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História Prision - The First I Love You


Escrita por: ohdoor

Notas do Autor


Desculpem-me qualquer erro, eu escrevi e revisei esse capítulo com sono!

Capítulo 14 - The First I Love You


~*~

O Primeiro Eu Te Amo 

 

 

Sehun acordou com a cabeça doendo. Tudo estava turvo e embaçado, era como se as coisas estivessem girando ao seu redor. Havia chorado tanto na noite anterior, que nem se lembrava de como havia ido parar em sua cama. A dor de cabeça se aprofundava mais em seu cérebro e qualquer movimento parecia que iria explodir. Queria muito poder dormir até o dia seguinte, mas sabia que não poderia. Tinha que ir para o hospital, entregar as roupas para o Kyungsoo e depois arrumar um jeito de ter certeza de quem é o responsável pelos acontecimentos. 

 

Fechou seus olhos, respirou fundo e se sentou na cama. Massageou suas têmporas para que talvez aliviasse um pouco da dor. Mas, aquilo não iria fazer muito efeito, precisava tomar um analgésico. 

 

Remexeu nas gavetas do armário do banheiro atrás de um frasco de remédio, sabia que não tinha usado tudo na última ressaca que teve. Encontrou a dipirona sódica e tomou dois comprimidos de uma vez, em seguida tomou um banho bem quente e vestiu uma muda de roupas limpas e boas para sair de casa. 

 

Não comeu nada antes sair, não estava sentindo fome, não tinha apetite nenhum para comer em uma situação daquela. Ligou o carro e acelerou o máximo que podia, tinha que resolver as coisas o mais rápido possível. Sabia que ainda não estava no horário pedido por Kyungsoo, pois o céu ainda estava escuro e não havia sinais de que o sol fosse aparecer naquele horário. Confirmou suas suspeitas ao ver no painel do carro que ainda eram 4:38 da manhã.

 

Ao estacionar o veículo no estacionamento do hospital, Sehun pegou a mochila com as coisas pedidas por Kyungsoo e rapidamente correu para dentro. Não precisou passar na recepção antes subir para o quarto, correu logo para o elevador. Assim que entrou no quarto, ele deu um sorriso pequeno ao ver Jongdae acordadinho e concentrado em olhar o dia amanhecendo pela janela. 

 

— Bom dia. — Kyungsoo deu um abraço fraco em Sehun. — Eu vou na cantina tomar um café e procurar alguma coisa para comer. Fica com ele um pouco. 

 

Sehun viu o instante em que o menor olhou para ele, com o mesmo olhar gentil que ele sempre teve. E o mais velho só conseguia registrar a presença de Jongdae, seu irmãozinho de consideração, sentado na cama, com uma aparência fraca. Ele parecia estar desorientado, mas o pequeno sorriso em seu rosto quando ele o viu lhe disse tudo o que precisa ouvir. 

 

— Por que não avisou o que houve, Dae? — perguntou Oh, ainda parado na porta do quarto. 

 

— Sinto muito. — grunhiu ele, a sua voz estava saindo fraca e arrastada. 

 

Sehun foi se aproximando do menor lentamente. Ele se inclinou em direção a ele, o abraçando forte.  

 

— Deveria ter me ligado. Eu iria te proteger de qualquer coisa que fosse. 

 

Jongdae apertou o garoto em seus braços, mesmo estando sem muitas forças, ele fez o máximo possível para abraçá-lo. Precisava se sentir amado por alguém naquele instante. E o amor fraterno que Sehun lhe dava, era uma das poucas coisas que ele tinha. Ele acabou se desmanchando em lágrimas, com o desespero e a dor consumido o seu ser.  

 

— Você não pode fazer isso por mim, ninguém pode na verdade. — fungou, ainda sem soltar o maior. — Aquele cara é capaz de qualquer coisa, e quem deveria enfrentar sou eu. 

 

— Eu amo você. Não vou deixar ninguém te machucar nunca mais, eu te prometo. 

 

— Desculpa por te deixado preocupado, hyung. 

 

Kim não queria sentir que era um incômodo para as pessoas ao seu redor. Gostava de enfrentar as coisas da sua maneira, por mais que elas fossem tortas. 

 

— Você sabe que os outros devem saber o que houve, certo? — Sehun comentou, desfazendo o abraço e encarando o garoto.

 

Jongdae fez que sim com a cabeça. 

 

— Eu sei. 

 

O mais velho respirou fundo, vendo o outro brincar com as pontinhas dos dedos no lençol. 

 

— Vou conversar com os meninos agora no café da manhã. — disse ele, levando a mão até os fios loiros do menor. — Na hora do almoço eu pedirei para o Kyungsoo ir embora dormir e ficarei aqui com você. Trarei os ômegas comigo. 

 

Jongdae inclinou a cabeça, em pedido mudo de carinho. O maior não excitou em afagar-lhe. Sabia que o menor estava consideravelmente mais manhoso por conta dos acontecimentos recentes.

 

— Não queria que o Minnie me visse assim. — resmungou. 

 

Sehun compreendia aquilo. Sabia que o amigo queria poupar o seu ômega de vê-lo machucado daquela forma, mas ainda assim achava que deveria levá-lo para vê-lo.

 

— Mas, pense bem, Dae. Ele gosta de você, e vai ficar mais preocupado se não puder vir te ver.

 

O menor encarou o dançarino com os olhinhos brilhando por conta das lágrimas. Ele não queria que o namorado o visse daquela forma, mas ao mesmo tempo o queria pertinho de si. 

 

— Tudo bem. Traga-os então, por favor.

 

Sehun não disse mais nada, apenas assentiu com a cabeça e continuou a fazer carinho nos fios do mais novo.

 

— Desculpa a demora. — Kyungsoo os interrompeu, entrando no quarto de repente, com uma feição preocupada e cansada. — Parece que todos os acompanhantes resolveram ir tomar café às cinco e meia da manhã. 

 

O dançarino riu ao ver aquele ômega baixinho e fofinho todo irritadinho. Ele achava engraçado a personalidade de Kyungsoo. Ele agia como um alfa. Tinha a personalidade extremante forte, tinha o pulso firme, era autoritário, protetor, e nunca se deixava fraquejar. Mas, Sehun tinha ciência de que o mais velho era bem frágil por dentro, ele apenas tinha aquele escudo como uma forma de proteção, servia para não deixá-lo cair nunca. Passou anos observando o menor, sabia muito bem como ele era e agia. Oh tinha plena certeza de que Kyungsoo havia passado a noite em claro e havia chorado muito. Ele tinha  uma enorme proteção e amor de omma com Jongdae — assim como tinha com os outros, mas com o pequeno alfa era mais forte —, e vê-lo todo machucado daquela forma deveria ter deixado o menor louco. Se Sehun se sentiu horrível e chorou horrores por conta daquilo, então podia imaginar como os sentimentos do ômega ficaram. 

 

— Ei, Soo hyung. — o estudante se aproximou do ômega e colocou as mãos sobre os seus ombros. — Sabe quando ele terá alta? 

 

O empresário parou para pensar um pouco, tentando se lembrar de o médico havia dito alguma coisa sobre aquilo. 

 

— Acho que ele terá que passar o final de semana aqui. — previu, pois não havia perguntado o doutor sobre isso mesmo. 

 

— Então... eu estava pensando... — iniciou Sehun, vendo o ômega erguer a sobrancelha e olhar com afinco para si. — Será muito cansativo se você passar a noite inteira e o dia inteiro aqui. 

 

— E o que você segure? 

 

— Hoje já é quinta-feira, e eu sempre saio no horário do intervalo nas quintas e nas sextas. — pausou, olhando de relance para Jongdae que tinha o olhar curioso para cima do amigo. 

 

— Quer parar de enrolar e ir chegar logo ao ponto, Sehun? 

 

— Certo. — suspirou. — Você pode ficar com ele da sete da manhã até o meio-dia, aí eu quando eu chegar você vai embora e eu fico aqui até às oito da noite. E eu posso conversar com algum dos ômegas e pedir que fiquem com ele durante a noite. 

 

Kyungsoo olhou meio desconfiado para o maior, mas ponderava sobre a proposta. Enquanto Jongdae já havia entendido perfeitamente o que o melhor amigo queria fazer e acabou sorrindo. 

 

— E você acha que algum deles aceitaria dormir aqui no hospital com ele? 

 

— Olha, Tao provavelmente não aceitaria. Agora os outros quatro eu tenho certeza que sim. Até o Jongin viria se pedisse à ele. Eles gostam muito do Jongdae. — disse Sehun, sorrindo, pois era verdade. Mesmo em tão pouco tempo, o alfa menor já havia criado um laço enorme com aquelas pessoas. 

 

Kyungsoo não queria, mas estremeceu um pouco ao escutar nome do lúpus moreno. O que não passou despercebido por Sehun, que fora obrigado a conter um sorrisinho naquele instante. Havia notado a forma em que o seu hyung ficava mexido com Jongin. Bom, certamente ali estava outro casal pra qual o mais novo adoraria bancar o cupido. 

 

— Tudo bem. — concordou Kyungsoo, ainda meio contrariado, porém, havia percebido que era melhor daquela forma, ele não aguentaria ficar noite seguidas no hospital. 

 

— Então, eu já estou indo embora. Vou contar o que houve para os meninos agora no café da manhã e, volto para trocar de lugar com você ao meio-dia. 

 

Kyungsoo apenas fez que sim com a cabeça. O alfa deu uma piscadela faceira para Jongdae —que controlou o sorriso — e deixou um beijo nos cabelos do ômega antes de sair. 

 

Sehun iria contar tudo o que aconteceu para os meninos, mas não iria para a faculdade naquela manhã. Tinha coisas extremamente importantes para resolver ainda naquele período. 

 

xx 

 

— Acho que vai chover. — murmurou Baekhyun, ao olhar o céu completamente fechado pela janela e o topo das árvores que balançavam forte por conta do vento.

 

— Provavelmente. — concordou Junmyeon, ao parar ao lado do amigo e olhar para fora do quarto junto à ele. — Esteve chovendo a semana inteira, então com certeza deve chover hoje novamente. 

 

— Ai, pelo amor de Cristo, Minseok! — Jongin bufou, encostado na parede do quarto dos ômegas. — Eu não aguento mais te ver andando de um lado para o outro dentro desse quarto. 

 

— Ele está assim desde que acordou. — disse Junmyeon. 

 

Minseok continuou andando de um lado para o outro, esfregando as mãos nos cabelos platinados enquanto bufava a cada segundo. 

 

— O que houve? — perguntou Jongin, ainda irritado com aquela inquietação, mas visivelmente preocupado com o irmão. 

 

— Tenho certeza que aconteceu algo com Jongdae. Uma sensação ruim dentro de mim diz que ele não está bem. — respondeu, finalmente se sentando na cama. Ele abaixou a cabeça e enfiou as mãos no rosto.   

 

Luhan apenas observava toda conversa enquanto estava encolhido dentro das cobertas. Estava sentindo um frio absurdo naquela manhã. 

 

— Sehun não disse que só foi ajudar o Kyungsoo em algumas coisas na empresa? — Jongin tornou a perguntar. 

 

— Sim. — Minseok suspirou em frustração. — Mas ainda acho que tem mais coisas por trás disso. Algo dentro de mim diz que tem uma coisa errada. 

 

— Você é meio paranóico, hyung. — disse Baekhyun. — Viu? Eu tinha certeza que iria chover. 

 

O ômega sorriu ao observar as gostas fininhas da chuva começarem a cair. O cheiro da grama e da terra molhada ficava tão forte com a chuva, que fazia Minseok lembrar instantaneamente de seu alfa que havia sumido desde a manhã anterior. O garoto estava quase chorando com tamanha aflição que sentia dentro de seu peito. Mesmo não sendo ligado com Jongdae através de uma marca, o Kim ainda conseguia saber quando tinha algo de errado com o namorado, era como se tivesse um sexto sentido. 

 

— Ah, não! — Junmyeon gritou, se agarrando no corpo de Baekhyun ao notar que chuva havia se tornado uma forte tempestade. Raios e trovões estavam por toda a parte, o céu estava escuro, só se via os clarões dos relâmpagos.

 

— Por que você está reclamando? Pelo menos o seu alfa está aqui. Ele pode te abraçar e te proteger contra os trovões. Enquanto o meu tá perdido por aí. — choramingou Minseok, começando a deixar as lágrimas de medo e tristeza escaparem de seus olhos. 

 

— Acho que é mais fácil você protegê-lo de alguma coisa, do que o contrário. — disse Baekhyun, em tom de brincadeira, mas acabou percebendo o erro ao ver feições irritadas olhando para si. — Ok, entendi, momento errado para piadas. 

 

— Ainda me sinto envergonhado perto de Yixing. — respondeu Junmyeon, falando sobre o que o irmão tinha dito anteriormente.

 

— Quero ver quando for tirar a roupa perto dele. Deve ficar parecendo um tomate! — brincou Baekhyun novamente, rindo alto ao notar que Junmyeon já estava corado até as pontas de suas orelhas. 

 

— Aish, meu irmãozinho não faz essas coisas! — Jongin resmungou, completamente enciumado ao ouvir aquilo. Era o seu instinto protetor de alfa lúpus, sempre querendo proteger seus ômegas. — Sabe o quão difícil pra mim é aceitar que os meus dois bebês estão em um relacionamento? 

 

— Larga de ser ciumento, Jonginnie! Eles são bem mais velhos que você. Já passou da hora do Minseok arrumar um alfa mesmo, e o Junmyeon mais ainda. — Byun retrucou de volta. 

 

— Achei que você tinha aceitado o meu relacionamento com Yixing. — murmurou o Kim mais velho, visivelmente triste com os ciúmes do irmão. 

 

Jongin suspirou, colocando as mãos no quadril e encarou o menor, antes de pensar em responder qualquer coisa. 

 

— Eu só... não quero se machuquem... 

 

— Não vamos nos machucar, Jongin-ah. Encontramos alfas legais! — o menor tentou confortá-lo, abraçando-o pela cintura. — Agora o Minseok vai se ninguém abraçar ele. — olhou para o outro irmão que tremia encolhido na cama.

 

Minseok tinha medo de raios e trovões, e isso juntando ao fato dele estar com uma sensação ruim no peito e não ter notícias nenhuma de Jongdae, estava deixando-o mais apavorado ainda. 

 

Ao perceber o desespero do ômega, Baekhyun imediatamente ascendeu as luzes para iluminar o quarto, logo em seguida ele fechou a janela e as cortinas, tentando abafar um pouco do som. 

 

— Ei, Min hyung... Não precisa ficar nervoso, estamos aqui para você. — Jongin tentou acalmá-lo pelo menos um pouco. Se sentou ao lado dele e o rodeou com seus braços. Ômegas geralmente ficam mais calmo s quando está próximo de alfas de sua família ou do seu próprio alfa. 

 

— E-eu... e-e-eu quero-o o meu a-alfa. — respondeu, com a voz entrecortada por conta dos soluços que escapavam de sua garganta.

 

Ele chorava cada vez mais, se encolhendo não braços de Jongin. Isso fez com que Sehun se sentisse mal. Ele estava há alguns minutos parado na porta do quarto, mas não fora visto por nenhum deles e estavam tão preocupados que nem haviam sentido o seu cheiro. Estava ali disposto a contar que Jongdae estava hospitalizado, porém, havia perdido toda a coragem ao ver o menor naquele estado. Havia perdido toda a coragem de contar, pois não sabia como dizer aquilo, apesar de que o alfa já estava bem, mas isso não mudava o fato dele ter apanhado e estar machucado em uma cama de hospital. Até Sehun e Kyungsoo haviam fraquejado mediante a situação, imagina aqueles seres que haviam se apegado demais a Jongdae e que são visivelmente fracos, eles iriam ficar arrasados. Principalmente Minseok, que já considerava o mais novo como seu alfa. 

 

Oh havia conversado com Yixing e com Chanyeol, eram os únicos que havia encontrado na mesa do café da manhã. Como não havia encontrado Yibo em nenhum canto da casa, supôs que ele deveria estar em seu escritório, pois praticamente estava vivendo por lá nos últimos dias. Então, Sehun apenas relatou o que aconteceu para os outros dois alfas. Eles ficaram revoltados, assim como o mais novo estava. Eles queriam ver Jongdae imediatamente, por isso eles terminaram de comer bem rápido. Yixing disse que iria visitá-lo quando fosse deixar Chanyeol no hospital, já que era caminho mesmo, então decidiram sair mais cedo do que o de costume. Ele apenas assentiu quando os alfas saíram da mesa e terminou de comer, estava conseguindo comer melhor depois de ter conversado com Jongdae, mas ainda não estava aliviado e muito menos relaxado. O sentimento de vingança ainda estava dentro do seu peito, e não o deixaria ir enquanto não tivesse saciado o seu ódio. 

 

Ele resolveu que deveria contar para os meninos logo depois de comer, porém, perdeu toda a sua coragem ao parar na porta do quarto e ver aquele cena. Decidiu que iria para o seu quarto, iria descansar um pouco a sua mente. Tinha muitas coisas ainda para resolver e a vontade de ir para a faculdade era zero. Esperaria tempestade passar para conversar com Jongin primeiro, depois com calma conversaria com os outros. Só assim ele poderia sair de casa e resolver aquilo tudo de uma vez.

 

xx 

 

Yibo estava concentrado enquanto lia um sobre um processo recente. Aquele era um caso de extrema importância. Se tudo desse certo, ele prenderia o responsável pela máfia de ômegas na Coréia do Sul. Certamente aquilo seria um enorme passo em sua carreira e poderia ajudá-lo a conseguir o sonhado cargo de promotor. Ele sempre amou a profissão, mas depois de se formar ele havia aprendido que era melhor acusando do que defendendo, por isso estava tentando pegar o cargo com todas as suas garras. 

 

Ele estava muito empenhado naquilo e totalmente concentrado nas palavras pequenas que lia naquelas folhas, porém, sua concentração foi toda perdida no momento que alguém entrou no seu escritório. Não precisava nem perguntar quem era, o cheiro característico de Sehun estava inundando todo o cômodo. Apenas não estava entendendo o que o menor queria com ele ali.

 

Ele largou os papéis em cima da mesa e franziu o cenho na direção do estudante, que apenas bateu a porta da sala antes de se aproximar. 

 

— Se eu por acaso matar uma pessoa. O que acontece comigo? — perguntou, com a feição completamente seria, espalmando suas mãos grandes sobre a mesa. 

 

Yibo arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas. A resposta daquela pergunta era óbvia. 

 

— Você vai preso. 

 

Sehun passou a língua pelos lábios ressecados, antes de soltar uma risada completamente sem humor. 

 

— Se for em defesa de uma pessoa que amo? 

 

— Depende de quem for essa pessoa, e do que aconteceu para você querer matar alguém por conta dela. 

 

— É pelo Jongdae. — suspirou, se afastando um pouco para esfregar as mãos em seus cabelos alaranjados. — Não temos o mesmo sangue, muito menos o mesmo sobrenome, nenhum grau de parentesco. Mas somos irmãos de alguma forma, afinal crescemos juntos. O que acontece se eu matar alguém para protegê-lo? 

 

Aquilo surpreendeu um pouco Yibo. Sabia que os dois estavam mais próximos nas últimas semanas, mas não ao ponto de Sehun querer matar alguém para defender Jongdae. De uma certa forma, era uma surpresa para si ver Oh mais maduro e se importando com alguém que não seja si mesmo. E ele entendeu tudo quando o lúpus relatou tudo o que havia acontecido no dia anterior. 

 

— Nesse caso, garanto que nada acontecerá contigo. Sou um ótimo advogado, não deixarei você ir para a cadeia. 

 

Se tinha uma coisa que ninguém poderia negar, era o talento de Wang em sua profissão. Mas ninguém gostava de dizer aquilo a ele, só servia para levantar o seu ego que já era enorme. 

 

— Você será bem recompensado depois. — deu uma piscadela, segurando o maxilar do alfa e sorrindo com malícia pura. 

 

O menor se virou para sair da sala, mas fora interrompido pela voz grossa e debochada do advogado. 

 

— Desiste, Sehun. Não vou comer você. 

 

— E não vai mesmo não. — o sorriso malicioso do dançarino aumentou. — Eu que vou comer você, Wang. 

 

— Isso nunca vai acontecer. — resmungou, indignado com a audácia daquele garoto petulante.

 

— Anote minha palavras, Yibo. — pausou, colocando a mão na maçaneta e abrindo a porta, antes de sair ele se virou e deixou suas últimas palavras. — Você ainda vai abrir as pernas pra mim, querido. 

 

xx

 

Ainda estava chovendo lá fora. Chovia bem fraquinho do outro lado das janelas, que estavam cobertas por gotículas que escorriam pelo vidro como as lágrimas. 

 

Enquanto Sehun cantarolava uma música e ajeitava algumas que havia trago para Jongdae. Como o menor dizia, o lúpus havia traficado coisas para ele, pois não tinha nada de gostoso para comer naquele hospital e ainda davam um sopa horrível para ele comer. Não aguentava mais aquilo, e o dançarino sabia, por isso que havia enchido a mochila de porcarias.  

 

Ouvindo os pingos suavemente baterem na janela e a voz melodiosa do Oh cantarolando suavemente uma música desconhecida por si, Jongdae se sentiu grato naquele momento. 

 

Ele se sentia grato por estar vivo depois de ter apanhando tanto em um banheiro de universidade. Ele se sentia grato por ter conhecido todas aquelas pessoas. Sempre foi uma pessoa muito sozinha, e tem um complexo enorme de inferioridade. Ele se sentia muito substituível. Mesmo que alguém deixasse claro que se importava com ele e que gostava dele, ainda continuaria com a paranóia de que é insuficiente para a pessoa e que qualquer momento ela irá achar alguém melhor que ele. 

 

Acontecia o mesmo com suas amizades. Sempre ficava pisando em ovos, tentando não falar o que não devia e perder seus novos amigos. Era sempre muito cauteloso e media todas as consequências de seus atos, tudo isso para não afastar as pessoas. Não queira ser aquele amigo chato e irritante, aquele qual quem ninguém suporta. Não queria ser abandonado outra vez, como seus pais haviam o abandonado ainda quando era um pequeno bebê. 

 

— Dae-ah? — Sehun chamou-o, pela décima vez.

 

— Oi. 

 

Finalmente respondeu, estava perdido nos seus pensamentos enquanto observava a chuva, que nem havia reparado que o amigo lhe chamava diversas vezes.  

 

Ele encarou o alfa que estava sentado na poltrona do quarto, próxima à janela, e arqueou as sobrancelhas, esperando que ele dissesse o que queria. 

 

— Tem uma pessoa querendo te ver. Posso deixá-lo entrar? — questionou. 

 

Jongdae assentiu sem dizer nada. Sabia a quem ele se referia. Mais cedo ou mais tarde teria que vê-lo de qualquer forma. Oh assentiu de volta, se levantando e caminhando para fora do quarto. Deixando com que Minseok entrasse no cômodo. 

 

Quando o ômega abriu a porta do quarto, ele sentiu vontade de chorar novamente. Havia se debulhado em lágrimas mais cedo, e piorou quando Jongin havia lhe contado o que acontecera. Ele tentou se acalmar porque os meninos disseram que poderia deixar Jongdae nervoso, então tentou se controlar. E mesmo quando lhe disseram que ele estava bem, seu coração não deixou de se apertar apenas ao imaginar o que aconteceu com o seu alfa. E o vendo ali, parecendo tão indefeso, naquela cama de hospital. Estava fraco, pálido, e cheio de machucados pelo corpo, além de ter aquele monte de agulhas enfiadas em seu braço.

 

Ele estava com um enorme receio de se aproximar, mas aos poucos ele foi caminhando até a cama onde o maior estava sentado, encarando a janela que estava fechada e a chuva que caía lentamente lá fora. 

 

— Eu sei que você está aí... Minnie... — a voz dele saiu entrecortada e levemente embargada. — Posso sentir o seu cheiro de longe. 

 

— Dae... — Min tentou fazer com que as palavras escapassem de seus lábios, mas parecia impossível. 

 

— Não queria que você me visse assim, hyung. — murmurou Jongdae. 

 

— Sabe que não precisa ficar com vergonha de mim, certo? 

 

Jongdae assentiu com a cabeça, ainda concentrado na chuva pela janela. 

 

— Acho que nós não devíamos mais ficar juntos... 

 

O Kim mais velho engoliu seco, sentindo seus olhos encherem de lágrimas.

 

— Você não devia dizer isso... — soluçou, esfregando as mãos no rosto. Ele chorava tanto por ver o namorado machucado, quanto por escutar ele dizer que não deveriam mais estar juntos. Ele gostava tanto de Jongdae, por que raios ele estava dizendo aquelas coisas assim? 

 

— Você não deveria ficar com um alfa fraco, que não consegue se auto defender e que parece mais um ômega do que alfa. 

 

Min suspirou ao entender de fato o que estava acontecendo. Jongdae estava se sentindo insuficiente para o ômega por conta do que havia acontecido. Achava que não era forte o suficiente para protegê-lo. 

 

— Você é o melhor alfa que eu já conheci. E é forte o suficiente para nos proteger, o que aconteceu foi que eles te pegaram sozinho e de surpresa. Você é bem mais do que suficiente para mim, tira essas besteiras da cabeça, meu amor. — suspirou, tomando a liberdade de se sentar na beirada cama e contornar o tronco do alfa com seus bracinhos, apoiando o queixo em seu ombro, puxando o ar para sentir o cheiro do amado. 

 

Jongdae sentiu seus olhos encherem d'água, sentindo as lágrimas de Minseok molharem o seu ombro coberto pela roupa de hospital. 

 

O garoto não respondeu absolutamente nada, apenas puxou o Min para que deitasse por cima dele na cama. 

 

— Pode achar muito cedo para eu te dizer isso, mas eu sinto que te amo, Minseok. — disse o alfa, fungando e derramando lágrimas na camisa do menor. 

 

Jongdae apertou a cintura do outro Kim, tentando transmitir através do toque todo amor que sentia por ele. Assim, o platinado circulou com um pouco de dificuldade o tronco do outro, ainda se desmanchando em lágrimas. 

 

— Isso é um alívio para mim na verdade. Porque eu também sinto que te amo, Jongdae-ah. — confessou, distribuindo selares pela pele macia do rosto do maior, limpando todas as lágrimas que ele derramava. — Fica comigo. Não quero ficar sem você. Não posso ficar sem você. Não pense em me deixar ir novamente. Em tão pouco tempo nós dois já temos uma ligação muito forte. Sinto como se não pudesse mais ficar sem você. 

 

Jongdae concordou desajeitadamente, sorrindo com os beijinhos que estava ganhando no rosto. 

 

— Isso significa que nosso lobos encontram sua outra metade. 

 

— E eu agradeço aos céus por minha outra metade ser um anjo como você. — Minseok finalizou antes de sentir os lábios do alfa contra os seus. 

 

Mesmo com todas as lágrimas e todos os acontecimentos recentes, os dois estavam felizes por estarem um nos braços do outro.



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