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História Promiscuous (Jeon Jungkook) - 1.3: No scrubs.


Escrita por: shwutup

Notas do Autor


• boa leitura! 🖤

Capítulo 13 - 1.3: No scrubs.


Garota promíscua, você é suficiente o bastante para se tirar dessa situação.”


Garoto promíscuo, sou uma garota com boas intenções, apenas tomei algumas decisões ruins.”

•••


Cassandra ‘Cassie’ Adams 


O cheiro do perfume adocicado toma conta do meu quarto quando borrifo um pouco do líquido no meu pescoço e nos pulsos. Me olho no espelho mais uma vez, tendo certeza que o meu cabelo está bem arrumado e que a maquiagem não parece vulgar demais, apesar de ser mais uma noite da lingerie no The Hook — e pior ainda, a final do campeonato municipal de hóquei dos times da universidade. 

A noite será longa, muito longa. 

Pego as roupas escolhidas para essa noite, um sutiã preto rendado não muito sensual e uma saia de couro na mesma cor, e coloco-as dentro da mochila que sempre levo para meus turnos. Então, percebo que esqueci os meus saltos, e volto para o closet, em busca de um par de sapatos elegantes e ao mesmo tempo confortáveis, já que com a minha nova função no bar sou obrigada a andar de um lado para o outro, e sapatos de salto alto são cruéis demais para essa tarefa. 

Escuto a porta do quarto ser aberta e não preciso fazer nenhum esforço para saber que Jungkook está aqui. Volto para o cômodo e então o vejo vasculhando minha prateleira de livros, devolvendo o último livro da saga Crepúsculo, Amanhecer, e pegando Sol da Meia-noite, o livro narrado por Edward. O observei por alguns segundos, enquanto ele folheia o livro aparentemente bem concentrado, como se ainda não tivesse notado a minha presença.

Jungkook estava usando calça jeans preta, como quase todos os dias, mas para a minha surpresa ele estava vestindo a camisa dos Red Wings, um dos times que irá disputar a final do campeonato hoje. 

— Pensei que não gostasse de hóquei — digo, aproximando-se dele. Jungkook fecha o livro e finalmente me encara, esboçando um sorriso tímido em seus lábios — E se me lembro bem, você mesmo disse que estava velho demais para ler essas coisas… — brinco, pousando minhas mãos em seu peitoral. 

Ele deixa o livro sobre a prateleira e passa os braços ao redor do meu corpo, deixando suas mãos em minha cintura.

— Mas graças a uma pessoa um pouco insistente e também muito teimosa, estou experimentando coisas novas — confessa olhando diretamente em meus olhos e dou uma risadinha. Realmente eu venho sendo bem insistente nessas duas semanas que passamos juntos, como um casal, e está na minha lista de exigências que o meu pretendente goste de livros clichês. Ele sela nossos lábios em um beijo rápido, mas que foi o suficiente para renovar as minhas energias — E sobre o hóquei, prometi aos caras que iria, então… — revira os olhos — Mas pelo menos sei que vou ser recompensado no fim da noite — deu de ombros, exibindo um sorriso mais do que convencido.

Jeon Jungkook anda muito convencido, na verdade. Isso deveria ser algo ruim, mas esse seu lado vem me proporcionando coisas incríveis ultimamente, então não posso, de forma alguma, me queixar.

— Hm, e qual será a sua recompensa? — questiono, fingindo completo desentendimento.

— Após os jogos todos costumam ir para o The Hook, e fiquei sabendo que a garota mais gostosa da cidade trabalha lá — murmurou, envolvendo meu cabelo em seus dedos — Uma tal de Cassie, que tem os olhos verdes mais bonitos que todos já viram. Ah, e hoje é noite da lingerie no bar, com certeza vou me dar bem. 

— Eu soube que ela vai usar uma saia de couro bem curta e um sutiã preto — sussurrei, ficando na ponta dos pés para alcançar o seu rosto e deixar meus lábios rentes a sua orelha — Ah, e ela prefere que você a chame de Cass. Apenas Cass. 

Minha Cass. — sibilou, puxando-me para perto do seu corpo, até estarmos completamente grudados um no outro. Ele inclinou a cabeça e beijou o meu pescoço delicadamente, deixando-me completamente arrepiada — Apenas minha. 

Sim. 

Apenas sua. 

Completamente sua, Jeon

Só tenho um segundo para inspirar antes que a sua boca esteja na minha, uma das mãos me segurando pela nuca, e o outro braço em volta da minha cintura, me pressionando contra ele com tanta força que mal consigo respirar. 

O seu celular vibra no bolso da calça, indicando que uma nova mensagem foi recebida, mas ele ignora completamente. Sua mão ágil e perversa adentra a minha blusa, acariciando meus seios ainda cobertos pelo sutiã. Outra notificação. Jungkook puxa meu seio esquerdo para fora da peça íntima. Mais uma vez, o celular vibra. Eu gemo ao sentir o seu toque. 

E então, o telefone começa a tocar. 

— Merda! — Jungkook rosna, interrompendo o nosso beijo. Gargalho com a sua reação, porque está nítido como ele deseja ir até o fim com o que estávamos fazendo agora a pouco, assim como eu também estava desejando, mas receio que teremos que terminar em outro momento. 

Jungkook atende a ligação enquanto eu me arrumo outra vez, abaixando a minha blusa e retocando o meu batom. Ponho a mochila em um dos ombros e rio mais uma vez da feição nada satisfeita que o mais velho fala ao encerrar a ligação. 

— Quem ousa atrapalhar o nosso momento? — brinco, tentando fazer uma voz grossa e autoritária. 

— Pike já está aqui, vamos ao jogo juntos — justificou-se com uma revirada de olhos — Esse cara não tem um pingo de paciência. 

— Sorte dele por eu estar de bom humor...Se não ele seria testemunha da minha raiva — outra vez tento soar autoritária, uma nova brincadeira que desenvolvi com Jungkook após uma maratona de Peaky Blinders no final de semana, que alternou entre episódios e pausas para um pouco de sexo. 

Juntos, nós gargalhamos e saímos do quarto. Desligo a luz do cômodo e sigo pelo corredor, enquanto Jungkook dá uma passadinha rápida em seu quarto apenas para pegar sua carteira. Desço as escadas pulando os degraus de dois em dois, como todas as vezes, e pego a chave do carro sobre um móvel na sala de estar. 

Quando saio de casa, seguindo para a garagem, vejo Pike em sua caminhonete prateada, com o rosto completamente pintado de vermelho e usando a mesma camisa que Jungkook está usando. Ele buzina duas vezes e me chama.

— Cassie! — ele grita, buzinando mais algumas vezes — Vamos ao The Hook após o jogo! Reserve a melhor mesa! — berra outra vez, como se eu estivesse há quilômetros de distância. 

— Pode deixar! — grito de volta. 

Olho para trás e vejo Jungkook sair de casa com as mãos nos bolsos da calça. Ele vem até mim, e ali, na frente do seu melhor amigo, ele me beija. Meu rosto fica tão vermelho quanto a tinta que Pike usou para pintar a cara. Ouço-o buzinar logo atrás de nós, e então, Cole e Scott aparecem nas janelas da caminhonete, comemorando. Como eu não os vi?

— Jungkook! — repreendo-o — Você é louco?! 

— Bem, apenas o Pike estava sabendo, mas pelo visto… — coçou a nuca, sorrindo envergonhado — Me desculpe. 

Respiro fundo. Não somos um casal de verdade, e acho que estamos bem longe de sermos algo além de um passatempo sexual. Winston é uma cidade pequena e antiga, assim como a mente dos moradores desse lugar, e as notícias se espalham numa velocidade absurda, como fogo. Fico imaginando o que pode acontecer conosco, principalmente com Jungkook e a sua carreira, se souberem que ele está tendo um caso comigo, a filha da sua ex-namorada. Seria um escândalo, sem dúvidas. 

— Tudo bem, mas vamos ter mais cuidado, ok? — ele confirma, balançando a cabeça. Fico na ponta dos pés e o beijo uma última vez, ouvindo seus amigos gritarem novamente — Aí de vocês se contarem algo! — ameaço. 

Eles confirmam, e logo depois todos nós caímos na gargalhada. Sigo para o carro de Jungkook, a BMW, e ele entra no carro dos seus amigos, partindo pela estrada. 

Estou relativamente atrasada. O centro fica um pouco longe desse bairro e as ruas provavelmente estão congestionadas devido ao enorme fluxo de veículos que seguem para a arena universitária, que fica bem próxima ao The Hook. Céus, preciso pensar em uma boa desculpa para o meu atraso ou a minha chefe irá me devorar viva apenas com seus grandes olhos azuis transbordando irritação. 

Conecto o meu celular no painel do carro e durante todo o trajeto — que normalmente duraria apenas vinte minutos, mas devido ao trânsito caótico levou em torno de quarenta minutos — escuto uma playlist de pop dos anos 80, cantando a todo vapor as músicas que conheço. 

Por sorte, consigo encontrar uma vaga para estacionar o carro bem na esquina do bar. Pego minhas coisas e praticamente corro pela rua até estar dentro do bar, garantindo pelo menos dez segundos a menos de atraso. 

As mesas desocupadas estão quase no fim, e logo atrás de mim um grupo de torcedores entra, ocupando uma mesa de seis lugares lá no final do bar, já que os melhores lugares já foram preenchidos por estarem mais perto da televisão. 

Atravesso o balcão de bebidas, seguindo para a pequena sala de descanso dos funcionários, e escuto Grabb, o velho cliente do The Hook, gritar para mim:

— Red Wings! 

— Red Wings! — grito de volta apenas para ser gentil, e também porque gosto bastante do Grabb, mas eu não fazia a menor ideia da existência desse time até ontem, já que eu não ponho os meus pés na faculdade há um bom tempo e não tenho a menor noção do que vem acontecendo por ali nesses últimos tempos. 

— Ah, finalmente você chegou! — comemorou Elliot, o mais novo barman, que tomou o meu emprego maravilhoso de preparar bebidas e não precisar lidar com todo o tumulto do bar, mas não guardo ressentimentos por isso. Ele é um cara legal, no fim das contas — A chefe está uma fera, mas para a sua sorte ela não notou que você está atrasada. Vai, veste logo sua roupa — disse em um tom um pouco mais baixo, temendo que a qualquer momento a proprietária do bar apareça. 

Aceno com a cabeça e entro no banheiro minúsculo daquele lugar, livrando-me da minha blusa, calça e o sutiã simples que estava usando. Visto as peças mais sensuais, ajustando-as para que não fiquem tão vulgares no meu corpo, prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo alto e retoco pouquíssimas coisas da maquiagem, aplicando um pouco de máscara nos cílios postiços e passando um pouco mais de iluminador. 

Quando saio do banheiro, apenas Beatrice, a nova garçonete, está na sala de descanso, encarando a roupa que ela escolheu para esta noite — um body de renda branca e uma saia um pouco parecida com a minha. Sento em um dos sofás desconfortáveis para calçar os meus sapato preto, com o salto um pouco largo e fivelas delicadas. Enquanto atacava a correia de um dos saltos, escuto um fungado baixinho, seguido por um choro discreto. 

Olho por cima dos ombros e vejo Beatrice enxugar as suas lágrimas. 

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto após me levantar, aproximando-me dela — Está se sentindo bem? 

— Por favor, não se preocupe — respondeu de forma tímida, enxugando as lágrimas com as pontas dos dedos — É bobagem, eu garanto — tentou forçar um sorriso. 

— Tem certeza? — insisto outra vez, e vejo o olhar dela se entristecer outra vez — Bea, é a sua primeira semana, deve estar sendo difícil. Se quiser, pode pedir um dia de folga. 

— O problema não é esse. Eu...Eu só... — e mais uma vez, ela começa a chorar — Eu não sou uma puta! — murmurou — Escolhi trabalhar aqui por ser um bar normal, com um bom salário, mas eu não imaginava que eu teria que passar por isso! — apontou para suas roupas.

— Ah, Bea... — sussurrei em pura piedade, entendendo muito bem sua angústia e seu receio. No começo, logo nas minhas primeiras semanas, precisei enfrentar a famosa noite da lingerie pela primeira vez e acho que não estou exagerando quando digo que aquela foi uma das piores noites da minha vida. Me senti como a porra de uma boneca sexual, exposta para dezenas de pervertidos, que salivavam como animais famintos todas as vezes que iam até o balcão, encarando o meu decote como se o meu rosto estivesse ali. Naquela noite, corri para o escritório de Margaret, a dona do bar, e nessa mesma noite, escutei uma das coisas mais importantes para que eu continuasse aqui e enfrentasse esses obstáculos. E são essas mesmas palavras que repito para Beatrice agora: — Por que você está aqui? 

— O que? — ela franze o cenho — Pelo dinheiro, não é óbvio? Ser garçonete não é o meu trabalho dos sonhos, Cassie. 

— Acredite, também não é o que eu sonho fazer pelo resto da vida, claro que é pelo dinheiro, mas porquê você precisa desse dinheiro?

Ela respira fundo, passando as mãos pelos fios escuros do cabelo, puxando-os para trás. Seus olhos borbulham de lágrimas e eu penso que ela irá se desmanchar em choro outra vez, mas Beatrice endireita a sua postura e me encara. 

— Tenho um filho de três anos, e o pai dele é um babaca — riu fraco, mas naquele exato momento pude sentir a culpa transbordar do seu corpo, pois sei que se ela pudesse, escolheria outro homem para ser o pai do seu filho — Não posso contar com o dinheiro dele, muito menos com a ajuda da minha família, e como fui demitida do meu último emprego no supermercado, não tive muitas opções, mas eu não sabia que isso estava incluído no pacote — apontou mais uma vez para sua roupa. 

— Usamos lingerie apenas uma noite na semana, e posso garantir que as gorjetas valem a pena — digo, remoendo-me por dentro, porque se eu tivesse opção, nunca mais serviria ninguém vestida como estou — Não tenho filhos, mas se eu tivesse, usar uma lingerie para servir bebidas não seria o menor problema, porque eu sei que no fim do mês eu teria dinheiro suficiente para dar ao meu filho o máximo que estivesse ao meu alcance. 


E ao dizer isso, sinto uma instantânea vontade de chorar, porque enxergo minha mãe em Beatrice. Consigo ver a garota de dezesseis anos, expulsa de casa e com um namorado mais velho que não se importava com nada além do seu próprio bem-estar e em completo desespero para cuidar da sua filha, mesmo desistindo dessa missão após alguns anos de muitas batalhas — e muitas delas perdidas. 

Não abomino a ideia de ser mãe. Gosto de crianças, mas não tive os melhores exemplos. Não tive uma mãe dedicada, muito menos um pai, e temo que o meu filho enfrente as mesmas coisas que eu enfrentei e ainda enfrento. Porém, eu tenho certeza de que farei de tudo pelo meu filho, e usar uma roupa sensual em um bar é apenas o começo da lista.

— Pense no seu filho, Bea. Tudo isso daqui é temporário, e sei que em breve você vai conseguir um emprego muito melhor do que esse — continuo — E não se preocupe, o seu filho não vai se envergonhar. Na verdade, ele vai sentir orgulho da mãe incrível que ele tem. 

Beatrice abre um largo sorriso, exibindo o aparelho em seus dentes. Ela segura as roupas e decidida segue até o pequeno banheiro, mas antes de entrar, ela se vira e me encara.

— Você é uma péssima conselheira, mas acredite, suas péssimas palavras me ajudaram um pouco. 

— Se precisar de mais alguns conselhos ruins, estarei aqui — digo, arrancando outro sorriso dela. 

Beatrice entra no banheiro e eu finalmente saio da nossa sala de descanso, preparada para mais uma noite longa e muito cansativa.

Quando chego ao balcão principal, onde Elliot está preparando mais um drink, pego as comandas retiradas por Sloan e começo a preparar as bandejas. Sirvo dois copos de whisky e uma dose de vodka e sigo para a multidão de pessoas, concentrada em não derrubar a bandeja. E então, pelas próximas horas, essa se torna a minha rotina. Caminhar até o balcão de bebidas, servir doses de qualquer coisa alcoólica que os clientes eufóricos pedem e depois mergulho no mar de mesas repletas de pessoas. 

A energia do The Hook era simplesmente caótica. A televisão estava no volume máximo enquanto transmitia a partida icônica entre os Red Wings, time oficial da universidade de Winston, que lideravam o placar, e seus rivais, os Buffalo Sabres, da universidade de Seattle, que acumulavam alguns pontos, e com um pouco mais de esforço ultrapassariam o time local sem nenhuma dificuldade. Estava bem acirrado, qualquer jogada era decisiva para a continuação do jogo e todos estavam na expectativa. 

Cada ponto marcado era motivo de euforia e quando o time adversário se sobressaia, marcando mais pontos, xingamentos preenchiam todo o bar. Nos poucos e raros momentos que consegui descansar um pouco, também me rendi a assistir o campeonato, e quando eu reconhecia algum dos jogadores do Red Wings, tentava me lembrar dos seus cursos na universidade e sua fama pelos corredores. 

Felizmente, poucos deles são atletas babacas, e até troquei mensagens com alguns logo no começo do curso de arquitetura, mas não passou disso. Atletas nunca fizeram o meu tipo.

Às 21 horas, o último tempo estava rolando, o placar estava com apenas um números de diferença e os Buffalo Sabres já eram considerados os campeões, mas como costumam dizer por aí, não é bom cantar vitória antes do tempo. 

Michael Scott, capitão do Red Wings e estudante do último período de administração, deslizou pelo gelo na velocidade da luz e quando a esperança de todos já tinha se esvaído, Michael garantiu a vitória do Red Wings, e assim o jogo se encerrou com um placar de 9x8. 

Foi declarado o fim do jogo e no mesmo segundo, fogos de artifício estouraram no céu. Todos nos bar comemoravam, até mesmo Elliot, que se declarou o inimigo número 1 do hóquei, correndo até mim e me abraçando com tanta força que senti o oxigênio evaporar do meu corpo. 

Com a partida encerrada e o Red Wings vencedor do campeonato, os clientes que estavam no The Hook apenas para assistir ao jogo foram embora, e agora, a segunda parte da noite estava prestes a começar com os torcedores eufóricos que estavam na arena desesperados para comemorarem pelo resto da noite em um bar meia boca, cerveja barata e garçonetes seminuas. 

Exatamente às dez horas da noite, quando eu estava anotando o pedido extenso de um grupo de colegas que conheci na faculdade, incluindo Seokjin, um grande amigo de Hoseok e Claire, o sino na entrada do bar soa alto e vejo quando Jungkook, juntamente com Pike, Cole, Scott, Taehyung e Jimin atravessam a porta, tão animados quanto os demais torcedores.

Imediatamente sinto os olhos de Jungkook me devorarem, e quando termino de finalizar o pedido dos meus colegas, o encaro, deixando um sorriso escapar. Céus, eu simplesmente tinha esquecido como Jungkook estava fodidamente bonito esta noite, com parte das tatuagens expostas, o cabelo um pouco desgrenhado e a camisa do time vencedor abraçando o seu corpo musculoso muito bem. 

Mas logo o meu sorriso desaparece quando os vejo, através da grande janela de vidro do bar, dobrando a esquina, e não demora mais do que cinco segundos para que eles estejam aqui também: Aretha, e seu irmão mais velho Tony. 

E logo atrás deles, Damon Maxwell agarrado com uma loira siliconada. 

Penso que vê-los bem ali é apenas uma coincidência, mas para a minha surpresa, eles estão juntos, e ocupam a mesa ao lado da mesa que Jungkook sentou com seus amigos. 

Que a sorte esteja ao meu favor.

— Sloan — chamo baixinho ao me aproximar, ficando ao seu lado no balcão — Tem como atender a mesa da Aretha? Sabe, as coisas estão um pouco complicadas entre nós.

Pouco é uma forma sutil de dizer que todos tinham razão: Aretha é uma filha da puta. 

— E você atende a mesa do seu padrasto, ou ex-padrasto, sei lá. Aquele cara loiro não cansa de tentar me levar para a cama dele — resmunga, pegando uma bandeja entregue por Delilah, uma das garotas da cozinha, com alguns petiscos — Você devia avisar que sou lésbica, assim ele deixaria de encher o meu saco. 

Dou risada, pegando uma nova ficha para anotar os pedidos da mesa de Jungkook, mesmo já sabendo que todos ali vão pedir cervejas até o primeiro deles demonstrar sinais de que a noite de bebedeira precisa chegar ao fim — e não é nenhuma surpresa saber que Pike é sempre esse cara.

— E perder toda a diversão? Nada disso.

Sloan resmunga alguma coisa, provavelmente um palavrão, mas não consigo entender, pois já estou longe demais, me aproximando da mesa de Jungkook, bem ao lado da mesa de Aretha e Damon, mas por incrível que pareça, nenhum deles presta atenção em mim, apenas Tony, o irmão mais velho de Aretha, e sinceramente, tenho mais medo dele do que qualquer um ali. 

Tony é um homem muito instável, e quando está bêbado perde os limites. 

— Hm, deixe-me adivinhar, sete cervejas — digo ao me aproximar da mesa, parando ao lado de Jungkook, que discretamente puxa a minha mão de forma delicada e beija o dorso — Ah, e amendoins para o Jimin. 

— Na verdade, você errou, Cassie — avisa Taehyung, apoiando os dois cotovelos na mesa — Hoje é uma noite especial, e nas noites especiais bebemos whisky, então pode trazer a garrafa inteira. E também os amendoins, claro. 

— Ok, vou trazer a melhor garrafa que temos — anoto rapidamente na ficha apenas para dar baixa no fim da noite e o cara do caixa, que até hoje não sei se o seu nome é August ou Augusto, não encher o nosso saco — Então, só para ter certeza, Pike irá desmaiar antes mesmo da quarta dose? Não quero ter que pagar vinte dólares para o Jungkook outra vez. 

— Não tenho culpa se você superestima ele, meu bem — disse, dando de ombros— Estamos falando de whisky. É óbvio que  ele irá desistir no segundo copo. 

— Sabe, não acho nada disso engraçado — protestou, mas não adiantou muita coisa, afinal, todos nós estávamos rindo, enquanto Pike resmungava, ainda com o rosto pintado de vermelho e com os braços fortes cruzados na altura do peitoral, como uma criança birrenta. 

Me despeço de Jungkook com um selinho mais do que discreto, quando todos os seus amigos continuavam rindo e as outras pessoas do bar não davam a mínima para o que estava acontecendo ao redor, e caminho pelo bar, anotando mais um pedido antes de voltar para o balcão, onde Elliot preparava os drinks com total concentração. 

Escolho uma garrafa de Ballantine's Finest, um whisky escocês e que é um dos favoritos de Jungkook, que faz questão de colecionar algumas garrafas em seu escritório. Pego sete copos próprios para essa bebida e também uma cestinha com amendoins, e levo para a mesa deles, escutando mais algumas piadas antes de voltar a circular pelo salão e atender mais mesas. 

Olho para trás, por cima dos ombros, apenas para admirar Jeon Jungkook e toda a sua beleza mais uma vez, e ele também me encara, levando o copo de bebida até seus lábios. Mas para a minha surpresa, Jungkook não era o único que me encarava, pois logo ao seu lado, Tony sorria para mim e descaradamente acenou. 

— Intervalo! — aviso para Elliot e Sloan quando atravesso a pequena porta do balcão, largando a bandeja em qualquer lugar. 

Sigo para a salinha no fim do corredor, nossa área de descanso, e para a minha sorte, o primeiro intervalo da noite é unicamente meu, e não irei precisar dividir meus quinze minutos de completa paz e tranquilidade com mais ninguém. 

A primeira coisa que faço ao entrar na salinha mequetrefe é tirar os meus saltos e jogá-los em qualquer lugar. Depois, pego as chaves do meu armário na minha bolsa e abro-o depois de muito tempo, encontrando um maço de cigarros e um isqueiro.

Penso um pouco. A última vez que fumei foi quando Jungkook esteve aqui pela primeira vez, poucos dias antes do meu aniversário e de todo o caos prazeroso que tomou conta de toda a minha vida. 

É, acho que mereço um cigarro. 

Pego a caixa e o isqueiro no fundo do armário, e com eles em mãos vou até o sofá de couro um pouco desconfortável, mas que já me proporcionou ótimos cochilos, praticamente me jogando ali. Levo um cigarro até meus lábios e acendo-o, tragando a fumaça de nicotina que invade o meu corpo, uma sensação que as vezes sinto muita falta, mesmo sabendo das suas consequências. Afinal, tudo aquilo que me mata, me deixa mais viva. Não é isso que falam por aí? 

Pego o meu celular e abro no aplicativo de mensagens, recebendo uma mensagem de Jungkook no mesmo instante, perguntando onde estou. 

Estou no meu intervalo, e tenho quinze minutos livres. Acho que posso aproveitar esses poucos minutos com Jungkook e os seus beijos de tirar o fôlego. 

Começo a digitar uma nova mensagem para Jungkook, pedindo para ele me encontrar aqui, mas antes que eu consiga enviar a mensagem, a porta da sala de descanso é aberta com força pelo irmão mais velho de Aretha, batendo com tudo na parede. 

Mas que porra!

— Aqui é apenas para funcionários, Tony — aviso, não me dando o trabalho de encará-lo. 

— Mas tenho certeza que você pode abrir uma exceção para velhos amigos, Cassie — disse, fechando a porta. Ele caminha até a pequena mesa onde alguns funcionários fazem suas refeições e puxa uma cadeira, sentando a minha frente. Sem qualquer esforço, me sento no sofá, segurando o cigarro em meus dedos — Posso? — aponta para o cigarro.

Sem dizer nada, apenas apago o cigarro no cinzeiro que fica sobre uma mesinha de carvalho escuro ao lado do sofá. 

— Não somos velhos amigos — dou de ombros — Diga o que quer e vá embora. Claro, se for pedir algo diferente. Se for pedir a mesma merda, pode sair. 

Há exatamente um ano, Tony começou implorar para que eu trabalhasse na 169 Club, a sua boate, que carinhosamente chamo de puteiro sofisticado, porque sinceramente, não passa disso. Tenho nojo daquele lugar e pena das mulheres que se submetem a isso por um salário razoável, levando em consideração que a maioria dos bares pagam menos do que um salário mínimo para suas garçonetes. Admiro a coragem dessas mulheres, que muitas vezes são como Beatrice, mas não consigo.

Estar usando lingerie uma vez por semana é o meu limite, e as vezes acho que não irei dar conta disso por mais tempo. Odeio fazer isso, mas não há outras opções.

— Bem, estou aqui para pedir a mesma coisa, Cassandra, e se eu fosse você, pensaria um pouco mais e aceitaria minha proposta — diz, relaxando um pouco mais na cadeira, enquanto me devora com seus olhos castanhos e escuros — Deixe o orgulho um pouco de lado. 

— Pela milésima vez, não! — grito — Não vou ser mais uma das suas putas. Estou muito bem aqui, Anthony. 

Ele revira os olhos e se levanta, caminhando de um lado para o outro com a mão direita no rosto, como se tentasse permanecer calmo. 

— Cassandra, não trabalho com prostitutas. Minhas garotas são garçonete e dançarinas que ganham bem mais do que você ganha nesse buraco — tenta me convencer com o mesmo discurso de sempre, e como todas as vezes, continuo sem qualquer interesse — E, sinceramente, as minhas garotas se vestem de forma mais comportada. 

Maldito Anthony. Filho da puta. 

— Claro, porque no fim da noite elas acabam nuas na cama do cara que pagar um pouco mais pela diversão — aponto, me levantando em seguida — Não preciso do dinheiro, muito menos desse emprego. Procure outras garotas, conheço várias que topariam na hora, mas eu já disse milhares de vezes que eu não vou me submeter a essas coisas. 

Ele para de andar, encostando o corpo musculoso nos armários com os braços cruzados na altura do seu peitoral. Um sorriso cafajeste brota em seu rosto, tornando-se uma gargalhada maliciosa em seguida. 

— Ah, sim, é óbvio que você não precisa do dinheiro, afinal, aquele cara está de bancando desde que a sua mãe foi embora — desdenhou, balançando a cabeça em completo fingimento, como se estivesse decepcionado comigo. Eu fecho o meu punho direito, sentindo minhas unhas machucarem a palma de minha mão. Esse cara não sabe de nada e já o suportei por muito tempo, tempo precioso que eu poderia estar aproveitando para fazer outras coisas do que ouvir suas baboseiras, e sinceramente, não estou afim de ouvi-las outra vez — Quero você pelo mesmo motivo que a sua chefe te mantem aqui. Você é a porra de um corpo gostoso e todos os caras sonham em tê-lo pelo menos uma vez na vida. Por que você acha que esse lugar fica lotado todas as malditas sexta-feiras? Porque eles sabem que Cassandra Adams, a gostosa de olhos verdes, vai estar desfilando por aí de lingerie. 

— Você não sabe de nada, Anthony! Nada! — grito, aproximando-me dele e como eu já deveria saber, ele está bêbado. Posso sentir o cheiro de cerveja barata sair da sua boca e tenho vontade de vomitar — E outra, não pense que Jungkook está me sustentando, muito menos que temos alguma coisa! Não fale sobre o que você não sabe! 

— Ah, então você e o Jungkook não estão trepando? Fala sério, eu vi como ele te olha, vi vocês se beijando — ele ri, descruzando os braços — Tal mãe, tal filha, transando com um cara rico, e melhor ainda, com o mesmo cara! Depois você se orgulha de dizer que não é uma puta, que piada! 

Sinto meus olhos arderem. Quero muito chorar, droga! Não, não, não! Não vou chorar, muito menos na sua frente. Seria vergonhoso e humilhante. A última coisa que quero é dar esse gostinho para Anthony. 

— Por favor, vá embora. Só... — respiro fundo, lutando contra as lágrimas orgulhosas — Só me deixe trabalhar, ok? Procure outra garota para o seu clube — praticamente imploro.

— Oh, então é verdade? Puta merda! Você realmente está transando com um cara mais velho e que era o seu padrasto há algumas semanas atrás — esbravejou, como se tivesse acabado de ganhar um prêmio — Bem que Aretha tinha razão, você é como a sua mãe, a porra de uma vagabunda! — gritou. 

A raiva toma conta de mim, e naquele instante, tudo o que eu vejo é vermelho, como sangue e como o ódio que sinto por Anthony e por Aretha. Ainda com o punho fechado, acerto-o bem no olho esquerdo de Anthony, fazendo-o gemer de dor. 

Fecho os olhos. Respiro fundo. Abro os olhos novamente e ele está me encarando, como o olho machucado e o resto do seu corpo tomado por raiva. 

Ele fecha o seu punho e já prevejo o pior. 

Anthony não será o único a sair desse bar com um olho roxo.



Notas Finais


• o próximo capítulo já está sendo produzido e posso garantir....fortes emoções vindo aí (não disse quais, hehe🥵)

• lembrem-se de favoritar, adicionar na biblioteca e comentar!

• até o próximo capítulo 🥀🥃


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