1. Spirit Fanfics >
  2. Psicose >
  3. Sexto

História Psicose - Sexto


Escrita por: Tayh-chan

Capítulo 6 - Sexto


PSICOSE  - 1ª Fase

Sexto

Mais de um mês se passou desde que Chanyeol tinha visto Baekhyun pela primeira vez naquela casinha que mais parecia abandonada. Ainda se lembrava de como aquela chuva repentina o levou até dentro daquela casa, onde teve a sua ilusão mais bem feita, a ilusão que mexeu com sua alma.

Os dias que conseguia ver Baekhyun eram os melhores. Nem que fosse apenas para ver o menor desenhar, pois às vezes ele parecia bastante quieto e até fraco.

E Chanyeol temia. Temia cada vez mais que essa fraqueza o impedisse de ficar. Temia que ele desaparecesse do nada, assim como apareceu, e nunca mais voltasse.

Chanyeol também continuou indo às consultas com Junmyeon, contou sobre o garoto e até sobre o ato irresponsável de parar de tomar remédios. Mas depois de muita conversa foi convencido a voltar a tomá-los.

E felizmente, mesmo com os remédios, Baekhyun não desapareceu.

Odiou o seu primeiro ataque de pânico na frente do menor, e acabou por ficar dois dias longe, com vergonha. Baekhyun nunca comentou sobre o episódio, no entanto, ele nunca julgava, nunca falava coisas desagradáveis e quase nunca falavam sobre a doença de Chanyeol.

Um dia ou outro o mais alto chegava um pouco depressivo e cansado por causa da noite que havia passado em claro, mas Baekhyun, seu anjo, sempre lhe animava.

Quanto a Sehun, este estava sempre por perto, mas apenas porque estudavam juntos e tinham trabalhos para terminar. Mas ele nunca mais deu nenhuma investida, e algo estava diferente.

Ele andava triste pelos cantos, e isso partia o coração de Chanyeol que várias vezes tentou conversar com ele, mas Sehun se afastava com alguma desculpa.

“Preciso ir até a biblioteca.”

“Desculpe, preciso estar em casa cedo hoje.”

Hoje Sehun não iria escapar, pensou Chanyeol, não deixaria. Assim que o sinal bateu, se apressou e segurou o menor pelo braço, só o soltou quando todos saíram da sala.

— Por que você está fugindo?

Sehun, em resposta, começou a chorar baixinho.

— Ei, calma, não chora. — Chanyeol pediu, tirando o capuz da cabeça dele, tentando visualizar a face.

— Eu estou muito triste, Channie... — disse entre os soluços.

Sem saber o que fazer diante daquele gesto de fraqueza, Chanyeol fez como da última vez e o abraçou. Não disse nada, apenas escutou o que o outro tinha a dizer, mesmo que nada fizesse totalmente sentido.

— E-eu não sei. Parece que nada mais faz sentido, sabe? Eu sinto tanta falta da minha mãe, sinto tanta falta... Eu não aguento mais a minha casa, meu pai quer se casar de novo e eu odeio aquela mulher. Ela quer roubar o lugar da minha mãe, eu odeio isso.

Chanyeol não conseguia entender Sehun, não sabia o que ele estava sentindo, pois sempre teve sua mãe e seu pai ao seu lado. Mas achava um pouco exagerado Sehun pensar que a nova esposa do seu pai iria roubar o lugar de sua mãe.

Bem... Talvez, até mesmo no sentido literal, seria isso mesmo. Ela dormiria da mesma cama que sua mãe dormiu, usaria a mesma cozinha, e andaria de mãos dadas com quem sua mãe andou por muitos anos.

— Seu pai precisa seguir em frente, Sehun... Todos precisam. Ele também deve se sentir triste, pense pelo lado dele.

Sehun fungou o nariz, e não disse nada sobre o comentário, mas provavelmente aquilo o faria refletir mais tarde.

— E também tem você... — disse baixinho, tocando na camisa do outro e lhe fitando nos olhos. — Eu quis você desde a primeira vez que te vi. E você até aceitou na primeira investida, eu só não entendo... — sua voz parecia morrer aos poucos. — Por que...

Agora suas faces estavam tão perto uma da outra que eles podiam sentir a respiração tocar em suas faces, ritmadas. Chanyeol foi o primeiro a tomar alguma atitude, tocando nos ombros de Sehun.

— Não... — murmurou. — Por favor, não.

Mas Chanyeol não recuou e o beijou na testa. Certamente não era aquele tipo de atitude que Sehun esperava, e foi ainda mais doloroso quando foi deixado sozinho.

 

❦❦❦❦❦❦ 

 

— Desculpe mais uma vez por ter vindo tão cedo — Chanyeol disse a Suho, já do lado de fora da casa. — É que eu quero ficar mais tempo com uma pessoa hoje. —explicou-se.

— Essa “pessoa” seria seu amigo imaginário?

— É... — confirmou com pesar.

Junmyeon ouviu a resposta com uma expressão estranha no rosto, da qual Chanyeol não conseguiu decifrar, depois se despediu e fechou a porta. Chanyeol suspirou profundamente, estava na hora de ver Baekhyun, o que ele não esperava é que veria o mesmo antes do imaginado.

Quando se virou para ir embora, viu ele parado ao lado do portão, vestindo um cachecol amarelo, os cabelos balançando por causa do vento frio de inverno.

— B-Baek.

O garoto lhe olhava espantado, como se estivesse vendo um fantasma.

— Eu não pensei que fosse te ver fora da casinha, eu...

Foi impossível terminar a frase. Baekhyun deu meia volta e começou a correr. Chanyeol demorou tanto tempo para assimilar aquilo tudo, que não saiu do lugar por um tempo considerável antes de começar a correr atrás do outro.

— Baekhyun! – gritou, sem se importar se as poucas pessoas que passavam na rua se assustariam. – Baekhyun, me espera! Baekhyun!

No entanto ele era rápido e tinha a vantagem de estar alguns metros na frente. Quando virou a esquina, Chanyeol o perdeu de vista e não o encontrou mais.

Ofegante, ele procurou por mais alguns minutos, mas nem sinal. Desistiu e foi para a casinha, com um fio de esperança de ver Baekhyun lá. O garoto não estava, mesmo assim as coisas estavam lá. Havia um quadro ainda sendo pintado, Chanyeol tocou e a tinta colou na sua mão, estava fresca.

— Você é real — murmurou. — Por favor — disse, olhando para todos os cantos do quarto como fez na rua. — Por favor... — repetiu, a voz saiu chorosa dessa vez e ele caiu de joelhos, o polegar tocando o dedo indicador sujo de tinta azul.

Baekhyun pintava o céu.

— Agora que eu sei que você é real, por favor, não suma.

❦❦❦❦❦❦ 

Chanyeol não dormiu, e não se concentrou na aula da manhã seguinte. Não tinha como. Sua cabeça fervia tentando assimilar tudo, tentando não se desesperar com aquela pequena esperança que tinha surgido.

Por que Baekhyun mentiria para si? Como ele sabia que era doente e que tinha alucinações? Tinha certeza que nunca tinham se visto antes. No entanto não podia perguntar isso a ele, pois ele negaria, diria que não era real até o fim, disso Chanyeol tinha certeza.

Então a única coisa que poderia ser feita era o seguinte: desmascarar Byun Baekhyun. Fazer com que ele não pudesse mentir mais. E para isso Chanyeol precisaria de uma pessoa: Sehun.

Quando o sinal tocou, todos os alunos saíram rapidamente, inclusive Sehun, com o semblante triste que carregava nos últimos dias. No entanto Chanyeol o seguiu e quando virou à esquina, Chanyeol apareceu e pegou Sehun pelo pulso.

— Ei, o que-

Sehun calou-se surpreso.

— Chanyeol, você me assustou! — exclamou. — O que você quer?

— Quero que venha comigo, está bem?

Sehun abriu a boca para protesta, e acabou desistindo. E Chanyeol sabia que este não negaria, era ciente dos sentimentos do outro por si e mesmo com pesar iria usá-los ao seu favor dessa vez, apenas dessa vez.

Chegaram numa rua estreita e pisaram em um terreno com uma casinha de madeira ao fundo. Era inverno, as nuvens cinza cobriam o céu e árvores estavam secas, parecia um cenário de terror. Andaram em direção à casinha e quando mais se aproximavam mais forte Chanyeol apertava o pulso de Sehun, com medo de ele fugir de repente logo quando estava tão perto da verdade.

 

— Você ‘tá me machucando, Chanyeol. Eu quero ir embora. Estou assustado — implorou com a voz trêmula.

Chanyeol escutou o outro, mas não parou. Estava há apenas alguns passos da verdade.

Entrou na casa puxando Sehun até o quarto onde Baekhyun gostava de desenhar. E ele de fato estava lá, sem o cachecol amarelo de ontem, e com um lápis na mão.

— Peguei você! — exclamou. Baekhyun deixou a cabeça cair para o lado, como se não entendesse a frase do outro.

Chanyeol saiu da frente de Sehun, tentando mostrar a Baekhyun que ele tinha sido desmascarado. Mas a sala ficou silenciosa, nem Sehun nem Baekhyun se manifestaram. Aquilo começou a deixar o coração de Chanyeol acelerado.

Adrenalina.

— Diga que o vê, Sehun. Só faça isso. — Chanyeol não tirou os olhos de Baekhyun por um único segundo, tinha medo que ele desaparecesse. Mas tinha tanta certeza, ele era sim real. Só faltava Sehun confirmar.

— Sehun! Diga que ele é real! — Chanyeol gritou, cansado por todo aquele silêncio. Cansado de ver Baekhyun assustado.

E pela primeira vez desde que entrou no quarto ele desviou os olhos e olhou para Sehun. Este parecia confuso, olhando por todo o quarto. Na intenção de ajudá-lo, ou por simples desespero, virou a cabeça do amigo com as mãos em direção a Baekhyun.

— Lá! Diga quem vê lá!

— O que você está fazendo? — Baekhyun se manifestou, parecia bastante confuso.

— Não vejo ninguém, Chanyeol — a voz de Sehun era triste e tinha um leve toque de preocupação.

Viu o amigo lhe olhar pesarosamente.

— Eu não sei por que você me trouxe aqui de repente, estou tão confuso quanto você parece estar. Mas não há ninguém ali.

E o mundo de Chanyeol caiu.

CONTINUA...



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...