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História Proprietários do Terceiro Mundo - 258 Minutos para o show mais foda do ano


Escrita por: saavik

Notas do Autor


Obrigada Mai pela grande ajuda com a fic <3

Capítulo 1 - 258 Minutos para o show mais foda do ano


Fanfic / Fanfiction Proprietários do Terceiro Mundo - 258 Minutos para o show mais foda do ano

Haverá mais um retorno a partir daqui?

Não era o que queríamos: Tudo vai ruir!

 

Pensei não existir nada além daqui

Me tornei estável sem estar bem

Pensava em engordar e envelhecer

Quando nos encontramos em nós

Em vida, viver, aqui

Seremos homens melhores onde estivermos

O mundo é que está errado!

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O movimento punk é uma forma mais ou menos organizada e unificada, com o intuito de alcançar objetivos — seja a revolução política, almejada de forma diferente pelos vários subgrupos do movimento, seja a preservação e resistência da tradição punk, como forma cultural deliberadamente marginal e alternativa à cultura ...

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O futuro se faz agora, e cada erro é uma vitória, pois a derrota não existe, não há conquista sem labuta. A vida é uma infinita luta, onde só perde quem desiste. O que se pode fazer quando não há nada a fazer? Que palavras devo usar, se nada pode-se dizer?

Estará, com seu silêncio, assassinando o que sente ou só os poupando da verdade que você não quer saber?

Minseok tinha uma mochila nas costas e um olhar duro no rosto sempre zangado, não pertencia a lugar nenhum e tão pouco a alguém, mas tinha Jongin, um punk de vinte e oito anos de idade que tinha Beatsy, seu carro do ano, um Chevrolet 1967 preto e brilhante como diamantes caros e sua banda de punk rock clássico The Blizkrieg. Kim Jongin era seguido a onde quer que ia por sua banda, formada por Oh Sehun, o baterista, Yifan, o guitarrista, Jongdae, baixista e vocal de apoio, todos em uma Kombi preta seguindo estrada logo atrás do Chevrolet. Jongdae era conhecido como o cara das vozes guturais, a voz e o grito que toda a nação deveria ouvir, enquanto o posto de vocalista se dava somente ao moreno. Junto a eles estava sempre uma sombra amarga eternizada com um cigarro nos lábios; Kim Minseok. Minseok tinha vinte e dois anos e um registro policial extenso; era um punk, um anarquista como qualquer outro em seu meio, amante de boa literatura, bebedeiras constantes e docinhos ganhados por bons companheiros. Fugia de discursos políticos e mentes presas ao patriarcado. Juntou-se aos outros aos dezenove anos depois de conhecer Jongin em uma tentativa frustrada de tentar entrar pelos fundos de um cinema qualquer, quando estreava laranja mecânica, o filme preferido de ambos.

O Kim não tinha uma casa, e sequer lembrava-se da última vez que tivera uma. Fora posto para fora aos quinze anos de idade depois de conhecer o movimento punk e ter sua primeira briga de gangue a qual perdera seu melhor amigo, Luhan, que tivera seu crânio massacrado por um bastão. Seu amigo morrera nas mãos de um skinhead que anos depois morreu em suas próprias mãos pequenas. Sem armas, apenas pele sangrenta.

Minseok era o tipo certo de cara errado na hora certa para se fazer algo errado, o homem certo para ser acertado pelo azar da vida no terceiro mundo, no submundo, no subúrbio. Agora, vagando cambaleante as cinco da manhã pelas ruas ao lado de Kim Jongin, Minseok fumava um dos únicos cigarros que tinha enquanto carregava sua mochila as costas. O moreno ao seu lado sustentava um olhar feroz e parecia querer lhe dar o bote a qualquer minuto, como uma boa cobra: sempre à espreita. O mais velho havia tocado a noite toda com sua banda em praça pública, eternizando os refrães de Sex Pistols e The Ramones. Já haviam bebido o suficiente pelo dia, mas o moreno parecia menos afetado do que antes o menor já pode notar.

Estavam à procura do beco escuro a qual o mais velho havia estacionado Beatsy. Todos os outros membros da banda já haviam se recolhido a tempos, escolhendo um bom hotel pra descansar enquanto Jongin preferira Minseok e o banco de trás de seu carro.     

– Esqueceu, não foi?

– Esqueci o caralho! Acha mesmo que eu seria tão descuidado com Beatsy?

– Acho.

– Pois errou – vangloriou-se logo ao chegar ao beco atrás de um pequeno bar e restaurante. – Minha Beatsy e você são prioridades. Entra logo, eu quero te foder... e depois quero correr para a cidade vizinha e tocar até o amanhecer, está cidade já me encheu...

Eles tinham algo inominável, impronunciável e incompreensível. Algo que começava com os lábios de Minseok e terminava nos lábios de Jongin, algo que os fazia gemer por horas e horas no banco de trás do carro e sequer poder ser chamado de relacionamento, embora houvesse muito carinho envolvido nisso, e naquela noite fora o que fizeram.

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Já se passavam das duas da tarde quando Jongin acordou junto a Minseok e saíram de seu carro. Sem sinal do resto da banda, primeiro usaram o banheiro do boteco ao lado, depois o moreno sentou-se sobre seu carro enquanto o menor ocupava-se em comer uma fruta guardada. Não tinha fome, estava acostumado a vida de andarilho a qual vivia desde os quinze anos de idade, quando ficara órfão e fugira do orfanato a qual fora mandado. Filho de punks, sobrevivera muito bem nas ruas. Não precisava de muito desde que tivesse Beatsy, Minseok e seus membros para andar e dar seu jeito no que chamava de vida.

Mesmo fazendo os costumeiros shows da The Blizkrieg, o dinheiro que conseguiam mal lhes pagavam um almoço digno, a música era o que salvava a alma de Jongin, mas não supria as necessidades de seu corpo. O reconhecimento que tinham dos punks de cidade em cidade lhe rendiam alguns agrados como garrafas de bebida, maços de cigarro e algumas drogas, o que lhes era bom em demasia, mas não conseguiam mais do que isso, e nem mesmo queriam, tocavam sem pretensão alguma e pretendiam permanecer assim por muito tempo. Não queriam ser como Sex Pistols ou The Ramones, a revolução que faziam já funcionava muito bem. Jongin costumava dizer que: É necessário sempre acreditar que o sonho é possível, que o céu é o limite e você é imbatível. O tempo ruim vai passar, é só uma fase e o sofrimento só aumenta mais a sua coragem... O homem pode amar o seu semelhante até ao ponto de morrer por ele; mas não o ama tanto que trabalhe em seu favor. Aquele que botar as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo. O salário é um tipo de submissão. Actuar é combater. A anarquia é a ordem. Sou um anarquista e defendo a Anarquia sem adjetivos. Anarquia é um axioma e a questão econômica é algo secundário. Alguns nos dirão que é por causa da questão econômica que a Anarquia é uma verdade; mas acreditamos que ser anarquista significa ser inimigo de toda autoridade e imposição e, por consequência, seja qual for o sistema proposto a melhor defesa da anarquia, não desejando impô-la sobre aqueles que não o aceitam.

 

x

 

– O mundo todo é uma viagem de ecstasy, desde as folhas secas no cão até o céu azul. – Jongin estava deitado sobre o capô de Beatsy, que estava estacionada na sombra de uma grande árvore.

Minseok fumava um pequeno cigarro de maconha ao seu lado e sorria com as palavras do outro. Quando chapado, Jongin costumava filosofar, dizer metáforas e cantarolar rock’s melódicos. Ele era uma verdadeira incógnita, uma caixa cheia de surpresas.

Quando belos pássaros voaram em câmera lenta no alto do céu diante dos seus olhos, ele deu um longo e profundo trago, tão acostumado que sequer tossiu. Esboçou um longo sorriso e voltou seu olhar a Minseok.

– Para onde capitão?

– Para as estrelas...

– Para a porra das estrelas então. – Dando seu último trago, entregou o cigarro ao menor e entrou no carro, balançando as chaves bem a vista do mesmo.

O mais baixo entendeu de imediato e lhe fez companhia. O som foi ligado e, enquanto Jongin dirigia, o outro cantava o refrão de Bonzo goes to bitburg junto ao mais velho que cantarolava baixinho e batia seus dedos ao volante. Eles não tinham um rumo certo, tão pouco dinheiro e comida, ou até mesmo gasolina, mas ainda tinham Beatsy, uma mochila com roupas, uma cartela de LSD, habilidades de sobrevivência e meio tanque de gasolina.

A sensação de liberdade era como o ápice para ambos, o ápice de tudo; da vida, do sexo, das drogas. Era indescritível e inominável, a única sensação verdadeira e prazerosa no subúrbio. A liberdade era deles, era algo que ninguém poderia lhes tirar.

Eles se revezavam para conseguir dinheiro; o mal dos homens, mas sabiam o que era realmente preciso. Um trabalho aqui e outro lá, de cidade em cidade, de lugar em lugar, passando por banheiros de bares, lanchonetes e casas de banho.

Em Busan conseguiram um trabalho de cinco noites sendo seguranças de uma boate onde sempre, todos os dias, um beberrão tentava invadir pelos fundos ou esmurrava uma das prostitutas. Dois punks sendo seguranças foram o bastante para manter os invasores afastados, e o dinheiro fora o suficiente para pagar dois tanques cheios, uma semana de bebida barata e comida o suficiente por cinco dias.

Quando muito necessitavam, Minseok vendia poesias na rua, sendo sempre o poeta melódico de sempre. Já Jongin conseguia as coisas com seu jeito boêmio e sedutor, mas jamais pensara em deitar-se com alguém naquela viagem se não Minseok.

Eles se conheceram a muito tempo, cerca de cinco anos atrás. Jongin tinha vinte e três anos e Minseok apenas dezenove, estavam ambos tentando entrar pelos fundos de um cinema que estreava o filme preferido de ambos Laranja mecânica.

Agora, dirigindo até Changwon, eles ouviam o bom e velho punk rock. Minseok contava o dinheiro restante ouvindo Jongin gritar “Eu sou um anticristo, eu sou um anarquista. ” E dirigir em alta velocidade.

As leis pareciam não valer para os dois, tão pouco as leis de deus.  Eles não andavam na linha, não existiam linhas.

– Quanto temos?

– Vinte dólares e 52,854 wons. – Guardou o dinheiro no porta malas depois de o contar. – Acha que é o bastante até o litoral?

– Não – deu de ombros. – Mas damos um jeito, sempre demos...

– Essa é a vida que você queria? Ou é a que escolheu para si? – Suspirou, colocando sua destra sobre o ombro alheio.

– Essa é a única vida Minseok, longe do comum e do aceito, longe da politicagem e do patriarcado.... Isso é vida, isso viver!

– Sem família e poucos amigos.

– Pense bem, foram eles que preferiram assim. Nós fizemos a escolha de uma vida limpa.

– Limpa? – Abriu o porta luvas, tirando de lá uma cartela com quatro adesivos restantes de LSD.

Jongin sorriu de canto, riu sem som e arqueou as sobrancelhas,

– Você me entendeu.... Está começando a questionar sua jornada? Quer uma casa, um emprego em um escritório e uma televisão para controlar sua mente?

– Não, é claro que não.... Você me entendeu. Eu, assim como você, não pertenço a lugar nenhum, sem emprego ou casa fixa, somos e sempre seremos andarilhos do subúrbio.

– Somos proprietários do terceiro mundo. – Declarou sorrindo.

Depois de dirigir por vinte minutos, o moreno logo estacionou o carro em uma rua deserta, no lado oposto ao que o sol castigava o chão de paralelepípedos. Com um sorriso faceiro, Minseok entendeu todas as entrelinhas que precisava. Após descartar um pequeno quadrado de cores intensas e vibrantes, com desenhos alucinógenos e delirantes, sorriu sacana e o colocou sobre sua língua, para então aproximar-se de Jongin o bastante até estar sentado sobre seu colo. Com uma mão sobre os cabelos macios do maior, aproximou os lábios do mesmo e o beijou com volúpia.

 

x

 

É a marcha da história. É, portanto, inútil perder tempo a lamentar quanto aos caminhos que ela escolheu, pois estes são traçados por toda a evolução anterior”. Mas a história é feita pelos homens. Tendo em vista que não queremos permanecer simples espectadores indiferentes à tragédia histórica, que queremos participar com todas as nossas forças das escolhas dos eventos que nos parecem mais favoráveis à nossa causa, é-nos preciso um critério que sirva de guia na apreciação dos fatos que se desenrolam, sobretudo para poder escolher o posto que devemos ocupar na batalha.


Notas Finais


Prometo voltar com um extra


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