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História Promessa entre irmãos: uma lenda medieval! - Secundo


Escrita por: LeticiadAquario

Capítulo 2 - Secundo


Depois da tragédia ocorrida com os pais de Christopher e Teresa, o Rei Leonardo ofereceu para as duas crianças moradia em seu próprio castelo. O Rei, como já sabe, era muito amigo do cavaleiro, pai das crianças, e também conhecia a mãe deles, a deusa, mas, além disso, o Rei se sentia culpado pelo que houve. Christopher recusou a oferta, que parecia irrecusável, do Rei.

- Mas por que não!? Lá você e sua irmã terão tudo do bom e do melhor, serão bem protegidos também. – Insistiu o Rei Leonardo, confuso.

- Era para todas as pessoas desse reino serem bem protegidas por você, mas se não consegue cuidar das pessoas aqui fora...não consegue proteger ninguém lá dentro. – Respondeu Christopher, rispidamente.

Com a resposta direta do garoto, o Rei ficou sem mais palavras para convencê-lo, pois, no fundo, Leonardo sabia que Christopher falava a verdade.

- SEU MOLEQUE! – Gritou o soldado do Rei, irritado. – Tenha mais respeito com seu rei! Não deve recusar a generosidade de Vossa Majestade!

- Além disso, eu não tenho o desejo de ter tudo do bom e do melhor. Eu e Teresa preferimos ficar morando aqui no campo, na casa dos nossos pais. – Disse o garoto, ignorando o soldado e acariciando a cabeça de Teresa.

- Isso eu não posso permitir, aqui é um lugar muito distante do distrito principal do reino. Não vê que ficando aqui estão correndo perigo!? – Disse o Rei, nervoso.

- Então temos um problema, por que nem que seu exército todo venha aqui...eu não saio! – Insistiu Christopher, bravamente.

- Já chega! Vou levar você a força e ensinar-lhe boas maneiras! – Disse o soldado furioso, andando na direção das crianças.

- ESPERE! – Disse o Rei.

O soldado parou no mesmo momento, o Rei Leonardo nunca levantava sua voz para ninguém, ao menos fora do campo de batalha.

- Christopher, vamos fazer um acordo: não peço mais que fique no meu castelo, mas insisto para que você e sua irmã morem próximos dele, no distrito principal do reino. Vou pagar uma casa simples para vocês, e em troca, quando estiver mais crescido, você vai se tornar meu cavaleiro. – Disse o Rei, bem sério.

- O QUE!? – O soldado e o garoto disseram juntos, surpresos.

- Majestade, não pode estar falando sério! Só nobres podem virar seus cavaleiros! E esse garoto é um... – Retrucou o soldado, incrédulo.

- O pai dele não era um nobre, mas mesmo assim foi um dos meus melhores cavaleiros. Essa regra não se aplica no meu reino. – Disse o Rei, rispidamente.

- Não! Não vou me tornar seu fantoche! Eu posso me virar sozinho! – Disse Christopher, nervoso.

- Escute-me jovem, eu admiro sua coragem. E eu não tiro a razão das suas duras palavras a mim, mas eu peço que comece a ver mais ao seu redor. Pense na sua pequena irmã, Teresa. – Disse o Rei, apontando para a pequena garota atrás de Christopher. – Acha que é capaz de protegê-la nesse lugar? Ou que ela pode viver bem aqui?

O maior ponto fraco de Christopher era sua irmã, Teresa. Ele sentia um grande amor por ela, sempre fez de tudo por ela, do possível ao impossível. Quando o Rei Leonardo tocou no ponto da segurança dela, Christopher não pôde mais recusar.

- Certo...eu aceito essa oferta. Mas não vou virar seu fantoche! Quando crescer, eu e minha irmã vamos sair daqui! – Disse o garoto, irritado.

- Há! Você é muito idiota, seu plebeu! Eu duvido que viva o suficiente para crescer, e mesmo que tenha essa sorte, se tentar sair daqui vai morrer logo em seguida! – Disse o soldado, rindo.

- Já chega! Vamos voltar. E...Christopher, obrigado por aceitar minha oferta. – Disse o Rei, partindo junto de seus soldados.

- Só fiz pela minha irmã, não agradeça! – Retrucou Christopher, sentindo-se humilhado.

Assim, Christopher e Teresa passaram a morar na cidade, bem perto do castelo do Rei Leonardo. A casa deles era bem simples, mas, comparado as outas da cidade, era muito confortável. O Rei tinha muito cuidado com as duas crianças, ele mandava seus soldados levarem boa comida e água limpa para os dois. Mas Christopher nunca aceitou nada que o Rei ofereceu. Ele era um garoto teimoso, de personalidade forte e fazia questão de aprontar. Christopher preferia roubar comida do mercado para ele, e usava o dinheiro que o Rei dava para comprar roupas simples para Teresa e boa comida para ela. Com o tratamento especial que os dois recebiam, era natural que outros moradores ficassem com inveja, mesmo que Christopher não tocasse em quase nada que o Rei levava para ele. E isso gerou muitas brigas, muitos moradores procuravam tentar matar ou machucar Christopher e sua irmã, mas o garoto nunca fugiu de uma luta, por mais desfavorável que fosse.

Apesar de Teresa ser seu ponto fraco, ela também era seu ponto forte. Quando ela estava envolvida, Christopher vencia qualquer luta, superava qualquer desafio. E assim, nessa vida, superando tudo, passaram-se mais uns anos, até chegar ao ano 1003. Era o meio do ano, época de verão, Teresa já tinha três anos e Christopher tinha seis. Em uma noite calma e de chuva, os dois irmãos estavam correndo para casa.

- Irmãozinho...não vamos conseguir chegar secos! – Disse Teresa, usando suas pequenas mãos para se proteger da chuva.

- Não desista antes de chegarmos! Vamos lá! Estamos quase em casa! – Disse Christopher, usando seus braços para se proteger da chuva.

Os dois irmãos ainda não sabiam que algo terrível aconteceria naquela noite chuvosa, algo que definiria o destino dos dois.

- Viu só? Não chegamos tão molhados assim! – Disse Christopher, ofegante e pegando duas toalhas.

- Mentira! Sua roupa esta pingando! E meu vestido parece pano molhado! – Retrucou Teresa, rindo e apontando para suas roupas.

- Há há há! É verdade, talvez eu deva usar isso para limpar a casa! – Brincou o garoto.

- Irmão bobo! – Disse Teresa, envergonhada.

- Brincadeira irmãzinha! Vem cá, deixa eu te secar. – Disse Christopher, usando uma toalha para secar sua irmã.

- Irmãozinho, concerta meu colar? Ele esta frouxo... – Disse Teresa, tristemente e entregando seu colar para o irmão.

- Nossa Teresa, eu já disse muitas vezes: toma cuidado com isso! Não pode tirar de jeito nenhum, é algo importante que nossos pais nos deram. Além disso, também representa que nossa família sempre vai estar junta. – Disse Christopher, apontando para seu próprio colar.

Os dois ainda eram bem pequenos quando a mãe deles, a deusa, deu os colares. O de Christopher tinha um pingente de sol, bem bonito e brilhante, enquanto o de Teresa tinha um pingente de lua, muito bonito. A pedido dos pais, as crianças juraram nunca tirar os colares, e por isso tinham muito apresso por eles.

- Desculpa... – Disse Teresa, triste.

- Pronto... – Disse o garoto, colocando o colar de volta no pescoço de Teresa. – Esta bem firme agora! Não precisa se desculpar, não devia ter falado alto com você...mas você sabe bem a importância disso, certo?

- Uhum. – Disse a garota, balançando a cabeça para cima e para baixo. – Mamãe e papai fizeram para nós, e você disse que, enquanto usarmos, vamos todos ficar juntos.

- Isso mesmo. – Disse Christopher, sorrindo e abraçando a irmã.

De repente os dois irmãos sentiram uma presença ruim, sentiram calafrios e ficaram assustados sem saber o porquê. Então, Christopher e Teresa começaram a ouvir passadas rápidas e pesadas, por um momento o garoto pensou que seriam cavalos. Mas não era isso. Eles também puderam ouvir som de metal ao mesmo tempo das passadas, o som se aproximava cada vez mais da casa das crianças.

- Chris...o que é isso? – Perguntou Teresa, assustada.

- Não se preocupe...só fique atrás de mim que eu te protejo! – Sussurrou o garoto, sem tirar os olhos da porta de casa.

Bruscamente, a porta da casa dos irmãos foi colocada a baixo. Um homem com uma armadura grande e assustadora entrou, e Christopher gelou apenas de olhar. Na armadura do homem, estava marcado o brasão do Reino de Inflayster. Logo em seguida, uma criatura um pouco maior que o homem, usando a mesma armadura, adentrou a casa. Era um ogro. Ogros eram criaturas horrendas, um pouco maiores que um humano adulto, mas tinham chifres, presas grandes e garras em seus membros; apesar da aparência bestial, ogros eram criaturas muito habilidosas e inteligentes militarmente e, claro, cheias de crueldade.

- Não há dúvidas, são esses dois mesmo. – Disse o Ogro, desembainhando sua grande espada. 

- Não tínhamos informações de que vocês dois tinham se mudado, graças a isso, muitas crianças da área campestre daqui foram para o inferno mais cedo. – Disse o homem, andando lentamente pela casa.

Christopher estava muito assustado e irritado ao mesmo tempo, ele não conseguia mover nenhum músculo sequer.

- S-se...se é pra matar, façam isso logo! Seus desgraçados! – Gritou Christopher, nervoso.

- Oh? O pirralho é mais homem do que a maioria dos que matamos por aí! – Disse o Ogro, rindo e surpreso.

- Há há há! Calma aí garoto, daqui a pouco você vai morrer. Mas antes vamos levar sua irmãzinha. – Disse o homem, apontando para Teresa.

As crianças ficaram chocadas, e muito apavoradas. Os momentos seguintes foram muito velozes. O ogro avançou na direção dos irmãos, para assusta-los e fazê-los recuar; logo em seguida o homem empurrou Christopher e pegou Teresa pelos cabelos. Teresa gritou e chutou o homem várias vezes, na tentativa de se soltar.

- ME SOLTA! – Gritou a menina, se debatendo.

- Cala a boca! Se me chutar de novo, eu corto um de seus pés! – Disse o homem, batendo em Teresa.

- SOLTA ELA! – Gritou Christopher, correndo na direção do homem.

O garoto deu um soco em uma das pernas do guerreiro, mas ele só conseguiu ferir seu próprio punho. A armadura era extremamente forte, e quase todo o corpo dos dois meliantes estava protegido por ela.

- Há há há! Gostei mesmo desse pequenino! – Disse o Ogro, chutando Christopher para fora de casa com muita força.

- IRMÃO! – Gritou Teresa, preocupada.

- Chega, vamos embora! Não suporto esse lugar sem graça. – Disse o homem, terminando de amarrar a garota e colocando um lenço em sua boca. – Seu chute já deve ter sido o suficiente.

O ogro e o humano cruel estavam partindo, em meio à chuva, levando Teresa. Mas Christopher começou a se reerguer devagar, sem se importar com seus machucados, isso surpreendeu muito os dois assassinos.

- Vão...se ferrar...não vou deixar...saírem assim! – Disse o garoto, cambaleando na direção dos inimigos.

- Impossível! – Disse o homem, incrédulo.

- Eu mato ele! – Disse o Ogro, correndo na direção do menino, com sua espada em mãos.

O ogro, apesar de grande e pesado, se movia muito rápido. Christopher não conseguia acompanhar com os olhos, e levou uma grande estocada no peito. Mesmo assim, ele voltou a ficar de pé, e o ogro o colocava de volta no chão, com golpes que matariam qualquer criança frágil. Isso já tinha acabado com a paciência da besta.

- Droga! Esse pirralho é feito de que!? – Disse o Ogro, que levantou sua espada para golpear mortalmente o garoto.

Teresa não conseguia mais gritar, mas chorava sem parar, olhando para seu irmão, muito preocupada. No momento em que Christopher estava para ser cortado ao meio, algo incrível aconteceu: o garoto conseguiu desviar do golpe da grande espada do monstro. O homem e o ogro não conseguiam acreditar e, no mesmo instante, Christopher subiu pela espada do ogro. O monstro não conseguia tirar a arma do lugar, a lama a prendeu no chão. E então, Christopher habilmente chegou na altura do rosto do ogro e desferiu um chute com toda sua força na sua face, que era o único lugar desprotegido. A besta, surpresa e machucada, caiu sentada para trás, enquanto o garoto conseguiu recuar e cair de pé.

- Seu...pirralho desgraçado! Como fez isso!? – Disse o Ogro, furioso e se levantando.

De repente, pareceu que Christopher havia entendido o que tinha acabado de fazer, ele estava tão surpreso quanto o monstro.

- Cala a boca! Devolvam a minha irmã! – Disse Christopher, corajosamente.

- Mate-o logo Beniesh! – Gritou o homem, impaciente.

- Agora você já era! – Disse Beniesh, chutando o garoto e o prendendo no chão.

O Ogro tirou uma faca média de sua coxa e, rapidamente, cravou no peito de Christopher. Teresa fez o possível para gritar, ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Então, o monstro retirou sua faca do corpo do garoto e começou a andar na direção de seu companheiro.

- Vamos voltar para o reino, já perdemos muito tempo aqui. – Disse o homem, caminhando.

- Sim...mas estou surpreso, nunca vi uma criança humana como aquela. – Disse Beniesh, recuperando sua espada e seguindo seu parceiro.

- Não pense muito nisso, afinal, falar dos mortos não dá futuro algum. – Disse o homem, se distanciando mais ainda do garoto.

Christopher estava gravemente ferido, sentia muita dor, mas mesmo assim ele conseguiu se arrastar um pouco na direção em que levaram Teresa. Porém, logo ele desmaiou. Nessa época, mortes misteriosas na rua ou corpos caídos pela cidade eram bem naturais, por isso, na manhã seguinte, ninguém se incomodou com o corpo de Christopher no chão, muitos até pisaram nele como se fosse um tapete. Passou um dia completo em que Christopher ficou aparentemente morto, mas então ele começou a ouvir a voz de Teresa.

“-Irmão...irmão...por favor...esteja vivo! Por favor...”

“-Teresa...? É...você mesmo!?”

“- Chris! Ainda bem...pensei que estivesse morto...”

“- E...você esta viva!? Onde...onde você esta!?”

“- Sim...e...não sei...essas pessoas más...ainda estão me levando...irmãozinho...eu estou...estou com medo!”

“- Não fique! Eu...eu vou te buscar! Prometo! Eu vou te salvar, não importa o que aconteça!! Só...só me espere...tenha fé em mim...e por favor...fique viva que eu vou te buscar!”

Logo depois disso, Christopher acordou assustado. Ele estava no mesmo lugar que havia sido abatido pelo ogro, mas estava vivo. Christopher passou a mão em seu peito, e sentiu dor, ele viu que havia uma cicatriz no mesmo lugar que havia sido golpeado. O garoto não sabia se a conversa com Teresa havia sido um sonho ou não, me ele tinha certeza de uma coisa: ela estava viva. Era isso que importava para ele, e Christopher fez uma promessa. Então, ao se levantar, sentiu muitas dores no corpo e fraqueza, isso devido a ter passado um dia todo com o corpo em estado de quase morte. Mas mesmo assim, ele foi andando até o castelo do Rei Leonardo.

- Você aqui? O que houve com você? Esta terrível! – Disse um soldado, impedindo a entrada do garoto.

- Não é da sua conta! Eu quero falar...com o rei. – Retrucou Christopher, friamente.

- Há! Todos querem...posso saber por quê? – Debochou o soldado.

- Estou aqui...para cumprir minha parte em um acordo entre o rei e eu. Agora me deixem passar! – Disse o garoto, respirando fundo.

Na mesma hora, os soldados da entrada fizeram caras desgostosas. Todos estavam cientes do acordo que o Rei Leonardo fizera com Christopher. Na mesma hora, de má vontade, eles permitiram que o garoto entrasse. Ao chegar à sala do trono, Christopher, pela primeira vez, se ajoelhou perante o rei.

- O que houve meu filho? Seu estado é terrível... – Disse o Rei, preocupado.

- Majestade, estou aqui para começar meu treino de cavaleiro. – Disse Christopher, sério e de cabeça baixa.

- Por que isso de repente? Você ainda é muito novo para começar. – Disse o Rei, surpreso. – Além disso...onde esta Teresa?

- Ela foi levada por dois soldados do Reino de Inflayster, isso também é a razão do meu estado deplorável. – Respondeu o garoto.

- Deus...sinto muito Christopher. – Disse o Rei, tristemente. – Mas...por que tanta pressa em cumprir nosso acordo? Não esta pensando em...-

- Não, Majestade. Eu sei bem o que acontece com quem é levado pelos soldados do Reino de Inflayster. Teresa era a única família que eu tinha...e agora que a perdi, tudo que tenho na vida agora é ser seu cavaleiro. – Mentiu Christopher, seriamente.

Para Christopher, servir ao rei e se ajoelhar perante ele era algo muito doloroso, que ele jamais faria. Mas pela sua irmã, e pela promessa feita com ela, ele estava disposto a fazer qualquer coisa.

- Muito bem então, fico contente de saber que vai começar seu treino. Não será fácil, vai demorar alguns anos até que esteja pronto. Terá que estudar muito também, vou apresenta-lo aos seus professores e treinadores. – Disse o Rei, contente.

- Prometo que vou me esforçar, Majestade! – Disse Christopher, determinado.

Então, Christopher começou seu treinamento para se tornar um cavaleiro do Reino de Floriyan.



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