História Promise? Promise - Capítulo 03 - A Diferença

Alguns minutos se passaram desde que aquela reunião acabou, mas mesmo com a retirada dos irmãos Duffer e com as dispensas que eles deram ao elenco, todos ainda estavam reunidos naquela sala. Discutindo sobre as temáticas de Ross e Matt, dando suas opiniões e sugestões.

— Sabe o que eu acho?! — Gaten falou em um tom alto, fazendo com que todos o olhassem. — Acho que o Ross deveria colocar uma garota para contracenar comigo. E para contracenar com o Noah também. É muito injusto saber que só o Caleb e o Finn tiveram a sorte grande.

— Não creio que foram só eles que tiveram essa sorte… — Noah murmurou, olhando para Millie.

A mesma sentiu o olhar do garoto queimar sob si, mas não o retribuiu. Estava perdida demais em seus pensamentos para questionar algo, ou até mesmo, para encará-lo. Suas mãos suadas deixará claro o seu nervosismo. Ela não sabia por que estava ali, sendo que já tinha a permissão para ir embora.

— Bom… Eu não sei vocês, mas eu vou ir embora. — Caleb se levantou, olhando para Noah por alguns instantes e depois, para Finn. — Você vem?

— Não... Preciso resolver algumas coisas com o Ross primeiro. — Finn deu de ombros, se levantando.

— Então eu vou com você. — Sadie se levantou em seguida. — Noah, você vem né?!

Noah franziu o cenho, pensando se realmente deveria ir, e deixar Millie ali, sozinha.

— Millie… — Ele a chamou à medida que se aproximava. — Você vem com a gente?

A garota pensou um pouco, fitando os olhos de Noah, quase aceitando seu pedido. Mas o que a impedia tanto? O que fazia ela ficar, e recusar até que se acostumasse com a situação? Seria Finn? Seria Sadie? Ou seria à si mesma?

— Desculpe, mas eu não posso. Quer dizer, eu preciso fazer outras coisas quando sair daqui. — Ela franziu o cenho, notando que se enrolava cada vez mais nas próprias mentiras.

— Tudo bem… Então... A gente se vê amanhã, certo? — Noah murmurou, ainda sem tirar os olhos da menina.

Millie notou que todos daquela sala a olhavam, até mesmo Finn, o que fez com que a garota também o encarasse. O olhar de Finn estava repleto de algo que Millie não podia identificar. Era como se a raiva e a decepção se misturassem uma com a outra, formando aquele tipo de novo sentimento. Ela não entendia por que ele a olhava de tal forma, não entendia por que se tornou um garoto tão sério e ríspido. Ela sentia saudades daquele Finn que costumava abraçá-la e dizer que tudo ficará bem. Sentia falta de quando ele a fazia sorrir, e de quando a consolava em seus braços. E ela se perguntava, onde foi parar aquele menino tão doce e ingênuo? Com certeza, não era aquele que ela fitava tanto…

— Já entendi… — Noah resmungou, seguindo o olhar de Millie, logo fitando Finn também.

A garota logo soltou um longo suspiro, e se levantou, pegando sua bolsa e saindo daquela sala. Definitivamente ela não entendia o que estava acontecendo com si e com os garotos. Não sabia por que eles a tratavam de formas tão diferentes. E sinceramente, ela não gostava nem um pouco daquilo. Caminhando contra os corredores vazios, Millie logo se direcionou para uma sala afastada. Ela fechará a porta, e após servir um copo de água para si, ela se sentou, tentando afastar qualquer pensamento que lhe vinha à cabeça.

— Millie.. — A porta se abriu mansamente, revelando a figura de uma única garota, Sadie. — Você está bem?

— Sim, eu estou. — Millie respondeu em um tom baixo, voltando a bebericar sua água.

— Olha, eu sei que as coisas parecem confusas para você, mas eu acho que posso tentar te explicar. — Sadie fechou a porta, e se sentou ao lado da menina.

Millie que apenas prestava atenção em suas palavras, concordou, não dizendo mais nada à respeito, esperando pela explicação de Sadie.

— Isso tudo que os meninos estão passando é saudade mútua. Você foi embora e depois não entrou mais em contato e agora.. Eles estão assim.

— Está dizendo que a culpa é minha então?

— Não... De maneira alguma. Eu só estou querendo dizer que todos nós queremos você por perto. Você é nossa amiga, e a gente sente falta de você.

— Finn também sente?

— Finn é um pouco complicado. Mas eu creio que sim, ele sente sua falta.

Millie suspirou. Era possível acreditar naquelas palavras? Tudo podia ser mentira, não podia?! E talvez, Sadie só queria aliviar a tensão das coisas… Bem, era o que parecia.

— Vamos embora?! Acho que não tem mais necessidade de ficarmos aqui. — Millie murmurou, tentando desfocar um pouco daquele assunto, que de fato, a incomodava.

Sadie apenas assentiu, se levantando junto à garota, guiando-a até a turma de amigos. Gaten abriu um imenso sorriso ao ver que Millie realmente havia aceitado ir com eles para casa, assim como Caleb, que passou um braço sob seus ombros, puxando-a para si enquanto contava uma piadinha sem graça. E ela ria, se sentindo bem por saber que pelo menos Caleb, Sadie e Gaten ainda continuava os mesmos.

— Hey, Millie. — Noah apressou seus passos para se aproximar da garota. — Vai ter uma festinha na casa de um conhecido. Só está faltando você, quer ir?

— Festinha? — Millie ergueu as sobrancelhas enquanto o olhava.

— É só uma comemoração. — Noah abriu um sorriso bobo, porém um tanto cativante.

— Acho que não vai ser tão ruim assim… — Millie abriu um sorriso tímido, voltando a caminhar junto aos amigos.

Noah por outro lado, ainda a observava. Seus passos rápidos se tornaram lentos novamente, e ele passará a caminhar ao lado de Caleb. Enquanto isso, Millie ainda pensava naquele assunto. Ela não sabia se realmente deveria ir à tal festa, mas logo sugeriu que sim, e ao procurar Sadie para questionar sob qual roupa deveria ir, ela a viu, gargalhando junto à Finn, que fazia cócegas em sua barriga. Ambos caminhavam à frente, deixando todo o resto do grupo para trás. Millie os observava com um olhar indecifrável, se perguntando o que tinha de tão especial naquela ruiva que não tinha em si. Talvez os cabelos ondulados? O sorriso simpático que Sadie distribuía para todos? Ou a forma como os tratava? Seja como for, Millie não podia reclamar muito. Já que a ruiva passou todos esses meses ao lado deles, mantendo sempre contato e insistindo em ficar por perto.

Mais um suspiro escapou de seus lábios naquele dia. Mas ao contrário de todos, esse foi longo e exaustivo. Ela não aguentaria muito aquela situação, assim como não aguentaria imaginar se Sadie e Finn realmente tinham algo. Parando seus passos à medida que ofegava, Millie apoiou as mãos sob os joelhos, fitando a sujeira do asfalto. Sua respiração calma se tornou compassada, como se tivesse correndo de um monstro ou de algo muito pior. Gaten a olhou por alguns segundos, deixando com que o resto do grupo seguisse o trajeto enquanto se direcionava até Millie.

— Sedentarismo? — Ele perguntou, sorrindo enquanto se aproximava.

— Falta de ar. — Millie deu um sorriso fraco, enquanto tentava recuperar o seu fôlego.

— Vem, senta nesse banco aqui. — Ele segurou o braço da garota, guiando-a até um banco próximo. — Quer que eu avise eles?

Millie negou após se aconchegar naquele aposento de madeira. Ela ainda ofegava, mas desta vez, em um ritmo calmo.

Os passos de Finn se desaceleraram quando viu que Gaten já não estava entre eles, e então, ele olhou para trás, e o avistou junto à Millie, sentados em um banco enquanto conversavam. Recuando sua mão da cintura de Sadie, ele correu até ambos.

— Por que vocês pararam? — Ele perguntou, olhando para Gaten, e depois, para Millie.

— Acho que Millie não está bem. — Gaten observava a menina, que apoiou levemente a cabeça no braço do banco, fechando os olhos lentamente.

— E você vai esperar ela morrer para pedir ajuda?! — Finn ergueu as sobrancelhas, se aproximando da menina, pegando-a no colo, a ajustando sob o mesmo.

Millie resmungou algo baixinho, se aconchegando nos braços quentes e musculosos de Finn, que a carregava enquanto caminhava apressadamente. Gaten o seguiu, explicando para cada um o que havia acontecido.

— Precisamos levá-la para outro lugar. A casa de May está longe agora. — Finn murmurou, fitando o rosto adormecido da menina.

— Vamos para a minha casa. Não fica muito longe daqui. — Caleb falou, enquanto procurava seu celular pelos bolsos da calça.

— Vou chamar um táxi. — Sadie sugeriu, tomando o celular das mãos de Caleb, assim que ele o achou.

— Hey, está tudo bem. — Finn sussurrou, tirando uma madeixa do rosto de Millie.

Ele a apertará contra seu corpo, deixando com que seu calor a aquecesse.

Alguns minutos se passaram quando o táxi chegou. Sadie deixou com que Finn, Noah e Gaten levassem Millie para a casa de Caleb, enquanto pedia um outro táxi para ambos.

Durante o trajeto, Noah e Finn discutiram sobre levar a menina para um hospital, já que a mesma ainda estava desacordada. Porém, decidiram que deixá-la na casa de Caleb seria a melhor das opções, até porquê era mais fácil de sua tia encontrá-la.

Após levá-la para dentro da casa, Finn a deixou em uma cama macia e confortável, fazendo questão de ligar o ar condicionado e abrir as janelas para que o ar fresco percorresse todo aquele ambiente.

— Noah, preciso de algo que tenha a essência muito forte. — Ele murmurou, enquanto tirava as sapatinhas dos pés de Millie, livrando-a de seu casaco, que causará um calor infernal em seu corpo.

— Okay.. Tipo o quê? — Noah perguntou enquanto procurava qualquer fragrância sob o guarda-roupa que ali havia.

— Tipo perfumes fortes, ou produtos de limpeza. Qualquer coisa.

Noah assentiu, tornando a procurar algo nas gavetas. Ele tirará um frasco de perfume de uma delas, e entregará para Finn, que espirrou o líquido no ar, juntamente em um de seus pulsos, pressionando-o contra o nariz de Millie. O forte cheiro da essência exalou sob suas narinas, reabrindo os olhos da menina, que piscava diversas vezes na tentativa de se acostumar com a claridade do ambiente.

— Millie?! — Noah a chamou, se sentando na cama ao seu lado, segurando uma de suas mãos.

A garota o olhou, após analisar todo o quarto com o olhar.

— Onde estou?! O que aconteceu?! — Ela sussurrou mansamente.

— Na casa de Caleb. Você passou mal, eu não sei direito, mas Finn te trouxe pra cá.

— Finn?! — Ela abriu um pequeno sorriso ao ouvir aquele nome.

— É. Finn. — Finn murmurou, encostando o próprio corpo contra a parede.

Millie rápidamente mexeu a cabeça, levando-a até o garoto ali de pé. Ela o analisará por alguns instantes, notando que ele ainda continuará tão lindo quanto antes. Seus fios negros e enrolados caiam sob um de seus olhos tão escuros como a escuridão, deixando evidente suas poucas sardas que cobriam um pouco de seu nariz e de suas bochechas. O olhar de Millie explorava seus braços, ainda expostos pela camisa listrada. E Finn também a olhava, abrindo um pequeno sorriso fofo.

— Vou deixar vocês... À sós. — Noah sussurrou ao se sentir incomodado com aquela troca de olhares, se levantando, caminhando até a porta e a fechando com si.

Millie apenas esperou com que Noah desaparecesse de sua vista para se levantar bruscamente da cama, correndo até Finn, o abraçando de um jeito um tanto desesperado. O garoto passará seus braços fortes em volta da cintura de Millie, a apertando contra seu corpo enquanto cheirava os fios acastanhados da mesma, que tinha uma doce e leve essência de morango.

— Você está diferente. — Millie sussurrou, enterrando sua cabeça no peito do mesmo.

— Você também. — Ele falou baixinho, fechando os olhos, suspirando.

A diferença de altura era notável. Millie achava que tinha crescido com o tempo, mas ao ficar perto de Finn, ela notou que ainda era bem baixinha. O calor de seu corpo ainda a aquecia, e o cheiro de seu perfume exalava por toda a sua blusa. Apesar de Finn estar completamente mudado, seu tom de voz ainda expressava ternura e tranquilidade. E por incrível que pareça, aquilo acalmava Millie, ou a deixava ainda mais nervosa, já que seu coração pulsava com uma certa rapidez.

— Senti sua falta, Millie. — Ele resmungou, tristonho.

— Mas eu estou aqui, não estou?! — Millie sussurrou, passando seus braços ao redor do pescoço de Finn, abrindo um doce sorriso ao ver que ele ainda a fitava.

— Está... — Finn sussurrou, descendo seu olhar para os lábios rosados de Millie. — Mas não do jeito que eu quero.

Millie engoliu em seco, trêmula ao tentar entender aquelas palavras.

— E qual é o jeito que você quer?

Antes que Finn pudesse responder, a porta se abriu bruscamente, assustando ambos, que se afastaram com uma certa agilidade. Sadie e Caleb entraram no quarto, abraçando a menina ainda atordoada.

— Que bom que você está bem… — Ela murmurou, sorrindo de orelha à orelha, enquanto Caleb cutucava Finn com o cotovelo, falando algo em um tom tão baixo que nem Sadie podia ouví-lo.

— Agora que Millie está melhor, o que acham de um lanche? Sadie e eu pedimos comidas. Hambúrgueres, claro. — Caleb sorriu.

Todos assentiram, e antes que Millie pudesse questionar algo, Sadie a puxou para a sala, distanciando-a de Finn. Ela franzirá o cenho ao ver a porta daquele quarto se fechar, interrompendo a troca de olhares de ambos.

— Hey, o que foi? — Millie caminhou até Noah assim que Sadie a soltou, se sentando no sofá ao seu lado.

O garoto puxou uma das mãos da menina para seu colo, entrelaçando seus dedos com os da mesma.

— Nada. — Ele forçou um sorriso. — Só queria saber se você está bem.

Millie assentiu.

— Não precisa se preocupar. Eu estou ótima.

Ela fitou sua mão entrelaçada com a mão de Noah, e abriu um pequeno sorriso. Millie não estava mentindo. Ela estava realmente bem. Só não sabia o motivo. A causa, e nem consequência disso.