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História Primeiro verdadeiro amor (Obamitsu) - Capítulo Trinta e Três


Escrita por: lollaszz1

Capítulo 39 - Capítulo Trinta e Três


Fanfic / Fanfiction Primeiro verdadeiro amor (Obamitsu) - Capítulo Trinta e Três

De novo não.

— Irmão? — A garota estendeu a mão para tocar o rosto de Obanai.

Obanai rapidamente fechou a porta, ignorando a garota completamente. Devia ser um pesadelo, isso, só podia ser um maldito pesadelo.

Se voltasse para cama agora poderia esquecer isso. Ok, faria isso então.

— Obanai! — A garota bateu fortemente na porta.

— Que loucura, por um momento achei que fosse ela — Obanai passou ambas as mãos no rosto, confuso. — Que engraçado, ha ha.

— Amorzinho? — Mitsuri chamou por ele. — Ainda é madrugada e estão batendo na porta... Quem é?

Espera... Então não é um sonho? Obanai olhou para a porta mais uma vez, confuso.

— Ninguém. — Obanai respondeu.

— Por que você tá tremendo? — Mitsuri perguntou preocupada. — Quem era na porta, Iguro-kun?

— Ninguém. — Obanai respondeu mais uma vez. — Vamos voltar pro quarto.

— Irmão, por favor... — A garota ao outro lado falou alto. — Me deixe ver você, por favor...

— Irmão? — Mitsuri repetiu de forma confusa.

— Meu irmão está dormindo. — Obanai disse, apontando para Muichiro e Makomo adormecidos no sofá. — E nós deveríamos fazer o mesmo, deve ser um engano. Isso, um engano.

— Você não ficaria tão nervoso se fosse um engano. — Mitsuri disse. — Me deixe abrir a porta.

— Não. — Obanai negou.

Mitsuri franziu as sobrancelhas. — Ei, me dá licença, por favor?

— Não. — Obanai negou mais uma vez. — Ninguém vai abrir a porta, não tem ninguém pra ver lá fora.

— Então porque você tá assim? — Mitsuri perguntou.

— Estou normal. — Obanai respondeu.

— Não tá não! — Mitsuri negou.

— A gente pode só... Voltar pro quarto? — Obanai perguntou.

Antes que Mitsuri respondesse, ouviram um choro baixo do outro lado da porta.

— Eu fugi. Eu finalmente achei você, então eu fugi... — A garota do outro lado da porta disse. — Então, por favor, fale comigo, Obanai!

Mitsuri olhou para Obanai mais uma vez. — O que está acontecendo?

Obanai não respondeu, continuou parado no meio da sala, sem reação. Não queria laços com mais ninguém de sua família por sangue, não queria os ver, não queria lembrar deles... Só queria ser livre, fugiu para ser livre.

Mitsuri passou por Obanai rapidamente para abrir a porta, e foi quando ele segurou seu pulso.

— Se você abrir essa porta, eu vou embora. — Obanai disse, mas nem mesmo olhava para Mitsuri.

— O quê? — Mitsuri ficou confusa. — Então eu devo deixar essa garota chorando na nossa porta?

— Sim! — Obanai respondeu com convicção.

— Obanai! — Mitsuri aumentou o tom de voz.

Mitsuri sabia que não podia gritar porque o apartamento estava cheio e duas pessoas estavam dormindo na sala, mas ela não conseguia entender o que estava acontecendo e era a primeira vez que via Obanai tão afetado com algo.

— Não grita. — Obanai pediu. — Só ignora e vamos voltar pro quarto, por favor, Mitsuri. Por favor.

Mitsuri suspirou. — Eu não posso. Eu não vou conseguir dormir sabendo que tem uma garota chorando na porta pedindo pra te ver enquanto te chama de irmão!

— Ela não é minha irmã! — Obanai falou alto dessa vez.

— Porra — Muichiro suspirou e se sentou no sofá. — Que gritaria é essa?

Mitsuri suspirou. — Tá bom, tanto faz. Faz o que você achar melhor então.

— O que h- — Muichiro foi interrompido.

— Eu não vou embora! Demorei anos pra encontrar você, não vou sair daqui até conversarmos! — A garota gritou.

— Ela vai acordar o prédio todo! — Mitsuri disse para Obanai.

— Se a gente ignorar ela para logo. — Obanai murmurou.

— O que tá acontecendo? — Muichiro perguntou confuso. — Quem é essa que tá gritando?

— Irmã dele...? — Mitsuri apontou para Obanai confusa.

— Ela não é minha irmã, porra! — Obanai gritou.

— Não grita comigo, inferno! — Mitsuri gritou de volta.

— Gente, calma! — Muichiro se levantou. — É melhor a gente deixar a garota entrar...

— Eu já disse — Os dois olharam para Obanai. — Se ela entrar, eu vou embora.

Mitsuri bufou. — Você quer que a gente simplesmente ignore?

— Sim! Eu quero fingir que isso nunca aconteceu, não quero ligação nenhuma com essas pessoas! — Obanai fechou os olhos com força. — Por favor, não abram essa porta.

Mitsuri olhou para Muichiro sem saber o que fazer.

— Então façamos o seguinte, vamos embora, nós dois. Deixamos ela entrar e conversar com Mitsuri até se acalmar e depois a gente vê o que faz. — Muichiro disse. — Tudo bem pra você?

— Não! Eu não quero ela aqui, não quero ninguém dessa maldita família aqui! — Obanai irritou-se. — Se vocês querem ela aqui dentro, ok, então eu saio!

— Para com isso! — Mitsuri gritou. — Já chega, não abre essa porra dessa porta então, caralho!

— Gente, calma! — Muichiro pediu, ficando entre os dois.

— Por que você está tão brava? — Obanai perguntou completamente irritado.

— Porquê você está agindo feito um idiota! — Mitsuri respondeu enraivecida.

— Você não sabe sobre isso, Mitsuri, então não pode apontar o dedo pra mim e dizer que estou me comportando de uma maneira ruim. Você não sabe como eles eram, você não tem noção do que aquela família fez! — Obanai gritou.

— Eu deveria saber?! Você nunca me disse nada! — Mitsuri gritou de volta. — Não aja como se eu devesse saber o que essa garota fez pra você, eu só sei que ela está chorando na porta e está sozinha!

— E quando eu estive sozinho? — Obanai apontou para si mesmo. — Ninguém me socorreu quando eu estava sozinho, Mitsuri!

— A culpa não é minha! — Mitsuri gritou. — O que eu posso fazer, Obanai? Eu nem mesmo sei o que está acontecendo!

— Gente, para! — Muichiro tentou para-los mais uma vez. — Vocês dois estão irritados, ainda é madrugada, vamos com calma aqui...

— Você não precisa saber. — Obanai apontou para Mitsuri. — Estamos falando sobre a porra da minha vida, Mitsuri.

Mitsuri o encarou por um tempo. — Tudo bem, desculpe por me meter na sua vida, Obanai.

A rosada virou as costas e voltou para o quarto, batendo a porta com força demais.

Makomo sentou-se no sofá e olhou para Muichiro confusa, ela havia acordado com os gritos e não sabia o que estava acontecendo.

Obanai puxou os cabelos cheio de raiva. Porra, tudo havia voltado a dar errado por causa da porcaria do sangue que carregava, não aguentava mais ser perseguido sempre pela mesma coisa.

Obanai fugiu de casa com nove anos. Ainda era uma criança, mas não sabia o que era rir, brincar, ou até mesmo ser feliz. Sua mãe era uma prostituta que mal olhava para ele e só deixou que ele e suas irmãs nascessem porque era covarde demais para fazer um aborto. Suas tias não eram diferentes, em uma família só de mulheres, elas tiveram que aprender a se virar desde cedo, tornando-se cada vez mais cruéis e podres por dentro, desconhecendo o que era empatia ou amor. Sua avó de sangue com certeza era a pior de todas, Obanai nunca conheceu alguém com tanta maldade no olhar como aquela mulher tinha, sempre olhando para ele com desprezo.

Por ser o único homem da família, acharam que era mais um peso. Afinal, como ele poderia ganhar dinheiro pra elas? Todas trabalhavam na noite, então o que Obanai faria para ajudar a colocar alguma comida na mesa?

Atiraram todo ódio, nojo e revolta em cima de uma pequena criança que nem mesmo havia pedido para vir ao mundo. Desde seu primeiro aniversário, vivia trancado em um porão úmido, sendo torturado de todas as formas imagináveis. Sua mãe nunca o tocou, mas também nunca fez nada para ajudá-lo enquanto via suas irmãs e mãe baterem naquela pequena criança. Sua irmã, Yzumi, foi vendida quando fez oito anos porque um velho homem dizia que ela era bonita demais, e Yaza fugiu quando teve a primeira oportunidade, e Obanai nunca mais ouviu falar de nenhuma das duas, dentro de seu coração sentia que foi abandonado por elas também, e isso lhe doia.

Na noite em que fugiu, foi a pior de sua vida. Sua vó estava com raiva porque o dinheiro havia acabado e suas filhas já não eram tão atraentes assim, e Obanai cometeu o erro de estar na frente dela. Ela o bateu, xingou e culpou por tudo de errado que acontecia em sua vida, continuava dizendo que ele, que na época era só uma criança, tinha que pagar por tudo que estava fazendo ela e suas filhas passarem, no começo ele não entendeu, continuava chorando e perguntando o que fez de errado, e foi então que ele viu a navalha nas mãos enrugadas.

Seu rosto marcado, sangrando, e foi assim que a avó de Muichiro encontrou Obanai, uma criança que já havia conhecido o pior do mundo, mas nunca o melhor.

Obanai sentia vergonha, sentia-se um erro, e se sentiu assim até Muichiro entrar em sua vida, fazendo-o ver um novo significado para família. Porque aquilo que ele viveu no passado, não passava de um pesadelo, um pesadelo ao qual ele tinha que conviver sempre que se olhava no espelho.

Aquela cicatriz era a prova de que Obanai ainda estava vivo, apesar de tudo.

No entanto, agora ele tem uma vida, um irmão, amigos e Mitsuri, ele não quer que nada atrapalhe isso, ele não quer antigas lembranças, ele não quer lembrar de tudo, mas então porque Yzumi apareceu em sua porta no meio da madrugada?

— Obanai — Muichiro chamou por ele. — O que vamos fazer?

Obanai olhou para o irmão, mas mal havia notado que estava chorando e tremendo. Estava com medo, sentia que tinha nove anos novamente e que a qualquer momento todas aquelas mulheres entrariam por aquela porta.

— Calma. — Muichiro tocou o rosto do irmão. — Você quer que eu chame a avó? Não chora, irmão...

Makomo levantou-se lentamente do sofá para ir até o quarto de Mitsuri, abrindo a porta de forma lenta. — O que você está fazendo, Kanroji-san?

— Indo embora. — Mitsuri vestiu o moletom rapidamente, logo calçando os tênis.

— Você vai mesmo deixar ele sozinho agora? — Makomo perguntou confusa. — Vocês são um casal, devem estar juntos o tempo todo.

Mitsuri deu um sorriso triste. — Ele deixou claro que eu não devo me meter na vida dele, Makomo-chan. O fato de eu estar carregando os filhos dele não quer dizer nada, não é?

— Não, Kanroji-san! Tenho certeza que não foi isso que ele quis dizer! — Makomo negou rapidamente. — Você não pode deixar ele sozinho agora.

— E o que eu posso fazer? — Mitsuri apertou a manga de seu moletom com força. — Ele não quer me dizer sobre o passado dele, as vezes eu sinto que não o conheço, Makomo-chan, e isso me machuca muito, porque ele é o homem que eu amo.

— As vezes ele só não sabe como falar. — Makomo disse. — Você viu o rosto dele, Kanroji-san, o que te faz achar que ele não tem vergonha de falar como conseguiu aquela cicatriz? Não foi um mérito, foi uma dor!

Mitsuri secou as próprias lágrimas com força. — Ele está sendo um completo idiota.

— Ele só está assustado. — Makomo garantiu.

— Se ele gritar comigo de novo eu vou embora. — Mitsuri disse. — Eu juro que vou.

— Eu sei. — Makomo disse. — Eu vou com você, Kanroji-san.

— Você é namorada do irmão dele, não precisa ir comigo. — Mitsuri disse.

Quando voltaram para sala, Obanai estava encolhido no sofá como uma criança indefesa, completamente assustado com as lembranças do passado. Mitsuri olhou para a porta com cautela e caminhou até ela, a abrindo de uma vez só, podendo ver a garota pequena de cabelos curtos e pretos parada ali, os olhos heterocromaticos assim como os de Obanai olharam pra ela com cuidado.

— Quem é você? — Mitsuri perguntou.

— Yzumi. — A garota respondeu. — Me desculpe por incomodar à essa hora, eu só preciso falar com Obanai, por favor.

Mitsuri deixou a garota entrar e voltou a fechar a porta. — Fique à vontade.

— Obanai... — A garota se aproximou de onde ele estava sentado. — Eu posso olhar pra você, só um pouquinho?

— Eu disse — Obanai olhou para Mitsuri. — Que iria embora se você abrisse a porta.

— Pra onde? — Mitsuri perguntou. — Pra sua casa? Ela também pode ir até lá. Até quando vai fugir, Obanai?

— Não é problema seu. — Obanai respondeu de forma rude.

— Percebi que não é. — Mitsuri respondeu. — Você vai ser pai, Obanai, você precisa deixar seus medos de lado porque agora você tem mais três pessoas para cuidar! Eu não sou uma delas, eu não preciso de cuidados, mas seus filhos precisam e você nunca vai ser cem por cento por eles porque você tem medo do seu passado!

— Não é você quem decide isso! — Obanai gritou.

— Quer saber? Que se foda, então! — Mitsuri perdeu a paciência.

Muichiro quase desmaiou de nervoso quando Mitsuri simplesmente saiu do apartamento sem falar nada.

— Ah, droga... — Makomo suspirou. — O que faremos, Tokito-kun?

— Vai pro quarto onde as meninas estão, por favor. — Muichiro pediu. — Eu vou ficar com ele.

Makomo concordou e rapidamente saiu, deixando somente Muichiro, Obanai e Yzumi na sala.

— Me desculpe por isso... — Yzumi pediu. — Eu quero me desculpar por muitas coisas, na verdade. Eu não fui forte como você, eu desisti assim que notei que minha própria mãe me vendeu. É louco, né, sua própria mãe vender você...

Obanai não disse nada, ele nem mesmo olhou para ela. Ela o lembrava coisas que ele queria esquecer, ela o faria voltar a ter pesadelos. Ele sabe que ela não tem culpa, ela sofreu tanto quanto ele, mas mesmo assim ele não consegue olhar para ela. Obanai estava escondendo seu rosto o máximo que podia, estava com medo e com vergonha, sentia que estava sendo cercado por sangue e dor mais uma vez.

— Eu fugi daquele homem antes que ele pudesse tocar em mim. Eu tinha dez anos quando fiz isso, tive que me virar nas ruas e então uma senhora me achou e me levou pra um orfanato, desde então eu não tenho muito o que falar sobre a minha vida. Procurei nossa irmã por um longo tempo, mas não existem rastros dela em lugar nenhum, mas, por acaso, eu encontrei você. — Yzumi encolheu os ombros. — Eu fiquei tão feliz, Obanai. Nossa, eu fiquei muito feliz mesmo! Vim correndo assim que descobri onde você morava, e agora descobri que você também tem filhos... Quanto da sua vida eu perdi? — A garota não secou suas lágrimas, simplesmente deixou que caíssem. — Não pedimos pra nascer naquela família, e não podemos mudar o passado, mas, nossa, eu queria muito mudar. Queria ter fugido com você, mas nossa mãe me mandou embora em troca de dinheiro antes que pudéssemos fazer isso, e eu sinto muito por ter demorado tanto... — Ela voltou a olhar para Obanai. — Mas, por favor, olhe pra mim. Eu sinto muito por ter te deixado sozinho, sinto muito por ter desistido quando era mais nova, mas agora eu estou aqui e não tenho culpa do que passamos, então, por favor, olhe pra mim, irmão.

— Irmão — Muichiro se aproximou de Obanai. — O que Mitsuri-chan disse esta correto, você vai ter sua própria família agora, então por que não resolver assuntos pendentes do passado?

— Eu estou com medo. — Obanai murmurou. — Eu estou com vergonha. — Ele levantou o rosto completamente, encarando Yzumi. — Àquela mulher fez isso comigo, então, como eu posso olhar pra você? Eu devia ser o seu irmão e te proteger, mas aquelas mulheres tiraram tudo de bom que tínhamos. Precisei ser marcado pela vida inteira para poder ir embora, precisei andar pelas ruas como uma criança louca até ser encontrado pela mulher que hoje, pra mim, é como uma mãe. Mas como posso olhar pra você, Yzumi? Você me lembra de tudo ruim que já passei na minha vida, me faz voltar a ter medo, e por causa desse medo, eu disse coisas para a garota que eu amo que provavelmente vão fazer ela guardar rancor eternamente.

Yzumi tocou o rosto de Obanai com cuidado. — Você continua sendo o lindo irmão que eu me lembro. Você é lindo e você é muito forte por ter passado por tudo isso sozinho, irmão. Me perdoe por chegar tarde demais, mas agora eu estou aqui porque não quero mais que tenhamos medo... Não podemos mais ter medo.

Muichiro secou as próprias lágrimas rapidamente, não queria ser visto chorando por ninguém.

— Eu posso abraçar você? — Yzumi perguntou.

Obanai somente balançou a cabeça em concordância.

Yzumi o abraçou com força, chorando em seu ombro. — Não vamos mais ter medo. Finalmente estamos juntos agora.

— Não vamos mais ter medo... — Obanai repetiu em um sussurro.

— Nem vergonha — Yzumi disse. — Passamos por isso e somos fortes. Não precisamos ter vergonha.

[🌸]


Mitsuri segurou a caixa de bombons fortemente contra o peito, enfiando mais um em sua boca. Não estava mais chorando e isso já era vantagem, mas ainda estava chateada pela comportamento explosivo de Obanai, mas não achava que o seu era muito melhor.

— Porcaria — Mitsuri suspirou.

— Ei. — Muichiro sentou-se no degrau ao lado de Mitsuri.

A rosada estava na escada de emergência do prédio e achava que estava bem escondida até ser encontrado por Muichiro.

— O quê? — Mitsuri enfiou mais um bombom na boca.

— Quer saber como fui morar com a avó? — Muichiro perguntou.

— Não. Seu irmão deixou bem claro que não tenho nada haver com o assunto de vocês. — Mitsuri respondeu na defensiva.

— Você é muito importante pra mim, Mitsuri-san, então tem o direito de saber sobre a minha vida. — Muichiro disse. — Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha um ano de idade, eu ainda não entendia o que estava acontecendo até meu tio chegar e dizer que meus pais nunca mais iam voltar pra brincar comigo. — Muichiro riu de forma seca. — Minha avó já criava Obanai à algum tempo, e ninguém na família aceitou isso bem, e eu ainda não o conhecia muito bem. Foi uma briga enorme entre meu tio e minha avó no julgamento pela minha guarda, mas minha avó ganhou por ter uma condição de vida melhor.

— Você conhece Obanai desde que se conhece por gente então... — Mitsuri murmurou.

— Sim. — Muichiro concordou. — Ele sempre foi assim, escondendo suas emoções até o último momento. Mas sabe, Mitsuri-san, ele também é um chorão e morre de medo da família de sangue dele, ele também explode as vezes, mas é realmente a pessoa que mais amo na minha vida.

Mitsuri somente encarava Muichiro.

— Eu sei que ele foi um cuzão com você agora pouco, mas ele só estava assustado. Aquela garota, a irmã dele, o faz lembrar de coisas que ele tem medo até hoje, coisas que o fazem se sentir fraco e o fazem ter vergonha, por isso ele ficou tão... — Muichiro estava procurando a palavra certa.

— Escroto. — Mitsuri disse.

— Isso, escroto. — Muichiro disse. — Eu deixei eles lá na sala chorando, mas sei que todos estão esperando que você volte logo, porque ele não ficará bem se você não voltar.

— Todos estão acordados? — Mitsuri perguntou.

— Com certeza estavam escutando atrás da porta. — Muichiro respondeu.

— Fofinho — Mitsuri suspirou. — Eu entendo, realmente entendo tudo isso, mas quero ir pra minha casa.

— Tem certeza? — Muichiro perguntou.

— Sim. — Mitsuri olhou para sua caixa de bombons e sentiu sua visão turva pelas lágrimas. — Estou me sentindo meio intrusa estando aqui.

— Mit- — Muichiro foi interrompido.

— Tudo bem, fofinho, é sério! — Mitsuri tentou sorrir ao olhar para Muichiro, mas teve que rapidamente secar suas lágrimas. — Eu amo muito seu irmão, mas eu só quero correr pra minha casa agora.

— Tudo bem. — Muichiro suspirou. — Vocês vão se separar?

— Não. — Mitsuri negou rapidamente. — Pelo menos eu acho que não, talvez seu irmão esteja muito bravo comigo agora, então, não sei...

— Ah — Muichiro suspirou.

— Peça desculpas à fofinha por mim, e diga também que eu adoro ela. — Mitsuri se levantou. A rosada passou a mão livre na barriga e deu um pequeno sorriso. — Estou levando esses tesouros comigo, então, tchau, fofinho!

— Que domingo desgraçado... — Muichiro bufou.

Mitsuri só queria passar o domingo inteiro deitada, estava em dúvida se chorava ou dormia, mas sabia que faria qualquer um dos dois deitada. Não estava brava com Obanai, mas não conseguia evitar sentir-se muito chateada porque ele realmente foi um idiota, o que não era normal vindo dele, na verdade.

Ela só queria um tempinho sozinha, e então conversaria com Obanai quando ele quisesse fazer isso. Também mandaria uma mensagem para suas amigas explicando o porquê de ter ido embora, mas sem grandes detalhes, afinal, ainda era madrugada e ela caminhava pelas ruas o mais depressa que conseguia.

Muichiro pensou em correr atrás dela, mas desistiu antes mesmo de tentar, precisava ver como Obanai estava.

Muichiro entrou no apartamento mais uma vez e encontrou Obanai e Yzumi se encarando. Ambos não se viam a muito tempo, estavam gravando cada detalhe um do outro em suas memórias, livrando-se das lembranças ruins.

— Irmão, a Mitsuri-san foi embora. — Muichiro disse.

— Quê? — Obanai virou-se rapidamente. — Sozinha? Agora?

— Olha, eu não quero ser grosso ou algo assim, mas depois do que você disse pra ela, eu também iria embora. — Muichiro suspirou. — Ela disse que queria ficar um pouco sozinha, então... Vá atrás dela mais tarde.

Obanai suspirou. — Ah, porra...

— Quem é Mitsuri? — Yzumi perguntou curiosa. — A mãe dos seus filhos? Onde estão?

— Na barriga dela. — Muichiro respondeu. — Mitsuri é a garota que saiu quando você entrou.

— Ela saiu por minha causa? — Yzumi apontou para si mesma.

— Não por sua causa, mas por causa dele. — Muichiro apontou para Obanai. — Sinceramente, não tenho que me intrometer nesses assuntos do passado do meu irmão, mas se me permite perguntar... Você vai ficar onde?

Yzumi olhou para Obanai. — Como eu disse antes, eu fugi pra me encontrar com meu irmão, não tenho para onde ir, tudo que tenho são as roupas e sapatos que trouxe nessas duas mochilas.

Obanai fechou os olhos com força. — Isso parece estar longe de acabar.


Notas Finais


Cada um com seu passado sombrio, o meu era uns complicados ai...

E lá foi eu no hospital hoje de novo... Deus cuida!

Se preparem porque vem drama por aí.


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