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História Propício ao Erro - É só um favor.


Escrita por: bullshift

Notas do Autor


!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! TERCEIRA ATUALIZAÇÃO DO DIA E ESSA EU DEIXEI PRO FINAL PORQUE É MEU NENÊ SUPREMO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E então, como vocês estão? Eu estou animada! Tô tão feliz com todos os comentários, favoritos e mensagens de amor que Propício ao Erro tem recebido que, bicho, nem sei. Vocês são demais, gente, aaaaaaaaaaaaaaa, eu fico feliz demais, sério! E espero que gostem desse capítulo tanto quanto eu gosto, na verdade. Ele é uma transição, digamos assim, foca mais na visão de Jungkook sobre o mundo mudando e os sentimentos dele. Não tem putaria, se segurem e aproveitem, ok?
Boa leitura, até as notas finais!

Capítulo 4 - É só um favor.


Fanfic / Fanfiction Propício ao Erro - É só um favor.

Não existia alguém tão desgraçado quanto Jungkook naquele momento.

Andava de um lado para o outro dentro de seu pequeno escritório, o único lugar além de seu quarto onde poderia ter paz. Sua mente estava em choque desde sua última conversa com Jimin. Era um fato, o rosado havia nascido para destruir sua mente e rotina tranquila.

Ele só não esperava que o outro fosse tão sujo, isto é, como ele ousava pedir um favor daqueles? Era algo impossível! Seu pai o mataria se descobrisse e, com toda certeza, descobriria. Sentia-se encurralado. As palavras de Jimin ainda ecoavam em sua mente perturbada.

 

— O que você quer de mim? — perguntou a ele durante sua última conversa.

— Eu quero que você faça sexo comigo. — Jimin respondeu, dando de ombros. — Vamos transar.

 

Só de se recordar deste pedaço da conversa, ficava tonto. Toda sua pele se arrepiava e a imaginação corria solta. Era um absurdo, jamais faria algo daquele gênero, certo?

Porque ter Jimin em seu colo era um absurdo! Algo absurdamente… bom. Não! Nojento! Ruim. Não desejaria nem para seu pior inimigo.

Este que, no caso, é o próprio Park Jimin.

 

A expressão de Jeongguk congelou, as sobrancelhas franzidas e o medo subindo pela coluna. Ele estava falando sério? Ele queria mesmo?

— Sexo? Comigo? Você? — perguntou, apontando em seu próprio peito antes de apontar para ele. — Você só pode tá brincando comigo.

Jimin logo rolou os olhos, dando outra vez de ombros e puxou os fios para trás. Um suspiro cansado saiu de seus lábios antes de fitar o acastanhado.

— Sim, eu estou. — riu baixinho, pendendo a cabeça para um dos lados. — Eu jamais pediria para transar com você. Nem sonhe.

Jungkook sentia-se então relaxar, mas por algum motivo aquela resposta o desapontou. Ajeitou a mochila no ombro e colocou uma das mãos no bolso da calça.

— Então o que você quer?

Park riu, olhando para os lados como quem tenta guardar um segredo. Se aproximou levemente e pôs a mão rente aos lábios, sussurrando:

— Você vai participar do próximo protesto. Comigo. Lá na frente.

 

É, estava em choque. De tudo o que Jimin poderia ter pedido, aquilo nem ao menos fazia parte de sua enorme lista de opções. Isto é, Jimin o odiava tanto quanto ele mesmo não suportava o rosado, certo? Era o que diziam antes de… Daquilo. Não fazia sentido o mais velho tentar uma aproximação daquela forma, pelo menos não na cabeça de Jeongguk.

Checou seu relógio de pulso e torceu os lábios, já era o horário combinado para a reunião. Seu suspiro saiu mais sôfrego do que deveria, porém ele sabia o motivo. Teria de ver Jimin de novo e… Ainda o acompanharia no protesto.

Cara… Estava tão fodido.

Mas, no fundo, ainda tentava manter um fio de esperança sob aquele dia. Isto é, Jungkook precisava ser positivo ou então tudo estaria acabado, não é? Contudo, não era como se houvesse adiantado alguma coisa, afinal...

Aquela foi, de longe, a pior reunião que já teve naquela maldita faculdade.

Jeongguk desabotoava dois dos primeiros botões de sua camisa social enquanto respirava fundo, ouvindo da forma mais atenta que conseguia todas as falas jogadas contra si. Obviamente as discussões de sempre estavam postas ali: seus companheiros de conselho de um lado e… bem, Jimin do outro.

— Isso é idiotice! — Park esbravejava, ainda sentado. Seus braços cruzados acusavam o quão puto ele já estava. — Se você é contra mulheres sendo suas superiores nas escalas de estágio você deveria fazer melhor do que elas, não ficar diminuindo as garotas simplesmente porque são duas, hrm, garotas! Isso é burrice. E machismo. Não posso fazer nada se elas fazem o seu trabalho muito melhor que você.

Taehyung segurava a risada, tipo, segurava muito. Adorava as reuniões principalmente por causa disso, os cortes gratuitos que seu amigo distribuía para gente ignorante como aquele rapaz.

— Mas… São duas garotas! — ouviram o mesmo praguejar, irritado.

— Tá. E daí? — Jimin deu de ombros.

Assim que o mesmo homem um pouco maior que si tentou avançar em sua direção, Jeongguk bateu na mesa, se levantando. Estava de saco cheio daquelas discussões frequentes e praticamente semanais.

— É pedir muito uma conversa civilizada? — questionou com a voz tranquila.

— Na verdade, é. Você consegue levar a sério qualquer coisa que saia da boca de alguém estranho assim? — um outro rapaz perguntou, apontando para Park.

Bom, era nítido que todos os olhares foram até ele, mas não era como se isso o abalasse. Jimin apenas estufou mais o peito, sorrindo. Seus fios rosados estavam quase completamente escondidos embaixo de uma toca preta, seu rosto possuía pinturas coloridas e sua mochila quase explodia de tantos cartazes enrolados ali dentro. Uma de suas mãos pequenas carregava uma placa do protesto enquanto a outra segurava seu tão amado megafone vermelho.

Jungkook tinha medo do que aquele objeto poderia fazer.

Então o presidente ergueu seu olhar, as pessoas aguardavam uma resposta. Contudo, havia um pequeno contratempo em seu caminho.

Quando Jimin o contou sobre o favor, ele fez um adendo muito miserável. Jeon deveria apoiá-lo – nem que fosse de forma sutil – durante os encontros que possuíam com o resto dos conselheiros e líderes da faculdade. Era um fato que se odiava por isso e principalmente por saber que faria-o, no final das contas. Mas, o que Jungkook poderia fazer? Era isso ou todos descobririam que havia ficado com outro homem.

Ou seja: isso ou o fim do mundo.

— Ahn… Bem, escute, cara. — começou, tentando soar o mais simpático possível. — Temos que escutá-lo pelo menos, não é? Afinal, isso aqui é uma reunião, então…

Jimin sorriu tão vitorioso que parecia possuir Jungkook na palma de sua mão.

Um alvoroço de sussurros iniciou-se por toda a sala enquanto Park encarava seus amigos, Taehyung e Yoongi, com o mesmo maldito sorriso. Os dois estavam tão pintados e “armados” para a manifestação quanto ele mesmo, mas se encontravam sentados em outro sofá que existia ali. Hoseok também estava presente, porém calado e ainda machucado.

Passaram alguns dias desde a briga em que se meteu, mas os roxos demoravam para deixar sua pele e isso só relembrava Jungkook todos os dias da merda que havia feito. Outro ponto para Jimin, no final das contas.

— Achei que o assunto dos gays já tivesse acabado. — o mesmo rapaz perguntou a ele, fazendo-o mordeu o lábio nervoso.

— Infelizmente, não acabou não. — Jeon rebateu, apontando sutilmente para Jung. — Não quando isso aconteceu na semana passada. Parece ultrapassado pra você? Para mim não. Ele nem ao menos estava beijando alguém! Agressões físicas passam uma imagem ruim da faculdade, não importa o motivo que também não justifica nada. Então, não, o assunto dos gays não acabou.

Após isso, um silêncio assustador tomou conta do ambiente. Os olhares curiosos sobre Jungkook praticamente o julgavam por ter dito aquilo, mas ainda pensavam nas palavras pesadas do mesmo. Hoseok havia apanhado em uma festa. Não sabiam os motivos, mas alguns deduziam… E, bem, Hoseok era alguém tão tranquilo e alegre que chegava a ser estranho até para os mais conservadores.

Era o Jung, afinal.

— Fico agradecido que tenha se conscientizado, presidente. — o rosado se manifestou, checando as horas no celular antes de levantar. — Então você concorda que nós precisamos de mais espaço, certo? Porque, veja bem, Hoseok apanhou e eu não faço ideia do porquê, mas muitas das pessoas que sofrem agressões em festas sofrem porque estão com um companheiro do mesmo sexo ou se vestindo de um jeito que não agrada a maioria. Concorda que LGBTQs precisam de mais espaço?

É, estava demorando.

Jungkook sabia que teria de agradar o baixinho para não sofrer das consequências do que acabou fazendo bêbado – em sua cabeça, apenas faria aquilo alcoolizado. Contudo, era realmente difícil prestar-se àquele papel. Possuía dezenas de pessoas naquela sala o observando responder tudo, gravando suas palavras como se fossem lei, o que faria? Jimin estava ferrando com tudo, tudo mesmo.

— Eu… Talvez eles precisem… Talvez. — tentou sutilmente não se posicionar, mas Jimin não era fácil de se agradar assim.

— Talvez? — pressionou-o.

— É, eu preciso pensar! Não estamos aqui para discutir isso, Jimin. — encarou-o nervoso, ele precisava parar.

— Não se tem hora pra discutir sobre isso.

Jeon bufou, enfiando as mãos nos bolsos da calça enquanto tentava se acalmar. Não poderia perder o controle, não poderia perder o controle, não poderia perder o controle. Se cometesse um único deslize que fosse, Jimin o foderia.

E, veja bem, não era nem no sentido sexual da palavra.

— Certo, a reunião acabou. Podem ir. — o acastanhado finalizou, respirando aliviado quando apenas ele e Hoseok ficaram na sala.

Sua cabeça explodia, queria apenas se esconder em seu quarto e esperar que toda aquela bagunça acabasse, que aquele furacão passasse. O furacão Park Jimin.

E seu amigo facilmente notou seu estado de espírito ao ver Jeon se jogar na cadeira macia, deitando os braços na mesa antes de apoiar a cabeça ali. Respirava fundo, soltava palavras desconexas e sentia vontade de gritar. Esperava até ouvir a risada gostosa de Jung, frases e piadas como “É, agora aguenta” porém nada veio. Somente o silêncio que deixava, de forma estranha, Jungkook ainda mais irritado. E, com isso em mente, ergueu-se preparado para questionar toda aquela mudez quando Hoseok surpreendeu-o:

— Obrigado.

O sorriso sem mostrar os dentes, as maçãs das bochechas saltadas e aparentes. Hoseok o agradecia de forma simples, mas que significava muito mais do que parecia. Acabou então sorrindo junto, abaixando a cabeça por conta da timidez. Jungkook, em hipótese alguma, esperava por aquilo. Quer dizer, o que havia feito demais? Nada, não é?

— Eu… Não entendi…

— Obrigado por defender a causa, cara. Mesmo que pelos motivos errados, isso é importante. — viu-o dar alguns tapinhas em suas costas, logo indo para a direção da porta e se virando. — O que Jimin faz é muito sério e relevante. O que poderia ter acontecido na festa se ele não lutasse por isso, hm?

Aquela última frase havia o atingido com muito peso. Isto é, se parasse para pensar Jimin lutava por algo que, se tivesse apoiado mais cedo, poderia ter poupado seu amigo da agressão.

Droga, quanto mais pensava, mais sentia-se um otário.

 

(...)

 

— O que?! Céus, Jimin, eu tenho mais o que fazer! — reclamou, rolando os olhos.

— Tipo o que? — perguntou, calmo.

— Tipo ajeitar uns relatórios e… Sei lá, qualquer coisa. — Jungkook definitivamente não queria passar o dia com o rosado.

Estavam parados entre os tantos corredores do prédio onde faziam as reuniões, Jeon sentia uma vontade plena de fugir. Correr, sabe? Correr muito rápido. Não acreditava que estava ali, discutindo com o baixinho de cabelo rosa como se o mesmo fosse sua mãe. Tipo, o que?! Já era velho o suficiente para decidir onde iria e quando iria.

— Sim, qualquer coisa. Quem sabe então, explicar pra sua namorada onde estava durante a festa.

É, talvez não fosse tão velho assim...

Era oficial: odiava Park Jimin. Sentia vontade de trancá-lo em qualquer lugar longe de si apenas para poder ficar em paz, afinal, o rosado não lhe dava uma folga! O que falariam e achariam de si ao vê-lo andando com aquele rebelde com causa? Seria estranho, seria descoberto e, no final, todos saberiam o que havia feito.

Caralho, seu pai o mataria.

Assentiu totalmente contragosto e começou a caminhar do lado dele que, ao ver a relutância toda indo pelo ralo, se animou mais ainda. Jungkook até mesmo diria ser fofo vê-lo ativo daquela forma, pois parecia como uma criança, se não o odiasse e tudo mais. Até porque com a altura que Jimin possuía e suas mãos fofas… Deveria mostrar a identidade dependendo do lugar onde fosse entrar. Mas isso, claro, somente na cabeça de Jeongguk.

— Tá, então… Onde nós vamos? — questionou quando já haviam atravessado boa parte do campus, os prédios de aulas teóricas ficaram para trás e o verde começava a ser mais nítido.

— Ao protesto, como eu te disse. — respondeu, batendo palmas leves e distraídas. — Depois vou te apresentar para algumas pessoas, daí você vai estar livre! Por hoje, né.

— O que?! Que pessoas? Jimin… — praticamente rosnou, semicerrando os olhos à medida que o fitava. — O que você pretende?

— Espere e veja, Senhor Presidente. — deu de ombros, rindo debochado. — Não é nada demais.

E, na realidade, não foi mesmo.

Quando finalmente chegaram, ficou pasmo com o tanto de pessoas que estavam ali. Era a frente da secretaria, o aglomerado se encontrava atrás de barreiras baixas feitas de metal e ao que tudo indicava, todos respeitavam os limites propostos pelos seguranças. As frases gritadas eram contínuas e causavam um certo calor dentro do seu peito, mas ele não soube ao certo o porquê. E, bem, seus olhos estavam presos na figura rosada ao seu lado que, assim que reconhecida, foi praticamente arrastada até a frente. Acabou sendo levado junto, Jimin estava bem ao seu lado, mas em cima de dois caixotes de madeira com aquele maldito megafone na mão. E, porra, vermelho é sua cor favorita!

— Quero agradecer a todo mundo por ter vindo no dia de hoje! Também quero contar que hoje temos um convidado especial, viu?! — o rosado puxou a mão de Jeongguk, tentando fazê-lo subir nos caixotes. — O presidente do comitê resolveu acompanhar nosso protesto bem de perto e uma oportunidade dessas não aparece todo dia! Então mostrem o que nós queremos quando manifestamos, não façam bagunça e me deixem orgulhoso, por favor.

Uma gritaria começou logo após o baixinho terminar de falar, Jungkook estava surpreso com o modo com que ele comandava toda aquela multidão. Isto é, era difícil ser um líder, sabia bem disso, mas Jimin lidava muito bem com a responsabilidade.

Antes que pudesse descer do caixote, viu algumas pessoas sorrindo e esticando a mão em sua direção, como se tentassem cumprimentá-lo. Sorriu e assim o fez, vendo o olhar do rosado sempre sobre os seus atos. Pôs-se logo a observar outra vez, era tão diferente de como seu pai costumava dizer.

Isto é, ninguém tentava se matar ali, não enquanto Jimin indicava o que deveriam fazer através do megafone. Alguns rapazes erguiam cartazes o mais alto que conseguiam, as meninas pintavam os rostos de todos com tintas de cores vivas que estavam na bandeira estendida nas costas de Taehyung. Ninguém brigava, ninguém xingava, era… muito chocante. Tão chocante que ao menos percebeu quando uma das garotas encostou o dedo molhado de tinta em sua bochecha, fazendo o desenho de um coração de um lado e duas linhas do outro, logo abaixo do olho.

Ela até parecia receosa com o modo como poderia reagir, mas Jeon apenas fitou Park, vendo-o rir de sua feição assustada.

— Essa tinta sai depois, ok? Não se preocupe. — Jimin disse, ainda rindo.

— Mas se não sair, acho que não faz problema não! — Taehyung encostou em seu ombro. — Ficou bonito, Presidente.

Jungkook torceu os lábios, ainda estava meio desconfortável, mas não era ruim de todo modo.

Mesmo que a maior parte dos presentes que possuísse algum contato consigo o tratassem de forma educada, ainda existiam alguns o olhando feio, esbarrando com força e perguntando de forma indireta o que ele fazia ali. Bem, era verdade, certo? Não havia motivo para estar ali, não quando era… heterossexual.

Era mesmo?

Na realidade, não sabia ao certo. Sua cabeça o dizia que era, com toda certeza, “homem de verdade”, mas em algum lugar no fundo do seu ser aquilo parecia errado de se pensar. Sei lá, estava confuso. Sentia-se bem ali, mesmo que o tratassem mal e não achasse se encaixar realmente. Quer dizer, era uma manifestação a favor das causas LGBTQs, não sentia-se fazendo parte daquilo.

— Não precisa ser um de nós para lutar por nós! — Jimin falava no megafone. — Menos preconceito, mais empatia!

Fitou-o novamente surpreso, parecia que Park lia seus pensamentos e, principalmente, desejos e medos. Era ridiculamente estranho!

Tão estranho que seguiram na direção dos medos de Jeongguk após o protesto. O rosado o arrastou até o outro lado da instituição, até onde os estrangeiros ficavam e, como se não bastasse, aquele foi outro baque no presidente.

— Como têm sido morar por aqui? — Jimin perguntou quando já estavam todos reunidos no dormitório de um dos rapazes vindos dos Estados Unidos.

— Ah, você sabe… É difícil viver em um país onde quanto mais pálido você é, mais bonito te acham. — ele riu, passando os dedos nos fios negros. — A faculdade é ótima, o ensino, a segurança, tudo. O problema mesmo é andar na rua, ir nas festas e coisas assim sendo negro. Arrumar emprego foi complicado também, mas tudo fica bem no final.

— Eu sinto muito, cara… — Jungkook respondeu baixinho, sentindo-se mal.

— Nah, tudo bem! A culpa não é sua, de qualquer modo. — o mesmo rapaz respondeu. — As pessoas só precisam abrir mais a mente, sabe? Não é porque minha cor é diferente da sua que eu sou melhor ou pior do que você.

— E é pra isso que nós protestamos, né? — Jimin continuou, sorridente. — Igualdade.

Jungkook assentiu com a cabeça, ficando em silêncio. Era extremamente ridículo – para si – estar ali naquela situação. Os problemas na faculdade estavam embaixo do seu nariz, ele apenas não via porque não queria! Entendia agora o que Jimin queria dizer quando apenas coreanos compareciam às reuniões, a instituição era composta por muito mais do que aquilo, do que alunos nascidos no país.

— A gente deve muito ao Jimin aqui, não é, cara? — um outro rapaz disse, dando tapinhas nas costas do rosado. — Foi difícil aceitarem ele no começo, mas como ele mesmo disse, é pela igualdade que fazemos isso.

— Como assim? — Jungkook questionou, confuso. Não aceitavam o Park no início? Por que?

— Eu não sou estrangeiro, nem negro, nem nada do tipo… — encolheu os ombros, suspirando. — Algumas pessoas acreditam que apenas quem faz parte da minoria que pretende protestar pode participar. Tipo, se eu decidir manifestar a favor do feminismo eu devo ser uma mulher, entende? Então quando eu me propus a ser o representante das minorias nas reuniões com o conselho muita gente foi contra. O antigo representante da comunidade estrangeira e a linha de frente das feministas principalmente… Mas deu tudo certo! Tô me virando bem agora.

Jungkook o encarou curioso. Não fazia ideia de que eram segregados assim dentro das minorias também. Até porque depois da manifestação que participou todos pareciam tão unidos e bem esclarecidos, nossa.

— Achei que haviam aceitado numa boa. — comentou baixinho.

— Pois é. Existem brigas entre nós também. — uma garota respondeu, risonha. — É bom ter você no time agora, Presidente.

Sorriu, mas estava envergonhado. Jungkook sentia-se tão bem fazendo parte daquilo, mas… Sabia que só estava porque Jimin havia o obrigado. Quer dizer, ainda era difícil tentar pensar de uma forma que não fosse como seu pai desejava, mas soava tão certo seguir sua vontade interior.

Sentia-se genuinamente bem, como se estivesse descobrindo o que o satisfazia pela primeira vez. E, pensando nisso, acabou sorrindo, sua mente começava a planejar como faria para ajudar aquelas pessoas no futuro de forma automática.

Jungkook queria fazer parte de algo bom pela primeira vez na vida.

 

(...)

 

— E então, o que achou? — o rosado questionava enquanto voltavam para o centro do campus.

— Do que?

— De tudo! Do protesto e do dormitório dos estrangeiros. — sorriu ao se lembrar de seus amigos, realmente gastava um bom tempo com eles, eram pessoas maravilhosas.

Jungkook suspirou, pensando no que deveria dizer. As informações ainda estavam frescas e confusas em sua mente.

— Bom, eu me surpreendi com a sua manifestação, na verdade. — respondeu devagar, calmo. — Achei que era uma bagunça, achei que vocês tentavam machucar os outros e…

— O que?! Jungkook! Acha que somos o que? Animais? Porra! — Jimin logo entrou na defensiva, empurrando o corpo mais alto em socos.

— Não! Eu quis dizer que…

— ‘Não’ digo eu! Eu sabia que você não tinha mudado! Cara… Você é igualzinho seu pai! Eu...

— Ei, relaxe! Me deixe terminar! — afastou o menor, segurando os pulsos fortes. — Eu quis dizer que pensei errado! Não foi nada parecido com o que eu achei que seria. E… Foi divertido. Obrigado.

Soltou tudo rápido, estava agoniado e nem percebeu quando agradeceu o baixinho. Jimin passou de irritado para surpreso e logo para envergonhado tão rápido que seu rosto não acompanhou as feições e muito menos a coloração avermelhada. Porra. Jungkook estava mesmo o agradecendo?

— Eu… Hrm… De… Nada?! — respondeu, totalmente encabulado.

Seus pulsos ainda estavam presos nas mãos grandes de Jungkook e, por isso, pararam de andar. Já estava quase anoitecendo quando se olharam em silêncio. Jimin encarava as feições do outro, Jungkook estava tão bonito com aquela iluminação fria do final da tarde e com as tintas coloridas espalhadas pelo rosto.

Ele era tão bonito, e…

Abaixou suas mãos, vendo as de Jeon acompanharem o caminho, ainda o segurando. O moreno o fitava com um pequeno sorriso, como se não conseguisse evitar sorrir naquele instante. Park também estava com o rosto pintado de tinta, as bochechas fofas com cores vivas e os olhos brilhantes na direção do Presidente do Conselho. O que estava havendo ali? Por que Jimin não sentia-se com repulsa do outro?

— Você… Está com fome? Vamos comer? — Jungkook questionou baixo, soltando os pulsos alheios lentamente.

— Um daqueles super sanduíches que vendem perto do nosso dormitório, por favor! Eu estou morrendo de fome. — Jimin choramingou, passando a mão sobre a barriga.

— Mas é tão barato… Não quer ir em algum restaurante ao redor da faculdade? — Jungkook não estava acostumado a comer coisas baratas.

— Jeongguk. Escuta. — Jimin parou de andar outra vez, levando as mãos até as bochechas do outro para espremê-las nas palmas enquanto se encaravam. — É barato e gostoso. Pra que gastar mais dinheiro se tem algo delicioso por um preço ótimo? Pare com essa burrice.

Pegou no pulso do mais alto e começou a andar apressado. Jeon ainda estava meio atônito, afinal, não estava acostumado com uma proximidade tão grande assim, nem mesmo com a sua namorada.

Era estranho como sua relação com Jimin caminhava de um modo diferente. Isto é, já tiveram uma relação tão íntima e agora estavam ali, como se fosse no início de uma amizade com briguinhas toscas. O rosado o desconstruía e ele apenas sabia ceder, mesmo que inconscientemente.

Sentaram-se para comer logo que encontraram a tenda onde o sanduíche era vendido e, pelos céus! Jungkook se sentia extremamente tapado por nunca ter provado algo daquele nível na vida. Era tão gostoso, tão gostoso! Poderia se alimentar daquilo pelo resto da vida.

— Viu? Eu não disse? Toma, idiota. — o representante das minorias dizia de boca cheia, dando de ombros. — Ainda bem que nós alunos de dança não somos tão tapados quanto os de música.

— É? E o que os geniais alunos de dança gostam de fazer além de dançar? — perguntou, limpando o canto dos lábios.

— Gostamos dos encontros no prédio de Belas Artes. Dançar, cantar e beber. É um karaokê gigante! — respondeu, dando de ombros. — Pena que eu sempre perco para o Hoseok. Seu amigo dança tão bem, sério, sinto até uma inveja amigável por ele.

— Ele é realmente talentoso. Hoseok-hyung ainda vai conquistar o mundo com a personalidade e o talento dele. — dizia orgulhoso, vendo Jimin rir.

— Que pai babão é você.

 

(...)

 

Voltando lentamente pela calçada, Jimin ria de qualquer merda que Jungkook estava dizendo. O pirulito rodando pelos lábios atraía a atenção de Jeon, mas este fingia que não era nada demais achar aquilo atraente. Na realidade, mentia para si dizendo que nem atraente era. Coitado.

Seguiam conversando até estarem próximos do prédio, mas Jungkook não esperava que seu dia tivesse mais uma daquelas surpresas bizarras que só aconteciam com Jimin por perto.

Porque, obviamente, a culpa era dele.

— Jungkook-ah? Ei! — viraram-se assim que a voz feminina o chamou, Park seguia os passos do mais alto. — Onde você estava? Te procurei o dia todo.

Jieun sorria com alguns livros em mãos, os fios compridos escorrendo pelo rosto.

— Eu estava resolvendo algumas coisas pelo conselho, amor. — disse meio nervoso. — Esse é o Jimin… O representante das minorias.

— Oh, Jimin! Prazer. — ela se aproximou, apertando a mão do mesmo é encarando os rostos sujos. — O que aconteceu com vocês?

Jungkook tremeu, suspirava imaginando o que deveria responder. Céus, sentia-se encurralado. Era como se tivesse sido pego fazendo algo de errado e… Não estava, não naquele momento.

— O protesto que houve na frente da reitoria hoje. — o rosado disse tranquilo. — Jungkook participou para ver como era.

— Ah…

Os olhos de Jieun passeavam entre as duas figuras, sua mente trabalhava em algo que Jungkook tinha medo de saber o que era. E, estranhamente, queria manter certa distância dela, principalmente porque Jimin estava por perto. Para Jieun era bizarro seu namorado estar participando de algo que abominava, não era? O que havia acontecido de repente para ele se juntar com os outros?

— Até depois, Jie. Me manda mensagem quando chegar no dormitório. — sorriu e acenou, saindo praticamente em disparada para a direção dos quartos.

Subiu rindo (de nervoso) com Jimin pelas escadas, suspirando fundo quando chegou no andar do quarto do rosado. Era engraçado como sentia-se bem perto dele e, veja bem, não era como se gostasse de Park ou qualquer coisa do gênero, mas… Era diferente. Muito diferente de como se sentia perto de Jieun ou seus amigos do conselho – tirando Hoseok. Por que?

— Boa noite, Presidente. — Jimin abriu a porta do dormitório, sorridente. — Não esqueça de limpar essa tinta, pode dar alergia e…

— Não me chame de Presidente, é estranho. — riu, dando de ombros.

— Hm, tudo bem. Jeon fica bom?

— Nah… — se aproximou, apoiando-se na porta. — Jungkook, ok?

O rosado riu e abaixou a cabeça, coçando os olhos. Estava começando a ficar sonolento. Deu um passo para frente e ergueu a cabeça, acabou mais próximo de Jeon do que queria.

Seus olhos fitaram a pele macia marcada pela tinta, caindo então a atenção nos lábios finos e absurdamente desenhados.

Jungkook também não ficava para trás, seu olhar preso na boca carnuda do mais baixo acabou aproximando os corpos de forma perigosa. Não poderia estar sentido atração por ele de novo, não podia!

Logo, apenas desviou os lábios, selando o canto da boca do rosado de forma demorada. Era para ser na bochecha, mas não resistiu. E algo o dizia que quanto mais resistia, melhor era para si.

Pois Jeongguk não poderia estar gostando de outro homem, não é?

 


Notas Finais


E então? Jungkookzinho tá cedendo, bicho. Uma hora ou outra ele vai ver o que sente e... já era. Como acham que o pai dele vai reagir a tudo isso? E a namorada? Será que ela desconfia? ME CONTEM O QUE VOCÊS ACHAM! Até logo!


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