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História Psycho Lunatic - I want it now, I want it loud, I want it my way


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


GENTEEEE, voltei!
E to rindo muito!!
Porque eu JURAVA que tinha postado o capítulo ontem, mas ESQUECI absurdamente hahaha
Ptm eu sou muito desligada hahahah
MAS O IMPORTANTE É QUE TO AQUI e eu espero muito que vocês gostem desse capítulo!

Boa leituraaaaaaa!

Capítulo 11 - I want it now, I want it loud, I want it my way


“I want it now, I want it loud, I want it my way”

Ferrari - The Neighbourhood

(Eu quero agora, eu quero alto, eu quero do meu jeito) 

POV: Brian

 

Universe - Ghost Town 

“Now I’m stuck in my head

While you lie in your bed 

Trying to sleep just to forget my name

Trying to sleep just to block out the pain”

(“Agora estou preso em minha cabeça 

Enquanto você deita em sua cama

Tentando dormir apenas para esquecer meu nome

Tentando dormir apenas para bloquear a dor”)

 

Acordei sem saber que horas eram. Me levantei da cama, ouvindo um som alto e estranho que vinha da sala. Segui o barulho, ainda confuso e sonolento e só percebi, depois de algum tempo, que era a campainha que tocava. Caminhei até a porta, sem me importar que eu estava apenas de cueca e atendi, esperando qualquer pessoa, menos quem eu vi me esperando do outro lado. 

— J-Jenny? — Perguntei, ouvindo minha própria voz falhar. Ela usava um vestido branco e seus cabelos curtos voavam devido ao vento do lado de fora. Eu não consegui formar mais nenhuma frase, nem mesmo para perguntar o que ela fazia ali, na porta da minha casa. Sem esperar pelo meu questionamento, ela disse:

— Eu preciso falar com você. 

Após hesitar alguns segundos, tentando processar a informação, eu me afastei da porta e deixei que ela entrasse. Jenny entrou em minha casa como se já conhecesse o ambiente, não olhou em volta, não procurou por minha esposa — que por sorte não estava em casa — apenas parou na minha frente e olhou nos meus olhos, parecendo ansiosa.

— Está tudo bem? — Perguntei, passando a chave na fechadura, ao mesmo tempo que fazia uma prece silenciosa para que Michelle não chegasse. 

Ela olhou em meus olhos, depois percorreu o olhar por meu corpo semi nu, mas sua expressão não mudou. 

— Desculpa. — Eu disse imediatamente — Eu realmente não estava esperando…  

— Eu preciso falar com você. — Ela repetiu de maneira robótica, parecia prestes a chorar. 

Eu me aproximei dela e segurei seu rosto, aquele rosto que eu estava esperando tanto ver novamente. Peguei seus cabelos, passando os fios macios por meus dedos e, sem pensar muito, a puxei pela nuca para plantar-lhe um beijo nos lábios. Quase cai para trás quando ela me empurrou. 

— Você está louco? Quem você acha que é? — Ela gritou, apontando o indicador em meu peito e me jogando contra a parede. — Você não tem essa liberdade para sair me beijando por ai… Não é só porque me beijou uma vez que eu ainda te quero. Não é só porque você é uma porra de um guitarrista famoso que eu quero você. Eu não quero você. Tem milhares de homens no mundo, muito melhores que você, que não ficam se afogando em bebida com qualquer dificuldade que enfrentam. 

Eu fiquei sem palavras, tentando entender o significado do que ela dizia, ao mesmo tempo que ela se aproximava de mim. Ela continuou gritando comigo, falando coisas sem sentido, sobre minha esposa, sobre como eu era infiel e bêbado, como ela nunca ia me desejar, eu, por outro lado, fiquei imóvel, ouvindo tudo e esperando que ela parasse de falar em algum momento, mas ela não parou. 

De repente, o rosto angelical de Jenny, com os lábios carnudos e avermelhados, o cabelo maravilhoso e os olhos grandes que me olhavam com intensidade, começou a escurecer, até que ficou completamente preto, como se estivesse se decompondo e, com uma voz grossa e terrível, ela disse:

— Você vai acabar sozinho, porque ou vai se matar ou vai matar as pessoas que te amam.

Acordei completamente sem fôlego, tentando me recuperar daquele pesadelo. Apoiei os cotovelos no chão, percebendo que eu dormira no tapete da sala, enquanto via televisão e tomava uma das minhas garrafas de whisky. 

 

“I can’t find myself ‘cause 

You’ve taken control

Of my heart and my soul”

(“Eu não posso me encontrar porque

Você tomou o controle

Do meu coração e da minha alma”)

 

Meu corpo inteiro estava tremendo quando eu me levantei, andei até o quarto para pegar uma camiseta, vendo tudo girar ao meu redor. Apertei a garrafa em minha mão com força, sentindo o conforto do vidro gelado tocando minha pele. Aquela sensação só não era melhor que consumir a bebida alcoólica, por isso, assim que cheguei em meu quarto, dei um grande gole. Fechei os olhos por um instante, sentindo o prazer que aquelas poucas gotas me proporcionavam, mas assim que tudo ficou escuro, a visão de Jenny com a pele apodrecida e demoníaca voltou para mim, me rejeitando como se eu fosse uma barata. 

Vesti uma roupa irritado, fazendo com o que o tremor diminuísse, assim como o frio. Voltei para a sala e me joguei no sofá, bebendo mais um pouco. Quando Michelle disse que iria no cabeleireiro, contive minha felicidade fingindo que eu estava concentrado no que assistia na televisão, mas a verdade era que, se eu pudesse, lhe daria um beijo e a rodaria no ar. Minha esposa, quando ia ao salão de belezas, passava a tarde toda lá e se eu tivesse sorte, apenas voltaria à noite. Portanto, assim que a porta se fechou atrás dela, corri para o meu armário para pegar uma garrafa. Michelle achava que eu iria na aula de Muay Thai, mas era óbvio que eu não desperdiçaria uma oportunidade daquelas para ficar levando socos e chutes em meu corpo inteiro. 

Pedi silenciosamente para que minha esposa demorasse o máximo possível para voltar para casa, assim eu poderia aproveitar aquela garrafa até a última gota. Além disso, a sua atitude falsamente feliz estava me enlouquecendo. Tanto eu quanto ela sabíamos que aquela felicidade de duas semanas atrás, quando decidimos que um filho talvez fosse uma decisão inteligente, não era eterna e, na verdade, já fora embora no dia seguinte. Aquele casal feliz, com um filho fofo e rechonchudo nunca seria eu e Michelle, nunca seria uma esposa que fingia ser feliz com a vida que tinha e seu marido alcoólatra, viciado em sexo. E eu tinha certeza disso, porque a única coisa que eu queria era ficar sozinho no meu quarto, bebendo até me afogar, até que tudo ficasse escuro e eu pudesse finalmente morrer na minha própria paz. 

O sorriso em meu rosto que, há duas semanas, fora verdadeiramente feliz e esperançoso, era agora triste e cético e o de Michelle era falso, como se ela enganasse a si mesma, achando que estava alegre e que sua vida corria bem. O sexo animado e até razoavelmente apaixonado se transformou em uma obrigação diária, uma tarefa desagradável que tinha que ser realizada todo dia com o objetivo único de procriação.   

Porém, depois daquele pesadelo, eu começava a me arrepender por ter decidido ficar em casa, ou até mesmo beber. O principal motivo para que eu quisesse álcool correndo por minhas veias era porque a bebida trazia consigo os sonhos. Aquele mundo agradável, onde nada importava, onde tudo era maravilhoso e no qual Jenny estava em meu alcance. No qual eu podia tê-la ao meu lado quando eu quisesse e nada do que Michelle fizesse mudaria isso. Mas aquele pesadelo verdadeiramente me assustara, porque não era aquilo que eu queria, não era para aquilo que eu comprava todas aquelas garrafas de bebida e me esforçava para esconder de todos. 

O que eu queria era aquela garota, talvez porque ela me desse uma pontada de esperança, de que eu poderia ser feliz novamente, já que eu lembrava da calmaria que ela trouxera naquelas poucas horas que ficamos juntos e, principalmente, porque eu não tivera a mínima vontade de beber naqueles poucos momentos que conversamos. Ou talvez eu a queria porque ela era extremamente gostosa. De um jeito ou de outro eu a queria ao meu lado, queria me satisfazer com ela. 

Minha mente viajou perigosamente em uma direção que eu definitivamente não queria. Comecei a lembrar do corpo de Jenny, do toque da minha mão em sua pele descoberta e uma raiva descontrolada cresceu dentro de mim, fazendo com que eu me levantasse e começasse a andar pela sala de estar, tentando me livrar daquelas emoções. Eu só queria que aquilo tudo parasse. Eu queria voltar a ser feliz com Michelle, do jeito que eu era alguns anos atrás, eu queria sentir a alegria de ficar ao lado dela, sem pensar em outra pessoa que estava a milhares de quilômetros de distância. Eu não queria mais ter aqueles sentimentos, que eu nem saberia descrever quais eram, em relação a Jenny. Eu queria que ela desaparecesse, que ela nunca tivesse existido, ou que ela simplesmente não aparecesse em minha vida. 

Dei um grito rouco de raiva, batendo a garrafa com força na mesa, fazendo com que lateral quebrasse. Fiquei segurando o vidro por cima, enquanto via o liquido cair, se juntando na mesa e pingando no chão. A minha raiva ficou ainda maior quando eu vi todo aquele whisky desperdiçado e eu tive vontade de pegar aquela ponta afiada e enfiar no meu cérebro. 

— Parabéns, Brian. Você ganhou o título de retardado do ano. 

Larguei a garrafa quebrada no móvel e fui em busca de um pano para limpar a bagunça, antes que a bebida entrasse o piso de madeira e deixasse o cheiro característico e acusatório. No caminho para a lavanderia, fiquei com tanta raiva de mim mesmo, que chutei o batente da porta, me arrependendo imediatamente. O chute forte, com todo o ódio canalizado, causou uma dor tão forte que subiu do meu dedo pela minha perna e eu gritei, segurando o membro machucado. “Como eu sou idiota” pensei, apesar de ter gostado de sentir aquela dor, para finalmente sofrer o quanto eu merecia.

 

“I’m not in this universe my body’s stuck in reverse.

My lungs are always short of breath”

(“Eu não estou nesse universo, meu corpo está preso no inverso

Meus pulmões estão sempre com falta de ar”)

 

Mais tarde, quando Michelle chegou em casa com os cabelos arrumados e as unhas feitas, eu a esperava no sofá, segurando uma bolsa de gel congelado em meu dedo. Naquelas poucas horas depois que eu me machucara, o membro adquirira uma preocupante cor arroxeada e eu já me odiava por provavelmente ter que ir ao hospital. 

— Brian? Por que está segurando isso? — Ela perguntou, antes mesmo de me cumprimentar, apontando para o meu pé.

— Machuquei o dedo no Muay Thai. — Menti, me esticando, porém sem levantar, para que ela depositasse um beijo em meus lábios. — Acho que chutei meio torto. 

Michelle assentiu, deixando a bolsa no sofá e se sentando ao meu lado. Ela pegou o gelo da minha mão e ofegou quando olhou o estado do dedo.

— Mas você chutou uma pessoa ou um pedaço de concreto? — Perguntou ela olhando o pequeno membro roxo e inchado. — Está todo preto!

— Uma pessoa. — Respondi, me encolhendo de dor quando ela tentou movimentar o meu dedo. 

— Vou te levar no hospital. — Ela disse, alcançando a bolsa novamente e se levantando — Parece que ele vai cair! 

— Mich, hoje não… Vamos amanhã! — Eu disse, demonstrando um cansaço que não era fingimento. Afinal, embora eu passara a tarde bebendo, sentado no sofá, o esforço que fiz para limpar a bagunça que eu fizera fora gigante. Eu não saberia dizer se o mais difícil fora limpar toda a bebida, esparramada no chão, me livrar do cheiro de álcool no meu hálito, ir pulando de um pé só até o lixo no quintal para me livrar dos cacos de vidro e do pano sujo ou pular até a calçada para deixar o saco de lixo fechado, com as provas do crime. — Estou muito cansado e um dia não vai mudar nada nesse dedo. 

Ela revirou os olhos e disse, se encaminhando para a cozinha:

— Melhor você tomar uma taça de vinho, então. Porque não vai conseguir dormir com essa dor. 

Eu sabia que ela tinha razão, deveria estar doendo. Mas como eu já tinha bebido álcool o bastante, provavelmente ele já estava funcionando como entorpecente. 

— Melhor não, amor. — Eu respondi, aproveitando a oportunidade para mostrar o bom marido que eu era, apesar de estar mentindo sobre a bebida e sonhar quase todas as noites com outra mulher — Estou a tanto tempo sem beber. Não quero estragar tudo agora. 

Michelle se virou, para olhar para mim, e sorriu, depois voltou ao meu lado. Com uma das mãos, a abracei por cima dos ombros e com a outra, segurei o gelo no meu dedo.

— Ainda acho melhor você tomar uma aspirina antes de dormir. — Ela murmurou — Talvez fosse melhor eu dormir no chão ou na sala. Me mexo muito quando durmo e não quero te machucar sem querer. 

Eu dei risada, a puxando para mais perto de mim, depois disse mecanicamente, como era esperado de um bom marido:

— Você se mexe muito mesmo, mas não quero dormir sem você. 

 

“And I can’t help but think that this isn’t me…

But maybe they’re right. Maybe this is all a lie”

(“E eu não posso ajudar, mas acho que isso não sou eu…

Mas talvez eles estejam certos. Talvez isso é tudo uma mentira”)

 

Acordei sentindo uma pontada no dedo machucado. A dor foi tão grande, que subiu por meu pé, se espalhando em toda a minha perna. Tentei me sentar, mas o lençol passando por meu membro me fez gritar de dor. Chamei por Michelle, mas não obtive qualquer resposta. Do jeito que pude, joguei as cobertas com o meu pé saudável e coloquei as minhas pernas na lateral da cama, me sentando. 

Olhei para o dedo mindinho, mordendo os lábios: não bastasse a dor, o membro inchado e roxo me deixava com aflição até de ficar em pé. Testei encostar o pé no chão, mas quando a dor me cegou e me fez gritar novamente, eu desisti e resolvi pular até a sala, em busca da minha esposa. 

Não a encontrei por lá, então me joguei no sofá, colocando o meu pé para cima. Alcancei o pote de aspirinas que eu tomara na noite anterior e o virei na boca, engolindo antes de contar quantas caíram em minha língua. Depois que senti os comprimidos secos descendo por minha garganta, chamei minha esposa novamente, mas não obtive resposta. 

Descobri onde ela estivera minutos depois, quando entrou pela porta apressada, se sobressaltando por eu estar sentado no sofá.

— O seu dedo está horroroso. — Ela disse, confirmando algo óbvio — Vamos no hospital agora. 

— Onde você estava? — Perguntei, sem me levantar.

O rosto de minha esposa se fechou e vi as suas sobrancelhas franzirem por um segundo, para logo depois relaxarem e ela dizer:

— Fui na farmácia… A aspirina estava acabando.

Ela mostrou a sacola que segurava, mas eu percebi que sua expressão mudara completamente. 

— Que foi? — Perguntei curioso, enquanto me sentava.

— Você não tem nada para me contar? 

Fiquei olhando-a, como se estivesse falando em outra língua. Eu não estava entendendo aquela alteração repentina de comportamento, como se ela de repente lembrara de algo que a perturbara.

— Eu? — Perguntei, encorajando-a para que me explicasse o que estava acontecendo.

— Encontrei seu instrutor de Muay Thai, na farmácia. — Ela explicou, fazendo com que eu prendesse a respiração por um segundo — Ele me perguntou de você… Já que não apareceu ontem na aula.

Eu fiquei paralisado, com a minha mente trabalhando na velocidade da luz, tentando formular uma desculpa convincente. Quando, depois de alguns milésimos, pensei em algo bom o bastante, expliquei sem hesitar:

— Tá bom. Eu estava com vergonha de mim mesmo por admitir isso, mas… Eu bati o pé no batente da porta sem querer, antes de sair para a aula e não consegui ir porque a dor estava insuportável. — Menti com maestria e me senti vitorioso, ocultando o fato de que eu estava bêbado e chutara a parede de propósito. — Eu sou uma vergonha.

Minha esposa riu, me ajudando para que eu levantasse do sofá sem encostar o dedo no chão, depois me levou até o carro. Quando me sentei no banco do passageiro, a observei enquanto ela contornava o veículo para chegar ao banco do motorista e percebi as expressões em seu rosto se alterando. Ela provavelmente não comprara minha história, mas queria acreditar de que eu dizia a verdade. Talvez ela tivesse sentido o cheiro de álcool.

Fechei os olhos e ouvi a Jenny-demônio dizendo para mim:

“Você vai acabar sozinho, porque ou vai se matar ou vai matar as pessoas que te amam”.

 

“The more regrets the less I try. 

I just might die”

(“Quando mais lamento menos eu tento

Eu só poderia morrer”)

 

Voltamos do hospital à tarde e meu estômago roncava quando eu me deitei no sofá. Apoiei o pé, protegido por uma bota ortopédica, no braço do sofá e soltei um resmungo de dor. 

— Ainda está doendo? — Michelle perguntou um pouco fria. Eu percebera que conforme o dia passava, ela parecia mais impaciente comigo e aquela alegria de duas semanas atrás já começava a se esgotar.

— Um pouco… Acho que logo o remédio vai fazer efeito. Já estou sentindo sono — Comentei, olhando o teto — Só não entendo porque tenho que usar esse negócio gigante, se é só o meu dedo mindinho que está machucado. 

— Acho melhor você dormir e parar de reclamar. — Disse minha esposa, deixando a bolsa na poltrona ao meu lado — Vou fazer algo para comermos. Você deve estar com fome. 

— O médico falou para usar esse negócio por dez dias. — Eu insisti, imaginando Michelle revirar os olhos: apesar de não enxergá-la eu sabia que ela estava fazendo isso — Mas o show de Londres é em nove…

Ouvi Michelle suspirar ao meu lado e virei meu rosto para olhá-la. Minha esposa olhava as unhas com indiferença, quando respondeu: 

— Ainda bem que eu vou com você para essa viagem. Assim, vou te obrigar a usar a bota.

— Mas eu não vou levar isso para a Europa! — Reclamei, como uma criança. 

— Eu vou garantir que você não só leve, como também use. — Disse Michelle, colocando um ponto final na questão, como se o pé pertencesse à ela. — Aceito que não use durante o show, porque seria pedir demais você usar isso no palco. Mas sem contar esse momento, você vai usar durante os dez dias. 

Então ela se virou, me deixando sozinho na sala com meus próprios pensamentos. Poucos minutos depois, adormeci ali mesmo em um sono sem sonhos. O remédio fizera efeito e me deixara com sonolência, por isso dormi sem nem mesmo perceber e acordei quase uma hora depois, com Michelle me chamando bruscamente. 

— Brian, acorda! 

Abri os olhos devagar, sem entender direito o que acontecia. Consegui ver minha esposa na minha frente, com o braço esticado, me mostrando alguma coisa. 

— O que é isso? — Perguntei, colocando a mão em cima dos olhos para bloquear a claridade. 

— Olha. — Ela ordenou, me fazendo estreitar os olhos para enxergar o que ela me mostrava. — Que porra é essa?

A pergunta dela, curta e grossa, acompanhada daquele palavrão me mostrava que ela estava verdadeiramente furiosa. Michelle nunca falava palavrão. E assim que enxerguei o que ela mostrava para mim, pude entender sua expressão: era uma das garrafas de whisky pela metade que eu escondera no armário. Como eu não respondi, minha esposa disse:

— Você me disse o tempo todo que não estava bebendo. Fez um teatrinho na casa de Matt, para mostrar para todo mundo que parou com aquilo. Mas o tempo todo… A porra do tempo todo, você estava com quarto garrafas de whisky escondidas no armário. Me pergunto quantas tinham lá e quantas você bebeu.

Eu continuei sem responder, olhando para o chão, como uma criança que é pega no flagra aprontando. A verdade era que eu não queria admitir aquilo para a minha esposa, porque dizer que eu estava bebendo às escondidas e me esforçando daquela maneira apenas para ter algumas gotas de álcool na minha boca, era admitir que eu estava sofrendo de alcoolismo. 

— O almoço está pronto lá na cozinha. — Ela disse furiosa, sem esperar minha resposta e me olhando nos olhos — Se vira para ir buscar. E se quiser beber, pode se afogar nessa merda! Não precisa perder o seu tempo escondendo tudo de mim. 

Então pegou a bolsa, a chave do carro e saiu, batendo a porta com força atrás de si. Fiquei completamente sozinho não acreditando que eu estivera irritado com a atitude feliz de Michelle, agora sabia que aquilo era mil vezes melhor do que ela puta da vida.

 

“Don’t wanna feel this pain anymore”

(“Não quero mais sentir essa dor”) 

 

POV: Jenny

 

Angels and Demons - Front Porch Step

“Let’s take this shitty life we have

And throw it down the drain and run away

Just you and I”

(“Vamos pegar essa vida de merda que temos

E jogá-la pelo ralo e fugir

Só eu e você”) 

 

Suspirei quando avistei o portão de embarque. 

— Já está na hora. — Eu disse, olhando para o relógio do meu celular, enquanto segurava um volume grosso de “It, a Coisa”, o livro que eu pretendia ler no avião, para depois olhar meus pais.

Os olhos da minha mãe encheram de água e meu pai me puxou para um abraço apertado. Coloquei a cabeça entre eles, observando minha avó e minhas amigas, lado a lado nos observando. Nos abraçamos por vários minutos, até que uma voz feminina anunciou que o meu vôo já estava iniciando o embarque. Então, me dirigi até minha avó e a abracei. Depois do abraço apertado em meio à seu cheiro de lavanda e sua delicadeza, ela segurou meu rosto com as mãos e disse:

— Você vai tirar foto de todas as igrejas que encontrar lá! Nem que seja uma capela minúscula. — Seus olhos marejados me olhavam com firmeza, apesar de seu toque com as mãos rechonchudas ser carinhoso. — Eu te amo, minha filha! Vou morrer de saudades e quando você voltar vou estar aqui esperando você. 

Eu dei risada e abracei minha avó novamente, depois de prometer que eu tiraria fotos todos os dias. 

— Eu te amo, vó! — Eu disse, me afastando para me despedir de minhas amigas. 

Sofia me agarrou com força, tirando o ar dos meus pulmões e sussurrou em meu ouvido, para que meus parentes não ouvissem:

— Você vai beijar a boca de todos os italianos gatos que encontrar lá! — Disse ela, quase sem se aguentar de tanto rir e parodiando o que minha avó dissera. 

— Eu prometo, So. — Eu disse rindo. 

Quando passei para Carina, ela se contorcia de tanto rir da conversa anterior, mas me abraçou imediatamente e disse:

— Aproveita muito lá! Tenho certeza que você vai amar. E, mais importante, aproveita o show! 

Já Lya foi mais específica e decretou, sem sorrir:

— Você vai agarrar o Gates como se sua vida dependesse disso. — Eu ri, a interrompendo, mas ela franziu as sobrancelhas, fazendo com que eu parasse, depois continuou: — E se você não aproveitar a oportunidade dessa vez… Nem se incomoda em voltar para casa, porque se voltar… Você vai ser uma mulher morta, Jenny!

Gargalhei alto, chamando a atenção dos meus pais, que se aproximaram para avisar que eu já estava atrasada. 

— Jenny, não esqueça de avisar quando chegar em Londres! — Avisou minha mãe — E, por favor, não vá se atrasar depois de amanhã para pegar o vôo para Roma. — Eu revirei os olhos para a preocupação da minha mãe, mas concordei com a cabeça. Como eu teria que fazer uma conexão em Londres, aproveitara para passar um dia lá, para conhecer a cidade e partiria para o meu destino final no dia seguinte.

— Mãe, você sabe que sei me virar sozinha. 

Dei mais uma série de abraços e me afastei acenando, com lágrimas nos olhos. Entreguei o cartão de embarque para uma mulher no portão, dando uma última olhada para aquelas pessoas que tanto amava e entrei na fila para passar na segurança do aeroporto. 

Esperando pela minha vez, sem enxergar direito, devido às lágrimas que borravam minha visão, lembrei de Felipe. Aquele cara que eu conhecera no bar, me ajudara a levar um balde, cheio de cervejas, até minha mesa, claramente em uma tentativa de flerte e que depois acabara não só dormindo comigo, mas, principalmente, se tornando um grande amigo, não estava ali para se despedir. Era claro que, se fosse por ele, Felipe estaria lá acenando para mim e, com toda a certeza, me esperaria quando eu voltasse, seis meses depois. 

O problema era que, depois daquela conversa em meu apartamento, onde tentamos ignorar o fato de que eu iria viajar em pouco tempo e que ficaríamos sem nos ver, presos naquele compromisso, nada voltou ao normal. As conversas eram mecânicas, as piadas, forçadas e qualquer menção à Itália já era motivo de tensão entre nós. Pouco tempo depois, em uma manhã nublada, eu dei um ultimato e disse que não poderia continuar com aquilo, se fosse arruinar o que existia entre nós. Em um acordo triste, decidimos que não nos veríamos mais e que resolveríamos tudo quando eu voltasse. 

Por um lado, senti uma tristeza profunda: desde o término com Luis e o fim de minha amizade com Vinicius, eu não me sentia tão bem ao lado de um amigo e, depois de me apegar daquela maneira, eu teria de me afastar. Por outro, senti alivio, pois já estavámos muito próximos e eu não estava pronta para começar outra relação. Eu definitivamente não queria me apegar à ele, ou que ele se apegasse à mim.

— Senhorita? — Perguntou o segurança, me chamando para passar na máquina de raio-x. 

Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos e dei um passo em direção à minha liberdade.

 

“Love don’t tell us what to do

It only shows us what we need 

And whenever I’m alone with you

I know I’m where I want to be”

(“O amor não nos diz o que fazer

Ele apenas nos mostra o que precisamos 

E sempre que estou sozinha com você

Eu sei que estou onde eu quero estar”) 

 

Cheguei no aeroporto de Londres, ansiosa para sair dali e aproveitar o lugar. Eu sempre sonhara em visitar aquela cidade e realizar este sonho parecia quase irreal, mas eu estava ali de verdade e não via a hora de explorar. No saguão do aeroporto, antes de sair em busca de um táxi, procurei um banheiro porque estava apertada desde a hora em que descera do avião.

Me aliviei rapidamente, vestindo novamente a calça e colocando todos os casacos que eu levara para sair no frio. Foi um pouco difícil fazer tudo com o livro grosso que eu carregava e mais aquelas peças de roupa que me deixavam presa, sem conseguir me movimentar direito. Além disso, eu carregava uma mala gigante e uma bolsa igualmente grande. 

Portanto, não foi uma surpresa quando eu, saindo do banheiro, me atrapalhei completamente, abrindo a porta com toda a força e saindo sem olhar se alguém passava. Assim que coloquei o pé para fora, senti um corpo vindo de encontro ao meu. Eu fui jogada com força para o lado e meu livro de mil páginas caiu no chão, fazendo um barulho estrondoso. Com as bochechas pegando fogo, eu me abaixei para pegá-lo, sussurrando cerca de cinquenta pedidos de desculpas em inglês, sem olhar para a minha vítima. 

Quis dar um tiro em minha testa, quando, abaixando para pegar o calhamaço no chão, eu percebi que o homem em questão usava uma bota ortopédica. “Para melhorar a sua situação, Jenny, você trombou com um cara de pé quebrado.” Pensei, me xingando de diversos nomes criativos. 

Peguei meu livro de qualquer jeito e falei mais alguns pedidos de desculpas contidos. Quando me levantei e olhei para cima, a fim de ver a minha vítima e pedir desculpas mais uma vez, o ar fugiu dos meus pulmões.

 

“You got two eyes that took me by surprise when you walked by

I think that I could die a thousand deaths and still turn out just fine

If I could just see you face every day of my life”

(“Você tem dois olhos que me pegaram de surpresa quando você chegou

E eu acho que eu poderia morrer mil mortes e ainda ficar bem

Se eu pudesse apenas ver o seu rosto todos os dias da minha vida”) 


Notas Finais


E AI???
AAAAAAAA
Vocês também tão surtando? Eu escrevi esse negócio e to surtando muito.
AI MEU DEOS.
Quero muito saber a opinião de vocês <3
Espero que tenham gostado desse e vejo vocês no próximoooooo
ALIAS!
Boas festas de fim de ano para todo mundo!!! Ainda volto aqui mais uma vez esse ano, fiquem tranquilas! <3 <3
Beijooos,
Juuu


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