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História Príncipes Ackerman - Apenas Amigos


Escrita por: Shino_Yuzuru

Capítulo 4 - Apenas Amigos



Boa leitura.


***

EREN.

Acordei mais tarde naquele dia, nós só teríamos as duas últimas aulas e nenhuma delas era com Levi, eu sorri um pouco com a lembrança do professor cantando, ele realmente era uma caixinha de surpresa não era?

Olhei para o teto do meu quarto, enquanto as lembranças da noite passada vieram na minha cabeça, a maioria na verdade, porque eu não me lembrava com exatidão sobre a apresentação de Rivaille, será que eu já tinha bebido muito naquele momento?

— Está sonhando acordado? — Jean falou da cama dele.

— Hm, porque diz isso? — Eu o encarei.

— Porque está sorrindo enquanto olha para o teto — ele disse e eu suspirei.

— Só estava lembrando de ontem — eu falei voltando o meu olhar para o teto novamente.

— Oh, a apresentação de Rivaille é mesmo intensa, até você foi dançar com ele — Jean disse enquanto se levantava e se espreguiçava.

— E...eu não me lembro disso — eu disse meio atordoado, provavelmente eu realmente estava bêbado.

— Eu acho que ele tem um queda por você, talvez um tombo na verdade — Jean caminhou até o banheiro.

— Rivaille? — Eu perguntei

— Levi que não seria né Eren, afinal ele é nosso professor — Jean gritou e fechou a porta.

Eu suspirei novamente...

— Lógico que não seria Levi — Eu resmunguei e me levantei, meu estômago estava roncando de fome.

Me troquei, esperei cara de cavalo sair do banheiro e fiz minha higiene pessoal e depois fui para o refeitório, percebi que Armin já estava lá junto com Mikasa e os outros.

— Bom dia — eu disse bocejando.

— Bom dia Eren, não te acordei porque você estava até babando — Armin deu um sorrisinho.

— Lógico, eu estava exausto e agora estou morrendo de fome — Eu olhei em direção a comida que estava sendo servida.

Caminhei até lá para pegar qualquer coisa que parasse o meu estômago de gritar, foi quando vi Levi e Rivaille de longe, eles andavam juntos e eu podia ver Rivaille rindo enquanto Levi apenas balançava a cabeça.

— Oh, Eren, olá — Rivaille se separou do irmão que nem olhou em minha direção e veio correndo para onde eu estava.

— Bom dia Riv — Eu sorri e meus olhos procuravam por Levi que já havia saído do meu campo de visão.

— Bom dia, dormiu bem? — Ele sorriu enquanto eu estava me servindo de comida.

— Eu capotei e você? — Eu sorri levemente para ele... será que Levi não havia me visto aqui? Mas Rivaille praticamente gritou meu nome.

— Eu também, as noites no cemitério me cansam — ele suspirou.

E aí meu senso de curiosidade estava novamente à tona e eu apenas quis saber o que ele tanto fazia lá.

— O que exatamente vocês fazem lá dentro? — eu perguntei enquanto caminhávamos novamente para a mesa onde o pessoal estava sentado.

— Eu danço e brinco, prometo que quando fizer 18 anos, eu levo você lá, certo? — ele sorriu para mim.

— Hm... eu não sei, não curto muito cemitérios e essas coisas — Eu dei de ombros e me sentei.

— Quando é seu aniversário Eren? — ele perguntou e eu olhei para o dia de hoje.

— Dia 30 de março, praticamente daqui há um mês — Eu não ligava muito para aniversários, eles eram iguais todos os anos.

— Vamos dar uma festa, lá no Mystic bar, eu irei me apresentar para você — Ele abriu um sorriso enorme — Aliás, o que achou da apresentação de ontem? — Ele piscou.

Eu desviei o olhar dele, eu não sabia responder, eu não lembrava da apresentação...

— Eu... acho que estava bêbado o suficiente para não me lembrar, desculpa Riv, eu vou lembrar na próxima — eu vi o olhar desiludido do menino e me senti um insensível.

— Não tem problema, no seu aniversário você vai se lembrar — Ele sorriu largo e eu voltei a comer em silêncio, será que Levi não havia me visto?

****

Alguns dias haviam se passado, o final de semana chegou e uma nova semana começou e com ela eu percebi que Levi havia me visto naquele dia, e ele estava me evitando sempre que a gente se encontrava ele apenas virava as costas e saia, se não tinha como ele fugir, ele apenas não olhava para mim como se eu não estivesse ali.

Nesse momento eu estava na aula dele o encarando, Riv não veio hoje então não havia ninguém que me impedia de olhar para ele até que ele olhasse para mim, eu estava irritado e confuso, porque ele simplesmente estava agindo daquele jeito? Foi porque eu o vi cantar? Foi porque eu segurei a sua mão ou foi algo que eu fiz enquanto estava bêbado e não me lembrava?

Porque ele não podia simplesmente falar comigo e explicar o que aconteceu, ao invés de apenas me evitar e fugir como se algo estivesse errado?

Eu suspirei depois de 15 minutos olhando para o professor, sem receber nenhum retorno do mesmo, eu comecei a riscar círculos no meu caderno enquanto ele continuava lendo, minha atenção foi parar naquela noite que saímos juntos, passei detalhe por detalhe na minha mente para pensar no que havia feito, mas nada existia, eu não falei nada.... porque ele começou a agir desse jeito?

— Se alguém tiver alguma dúvida pode vir até minha mesa, quem não tiver está dispensado —Ele fechou o livro e sentou na sua mesa.

A classe saiu quase toda correndo, era raro o professor Levi dispensar mais cedo e ninguém gostava de ficar na aula do capitão Demônio que não deixava ninguém conversar sem ser expulso da sala.

Eu acenei para Armin e disse que precisava tirar um dúvida e que ele poderia ir andando junto com o pessoal, hoje eu iria falar com Levi e tirar isso a limpo.

— Yaeger, você tem alguma dúvida? — Ele me olhou quando eu caminhei até a mesa dele, não havia mais ninguém na sala.

— Eu tenho, porque está me evitando? — Eu encostei em uma cadeira que estava atrás de mim.

— Eu não estou evitando você, da onde tirou isso? — ele se levantou pegando o material dele e indo em direção a porta.

— Está fazendo isso nesse exato momento, saindo enquanto eu ainda estou aqui tentando falar com você — ele parou na porta e suspirou

— Olhe Eren, foi um erro a gente se aproximar, eu não quero que você se apaixone por mim e se você tiver que escolher alguém, esse alguém é o Rivaille, eu nunca quis alguém, nunca esperei um amor e nem sei o que é isso, eu não quero que você descubra meus gostos e nem que você saiba dos meus segredos, não quero ser o motivo do seu sorriso e nem quero que você seja o meu, eu não quero esse tipo de sentimento agora na minha vida, por isso eu estou tentando voltar a ser apenas o seu professor, eu não mereço nada de você, apenas Rivaille merece — ele desabafou e em nenhum momento olhou no meu olho, eu senti uma raiva enorme tomar conta de mim e comecei a rir no mesmo momento que ele terminou de falar aquilo, eu estava ferido? Não sabia,mas era tudo absurdo demais.

— E quem disse que eu quero me apaixonar por algum de vocês? Eu acho que há algo em vocês que tem uma auto estima muito elevada, eu não gosto de nenhum de vocês, eu quero ser seu amigo, eu nunca senti algo a mais que isso e com Riv é a mesma coisa, eu não sei o porque vocês acham que eu vou cair no pé de vocês alguma hora, eu não vou, eu disse que não viria para cá me apaixonar e não vou fazer isso, mas que droga Levi, eu achei que você era meu amigo. — eu disse entre risos e deboche.

— Eu não sou amigo de ninguém, Eren — ele se virou para a porta.

— Ótimo então professor, se você prefere assim,eu somente serei seu aluno, mas cuidado porque vocês está tão preocupado em eu me apaixonar por você ou pelo seu irmão que eu diria que quem se apaixonou foi você — Eu disse e caminhei para fora da sala o empurrando com os ombros ligeiramente.

Ele não me seguiu, apenas ficou parado enquanto eu andava apressadamente pro meu dormitório, quem Levi acha que era? Quem Rivaille acha que era? Eu não me apaixonaria por eles...

Eu abri a porta do meu dormitório e me joguei na cama exausto, eu deveria ter ficado em Nova Jersey.

***

LEVI.

Eu fiquei olhando para um Eren super bravo que passou por mim e seguiu seu caminho para o dormitório talvez, eu deixei um suspiro pesado cair dos meus lábios, mesmo não precisando respirar, era algo que eu fazia por costume.

Eu arrumei o material na minhas mãos e sai andando para minha casa, eu estava cansado e a noite tinha sido longa, depois da conversa que eu tive com Rivaille algumas noites atrás e a promessa que eu tinha feito para ele, eu refleti muito, passava todas as minhas noites do lago dos vagalumes pensando sobre o que eu faria, meu primeiro pensamento foi deixar Nova Orleans e ir viver em alguma outra cidade onde eu pudesse ser um professor, mas eu sei que a profecia e nem Erwin me deixariam ir embora, depois eu pensei em apenas parar de dar aulas para a classe de Eren, mas eu sei que seria barrado por Erwin e então eu decidi fingir que Eren não existia.

Era mais difícil do que eu pensei que seria, sentir todos os dias aqueles olhos me procurando e eu tendo que ignorá-los e ver o olhar de Eren se transformar em confusão, eu conseguia ver o que passava dentro dele e como ele se perguntava o que ele tinha feito.

Ele não havia feito nada de errado, errado mesmo era essa profecia que fazia com que eu e meu irmão amassemos a mesma pessoa, não que eu amasse o Eren, não... eu só gostava da companhia dele, mas eu sei que isso não fazia bem para Riv.

Eu cheguei em casa e percebi que Riv não estava, subi para o meu quarto, tirei a roupa e me deitei na cama, sentindo meu corpo todo tremer, quanto tempo eu não me alimentava? Precisaria fazer isso essa noite.

Voltei a pensar sobre Rivaille, quando eu assumi a responsabilidade por ele? Acho que foi desde que criamos consciência do que seríamos, mesmo eu e Rivaille temos nascidos no mesmo dia, nós sempre fomos muito diferentes, eu era o que me arriscava e o que aprendia mais rápido, Rivaille era aquele que olhava o terreno primeiro e que me pedia ajuda para tudo, lembro me de quando eu aprendi a subir em uma árvore e ele ficou bravo porque ele não conseguia e começou a chorar e então eu desci da árvore e nunca mais subi lá, até ele aprender a subir e isso foi a vida inteira, eu nunca deixava Rivaille para trás, eu passava algumas dores para ajudá-lo a passar por elas, como foi no caso da nossa transformação.

Quando nos transformamos em vampiro, é uma dor horrível, é como se seus dentes todos mudassem de lugar para receber o canino que cresce quando ficamos com fome, nosso estômago também se prepara para não sentir mais fome de comida e sim de sangue e então nosso coração para de bater e por mim, essa é a pior dor que tem, porque com o coração sem bater a gente meio que morre asfixiado e revive novamente ainda sentindo falta do ar que antes era presente.

E isso acontece num looping de um dia inteiro, até que tudo se estabilize e isso aconteceu comigo e com Rivaille quase que no mesmo tempo, mas eu apenas me entreguei ao que precisava ser feito e que isso acabasse rápido para que eu pudesse segurar a mão de Rivaille enquanto ele vivia e morria de novo, foi um dos nossos piores momentos, mas eu estava lá com ele, como eu estarei por toda a minha vida e não vida.

Se transformar em vampiro para mim foi o pior pesadelo, eu amava a natureza, o sol e o lago, eu passava horas e horas dentro dele ou pegando fruta em cima de alguma árvore, virar vampiro me deu muitos poderes, mas também me fez perder meu paladar para as frutas que eu amava comer, fez com que o sol drenasse minhas energias e eu não pudesse ficar tanto tempo nele e que eu me tornasse um fanatico por sangue...

Eu sempre odiei isso, mas eu não tinha escolha, porque Rivaille sempre amou isso e se ele gostava, eu precisava segui-lo para protegê-lo de qualquer coisa ruim desse mundo, até que ele conseguisse andar sozinho e então eu o deixaria.

Quando fiquei sabendo daquela profecia, eu apenas vi mais uma vez minha liberdade ir embora e dar lugar a um pirralho que viria fazer com que o lar perfeito que eu criei para o meu irmão ruisse, eu não poderia deixar que isso acontecesse, eu não poderia fazer Rivaille sofrer, então por isso eu afastei tudo que eu poderia saber sobre esse menino da profecia, até o dia em que ele apareceu na minha aula e eu percebi que não tinha como fugir.

Eu fechei meus olhos pensando em como seria minha vida agora que falei para Eren que não queria ser amigo dele, será que ele apenas me ignoraria? Seria mais fácil, mas meu coração não estava feliz com isso.

Depois da conversa e da promessa com Riv, ele voltou ser a mesma pessoa, como se não existisse probabilidade de eu reivindicar Eren para mim, vivia falando de Eren e sobre os olhos dele, depois dizia sobre as suas vítimas no cemitério e sobre qual apresentação iria fazer naquela semana, ele acabou saindo da aula de literatura e foi fazer artes, porque segundo ele Eren disse que combinava mais com ele e então ele jogava video game.... como sempre foi há 16 anos até agora.

***

Abri meus olhos eram 19:30, como todos os outros dias eu caminhei para o banheiro e tomei um banho quente que me lembravam dos dias de sol que eu tomava no lado, após isso sai e coloquei uma roupa escura, já que teria que ir caçar porque fazia uns dias que eu não comia nada.

Eu tinha uma dieta à base de animais e só comia o suficiente para me manter em pé e lúcido, o que geralmente era uma vez por semana, mas dessa vez já fazia quase 2 semanas que eu não comia e eu podia sentir meu corpo tremer por fraqueza.

Desci as escadas e lá estava Rivaille em seu video game.

— Irei sair para comer — Eu disse e ele apenas balançou a cabeça.

Estava vidrado demais em seu jogo para me dar atenção e nesse momento dei de ombros.

Quando abri a porta o tempo estava agradável, não estava frio e nem calor e o vento que batia em meu cabelo era refrescante, eu andei um pouco sentindo o cheiro de grama molhada e olhando para a lua, aquela que depois do sol ter me abandonado, virou minha melhor amiga.

Corri um pouco com meu poder de vampiro e fechei os olhos sentindo o vento maltratar meu rosto, apenas nesses momentos eu era livre, quando abri os olhos eu percebi que estava no lago dos vagalumes, eu sorri um pouco e me sentei ali, vendo que eles voavam e iluminavam o ambiente.

E então como antigamente eu comecei a cantar a canção que Kuchel cantava para nós dormirmos.

"Algum chamado antigo, que eu respondi antes

Vive em minhas paredes, e está sob o chão

Se isso era para mim, por que dói tanto?

E se você não foi feita para mim, por que nos apaixonamos?

Uma batida na minha porta, pensei que estava sozinho

Ignorando o que eu pensava que eu precisava, eu caio como uma pedra

Descobri que estou enganado, então eu fui o último a saber

E se você voltar para mim, eu nunca irei querer por mais

Você está deslocada, não seja assim

E você sorri quando mergulha, como se você nunca fosse voltar

Então segure meu corpo, sim, segure minha respiração

Vejo seu rosto quando eu apagar, eu nunca vou voltar "

Eu estava com os olhos fechados quando ouvi um barulho e abri meus olhos rapidamente e me preparei para atacar, minhas presas e garras saíram para fora, mas foi então que eu vi aqueles olhos esmeraldas me olhando de longe.

— Eren? — Eu perguntei me levantando e guardando minhas presas para dentro, ainda bem que estava escuro o suficiente para ele não ver

— D...desculpe professor, eu juro que não estava bisbilhotando, eu estava vindo aqui pensar um pouco e então ouvi você cantando, não sabia se me aproximava ou não, então eu só sentei aqui, você estava alheio a tudo — Ele abaixou a cabeça.

Eu suspirei

— Você não deveria vir aqui a noite, é perigoso — eu voltei a me sentar.

— Aqui é muito bonito, eu só queria ver os vagalumes de novo — ele disse e eu apenas assenti com a cabeça, sabendo que ele não conseguiria ver.

— Tudo bem Eren, você pode ficar aqui, eu não sou dono do lago — Eu disse e pude ver um sorriso abrir em seus lábios.

Eren era como um cachorrinho e isso era estranho, afinal ele é descendente dos quentes.

— Eu vim aqui para pensar professor, mas vejo que agora não posso mais fazer isso — A voz de Eren me chamou a atenção para esse mundo novamente.

— Porque? — Eu tombei minha cabeça para trás e fechei os olhos novamente, meu coração estava estranho.

— Porque o motivo do meu pensamento está aqui. — Eren disse baixo e então eu ergui minha cabeça e olhei espantado para ele.

— O..que? — Meu coração realmente estava estranho.

— Eu vim pensar sobre o que falei e o modo que fale com você, eu fiquei chateado por você não querer ser meu amigo, eu não sou tão ruim assim, mas aí eu vi você e então eu já não sei mais o que pensar — ele abaixou a cabeça e eu suspirei, sentindo meu coração apertar e minha barriga embrulhar.

— Eu acho que fui grosseiro com você também, eu vivi muito tempo tendo só Rivaille ou Erwin de companhia, eu não soube lidar com alguém novo se aproximando então me desculpe — eu disse olhando para o menino.

— Eu posso me aproximar? — ele disse se levantando.

— Não é como se você já não estivesse de pé, pode vir —Eu ri e então ele veio correndo e sentou ao meu lado.

— Você acha que podemos ser amigos? — ele me olhou e parecia aqueles cachorros que caiu da mudança, sabe, como típico de um lobo que seu antepassado era.

— Podemos, mas você terá que me prometer que falará para mim se estiver sentindo algo a mais? Ok? — Eu o encarei e ele apenas balançou o ombro.

— Sua auto estima é bem alta mesmo — ele falou e eu ri, infelizmente não era apenas esse motivo.

— Nova Orleans tem seus mistérios — eu sussurrei para ele

— Até demais — ele disse enquanto olhava os vagalumes.

Nós ficamos um tempo em um silêncio confortável, eu deitei e olhei para o céu enquanto Ele brincava com os vagalumes que pousavam em sua mão.

E então eu senti algumas gotas caírem do céu, antes mesmo delas atingirem o chão e me levantei.

— Vamos pirralho, vai chover — Eu disse para Eren que ainda estava com um vagalume na mão, até mesmo os insetos já tinham percebido, porque havia menos da metade para iluminar o lago todo.

— A noite está quente, não vai chover... — ele disse e então uma gota caiu sobre o seu nariz e ele me olhou espantado. — Como você sabia? — ele se levantou correndo.

— Muito tempo morando aqui — Eu menti e peguei sua mão para levá-lo no caminho certo, porque agora que estava chovendo, os vagalumes todos haviam deixado de iluminar o lago e se escondido.

Chegamos no refeitório ensopados e eu percebi que Eren tremia de frio.

— Está entregue, tome um banho quente — Eu disse e me preparei para sair novamente.

— Espere, eu já volto — Ele disse e saiu correndo para o dormitório, eu deveria esperar?

Olhei para a chuva que ainda caía e voltei a olhar para o pátio em que o menino veio correndo com um guarda chuva e um moletom verde.

— Tome, assim não vai se molhar tanto voltando para casa e nem ficará com frio — Eren me estendeu as duas coisas e eu peguei lentamente.

Amigos faziam isso não é? Acho que sim....

— Eu te devolvo lavada — eu falei colocando o moletom que ficava grande em mim e abri o guarda chuva.

— Tenha uma boa noite Levi — Ele gritou e eu apenas acenei com a mão...

Toda a melancolia que estava sentindo antes de ver Eren, foi esquecida no mesmo momento em que coloquei os olhos nele.

Eu cheguei em casa em segundos e não precisei usar o guarda chuva, antes de entrar eu tirei o moletom e dobrei, abri a porta da sala e percebi que Rivaille não estava, provavelmente tinha ido comer...

Isso mesmo eu tinha esquecido de me alimentar, eu olhei para a chuva e realmente agora seria impossível achar um animal vagando por aí..

Entrei e fui direto para um banho e depois eu dormi olhando o moletom dobrado na cadeira ao lado da cama, ele cheirava a Eren.

***

RIVAILLE

Mais um dia tinha começado e eu estava animado para contar para o Eren que eu estava fazendo faculdade de artes e que ele seria meu modelo para a lição de casa que eu tinha, desde a conversa que eu tive com Levi, acho que só vi o menino de olhos verdes duas vezes, mas eu já tinha descoberto quando era seu aniversário e iria levá-lo para o cemitério nesse dia, iria fazer que o jeito que ele viraria vampiro seria de um jeito especial.

Eu não esperei Levi para sair de casa hoje e fui correndo para o refeitório encontrar omeu menino prometido, chegando lá eu achei seus amigos mas Eren não estava com eles.

— Olá, bom dia — Eu disse para o pessoal da mesa.

— Bom dia Rivaille — Armin disse e percebeu minha cara de confusa por Eren não estar ali.

— Cadê o Eren ? — Eu perguntei olhando em volta

— Ele acordou meio gripado e decidiu não ir para aula hoje — Armin disse.

— Oh, que pena, ele está muito mal? — Eu perguntei

— Febre e tosse, acho que ele vai melhorar até o final do dia, Mikasa está cuidando dele — Ele disse e então eu me sentei desanimado.

Meu prometido estava doente, então eu teria que deixar o piquenique para outro dia e não conseguiria desenhá-lo para mostrar para a sala o meu bem mais precioso.

Fui então para minhas aulas e encontrei Levi no meio do caminho comentando que Eren estava doente, ele não pareceu ligar muito e isso meio que me deixava aliviado, sem Levi no meu caminho, eu iria conquistar o Eren.

As aulas terminaram e então eu peguei algumas flores e fui até o quarto de Eren e bati na porta.

— Oi Rivaille — A voz fraca veio em um menino totalmente pálido e de olhos verdes opacos, Eren realmente estava péssimo.

— Oi Eren, você realmente está mal — Eu disse e ele assentiu com a cabeça.

— Realmente não é um bom dia para visitas, você pode pegar um resfriado — Ele tossiu.e eu acenei com a cabeça.

— Eu iria te chamar para um piquenique, mas podemos fazer assim que você melhorar, certo? — Eu sorri e ele assentiu com a cabeça.

— Quando eu ficar bem, eu sou todo seu para um piquenique — ele sorriu um pouco e então eu entreguei as flores para ele.

— Espero que melhore logo, até mais Eren — eu falei vendo que estava difícil para ele ficar em pé.

— Obrigada Riv, até breve — Ele olhou as flores sorrindo e então fechou a porta.

Eu abri um sorriso, eu queria muito ir em um pique nique com o Eren, se ele não melhorasse a noite eu daria o meu sangue para ele melhorar e não poder mais adiar nosso encontro.

Voltei andando para casa e vi um passarinho muito bonito que resolvi pintar, já que não daria para pintar o meu precioso Eren.

Quando voltei para casa percebi que Levi ainda não tinha chegado, será que ele não iria vir descansar hoje, era muito estranho Levi ficar muito tempo acordado na luz do dia.

Mas como ele era grande e sabia o que fazia eu liguei meu vídeo game e comecei a jogar, ficaria assim até as 19:00 onde iria ver Eren e depois ir procurar alguém para jantar, já que minha dieta era base de sangue humano e eu tomava todos os dias para me sentir forte e saudável.

EREN.

Eu coloquei as flores em um copo e voltei para cama, Mikasa havia saído para ir com Armin até a biblioteca, pois tínhamos trabalho para entregar no dia seguinte.

Graças a Deus eu tinha meus irmãos para fazer esse trabalho enquanto eu definhava na cama, a culpa era daquela chuva, mas no fundo eu não estava arrependido de tê-la pego, afinal eu e Levi tínhamos feito as pazes e agora éramos amigos mesmo.

Eu estava feliz, pois estar com Levi me trazia calma e proteção, eu não sabia explicar, estar com ele era diferente do magnetismo que eu tinha com o Riv, estar com Levi era mais calmo e tranquilo, era como se eu sempre estivesse estado em casa.

Alguém bateu à porta novamente e então eu me levantei, rezando para que não fosse o Rivaille, eu não estava em condições de ficar recebendo cantadas a todo o momento, minha cabeça doía e eu só queria fechar os olhos e ficar na cama.

Quando abri a porta, os olhos azuis gélidos eram os mesmo, mas era Levi que estava ali parado, ele parecia ansioso.

— Levi? — Eu disse.

— Fiquei sabendo que está doente e eu acho que a culpa é minha, então eu comprei sopa e remédio — Levi estendeu as sacolas.

Ele parecia abatido, provavelmente estava começando a ficar gripado também.

— Eu agradeço, vamos tomá-la juntos? Já que você não parece bem — Eu disse e ele revirou os olhos.

— Tudo bem pirralho, podemos tomá-la juntos, mas você precisa mais do que eu — Levi riu um pouco e eu apenas abri a porta para ele entrar.

— Hmmm eu não sei se deveria — Levi olhou por um momento para dentro do quarto.

— Vamos Levi, entre logo, eu preciso deitar — Eu bufei para ele e então ele entrou rapidamente e fechou a porta.

— Tem uma pequena cozinha ali e dois pratos — Eu continuei e me preparei para receber minha sopa.

— Toma Pirralho — Ele estendeu o prato e então eu experimentei enquanto ele se sentava do meu lado também tomando um pouco.

— Isso é muito bom, o que é? — Eu perguntei olhando para o caldo levemente vermelho.

— É sopa de cebola com um ingrediente especial, irá te fazer melhor rapidamente — Ele sorriu e voltou a tomar o líquido.

Eu tomei todo o meu e então senti meus olhos pesando de sono,mas não queria dormir, pois Levi estava ali.

— Durma pequeno,eu estou indo, quando acordar, tome esses remédios — ele disse então tudo virou escuridão e eu adormeci.

Acordei e já tinha escurecido, eram mais ou menos 20:00 e alguém estava batendo na porta novamente, mas diferente do que a tarde, eu não estava sentindo mais dor e nem gripe, meu corpo estava apenas doendo, mas acredito que seja do jeito que eu dormi.

Realmente a sopa que Levi me trouxe tinha feito milagre, eu caminhei até a porta e vi Rivaille novamente, ele sorria e estava muito bem arrumado,

— Olá Riv, boa noite — Eu disse para ele que sorriu.

— Você se parece muito melhor — Ele disse animado.

— Sim, eu tomei uns remédios e parece que estou novo — Eu falei para ele que sorriu de volta.

— Então acha que pode dar uma volta? Está uma noite bonita — ele disse e eu olhei para fora, realmente parecia uma boa noite.

— Posso apenas tomar um banho e tirar essa sensação de gripe que eu estou? — Eu disse e ele apenas assentiu.

— Você quer entrar? — Eu perguntei e pode ter sido minha impressão, mas eu vi um brilho em seus olhos.

— Lógico — ele disse e entrou no quarto.

— Já volto — eu disse caminhando até o banheiro.

O pessoal ainda não tinha voltado para o quarto, acredito que todos estavam correndo com o trabalho que tinha que entregar amanhã, menos eu, porque Mikasa disse que faria por mim.

Tomei um banho rápido, me troquei e encontrei Riv sentado na minha cama olhando para o baú que eu deixava na mesinha do lado das flores que ele me deu.

— Esse baú é muito lindo — Ele disse e eu caminhei até lá e abri para ele ver.

— Uma senhora me deu na feirinha, parece que foi de uma família antiga que morava aqui. — Eu disse e então ele tocou no baú com delicadeza, parece que uma nostalgia passou pelos seus olhos.

— Sim, pertenciam a Kuchel e Philip Ackerman — ele disse baixo

— Você conhece a história? — eu me sentei ao seu lado.

— Sim, dizem que eles foram os fundadores de Nova Orleans e que eram totalmente apaixonados, como alma gêmeas, que eles tiveram dois filhos fruto desse amor e que morreram brutalmente e desde então esse par de anel vem sendo passado de geração para geração acompanhando as almas gêmeas, ou algo assim, não me lembro — ele sorriu e deu de ombros.

— Isso que eu não entendo, porque a senhora me deu, eu não tenho esse negócio de alma gêmea — eu disse me levantando e percebi que Rivaille havia fechado o baú.

— Acho que você é novo demais para pensar nisso, talvez a sua alma gêmea esteja na sua frente e você não repara — ele ergueu sugestivamente a sobrancelha e então eu dei um tapinha nele.

— Você não perde uma chance, não é? — eu ri e ele concordou.

Riv me levou para conhecer uma casa que ficava no centro, era um centro histórico e então nós vimos uma foto que ele ficou um tempo olhando, era uma mulher e seu marido e tinha dois meninos em seu colo.

— Esses são Kuchel e Philip e seus filhos, os príncipes de Nova Orleans — Ele disse e eu senti algo em sua voz mudar, parecia carinho.

— Realmente agora eu entendo porque o pessoal fala que vocês são os príncipes, vocês são muito parecidos com eles, olha, até o olho —eu disse olhando um menininho com cara de bravo que me lembrava Levi.

— Sim, somos parecidos com eles, devemos ser alguns descendentes, eu nunca consegui saber pois meus pais foram mortos como você já sabe — Ele voltou a andar e me mostrar outras artes que ele gostava.

— Um dia eu quero colocar minhas artes neste lugar e quero que você me ajude — Ele disse e eu parei para encará-lo.

— Como? — eu falei.

— Deixe-me pintá-lo, do jeito que eu te enxergo — Ele falou e eu senti meu corpo se arrepiar, hoje apenas hoje, Rivaille parecia intenso e profundo.

— Eu deixo — eu disse sem nem mesmo pensar.

Os lábios de Rivaille se alongaram então nós voltamos a andar e depois ele me deixou no dormitório e eu simplesmente capotei.

***

O dia começou e eu já estava sentado na sala de Levi quando o mesmo entrou não parecendo muito bem, eu olhei preocupado para ele,mas ele apenas informou a sala que estava com enxaqueca e então iria passar um trecho para lerem em silêncio enquanto ele corrigia algumas atividades que entregamos para ele o começo da semana.

Eu olhei para ele a manhã inteira e não parecia que era apenas enxaqueca, assim que o sinal bateu e a turma toda saiu eu pedi para Armin ir na frente novamente e fui até o professor.

— Sabe isso não parece apenas uma enxaqueca — eu disse e ele levantou os olhos cansados para mim.

— Hm... eu apenas preciso dormir — Ele se levantou pegando o seu material.

— Eu te acompanho até sua casa, não quero que você desmaie no meio do caminho — Eu peguei o material da sua mão e então fomos andando.

Percebi que Levi estava quieto, mais do que o normal, parecia que ele não tinha forças nem para falar, começamos a andar em direção ao campo que dava na sua casa, o sol estava forte e pelo jeito que ele fechava os olhos, aquela luz estava lhe incomodando.

Uns passos para chegar na sua casa, eu percebi Levi cambaleando e caindo lentamente desacordado, eu deixei seus livros caírem no chão e corri para pegar seu corpo antes que caísse totalmente.

Levi cheirava a camomila e alecrim e eu senti que ele estava mais frio que o normal, ele realmente não estava bem.

Bati algumas vezes na porta, porém sem respostas, provavelmente Rivaille ainda estava nas aulas.

Não sabendo o que fazer e verificando que a porta estava trancada, eu sentei e coloquei Levi no meu colo, esperando que ele acordasse.

— Me tire do sol — Ele falou fraco depois de alguns minutos e então em suas mãos estava uma chave.

Eu abri a porta correndo, levei Levi para dentro e tranquei a porta novamente.

— Levi, onde é seu quarto? — Eu perguntei e ele sussurrou em meu ouvido informando que era subindo as escadas do lado direito.

Com um pouco de dificuldades eu subi as escadas com ele no meu colo e entrei em seu quarto percebi que era imaculado, limpo e organizado..

Coloquei ele em sua cama, tirei seus sapatos, sua gravata e abri os primeiros botões da sua blusa social.

— Eu irei fazer algo para você comer — eu disse e então os olhos de Levi abriram levemente, mas dava para ver que estavam opacos e em confusão.

— Feche as cortinas e eu ficarei bem — ele disse com dificuldades e eu corri para a janela fechando as mesmas.

Depois que eu percebi que ele voltou a dormir, eu desci as escadas e fui para a cozinha preparar algo para ele comer, não encontrei muitos alimentos, mas tinha pão, ovo e uma vitamina vermelha escrito Rivaille, mas se era vitamina, talvez servisse para Levi.

Eu preparei tudo e subi as escadas, percebi que o mesmo estava se debatendo, eu deixei a comida ao lado de sua cama e corri para acalmá-lo.

— Levi, é apenas um sonho, você está delirando, calma— eu passei a mão nos seus cabelos, percebendo que eles estavam úmidos.

Prestei mais atenção em seu rosto na escuridão do quarto e percebi que não era apenas os cabelos de Levi que estavam molhados, seu rosto também, ele estava chorando.

— Levi... — eu o chamei baixo e segurei seu rosto com as duas mãos limpando as lágrimas que caiam.

Ele abriu os olhos mais uma vez, os mesmos olhos opacos e confusos de antes e então desvencilhou o rosto de minhas mãos e deitou sobre meu peito, ouvindo o meu coração.

Que nesse momento estava totalmente acelerado.

— Shiii, fique quieto — ele disse com a voz embargada.

— Não tem como meu coração ficar quieto Levi — eu disse e nesse momento suas mãos subiram para minha nuca e antes que eu o segurasse seus lábios estavam nos meus.

Apenas um toque na escuridão do quarto, mas foi esse toque que fez meu corpo todo se esquentar de um jeito que nunca senti antes, o tempo parou e eu fiquei paralisado.

Eu olhei para baixo e vi Levi voltar ao lugar que estava antes, ouvindo o meu coração que agora estava mais rápido do que antes, eu sei que ele não se lembraria de nada de hoje, pois claramente ele estava alucinando.

Mas mesmo assim, Levi havia me beijado, ele tinha tirado o meu primeiro beijo e eu não pude pensar em ninguém melhor para fazer isso do que ele.



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