— Letra N! — O professor de literatura disse em voz alta. — Nezuko Kamado, venha até aqui e apresente, por favor.
Na aula passada o professor de literatura havia pedido para que seus alunos escrevessem sobre sentimentos, qualquer um que se sentissem confortáveis para falar em frente toda a turma. Mitsuri havia escrito sobre sua paixão por comida e ganhou cinco pontos por isso, o que a fez comemorar e querer comer, coisa que fez Obanai rir e encher o rosto da rosada de beijos por a achar fofa demais.
Nezuko foi até o quadro parando em frente toda a turma, alguns dos garotos suspiraram encantados por acharem a pequena garota bonita demais, outros continuavam conversando entre si.
— Silêncio! — O professor mandou. — Pode ler para a turma, Nezuko.
— É engraçado — Nezuko começou timidamente. — Eu me apaixonei pela única pessoa cuja qual eu não deveria me apaixonar — A garota colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. — E também a única pela qual por mim nunca irá se interessar. — Com um último e longo suspiro, ela continuou. — Em um momento da minha vida em que eu não deveria o fazer — Nezuko levantou o olhar. — Porque nesse momento o meu único desejo é morrer.
A turma bateu palmas e Mitsuri arriscou um gritinho para apoiar a amiga.
— Uau, Nezuko, isso foi intenso. — O professor comentou. — Amores não correspondidos são a doença dos jovens, guarde bem isso.
— Guardarei, professor. — Nezuko o deu um pequeno sorriso e voltou ao seu lugar.
— Poxa Nezuko-chan, pelo menos disfarça né. — Mitsuri zombou da amiga.
Kanao e Shinobu não comentaram nada sobre isso pois sabiam para quem o texto era e preferiam manter-se caladas.
— Vamos sair hoje à noite? Preciso contar uma coisinha pra vocês. — Mitsuri disse animada. — Uma notícia de imensa importância.
— Ah — Shinobu desviou o olhar. — Eu acho que não vou poder, Mitsuri-chan.
— Por que? — Mitsuri perguntou.
— Kanae está meio triste ultimamente e eu queria ficar um pouco com ela. — Shinobu meio que sussurrou as palavras.
Nezuko suspirou. — Você pode falar sobre sua irmã perto de mim, Shinobu-chan. — Dito isso a garota de longos cabelos se virou para frente para prestar atenção na aula.
Shinobu suspirou. — Ei, Nezuko-chan, eu sei que posso falar sobre ela, eu só acho melhor evitar até que a poeira abaixe, principalmente falar sobre ela com você.
— Que complicado — Kanao resmungou. — Já que Shinobu-chan não pode ir, vamos nós três.
— Por mim tudo bem. — Mitsuri concordou. — Nos encontramos naquele barzinho perto da minha casa, sabem qual é?
— Sim. — Kanao concordou. — Passo na casa de Nezuko e vamos juntas.
— Tudo bem. — Mitsuri sorriu e então ficaram em silêncio.
A aula correu normalmente depois disso, quando o intervalo soou Kanao e Nezuko saíram juntas, deixando somente Mitsuri e os garotos na sala de aula. A garota de cabelos rosas levantou-se e segurou Shinobu cuidadosamente pelo pulso para que ela não saísse da sala.
— Por que falou daquele jeito com ela? — Mitsuri perguntou.
— Do que está falando? — Shinobu perguntou confusa.
— Você falou com Nezuko-chan como se ela fosse uma desconhecida. — Mitsuri franziu as sobrancelhas. — E ela não é! Eu não gostei nada disso, Shinobu-chan, foi tão errado!
— Eu não fiz isso! — Shinobu negou rapidamente.
— Fez sim e sabe que fez! — Mitsuri brigou. — Deveria saber separar as coisas, Shinobu-chan, nem todas somos obrigadas a sentir empatia por Kanae-san, e não sentimos mesmo! Mas tratar Nezuko como se ela fosse qualquer coisa é errado sim!
— Vocês estão brigando? — Tomioka se aproximou das garotas.
— Dialogando. — Mitsuri respondeu. — Por que fez isso, Shinobu-chan?
— Fez o que? — Tomioka perguntou.
— Eu só não quero falar sobre Kanae com ela, simples! Minha irmã está errada mas está sofrendo, claro que eu ficarei ao lado dela! — Shinobu respondeu para Mitsuri. — Nezuko bateu em Kanae, Mitsuri-chan, você entende isso?!
— Kanae-san também bateu nela! — Mitsuri retrucou. — Bateu nela e em Sanemi-kun, ah, e não se esqueça que não foi só no rosto de Sanemi-kun que sua irmã bateu, ela bateu no coração dele também!
— Ei, calma — Obanai tocou o braço de Mitsuri com carinho.
— Sua irmã traiu Sanemi-kun, e então ela cobra coisas dele e agora o acusa de traição, como se não bastasse ela fala que Nezuko-chan gosta de Sanemi-kun sem nem saber sobre isso! — Mitsuri estava ficando irritada e suas bochechas vermelhas denunciavam isso.
— Mas a Nezuko gosta, então Kanae não estava errada! — Shinobu disse alto.
— Hã? — Sanemi franziu as sobrancelhas. — Como é que é?
Mitsuri sentiu-se triste além de irritada. — Não cabe à você falar de quem Nezuko gosta ou não, Shinobu-chan, ela nem mesmo está aqui para se defender.
— Ah, Mitsuri! — Shinobu se irritou. — Você não sabe sobre isso, você acabou de chegar!
Mitsuri franziu as sobrancelhas. — Você está certa, eu não sei sobre isso, nós nem somos amigas, não é mesmo?
— Eu não disse isso — Shinobu arregalou os olhos. — Mitsuri-chan, não fo-
— Não importa. — Mitsuri balançou a cabeça em negação. — Não me importo com o que sente sobre mim, mas me importo com Nezuko-chan. Ela está tão chateada quanto você, ela não queria ter batido na sua irmã, mas ela foi em defesa de um amigo, coisa que nenhum de nós fez. — Mitsuri apertou as mãos fortemente em punhos. — E mesmo que você não me considere sua amiga, eu te considero, e quem é amigo avisa; se desculpe com Nezuko-chan antes que seja tarde demais.
Mitsuri puxou Obanai para fora da sala, mas parou na metade do caminho pela tontura que sentiu.
— Você não pode ficar agitada assim. — Obanai acariciou os braços da garota lentamente enquanto a repreendia. — Pesquisei sobre uma gestação de trigêmeos, e você não deve se estressar.
Mitsuri sorriu. — Você pesquisou?
— Claro! Quero te ajudar o máximo que conseguir, afinal, seremos pais. — Obanai quis rir quando sentiu o abraço apertado que Mitsuri lhe deu. — Preciso respirar!
— Desculpa amorzinho. — Mitsuri continuou sorrindo. — Eu estou enjoada, mas tô com tanta fome...
Como se fosse um milagre, viram Muichiro correndo até eles, os longos cabelos balançando conforme ele chegava perto. — Mitsuri-san, bom dia! Eu e a avó fizemos um café reforçado para você e seus bebês, mas somente com coisas saudáveis.
Mitsuri sorriu feliz. — Jura, fofinho?!
— Sim. — Muichiro assentiu, estendendo a grande marmita lilás para Mitsuri. — Aqui. Estive pensando em comprar um suco pra você na cantina, quer?
— Ah, sim! Nossa, você é incrível, fofinho! Muito, muito, muito obrigada! — Mitsuri agradeceu Muichiro enquanto sorria feliz.
— Te encontro no refeitório na mesa de sempre. — Muichiro disse e saiu rapidamente.
— Ah, estar grávida tem suas vantagens! — Mitsuri comentou feliz enquanto caminhava animadamente ao lado de Obanai até a mesa em que seus amigos ficavam no refeitório. — Oh! Quer comer também, amorzinho?
— Não. — Obanai negou. — Fico bem em te ver comendo.
— Amo você. — Mitsuri beijou o rosto de Obanai rapidamente. — O fofinho está tão feliz, não é?
— Pode acreditar que sim — Obanai concordou. — Ele não para de falar sobre bebês e nomes para bebês, e sobre como cuidar de bebês e bebês.
Mitsuri riu alto. — Bebês e bebês! Ah, amorzinho...
— O que foi? — Obanai perguntou.
Ambos sentaram-se lado a lado.
Mitsuri sorriu travessa. — Eu vou começar o pré-natal.
Obanai arregalou os olhos. — Já?!
— Fala baixo! — Mitsuri riu ao acertar o braço de Obanai com um tapa.
— Aí, Mitsuri! — O garoto segurou o próprio braço. — Espero que você nunca bata nos nossos filhos com essa sua mão monstra!
— Olhe aqui seu abusado — Mitsuri franziu as sobrancelhas enquanto dizia e abria sua marmita. — Oh! Amorzinho, olhe quanta comida!
— Oi! — Nezuko e Kanao sentaram-se na mesa.
— Oi — Mitsuri acenou e começou a comer.
— Vai engasgar. — Obanai avisou.
Mitsuri pouco se importou e continuou comendo. Amava bolinhos e ali tinha vários! Enquanto comia seus amigos foram chegando na mesa do refeitório, cada um com seus próprios alimentos.
— Uau, Mitsuri-chan, quanta comida! — Zenitsu comentou. — Me dá um pouco?
— Claro! — Mitsuri deixou que Zenitsu comesse um pouco de sua comida. — Está bom, não é?
— Muito! — Zenitsu concordou. — Você quem fez?
Mitsuri balançou a cabeça em negação. — A avó do meu amorzinho.
— Meta de relacionamento, mas a mãe de Aoi não me suporta. — Rengoku se lamentou.
— Nezuko-chan — Shinobu chamou pela garota. — Nós estamos bem?
— Nunca estivemos mal, Shinobu-chan, eu realmente entendo você. — Nezuko sorriu. — Espero que fique tudo bem com Kanae-san.
— Olha — Sanemi suspirou. — Não quero mais que falemos sobre ela, tá bom? Essa história já deu o que tinha que dar.
— De verdade. — Inosuke concordou. — Nezuko, quer sair hoje?
— Depois da escola? — Nezuko perguntou.
— É. Sabe como minha mãe é, ela sente sua falta, e eu também, claro. — Inosuke piscou para Nezuko, que sorriu para ele.
— Tá bom. — Nezuko concordou.
— Ue, não tinha terminado? — Uzui perguntou confuso.
— Terminamos. — Inosuke respondeu. — Mas se os dois estão solteiros, por que não, né?
— É no sentido que eu entendi? — Tomioka perguntou.
— É sim — Inosuke concordou.
— Não ligue pra ele. — Nezuko beijou o rosto de Tanjiro que olhava de cara feia para Inosuke. — Pare de falar essas coisas, Inosuke-kun.
— Tsc — Sanemi revirou os olhos. — Você me irrita, Inosuke.
— Aí obrigado, quer brigar? — Inosuke sorriu pra ele.
— Te meter a mão, deixa só — Sanemi ameaçou.
Inosuke o chamou com a mão. — Vem tranquilo bonitão.
— Parem com isso. — Shinobu revirou os olhos. — Estão brigando pela atenção de Nezuko-chan ou estão tentando assusta-la?
— A atenção da gatinha é completamente minha. — Sanemi disse tranquilo.
— Ah, vá! — Inosuke revirou os olhos. — Vai achando, vai.
Nezuko bufou. — Minha atenção é do meu príncipe, e sim, estou falando do meu irmão!
— Obrigado! — Tanjiro sorriu e logo olhou para Kanao. — Ei, princesa, você vai comer só isso?
— Sim, você quer alguma coisa, amor? — Kanao sentiu aos bochechas quentes por estar demonstrando afeto com todos ali.
— Ah! Que fofos! — Nezuko sorriu grande.
— Mitsuri-san! — Muichiro se aproximou com duas garrafas de suco. — Um de morango e outro de laranja.
Mitsuri parou de comer para olhar o garoto. — Obrigada, fofinho! Você está tão carinhoso hoje.
As bochechas de Muichiro coraram. — Só quero que você se cuide, Mitsuri-san.
— Own, você está corado! — Shinobu comentou. — Mitsuri-chan lhe desperta coisas?
Tomioka revirou os olhos. — Não liguem, Shinobu está mais chata que o normal hoje.
— Já vou indo. Se cuide, tá? — Muichiro acenou e foi até a mesa onde seus colegas de classe estavam.
— Vantagens — Mitsuri cantarolou.
Obanai riu e rodeou os ombros de Mitsuri com seu braço. — Você tem vantagens por ser linda.
— E por ser mãe dos seus filhos. — Mitsuri sussurrou no ouvido dele e beijou seu pescoço. — Hm, que cheirinho boom...
Obanai puxou levemente os cabelos da nuca de Mitsuri, olhando para a garota. — Você gosta de me testar.
Mitsuri sorriu. — Muito.
— Ei, ei! — Rengoku chamou a atenção deles. — Parou ai em.
— Eu fiquei curiosa pra saber qual notícia iria nos dar, Mitsuri-chan. — Nezuko comentou.
Mitsuri olhou cúmplice para Kanao, que sorriu pra rosada. — É uma notícia ai.
Obanai sussurrou no ouvido de Mitsuri. — Quando começa?
— Mês que vem. Uma consulta por mês até o segundo mês de gestação, depois três dependendo do quanto eles crescerem. — Mitsuri sussurrou de volta. — E você não vai acreditar!
— No que? — Obanai perguntou em um sussurro.
— Sétima e oitava semana é ótima pra sentir a barriga começando a endurecer, louco, né? Quer sentir? — Mitsuri perguntou animada.
Obanai assentiu lentamente com a cabeça e Mitsuri pegou sua mão disfarçadamente, a colocando um pouco abaixo de seu umbigo, onde sua barriga começava a crescer. Quase não dava para perceber que algo crescia ali, mas Obanai conseguiu sentir e sentiu a mão formigar por isso.
— Isso é real, não é? — Obanai perguntou.
— É sim. — Mitsuri concordou.
— Sobre o que estão sussurrando? — Sanemi perguntou curioso.
Mitsuri olhou para Sanemi. — Sobre comida, a minha está ótima aliás.
— Muito boa — Obanai concordou.
Kanao riu. — Aham, comida.
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