada. Tyga estava lá.

–Sabia que vocês apareceriam aqui! Tentei abrir a porta, mas não consegui de jeito nenhum! –Ele disse aproximando-se de nós. –O que o Chris faz aqui?

–Ele sabe mexer nas instalações do edifício. Está abrindo todas as portas para resgatar os que perderam. –Ed explicou.

–Como sabe mexer nessas instalações? –Tyga perguntou para mim, não respondi, estava ocupado demais procurando o botão para destravar aquela porta.

–É o que eu quero saber também. –Ryan disse desconfiado.

–PORRA. ESTOU TENTANDO AJUDAR VOCÊS, PODEM PELO MENOS PENSAR NO QUE FAREMOS QUANDO ALCANÇARMOS O TRAVIS AO INVÉS ME QUESTIONAR? –Perguntei irado. –Ele é o inimigo aqui. E não eu.

Eles se entreolharam.

–Tudo bem. Mas como chegaremos nele? –Ryan perguntou. Fiquei de costas e continuei a procurar o maldito botão, quando o encontrei, apertei e tive acesso a próxima etapa.

Por sorte, Emma estava logo na entrada.

–Pronto. Todos estão aqui? –Perguntei.

–Ruby e Mackenzie foram as finalistas... –Julie pensou alto. Pude ver que ela ficou com medo por suas amigas.

–Estão todos aqui. –Tyga confirmou.

–Como conseguiram abrir as portas? Eu tentei e são impossíveis. –Emma disse indignada.

–Chris sabe como abri-las. –Ed explicou novamente.

–Então o que estamos esperando? Há mais duas portas por onde Mackenzie passou com a Ruby! Vamos até lá! –Emma disse para mim.

–Não dá. A última porta só pode ser aberta com a autorização do Travis. –Expliquei.

–Porra. Então o que faremos? –Tyga perguntou levando sua mão a cabeça em ato de desespero.

–Eu sei de um caminho que dá direto ao lugar onde elas estão. –Eu disse tirando a mochila preta das minhas costas e trazendo-a para o centro de nós.

–O que traz aí? –Ryan perguntou tentando ver o que tinha na mochila.

Despejei todas as armas no chão e encarei-os.

–Vocês vão precisar. –alertei.

Todos se entreolharam e perceberam o perigo que os esperavam. Mas não havia saída. Precisávamos nos entregar até a morte.

Cada um pegou uma pistola no chão.

–Sobraram duas! –Julie apontou para as pistolas no chão.

–São as da Ruby e Mackenzie. –Peguei-as do chão. –Entregue para elas quando chegarmos lá. –Passei as armas para Emma e ela assentiu.

–Estão todos armados. Vamos! –Ryan disse após checar as mãos de todos.

–Me sigam. –Eu disse.

Corri o mais rápido que pude todo o caminho de volta para o início do jogo. Atrás de mim, todos seguiam a mesma direção. E ao passarmos por algumas portas douradas, atravessamos a última delas.

–Estamos na recepção do edifício. –Ed observou.

–Foi aqui onde tudo começou. –Julie comentou olhando em volta.

–Por aqui! –Conduzi-os para uma porta que havia ali no canto.

Se eu não soubesse sobre ela, não conseguiria vê-la de tão escondida que era.

–Não percebi essa porra aí. –Ryan disse referindo-se a porta branca.

Destranquei a porta usando a chave que guardava comigo e girei a maçaneta, abrindo-a. E novamente, pensei o quanto Travis foi burro em confiar em mim.

 Aquele caminho era bem menor a ser percorrido. Atravessei a porta correndo e todos me seguiram com arma em punho. Com a rapidez que estávamos correndo, não demorou a que chegássemos a uma nova porta.

–Esse é o fim da linha. –Disse ao parar de correr. Minha respiração estava descompassada como a de todos.

–Mackenzie e Ruby estão aí dentro? –Tyga perguntou apontando para a porta a nossa frente.

–Com o Justin? –Ryan acrescentou à pergunta.

–E com a companhia do Travis. –Completei, por fim.

Isso foi suficiente para que Emma tomasse coragem e empurrasse a porta com toda força e fúria dentro de si

Mackenzie ON

–Eu perdi tudo! –Travis continuava a dizer o quanto sua vida se tornou miserável quando a gangue foi formada. –Meus negócios foram por água abaixo! Meu nome se tornou uma piada para outros traficantes da região! Vocês destruíram o meu reinado e agora destruirei vocês!

A arma do Travis foi destravada. Ele estava a alguns metros distante de nós e não soube definir em quem ele mirava, em mim, ou em Ruby.

Meus batimentos cardíacos estavam acelerados. As lágrimas que percorriam meu rosto demonstravam medo e tristeza. Fechei os olhos por alguns segundos e pedi aos céus que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas ao abrir os olhos, vi que tudo era real. Um pesadelo real.

Encostei minha testa nas costas da mão do Justin. Chorei baixinho. Ele estava pálido e perdendo muito sangue, se continuasse daquele jeito, morreria logo.

Um barulho alto ecoou por todo o salão. A mesma porta que o Travis usara para entrar fora aberta bruscamente. Meu coração palpitou ao ver todos os meus amigos atravessando a porta com armas direcionadas para todo o canto.

–Abaixe a arma, Travis! –A voz de Emma tomou conta do lugar.

Travis foi pego de surpresa. A expressão de medo em seu rosto denunciava que não estava preparado para tal coisa. E eu tive a esperança dentro de mim novamente. Tínhamos chances de escapar.

Ele virou a cabeça para trás e encarou todos que ali estavam com as armas apontadas em sua direção. Ele não tinha saída alguma senão a morte.

Todos o encaravam friamente como se pudessem passar a raiva através de um olhar, e se pudessem, Travis estaria morto.

–É o fim do jogo para você. –Tyga disse com um sorriso maligno estampado no rosto.

–E é apenas o início para nós. –Chris deu alguns passos a frente e posicionou-se ao lado da Emma.

–Meu garoto prodígio... Abaixe essa arma. –Travis disse para o Chris.

–Garoto prodígio? –Ruby questionou sem entender.

–Sim. –Travis virou-se para ela. –Assim como você. Meus dois malandrinhos favoritos, não me deixem morrer. Não esqueçam as promessas que fiz.

Ruby e Chris soltaram uma risada debochada.

–Poupe-me Travis. –Ruby disse ao agarrar uma arma que lhe foi lançada pelo ar por Emma. Ela destravou-a rapidamente e apontou para o Travis. –Foi bom jogar com você, e não se preocupe, o inferno é um lugar legal.

Emma fez sinal para mim, pediu para que eu levantasse e agarrasse a arma que ela jogaria para mim. Com cuidado, levantei e esperei com que ela o fizesse.

Travis gargalhou alto como se ainda tivesse o controle sobre tudo, mas não tinha. Ele pareceu pensar rápido em alguma saída e me encarou friamente.

–Eu perdi. –Ele admitiu enquanto me encarava. –E vou embora. Mas levarei comigo o bem mais precioso de vocês.

E sem tempo para pensar, Travis apontou a arma para mim. Ele puxou o gatilho duas vezes. 

Fechei os olhos como se aquilo fosse me proteger, em milésimos de segundos não senti nada atingir o meu corpo. Abri os olhos e rapidamente e arregalei-os ao ver o corpo da Ruby no chão. Ela foi rápida em se jogar em minha frente e levar os tiros por mim.

Bastou o Travis puxar o gatilho para que todos atrás dele fizessem o mesmo várias vezes. Seu corpo foi baleado diversas vezes antes de ir ao chão sem vida. E a única coisa a se ouvir naquele salão eram estrondos de balas.

–RUBY! –Gritei caindo de joelhos ao lado do seu corpo no chão. –NÃO ME DEIXA, RUBY! NÃO ME DEIXA! VOCÊ NÃO PODE IR AGORA!

Sacudi seu corpo desesperadamente enquanto uma mancha vermelha de sangue se espalhava por suas vestimentas. Um dos tiros acertou seu peito e o outro o braço. Ela suava frio. Seu corpo tomou uma palidez e sua respiração foi falhando aos poucos.

Todos correram rapidamente em nossa direção para ajudar a Ruby.

–CARALHO! –Tyga levou a mão a cabeça ao ver o Justin completamente machucado e foi até ele ajudá-lo.

–Ligue para a ambulância e dê o endereço daqui! –Emma disse ao Ed que rapidamente discou o número da emergência em seu celular.

–RUBY! FALE COMIGO! –As lágrimas que percorriam minhas bochechas pingavam do meu queixo para o seu rosto. Ela não reagia.

Atrás de mim, Julie soluçava e berrava enquanto o Ryan tentava acalmá-la.

A voz do Ed desesperado clamando por ajuda através do celular tomou conta da minha mente. Tyga também gritava coisas para o Justin, ele pedia para que ele agüentasse firme e dizia que eles ainda assaltariam muitos bancos juntos. Ryan tentava acalmar sua namorada que chorava como um bebê apontando para o corpo da Ruby no chão.

Chris, assim como o Ed, ligava para a ambulância, ele xingava os atendentes e dizia que eles eram imprestáveis. Chris estava surtando na ligação, ele repetia que precisávamos de ajuda, mas quem quer que fosse ao outro lado da linha parecia encarar aquilo como um trote, porque de acordo com o mapa, o endereço era inexistente.

E todas aquelas vozes desesperada fizeram de minha mente um caos. Tudo ao redor pareceu girar e as vozes ao fundo deixavam-me louca. Eu estava enlouquecendo.

Segurei a mão fria da Ruby.

–Nós vamos sair dessa! –Sussurrei ao pé do seu ouvido. –Você me disse que tinha cartas na manga, lembra? Use-as agora. Por favor! –engoli o choro e continuei a dizer com os lábios trêmulos. –Disse também que nada me separaria de você, e eu confiei. Você não pode quebrar suas promessas assim!

Sacudi o corpo da Ruby no chão enquanto chorava. Emma agachou-se junto a mim e encarou o corpo de sua amiga deitado sobre o chão. Emma lacrimejava e a encarava como se aquela fosse sua verdadeira despedida.

Ruby não podia me deixar. Eu a amo. Amo como nunca amei ninguém e nunca quero amar. Não há sorriso nesse mundo que eu mais queira por perto e olhar que eu mais deseje. Não há e nunca haverá uma pessoa que substitua seu lugar dentro mim.

Ela será para sempre o meu primeiro amor. E é dela que contarei aos meus filhos mesmo sabendo que eles provavelmente dirão que tudo não passa de um conto de fadas louco, porque tudo o que vivemos é surreal. E eu sentirei sua falta por todos os dias da minha vida, eu juro, não se passará um dia sequer sem que eu não pense nela. Ela é o grande amor da minha vida. Eu nunca vou esquecê-la.

Mas é hora de dizer adeus.

Encostei minha testa a dela e beijei seus lábios pela última vez. Senti seus batimentos cardíacos baterem devagar bem abaixo de mim. O sangue de sua roupa molhou-me e eu desejei que aqueles tiros estivessem atingido a mim, e não a ela.

Tyga também se ajoelhou ao lado do corpo da Ruby.

–Ah, qual é?! Não vai embora agora, cara. E como fica o nosso plano de assaltar quatro bancos em um só dia? Eu não esqueci não, porra. –Tyga disse deixando a emoção lhe tomar conta. –Essas balas são fichinhas para você, você sabe disso! –Incentivou-a, ela ainda respirava com dificuldade e lhe deu um sorriso fraco.

–É Roselinda, não desista! –Julie ajoelhou-se juntamente com o Ryan, seu rosto estava extremamente inchado devido ao choro.

Eu consegui sorrir em meio ao pior momento da minha vida porque sabia que estava vendo-a sorrir pela última vez. E ver todos os meus amigos ali por ela, tentando fazer do seu último momento uma lembrança feliz, não tem preço.

–Estão ouvindo isso? –Chris perguntou e todos o encararam. Tudo ficou em silêncio e um barulho soando como bips soou ali.

–É um alarme. –Tyga deu de ombros como se aquilo não significasse nada.

–É o alarme de uma bomba! –Ed disse em desespero. Todos se levantaram rapidamente.

Eu continuei ajoelhada ao lado da minha namorada.

“Não achou que fossem escapar de mim tão fácil, achou?”— A voz do Travis soou como uma gravação através dos alto-falantes.

–Desgraçado! Ele armou isso para nós! –Tyga disse entre dentes.

–Precisamos sair daqui! –Julie alertou desesperada.

–Chris! –Emma o chamou. –Carregue a Ruby e leve-a para fora. Ryan e Tyga ajudam o Justin.

Como ordenado, eles fizeram. Ajudei o Chris a levantar o corpo da Ruby com cuidado.

E para desgraçar tudo de uma vez, uma contagem regressiva soou através dos alto-falantes.

–CORRAM! CORRAM PORRA! –Tyga gritou. E todos correram em direção à nossa liberdade. Em direção à uma vida sem o Travis. Éramos todos jovens, tínhamos tanto a ver, tanto a viver! Aquele não poderia ser o fim da linha.

Não tínhamos mais tempo.

“Cinco, quatro, três, dois, um. Digam olá para o inferno, malandrinhos.”

E um estrondo avassalador tomou conta do lugar. Tudo foi tomado pelas chamas. Eu apaguei.



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