História Promises - Vmin(kook?) - G. - Ciúmes

Ciúmes. Uma sensação ruim e desgostosa que jamais pensei em sentir com tanta intensidade. Nunca na vida eu quis tanto estar no lugar de alguém.

Isso era errado. Egoísta. Um melhor amigo tinha que desejar a felicidade para com o outro. Não podia simplesmente roubá-la para si, como se aquela relação fosse o centro do universo.

— Taehyung-ssi, você por acaso conhece eles? — Jungkook falou, apontando para o canto em que o casal se encontrava.

— Conheço sim. São meus amigos.

— Quer ir lá falar com eles?

— Não. Não quero. — respondi num tom talvez grosso demais.

— Ah, entendo... Então o que vamos pedir? — o moreno perguntou com o cardápio tapando a cara.

— Tanto faz. Só quero ir logo pra casa. Hoje o dia foi bem cansativo, né? — falei com um meio sorriso, tentando não parecer mal educado.

— Muito. Mas foi bom conhecer a cidade com você.

E assim, jantamos em um quase total silêncio. Eu tentava evitar olhar para eles, mas era praticamente impossível. Meus olhos sempre acabavam parando nos dois, sentados naquela mesa bem decorada. Mas então o jantar romântico deles acabou, e antes de irem embora, Jangmi foi em direção aos banheiros, deixando o loiro sozinho, esperando pacientemente. E foi naquele momento, naqueles poucos instantes antes dela voltar, que nossos olhares se encontraram.

Jimin imediatamente sorriu e acenou discretamente para mim, me deixando momentaneamente sem reação. Logo em seguida ele percebeu a presença de Jungkook, estranhando um pouco a minha companhia. Sorri, não me importando de explicar mais tarde. Só esperava que a garota não tivesse nos visto. Aquelas ameaças bobas dela ainda me atormentavam.

Resolvi deixar minha preocupação de lado e retribuí o cumprimento, apontando para o banheiro logo em seguida com cara de dúvida. Queria ter certeza se ela tinha ido mesmo ao banheiro. O mais velho concordou, fazendo um sinal de guilhotina posteriormente. Depois disso, ainda indicou o lugar ao lado dele e cruzou os braços em formato de X.

Resumindo, Jangmi estava mesmo no banheiro e eu não poderia ir até a mesa deles porque ela iria voltar logo, e certamente faria um escândalo se me visse lá com ele.

Porém, antes de perdermos contato visual, Jimin fez outro sinal, indicando que falaria comigo mais tarde. Ao menos agora ele iria parar de me esconder segredos.

Estava decidido. Eu iria esquecer toda essa história de ciúmes e tensão entre nós. Seríamos todos amigos.

Coincidentemente, segundos depois, o motivo dos meus ciúmes apareceu, entrelaçando possessivamente seu braço com o do namorado enquanto ia pagar a conta com o que percebi ser seu habitual andar esnobe.

Talvez seja cedo demais para pensar sobre uma amizade.

***

[Flashback]

Música alta. Corpos ébrios e dançantes. Um turbilhão de odores e sentimentos.

Era tudo isso e um pouco mais que eu via e sentia naquele momento. Isso, e a letra da música nem um pouco casta.

Take it slow, put it down on me

I said jump on it, ride like a pony

Lights down low, time to get naughty

Lights down low, time to, time to get naughty

Take it slow, put it down on me

Baby jump on it, ride like a pony

Lights down low, time to get naughty

Lights down low, lights down low

Jimin ter me levado numa balada extremamente famosa entre universitários com certeza não havia sido uma boa plano para a nossa noite. Maldita ideia minha de aprender inglês sozinho.

— Chegamos. Preparado pra uma noite divertida?

— Não. Acho que essa música já disse tudo o que eu não queria ouvir neste momento.

Sinceramente não sei como as pessoas ainda não estavam transando no meio da pista de dança.

— Taehyung, traduz por favor. Eu não entendi nem uma palavra da música toda.

— Essa música fala sobre montar em um pônei. — não era bem essa a conotação mas eu não estava em condições de explicar.

— Como é que é?

— Foi o que você ouviu. Agora vamos entrar logo nessa porcaria antes que eu saia correndo por aquela porta.

Eu havia acabado de chegar e já queria ir embora de volta a segurança do meu lar. Lá era um lugar bem melhor e mais seguro por vários motivos. Não tinha um monte de gente bêbada tentando dar em cima de mim, por exemplo.

— TaeTae... Isso é só um bloqueio da sua mente, tenho certeza. As pessoas não vão fazer nada que você não queira. — ele disse carinhosamente, de mãos dadas comigo.

— Tem certeza disso? — falei arqueando as sobrancelhas. — Jimin, estamos numa balada.

— Eu sei, mas nós acabamos de chegar. Não vamos desistir agora.

Apenas suspirei como resposta, tentando entrar no clima de cores neon.

— Só lembra do que eu te falei: não beba nada do que te oferecerem. A não ser que tenha vindo do balcão. — Jimin lembrou, me fazendo parecer uma criança de cinco anos indo numa festinha infantil pela primeira vez.

— Tá bom, eu já entendi.

— Agora vamos tentar achar alguém conhecido.

Não estava sendo nada fácil. Além do ambiente ser escuro e da música estar muito alta, não podíamos nos separar para procurar algum aluno conhecido. Ou melhor, eu não queria me separar. Então simplesmente ficamos sentados no balcão observando a movimentação.

Nesse meio tempo, Jimin já tinha pedido uma bebida e já estava pensando na próxima. Revirei os olhos.

É um alcoólotra mesmo. Não tem jeito.

— Taehyung-ah! É você? Não te esperava te ver por aqui! — uma voz familiar gritou de algum lugar.

Olhei por todos os lados e me deparei com um Hoseok muito contente acenando para mim. Cumprimentei-o de volta, feliz por ter encontrado alguém conhecido antes de Jimin.

Ele chegou em mim dando um abraço, e iria partir para um beijo na boca se eu não tivesse sido mais rápido e instintivamente me desviado. O selinho acabou sendo gentilmente dado no meu pescoço.

O senti rir contra a minha pele, me causando um arrepio gostoso.

— Hyung, vamos com calma por favor. Eu ainda não estou preparado pra isso.

— Mas logo, logo vai estar bae. Relaxa e confia em mim. — ele comentou com um sorriso sedutor.

— Desculpa interromper os pombinhos tão cedo mas eu preciso te perguntar uma coisa. — Jimin disse, felizmente invadindo a conversa e me impedindo de protestar acerca do meu 'apelido'. — Hyung, você por acaso viu o Yoongi por aí? Ele disse que viria.

— Hm, o Yoon? Ele tava aqui comigo agora pouco. — Hoseok falou enquanto olhava para todos as direções em busca do amigo.

— É... Jiminnie, acho que é ele ali, não? — falei apontando para um garoto totalmente perdido em meio a multidão.

— Yoon! Yoongi! Estamos aqui! — o menor gritou extremamente alto, acenando.

O moreno de repente se virou e viu nós três acenando.

— Eu sei, já tinha visto vocês. — Yoongi falou quando se aproximou, muito convicto de suas palavras apesar de claramente estar mentindo.

— Ah, claro, claro, acredito em você. — Hoseok disse ironicamente.

— Humpf. Oi gente. Bem-vindos a festa do meu irmão.

— E que festa! Quantas pessoas tem aqui? — Jimin perguntou curioso enquanto admirava a multidão.

— Como é que eu vou saber? Tenho cara de segurança de festa por acaso? — ele respondeu dando de ombros.

Yoongi sendo um poço de carisma e educação como sempre.

Suas roupas também não negavam a impressão que eu tinha dele. Ele estava com seu costumeiro estilo de bad boy, vestindo uma calça jeans preta rasgada e uma camisa preta de tecido nobre. Mas o que mais me surpreendia no seu visual era a sua beleza que às vezes parecia surreal demais, principalmente agora observando o incrível contraste da sua pele branquinha com as roupas de tom escuro.

— Ok então. — o menor disse rindo com gosto. — Vamos atrás do seu irmão que tal?

— Se você quer tanto, vamos logo.

— Ok, espera um pouquinho aí. — Jimin disse ao outro enquanto se aproximava de mim. — Tae, eu vou sair um pouco mas já volto. Relaxa que não vai acontecer nada.

— Tá bom, eu sei. Não se preocupa que eu vou ficar aqui com o Hobi. — assenti despreocupado enquanto me apoiava no balcão. Desde que eu tivesse companhia tudo estaria sob controle.

— E vê se fala mais. Você tá muito quietinho. — o rosado falou acariciando minha orelha. — Isso não é normal vindo de Kim Taehyung.

— Tá. Tá. Eu sei. Prometo que vou ficar aqui falando horas. Agora vai lá se divertir. — falei praticamente o empurrando.

— Ok, até mais tarde. — ele disse dando as costas e sumindo na multidão junto com Yoongi.

Olhei para o lado esperando ver um Hoseok impaciente por atenção, mas ele não estava mais do meu lado. Tinha magicamente desaparecido.

— Me procurando, bae? — uma voz me chamou no ouvido, passados míseros segundos.

— Hm? Hyung, onde você foi? — perguntei ao ruivo que de repente brotou do meu lado.

— Fui pegar uma bebida pra você. — ele disse me entregando um copo com uma substância colorida.

— Mas eu não quero, obrigado. — recusei educadamente.

— Eu não disse que meu baby boy poderia recusar algo meu.

— Para de me chamar assim.

— Cala a boca e bebe. Agora.

— Tem certeza que você não quer me envenenar e vender meu corpo pro curso de Medicina? — perguntei inseguro.

— Aish. — ele resmungou dando um gole na bebida. — Pronto. Eu tomei e não morri. Agora anda logo e experimenta.

— Tá. Mas só um golinho. — disse,  cedendo talvez fácil demais.

Eu realmente não queria beber nada alcoólico hoje por causa da minha baixa tolerância, mas se eu continuasse a negar, Hoseok poderia suspeitar desse meu ponto fraco.

Peguei o copo na mão e dei um gole bem pequeno, experimentando o sabor novo. Tinha um gostinho doce, achocolatado, e eu tomei "mais um pouco", percebendo tarde demais que o gosto agradável terminava com uma ardência levemente amarga no final. Fiz uma careta, surpreso.

— Hahaha! Acha mesmo isso forte? Então você não viu nada ainda. Experimenta a minha.

— Não quero. Essa aqui já tá ótima. — falei dando mais uma bebericada no copo. Tentei parecer sedutor ao fazê-lo, lambendo sutilmente o canto da boca depois de engolir. Acho que não deu muito certo.

— Acho que você deixou escorrer um pouco. — ele disse apontando para o canto da minha boca.

— É? Deixa que eu-

Comecei a falar mas fui interrompido por um Hoseok necessitado, que inesperadamente tomou posse de meus lábios. Foi um selinho muito gentil e amável por parte dele, mas toda aquela inocência logo se transformou em desejo, seus dentes dando leves mordidas em meu lábio inferior, como se educadamente pedisse permissão para explorar minha boca.

Senti seus braços ternamente envolverem minha cintura, e acabei por permitir a entrada de sua língua, provando mais daquele gosto amargo de álcool que o mais velho agora possuía. Minha língua era facilmente domada e guiada pela dele, enquanto eu tentava inutilmente me desvencilhar daquele sabor momentaneamente desgostoso.

Nos separamos unicamente pela minha falta de fôlego para continuar.

— Eu pensava que você tinha um pouco mais de força de vontade para querer me dominar. — Hoseok disse levemente ofegante, dando uma risadinha debochada.

— Eu não estava esperando essa reação. — falei fingindo não estar afetado por aquele beijo nem pela minha falta de ar. Enfrentar essa balada lotada de alunos havia me deixado extremamente nervoso com a situação.

— Então eu vou te avisar da próxima vez. Agora vem comigo. — o ruivo me chamou, pegando gentilmente na minha cintura e me conduzindo para longe do balcão de bebidas.

Acho que ele, no mínimo, suspeitava que essa região era um dos meus pontos fracos.

— Aonde estamos indo? — perguntei curioso e ao mesmo tempo receoso da resposta.

— Pra um lugar mais reservado.

Ele não estava mentindo. Fomos até um canto menos movimentado da festa, longe da pista de dança. Lá havia alguns pilares que pareciam estrategicamente colocados para bloquear a visão em alguns ângulos.

Hoseok me empurrou contra um deles, secando meu corpo de cima a baixo com um olhar penetrante, me fazendo ter um calafrio de antecipação pelo que viria a seguir. Ele parecia me desejar como nunca antes havia feito.

— Sabe de uma coisa? — o mais velho perguntou, bem mais próximo de mim, respirando contra meu pescoço. — Você está proibido de usar esse tipo de roupa. Não quero mais ninguém devorando esse pescoço com os olhos além de mim.

Jamais pensei que minha camisa preta com uma simples estampa colorida receberia um comentário desse gênero. Claro que uns três botões dela estavam abertos, mas eu quis relevar esse fato.

Sem nem me deixar responder, Hoseok enterrou sua boca naquela zona tão cobiçada, sugando levemente minha pele. Dei um suspiro de surpresa e prazer ao mesmo tempo, as mordidinhas gentis se repetindo constantemente, me deixando marcas que provavelmente durariam alguns dias. Agarrei seus cabelos sedosos, sem entender direito o porquê de eu, uma pessoa que odiava quebrar as regras, querer mais e mais daquelas sensações.

Ele continuou com as provocações, desabotoando ainda mais minha camisa, descaradamente revelando todo o meu peito. Comecei a empurrar seus ombros, tentando fazê-lo parar. Nós ainda estávamos no meio de um lugar público afinal.

— Shhh... Vai ser bom, confie em mim. — Hoseok disse me puxando para mais um beijo.

Dessa vez eu tentei ser mais provocativo, fazendo minha língua disputar por superioridade. Ele não se intimidou nem um pouco, sempre me domando de volta com sua habilidade e experiência. O mais velho era realmente era muito bom nisso. Senti minhas pernas perderem a força, me fazendo escorregar um pouco pela parede.

Nossas bocas se separaram com um suspiro, Hoseok ainda me segurando pela cintura e fazendo uma trilha de beijos pelo meu peitoral, avançando em direção aos mamilos. Ele lambeu timidamente um deles e começou a brincar, assoprando e pressionando com os dentes aquela região sensível. Eu estava perdido em meio a tantas sensações. Chiava baixinho em resposta as carícias que vinham de todos os lados. Sem eu nem perceber, o ruivo tirou a minha camisa de dentro da calça e passou a arranhar levemente minhas costas e cintura.

Já não sabia mais o que pensar nem sentir, um turbilhão de sensações me fazendo amolecer cada vez mais e mais. Tentei com todas as forças manter-me em pé, agarrado na parede. Meus gemidos logo ficaram mais altos e então percebi o maior abrindo meu cinto, indo brincar com o que estava adormecido até poucos minutos atrás.

E como se acordasse de um transe, senti minhas bochechas arderem com o que estava prestes a acontecer. Sentia a vergonha pulsar em minhas veias por estar nesse estado, com pensamentos tão impuros num lugar tão exposto como esse.

— Hyung...

— Calma bae, tenha paciência.

Não era bem isso que eu queria dizer, mas qualquer palavra que sairia da minha boca foi completamente esquecida quando ele juntou nossos corpos e friccionou nossas pélvis.

— Bem que você poderia ter escolhido algo mais picante como roupa íntima. — Hoseok falou enquanto suspirava e rebolava contra minha boxer cor violeta, me deixando ainda mais excitado.

Mais. Mais por favor.

— É mesmo? Então vê se fica quietinho.

Senti meu sangue ferver. Não sei se era porque eu tinha falado aquilo em voz alta ou se era a mão de Hoseok que agora massageava meu membro rígido e palpitante. Meu corpo não obedecia mais os comandos do cérebro e eu me esfregava contra a mão dele, o líquido seminal umedecendo o tecido preto. Ele pareceu perceber minha excitação, pois imediatamente mudou a direção dos movimentos, agora fazendo pequenos círculos em volta da minha glande.

Eu já não aguentava mais essa enrolação. Eu queria logo tirar toda essa roupa e sentir Hoseok dentro de mim. Queria que o maior abusasse de mim e me fizesse cavalgar como um pônei em cima dele, comigo gritando de tanto desejo e prazer como acontecia nos filmes pornô.

— Hmm... A-anda logo... Ah, hyung. Hyunnnng. — falei manhando. Eu não fazia mais ideia do que dizia naquele momento.

O ruivo sorriu maliciosamente ao ouvir meus gemidos, torturando meu pau a cada estímulo. Ele fazia aqueles movimentos de tantas maneiras diferentes que eu queria derreter nas mãos dele.

Meu corpo estava quente como o inferno, a luxúria conduzindo nossos atos. Ironicamente, meu baixo ventre sentia-se nas nuvens, revirando-se de prazer. Eu estava próximo do ápice quando ouvi um barulho irritante nos despertar. Acho que era o celular dele.

Hoseok bufou, pegando o aparelho a muito contragosto e o atendendo. Parecia ser algo urgente. Não ouvi nada do que ele falou, meu cérebro apenas concentrado no aperto que ele me deu, prendendo minha circulação. Manhei de dor, irritado por ele estar descontando sua frustração em mim.

Não para hyung... Mais... Mais... Eu preciso de mais... Continua por favor...

Não sei quantos segundos ou minutos se passaram, mas de repente Hoseok continuou sua massagem lentamente, provocando ainda mais o meu psicológico. Só que ele subitamente parou, e pareceu desligar o telefone.

Gemi novamente de ansiedade e dor. Era como se séculos tivessem se passado antes dele pensar duas vezes e voltar a se concentrar em mim. Foi nesse exato momento de indecisão que uma voz extremamente familiar gritou e remexeu todos os meus sentimentos.

- JUNG HOSEOK! Se você encostar nele mais uma vez, eu juro que TE MATO!SEU DESGRAÇADO FILHO DA PUTA!

Não lembro exatamente o que aconteceu depois, mas meu corpo havia escorregado pela parede e já estava no chão, quase sem forças e confuso quando Jimin veio falar comigo.

[Fim do flashback]

***

Um cheiro doce e maternal rondava pelo dormitório quando eu acordei tarde no domingo de manhã.

Primeiro eu pensei que estava delirando, novamente sentindo muita falta do carinho de mãe e do conforto da casa na fazenda. Mas então pisquei os olhos diversas vezes, tentando acordar, e um som de pratos veio da cozinha.

Meu instinto dizia que poderia ser um fantasma. Abracei Yeontan numa tentativa de raciocinar. Ele olhou para mim com seus olhos vidrados e então me lembrei de tudo o que aconteceu ontem.

Jeon Jungkook. Meu colega de quarto.

Ele agora mora aqui, seu idiota.

Me levantei num pulo e fui em direção a cozinha, conduzido pelo cheirinho de café da manhã.

— Taehyung-ssi, você gosta de panquecas? — o moreno perguntou, de costas para mim enquanto mexia no fogão.

Arregalei os olhos, boquiaberto.

Ele estava cozinhado... Pra mim?

— Taehyung? — ele me chamou enquanto colocava um prato na minha frente com duas panquecas perfeitamente redondas.

— Você fez... Pra mim? Por que? — questionei timidamente, colocando uma camada generosa de calda de chocolate em cima delas.

— Não sei... Eu queria cozinhar alguma coisa e como não tinham muitos ingredientes então eu fiz algo simples. Mas daí eu não tinha certeza se você gostava ou não... Eu devia ter perguntado antes mas eu fiquei na dúvida se fazia uma surpresa e... E... — Jungkook falou rápido e todo encabulado. Ele rapidamente se virou de volta para o fogão, envergonhado.

— Não! Não é isso que eu quis dizer. É só que eu não esperava você acordar tão cedo só pra fazer um café da manhã pra mim... Foi muito gentil da sua parte. Obrigado. — agradeci abrindo um sorriso sincero mesmo ele não vendo.

— De nada. Espero que goste.

— Ah, deixa eu experimentar aqui.

Com um garfo, peguei um pedaço das panquecas e levei a minha boca, degustando pela primeira vez os dotes culinários de Jungkook.

— Hmmm. Elas são muito boas! Hm. Muito boas mesmo. Eu quero mais, hein! — falei ainda de boca cheia.

Sério. Essas panquecas eram maravilhosas. Nem doce demais nem com um gosto sem graça. Estava tudo na medida certa, desde a textura macia até o formato perfeito.

— Pode deixar. — ele disse rindo. — Já estou fazendo mais aqui. — o moreno completou enquanto colocava mais massa na frigideira.

Eu comia avidamente cada pedacinho, aproveitando o café da manhã delicioso que eu não tinha fazia tempos. E enquanto mastigava, notei que Jungkook me observava de esguelha, como se quisesse me encarar, mas sem ser diretamente.

Não disse nada e fingi não notar esse comportamento. Afinal já tinha percebido que o mais novo era realmente muito tímido, ou melhor, reservado. E eu não queria deixá-lo envergonhado demais.

Novas panquecas chegaram e o meu colega de quarto cozinheiro se juntou a mim sentando-se ao meu lado. A refeição seguiu-se silenciosa, apenas ao som de nossas garfadas e mastigações.

Jungkook levantou antes de mim para buscar leite e eu aproveitei esse momento para agradecê-lo melhor.

— Jungkook-ah! Muito obrigado mesmo por esse café da manhã. Você é o melhor colega de quarto do mundo! — agradeci o abraçando por trás, percebendo tarde demais o gesto íntimo que havia feito. Fiquei em silêncio por um instante, ouvindo o som de nossos corações e ao mesmo inalando o cheirinho macio que vinha do pescoço dele.

— Ah... Não precisa agradecer tanto assim. Não foi nada, sério. Eu só queria fazer você cumprir sua promessa de ontem direitinho. Bom, eu sei que não foi a refeição mais nutritiva mas... É bem melhor que macarrão instantâneo eu acho. — ele disse com uma voz mais baixa que o habitual.

— Você é muito fofo Jungkook. — deixei escapar, dando um sorriso que ninguém poderia ver. Ele era mesmo o melhor colega de quarto do mundo que eu poderia ter.

***

Jiminnie <3 : TaeTae!

Vc já tá acordado?

---

Jimin me perguntou pelo aplicativo de mensagens. Eu havia pego o celular quase naquele mesmo instante para falar com ele.

Depois de comer, troquei de roupa, cuidei da minha pequena roseira que ficava na soleira da janela e por fim, me preparei para estudar um pouco as novas disciplinas. Afinal era importante começar cedo.

Taehyung: Ei!

Vc acha que eu sou oq? Uma preguiça que dorme o dia inteiro?

Jimin: ZzzZZzzzZzzZZZzz

Taehyung: -_-

Jimin: -3

Taehyung: '-'

Jimin: Tá, já chega

Taehyung: °L°

Jimin: Taehyung, sério agora. 

Aquele garoto que tava no restaurante ontem com vc é o seu novo namoradinho né?

Vc está mesmo se vingando do seu melhor amigo? T____T

Taehyung: O quê?

Não, não, não, não!

Vc entendeu tudo errado

Jungkook não é meu namorado

Ele é só o meu novo colega de quarto <3

Jimin: Colega de quarto?

Desde quando vc tem um colega de quarto?

Taehyung: É...

Eu esqueci de te contar...

Jimin: -.-

Taehyung: Na verdade, eu mesmo me esqueci

Acabei atendendo ele ontem de pijama

ㅋㅋㅋㅋ

Jimin: Taehyung vc é inacreditável

Taehyung: ^^

Jimin: Aish, vc não pode ficar se esquecendo de coisas importantes desse jeito

Eu deveria estar cuidando melhor de vc :c

Taehyung: Mas vc já cuida Jiminnie ❤

Jimin: Tem ctz?

Eu acho que preciso me empenhar bem mais

Amanhã eu preciso mesmo te ver

Taehyung: E vc vai!

Vou estar te esperando no lugar de sempre :D

Jimin: Ótimo. Tenho um presente pra vc

Taehyung: Aigoo

O que é?

É surpresa?

Jimin: É :]

Taehyung: Eu amo surpresas

Jimin: Eu sei 

Amanhã vc vai ver

Mas agora eu quero saber mais sobre esse tal de Jungkook

Além de lindo, o que mais ele tem de interessante?

Taehyung: Ah

Ele é muito legal

Tímido

Bom cozinheiro

Jimin: Espera

Bom cozinheiro?

Ele já cozinhou pra vc?

Taehyung: Sim!

Hj ele me surpreendeu com um belo café da manhã :p

Jimin: Nossa

Que...

Ousado

Taehyung: Ah, e ele é de Busan tbm

Jimin: QUÊ?

Eu nasci lá primeiro, tenho certeza!

[...]

E assim, a conversa fluiu por quase uma hora. Park Jimin com certeza era o melhor amigo que eu poderia querer. O mundo não merecia alguém como ele.