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História Prometido - Capítulo 6


Escrita por: Ditto

Notas do Autor


oie, turu bom?

Capítulo 7 - Capítulo 6


Fanfic / Fanfiction Prometido - Capítulo 6

—Como foi? - Deidara sentou com as pernas passando por cima das suas, como gostava de fazer, e levou uma mão à sua nuca para acariciar as mechas entre os dedos - Não muito bem, pelo jeito.

Sasuke não o olhou, continuou encarando a parede.

—Bom, eu saí com ele pra conversar… Ele é mesmo hétero, sabe, acabou dizendo que nunca tinha ficado com outro cara antes e que teria se arrependido se a gente tivesse ido até o final no sábado.

Deidara fez um murmúrio de pena e estalou a língua.

—Sinto muito, bebê… Você ficou muito chateado?

Ele respirou fundo bem devagar. Andava um tanto mais quieto e irritadiço que o normal desde a tarde do dia anterior, quando havia saído para almoçar com Naruto. Não achava que tristeza era a palavra que melhor cabia nos seus sentimentos sobre tudo aquilo. Talvez frustrado fosse uma definição mais precisa.

—Eu não sei dizer - suspirou - Acho que, de certa forma, eu tô até aliviado. É assim que tinha que ser, quem sabe agora essa besteira toda acaba logo. Honestamente, não era pra nunca ter nem começado.

Ficaram um momento em silêncio, o loiro ainda lhe fazendo carinho nos cabelos, Sasuke retribuiu deslizando a mão distraidamente pelas pernas dele.

—Bom, pelo menos você tentou.

—Acho que sim.

—De qualquer forma, ele é seu amigo de infância antes de ser seu noivinho. Vocês passaram muito mais tempo sendo amigos que sendo qualquer outra coisa, é melhor continuar assim.

—É, no fim deve ser só a Sakura me deixando paranoico, sepá eu nem ia cogitar pensar nele de outra forma se não fosse ela pressionando isso até eu pirar.

—Pode ser… Mas até lá, imagino que você vai precisar de uma ajudinha pra esquecer ele de vez…

A voz dele soou maliciosa e foi com um sorriso igualmente malicioso que Sasuke virou para fitá-lo.

—Ah, pode apostar que sim… - ele continuou deslizando a mão pela coxa do loiro, mas desta vez repleto de intenção e subindo pouco a pouco até sua virilha - Uma ajuda vai fazer toda a diferença.

Deidara sorriu com lascívia e se deslocou para o colo do outro, uma perna de cada lado. Provocou-lhe aproximando-se devagar com o olhar fixo em seus lábios, pôs ambas as mãos em seus ombros e as deixou deslizarem lentamente por seu torso abaixo conforme o moreno procurava aproximar a boca da sua e realizar o beijo por fim, apenas para desapontá-lo mordendo seu lábio inferior e se afastando em seguida.

—Mas você lembra o que eu disse, né? - ele sussurrou ladino enquanto o outro mordia a própria bochecha em frustração - A cabeça de baixo não entra em mim enquanto a cabeça de cima tiver em outro cara.

—Eu sei…

—Então as regras são as seguintes: não ligo muito como, eu confio na sua habilidade, mas você vai me fazer gozar… Só que eu não sou uma boneca inflável pra você meter imaginando outro. Você não vai se tocar nem colocar esse pau em lugar nenhum se tiver pensando em outra pessoa. Se tiver tudo sob controle, vá em frente, mas se alguém surgir por meio segundo que for na sua cabeça, você tem que parar. Se você conseguir ir sem pensar nele até gozar, parabéns, se não… Haha, você segura esse tesão aí até voltar pra sua casa e bate uma sozinho, fofo.

—... Muito bem, parece justo.

—Não vale blefar, hein, eu vou saber pela sua cara de culpado se você tiver mentindo.

Ele consentiu, Deidara sorriu satisfeito e desceu a boca de encontro à sua enquanto serpenteava o quadril apenas o suficiente para ser notado como provocação. Sasuke correu as mãos por toda a sua coluna e cintura até chegar nas coxas, onde pegou com mais firmeza e puxou para junto de si.

Não podia ser tão difícil assim, afinal, Deidara era inteiro delicioso e já estava fazendo um ótimo trabalho em deixá-lo com tesão com muito pouco. Ele segurou o loiro com firmeza pelas coxas e virou-se de lado para deitá-lo na cama, inclinar-se sobre ele e começar a beijar seu pescoço. Deidara, de prontidão, enrolou as pernas em sua cintura, tal como havia feito Naruto. Não, não como Naruto, porque ele não estava nem um pouco bêbado, o que significava que ele tinha os olhos abertos e atentos, agarrava-se ao mais jovem com muito mais firmeza e sua boca não tinha gosto de álcool, mas de uma bala de laranja que ele gostava. Claro, o beijo do outro também tinha gosto cítrico, certamente dos sex on the beach e tequila sunrise, que Naruto disse serem seus drinks favoritos, mas não fora a laranja que se sobressaíra em seu hálito, fora o álcool. Laranja era o gosto da bala que Deidara gostava de chupar antes de pôr a boca em outras coisas.

E tirando a boca, o resto de seu corpo era macio e suave. Ele puxou a blusa do loiro um pouco para cima e foi passear com os lábios por seu abdômen, contente de ver o cós de uma nova meia arrastão chegando até sua cintura. A pele dele não tinha nenhum gosto marcante, mas tinha um perfume doce. Sasuke não gostava muito de perfume adocicado, mas preferia estes aos florais. Não estava tão acostumado a lidar com essas fragrâncias na cama, conhecia-os mais por Sakura e sua mãe, mas aos poucos habituava-se com o gosto que seu atual parceiro tinha por coisas - teoricamente - femininas.

Nunca tivera problemas com homens usando maquiagem ou esse tipo de coisa, suas bandas favoritas da adolescência todas tinham garotos usando e abusando do lápis de olho e sombra, ele mesmo teve sua fase de usá-los aos treze ou quatorze anos (apesar de jamais estar disposto a admitir ou deixar alguém pôr os olhos em suas fotos da época). Daquela idade mantivera apenas o penteado. Achava uma pena, até, a imensa falta de vaidade e criatividade que homens tinham culturalmente em relação às mulheres. Qualquer um ficava mais interessante com um pouco de empenho, até Naruto, por exemplo, bastou uma roupa mais estilosa e um pouco de gel de cabelo para arruinar seu auto-controle. Não, não Naruto. Deidara, que o enlouquecia com a combinação incomum de sua voz grave e ombros largos com maquiagem dramática e meia-calça arrastão.

Meia esta que, pela primeira vez desde o dia em que se conheceram, Deidara estava usando outra vez (provavelmente uma nova, na verdade, já que a outra Sasuke havia arruinado sem remorso). Parecia uma ótima ideia, a arrastão lhe era um grande sinônimo de tesão desde tal noite, então com enorme satisfação ele foi tirando devagar e eroticamente a jeans rasgada nos joelhos do outro e revelando as pernas - visivelmente nuas através da rede larga de sua meia-calça. Ou, mais importante que as pernas, a estratégica falta de uma roupa de baixo. Esse detalhe era crucial, porque não precisaria retirar a arrastão e também porque tinha tudo o que queria ao seu alcance muito antes do que imaginara. A risadinha cínica que ouviu no momento em que parou para contemplar isso indicou que Deidara o fizera de caso pensado.

—Você deu a entender que tinha curtido a meia, então comprei uma nova - ele disse quando Sasuke ergueu os olhos para encará-lo - Gostou da surpresa?

—Adorei.

—Dessa vez você nem vai precisar rasgar.

—Vamos ver - murmurou em tom de desafio, e o loiro alargou o sorriso.

Distribuiu beijos pelo abdômen e desceu devagar até sua virilha, onde, ignorando a meia-calça, foi plantando mais uma porção de beijos e chupões conforme o sentia ficando mais duro a cada segundo e afastando as pernas, serpenteando a coluna, suspirando seu nome… Seu próprio pênis latejou dentro das calças, pedindo atenção. Abriu seu zíper meio afobado e esfregou a ereção por cima da boxer soltando um gemido baixo contra a virilha de Deidara e então voltou a mão que se aliviava às pernas do outro, acariciando-o, sentindo sua arder em calor por entre a arrastão, um tanto solta em torno das coxas finas do loiro, e sua mente automaticamente retomou a sensação das coxas torneadas que tinha nas mãos na madrugada de domingo. Quase podia visualizar - de olhos fechados - aquela meia-calça bem justa nas pernas grossas do loiro. Do outro loiro. Seu loiro. Os gemidos que ouvia não apagavam o som de outra voz suspirando em sua memória, era em Naruto que ele abaixava a meia-calça afoito, era a ereção dele que meteu inteira na boca, eram as pernas dele que segurou firme e afastou mais quando se contraíram, foi o gemido dele que ecoou em seus ouvidos.

“Me fode, Sasuke”.

Ele estremeceu com a lembrança tão vívida que guardava em seu íntimo e desceu a boca pelo períneo do parceiro. Ah, como ele queria foder Naruto naquele momento…. Sentia o pau quase explodindo dentro da roupa de tão duro e necessitado que estava. Tinha a sensação de que poderia gozar a qualquer instante, mesmo sem se tocar, apenas de tão excitado que estava. Fez um trabalho bagunçado - mas muito empenhado - com a língua enquanto amassava e arranhava a bunda do parceiro com ferocidade. Quando a saliva começava a escorrer, ele subiu outra vez a boca para as bolas e o pau do loiro ao mesmo tempo que já foi logo metendo dois dedos para dentro. O outro gemia, arfava e se contorcia naquela cama mais e mais a cada segundo, o volume de sua voz aumentando, os espasmos crescendo. Sasuke também ia perdendo cada vez mais a própria lucidez, prestes a gozar sem sequer tirar o pau de dentro da roupa. Mas não teve tempo de chegar a tanto. Sentiu perfeitamente o momento em que deidara ia chegar ao orgasmo e tirou a boca no segundo certo antes que ele gozasse. Retirou os quatro dedos de dentro dele meio atordoado, sem a lembrança de quando tinha colocado os outros dois naquele frenesi absurdo que havia tomado conta de si.

Deidara se largou na cama ofegante e levou quase um minuto inteiro para se recompor o suficiente para falar alguma coisa. Ergueu-se nos cotovelos para encarar o, por assim dizer, "namorado" e lhe lançou um olhar cínico e irritado.

—Não sei se eu te dou uma porrada... ou se eu vou atrás do Naruto pra agradecer...

Sasuke levou as duas mãos à própria ereção - latejante e desesperada - e apertou de leve. olhou para o teto sentindo uma frustração absurda lhe atingir como se houvesse dado de cara com um poste.

—Pode me dar uma porrada, eu acho que tô precisando.

O loiro respirou fundo e puxou a meia-calça de volta para cima antes de se sentar.

—Você tá muito apaixonado, pelo jeito.

—É tesão… - murmurou amuado - porque eu quase comi ele no fim de semana, mas eu parei antes e agora eu tô com essa sensação horrível de coisa inacabada e fico nessa agonia de como teria sido… Se aquilo não tivesse acontecido ou se eu tivesse só ido até o final, eu já tinha esquecido essa merda. Mas eu não podia ir até o final, né, ele não sabia nem onde tava direito. Se soubesse, também, não teria tentado dar pra mim.

Deidara o encarou em silêncio e de cenho franzido por uns cinco segundos inteiros e, por fim, ergueu uma sobrancelha.

—Tá bom, querido. Olha só, se quiser pode tomar uma ducha gelada, você tem dez minutos, porque eu quero tomar banho.

—Parece uma boa ideia.

—Escuta só: caras héteros experimentando não costumam tentar dar o cu deles, sabe, eles tentam comer o seu. Se você tá tão interessado assim nesse arroba, eu acho que tu tinha que insistir um pouquinho que ele tá doido pra pular pra fora do armário, a cada dia que passa eu tenho mais certeza.

—Você tá se baseando em estereótipos.

—Eu tô me baseando em experiência profissional, gato.

Sasuke mordeu a bochecha por dentro com um ar injuriado.

—Eu vou esquecer dele em algumas semanas.

—Tá certo, então. Me avise quando puder transar de verdade.

Ele apertou o volume nas calças de novo e foi trancar-se no banheiro sem responder.




 

Ao chegar em casa, a primeira coisa que viu foi uma enorme coisa vermelha no meio da sala onde deveria haver um pufe. Levou um momento até identificar que a coisa vermelha era, na verdade, Karin, que usava um vestido da cor de seus cabelos. E o motivo dela estar ali cobrindo o pufe, de costas para ele e ainda sem notar sua presença, Sasuke reconheceu apenas pelas pernas magrelas que apareciam entre as dela.

—Suigetsu, você tem um quarto, sabia? - resmungou alto, fazendo o casal se sobressaltar.

—Oi, Sasuke! - exclamou a garota ao se sentar sobre o quadril do outro, que fosse pelo amasso ou por estar prensado entre um pufe e a jovem, tinha o rosto tão vermelho quando o cabelo dela (vergonha, entretanto, Sasuke sabia que não era), e lhe lançou um sorriso endiabrado.

—O Shino tá estudando lá, não quis incomodar - o moreno franziu o cenho diante do cinismo na voz dele.

—E aí você resolveu incomodar o resto do mundo, então?

—Você não é o resto do mundo, Sasuke.

Ele rolou os olhos e estava prestes a entrar no quarto quando a garota o chamou.

—Sasuke, espera aí.

—O que foi? - ele virou irritado.

—Então, a gente precisa falar do trabalho, já que você tá aqui a gente podia resolver isso agora.

—Foi pra isso que você veio? - ele zombou.

—Não, eu não sabia que o Suigetsu era daqui também, descobri no caminho - o outro rapaz deu uma risadinha e foi acompanhado por ela. Sasuke bufou impaciente.

—O que é? Já terminou o trabalho.

—A primeira parte, né, tem a segunda agora.

—Mas os grupos tem que ser necessariamente os mesmos?

—Por que? Não quer mais olhar na minha cara?

—Não, não é você...

—Bom, tem que ser os mesmos, cada parte do trabalho vai ser feita em cima do trabalho anterior e etc, você sabe disso, é um projeto só ao longo do semestre.

—Tá, tanto faz, o que tem o trabalho?

—Então, eu tava pensando que a gente tinha que começar a pesquisa em campo, sabe, e eu comentei com o Shikamaru e ele também acha que as melhores pessoas pra fazer isso era você e o Naruto.

Seu estômago se revirou de repente.

—E por quê?

—Bom, ele é mais comunicável e você é o mais metódico, além do que vocês já são bons amigos, muito mais fácil fazer esse tipo de coisa com alguém que você já tem intimidade.

Sasuke quis reclamar e bater os pés no chão dizendo o quanto era injusto, mas sabia que não tinha sentido. De fato, eles eram os únicos do grupo que já eram amigos antes e realmente formavam uma boa dupla para organizar esse tipo de tarefa, um complementando o outro. Se dissesse que preferia que outra pessoa fosse com Naruto em seu lugar, acabaria tendo que se explicar para o próprio e isso era a última coisa que queria. Mas, vá, se tinha um dia no mundo em que não gostaria de tocar no nome do amigo, aquele era esse dia. A fantasia que sua imaginação montara de Naruto gemendo e se contorcendo em seus dedos vestindo nada além de uma meia-calça ainda estava firme e pesando em sua mente, fazendo-o se sentir absolutamente patético e horrível.

—Tá, tanto faz, a gente vê com ele na sexta.

—Não, Sasuke, eu tô falando agora porque seria bom se vocês pudessem se organizar pra ir atrás disso no fim de semana! Sexta vai ficar em cima da hora, a gente tem que adiantar esse trabalho logo, porque os outros professores tão começando a mandar mais um monte!

Ele bufou mais forte, quase rosnando e revirou os olhos.

—O que é? - indagou Karin com um leve ar de desprezo - É com o Naruto o seu problema? Achei que vocês fossem amigos desde criança.

—Somos.

—E o que é, então, você secretamente odeia ele?

Sasuke lançou um olhar seco à garota.

—Não.

—Levanta, Karin - pediu Suigetsu dando uns tapinhas na perna dela - Vamos pro quarto, trocar de lugar com o Shino pra não ferir os olhos da moça de família aí.

—Pode ficar aí, eu vou pro meu quarto.

—Não vai, não - riu Suigetsu apontando para a porta, onde Sasuke virou alarmado para ver o que lhe parecia ser uma camiseta enrolada na maçaneta.

—Mas que merda! Todo mundo resolveu transar agora, é? Hoje é quarta!

—De onde você tá voltando, mesmo?

Sasuke fuzilou o outro com os olhos, mas recebeu apenas uma risada cínica de ambos antes que o casal fosse para o quarto, guardando para si a informação de que não havia realmente transado e depois daquilo, muito provavelmente, nunca mais iria transar de novo durante meses. Suspirou fundo e se jogou frustrado em um dos pufes (não o que Karin e Suigetsu estavam). Tudo o que menos precisava era ser obrigado a passar mais tempo sozinho com Naruto naquela situação, a simples ideia de encontrá-lo na aula na manhã seguinte já gelava seu estômago.

Havia pegado o celular quando Shino apareceu trazendo o laptop e uns livros grossos, sentando-se no pufe ao seu lado. Quase nunca o via no apartamento, era um cara quieto e passava a maior parte do tempo estudando em seu quarto, sentia certa pena por alguém como ele ser obrigado a dividir espaço com alguém como Suigetsu, mas a falta de reclamações o levava a acreditar que outro fosse muito bonzinho e paciente. A única coisa que sabia sobre ele era que cursava psicologia. Shino ficou em seu computador e Sasuke ficou em seu celular, ambos em silêncio, por um bom tempo. Levou quase meia hora até que o outro, sem tirar os olhos da tela, disse alguma coisa.

—Tendo um dia difícil?

Sasuke virou para ele, surpreso de ouví-lo falar e sem absorver direito a pergunta.

—Hm?

—É a terceira vez que você suspira. O Suigetsu disse que você tava irritado com alguma coisa.

Ele contemplou aquilo por um segundo, não se dera conta de que estava suspirando.

—É, pode se dizer que sim - murmurou voltando a olhar o facebook distraidamente - Acho que ando meio ansioso.

—Ansioso?

—É, sabe, nervosismo, enjoo, me sentindo horrível por umas coisas idiotas... Tá arruinando meu humor. Que eu já não tenho muito, pra começar.

Shino deu uma risadinha.

—Bom, tem alguma situação específica que desencadeia esse tipo de sentimento?

Ele franziu o cenho para o colega.

—Você estuda essas coisas, né?

—Bom, não no primeiro semestre, não, mas eu ando estudando um pouco sobre a atuação das monoaminas no corpo humano pra dar entrada num pedido de Iniciação Científica, então eu entendo um pouco sobre isso, talvez eu possa ajudar.

Ele não fazia ideia do que aquilo significava, mas Shino parecia estar falando sério e parecia ser uma boa pessoa.

—É, pode se dizer que é uma situação específica.

—Você sempre foi uma pessoa ansiosa?

—Não, nem um pouco, pra falar a verdade.

—E o que exatamente você vem sentindo?

—Eu… Sei lá, paranoia, frio na barriga, taquicardia, fazendo umas coisas idiotas por impulso…

—E que tipo de situação específica que vem te dando isso?

Sasuke mordeu a bochecha por dentro. Não era bem uma situação, mas ele sabia o que o outro diria se falasse a verdade…

—É uma pessoa? - ele perguntou, vendo que a resposta estava demorando demais.

—É, mas é uma situação muito complicada…

—É alguém que te remete a algum trauma?

—Uma coisa idiota que eu fiz quando era criança conta como trauma?

—Quão idiota?

—... Eu só me toquei depois de muito tempo que era idiota.

—E você pensa muito nisso até hoje?

—Não pensava mais até ele aparecer do nada.

—E por que você anda pensando tanto ultimamente? A pessoa te fez alguma coisa que piorou a situação?

“Sim, ele fez musculação”.

—Ele… ele ficou muito bêbado no fim de semana e tentou transar comigo.

—Assédio?

—Não, eu tava bem no controle…

—Você queria transar com ele?

—... Talvez.

—Deixa eu ver se entendi direito: você tá paranoico com uma pessoa que você tá super afim, essa pessoa te dá frio na barriga, seu coração dispara e você começa a agir de uma forma idiota, aí depois chega em casa frustrado e de mal humor…

—É, eu sei.

—Sabe?

Sei. Eu.... Eu sei, só… Eu tô tentando ignorar e ver se passa.

—Bom… Ok, costuma demorar só alguns meses pra passar.

—Meses?

—É, na pior das hipóteses uns três anos. É uma dependência química e o cérebro age igual o vício por drogas, então o jeito mais rápido é se afastando ao máximo - Sasuke soltou um murmúrio frustrado, não havia no mundo conselho mais difícil de se seguir quando havia acabado de ser intimado a passar o fim de semana sozinho com o dito cujo - Ou fala com ele, se ele tentou transar com você, então as chances devem ser boas.

—Não é tão simples.

—Ou será que não é tão complicado?

Ele estalou a língua.

—Sabe, eu gostava mais de você quando eu não ouvia a sua voz.

Shino apenas riu.

—Se precisar de mim, estou sempre aqui.

Ele voltou a atenção ao laptop e Sasuke soltou um pesaroso suspiro antes de voltar-se ao celular. Ficou algum tempo ignorando o que havia sido pedido e navegando à esmo pelas redes sociais todas até por fim resolver abrir o chat. E então continuou encarando o rosto de Naruto na foto por longos minutos. Não importava as fantasias que tinha com ele, não importava se havia feito promessas idiotas quando era criança, não importava se ele era hétero, bi ou o que quer que fosse, não importava se ele estava se apaixonando de verdade pelo amigo ou se fosse apenas um tesão misturado com pressão pelo contexto todo, de um jeito ou de outro eles estudavam juntos e estavam no mesmo grupo no projeto de Metodologia de Pesquisa Científica. E eles se veriam na manhã seguinte, continuariam sentando lado a lado, continuariam amigos das mesmas pessoas e continuariam sendo obrigados a conversar e fazer trabalhos da faculdade juntos por, no mínimo, até o final daquele semestre.

Com outro suspiro chateado, ele parou lamentar a situação e começou a digitar.

 

you:

Ei

 

Demorou um tanto para ser visualizado, mas ele esperou (porque não tinha mais absolutamente nada para fazer de melhor).

 

Naruto:

oie

you:

A karin apareceu aqui

Ela falou q a gente devia ir fazer pesquisa de campo

Eu e vc

Esse fds

Naruto:

hm

you:

Ela disse que conversou com o shikamaru tbm

Naruto:

é, ele me falou isso

you:

Falou, é?

Naruto:

é

you:

Pq vc n me disse nada?

Naruto:

n sei

esqueci, dsclp

you:

Tdo bem

Então....

Vc tá livre esse fds?

Naruto:

acho qe sim

you:

Legal...

Da uma pesquisada em lugares que a gente pode ir

E eu vou formular um questionário

Pode ser?

Naruto:

acho que sim

 

Não sabia dizer exatamente o porquê, mas achava que o outro estava estranhamente quieto para o normal. Naruto costumava ser tão energético via mensagem quanto era pessoalmente, mas naquele momento não sentia nada disso, ele parecia desanimado. Uma parte enorme de si quis perguntar se estava tudo bem, outra parte o achou paranoico e uma partezinha em seu íntimo achava que não queria saber o motivo, se existisse algum.

 

you:

Então tá, a gente pode umas 10h no sab, que tal?

Naruto:

legal

you:

Vc tá bem?

Naruto:

to e vc?

you:

Normal

Naruto:

vc brigou com a Sakura, né, ela falou que vcs brigaram dnv

you:

Mais ou menos, n é bem uma briga

Naruto:

é oq

you:

Uma discussão, só

Pq ela se mete onde n é chamada

Naruto:

é pq eu disse que ela tava falando cmg

sobre aquele lance

n é?

you:

É um pouco, mas n é só isso

Naruto:

n sei, to me sentindo culpado, eu n deveria ter te contado

you:

Vc n tem culpa pelas coisas que ela inventa de fazer

Naruto:

aí é que tá, é culpa minha sim

ela n tem culpa de vdd

you:

Como não, naruto

Eu falo pra ela q n tem nada a ver e ela n tem q se meter

Ela vai lá e se mete

Me enche o saco

Enche o seu saco

Tá nessa desde o primeiro dia d aula

Que ela viu que eu tava nervoso de ver vc, te chamou pra perto pra me irritar e começou a encher o saco quando eu contei o lance do bjo

Naruto:

achei q vc n tinha me reconhecido de primeira

you:

Ah

Eu fingi que n pq eu tava nervoso

E ela ficou inventando moda

Eu falei que n era pra inventar nada, que n tinha nada a ver, q eu tava com o deidara

E ela continuou, me ignorou, pq ela é uma sem noção

E n bastava me encher o saco, ela foi atrás de vc encher o seu saco tbm

A culpa é só dela

Tinha que ter ficado na dela na hora que eu falei q n tinha nada a ver

Naruto:

bom...

ah, mas eu conversei com ela

ela n tava fazendo por mal

dsclp, eu n sabia que tava te incomodando tanto essa história, é meio óbvio, eu devia saber

eu sou meio lerdo as vezes

foi mal

só n fica bravo com a sakura por minha culpa

you:

Como que é sua a culpa se ela que fez a merda?

Vc só me contou, eu ia acabar descobrindo cedo ou tarde

Naruto:

esquece

já passou, tanto faz

só n briga com ela, ela te adora tanto

you:

Não tanto assim né, pq tava lá dando pra vc o verão inteiro e nem comentou q eu existia

Naruto:

ela até comentou, só n tinha falado o seu nome

you:

Pq é uma desnaturada

Naruto:

skdfhgkjdfsghksdf

Mas conversa com ela

you:

Tá bem

É por isso q vc tá chateado?

Naruto:

como assim?

you:

N sei, vc parece meio chateado

 

A resposta demorou um pouco. Naruto começou e parou de digitar umas três ou quatro vezes. Sasuke se arrependeu amargamente de ter perguntado aquilo. Ele tinha feito alguma coisa de errado? Era por culpa dele que o outro estava triste? A última coisa que precisava para piorar aquela quarta-feira horrível era um textão do melhor amigo de infância que ele havia reencontrado apenas duas semanas e meia antes (e de quem estava inegavelmente gostando) explicando o quanto ele era uma pessoa horrível que ele já devia estar se arrependendo de se reaproximar. Era isso. Naruto provavelmente ia falar sobre como aquela ideia de reatar amizade fora idiota.

Mas ele mandou apenas um sticker exageradamente fofo de um ursinho esfregando a cara no travesseiro. Sasuke não entendeu nada, para ele aquele sticker só fazia sentido se a pessoa enviando fosse uma garotinha de nove anos.

 

Naruto:

aaaaaaaaaaa

ai

n é nada, é sono

to cansado só

boa noite, até amanhã ♥

you:

Boa noite

 

Sasuke encarou aquela conversa absolutamente confuso e frustrado.

—Shino, você que é o profissional, me explica uma coisa.

Nenhum dos dois tirou o rosto de sua respectiva tela.

—Diga.

—Como que se descobre se alguém tá te mandando sinais de verdade ou se você tá só imaginando coisas?

—Perguntando.

—Mas como se faz isso sem correr o risco de fazer papel de ridículo?

Shino virou para encará-lo e ergueu as sobrancelhas com um ar cínico.

—Não se faz.



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